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quarta-feira, 23 de novembro de 2022

[PEC PRECIPÍCIO NÃO PODE SER APROVADA, SEQUER DISCUTIDA] Pessimismo ronda transição para aprovar PEC fura-teto

Sem Lula, conselho se reúne nesta quarta-feira para tentar resolver impasse nas negociações para destravar Orçamento no ano que vem

O conselho do futuro governo de Luiz Inácio Lula da Silva se reúne nesta quarta-feira em Brasília com um problema para resolver a toque de caixa: a articulação da PEC da Transição. O time de Lula achava que, a essa altura, já teria um acordo para se livrar das amarras impostas pelo teto de gastos ao Bolsa Família de R$ 600 e ao aumento real do salário mínimo por uns bons anos. Mas o clima, até agora, está longe do ideal. Já beira o pessimismo. [em nossa opinião tudo que seja proposto pelo presidente eleito e sua turma - DEVE SER REJEITADO SUMARIAMENTE - NADA DEVE SER APROVADO ANTES DA POSSE e, HAVENDO POSSE, cada proposta deve ser analisada demoradamente. IMPÕE o ritmo de um governo, QUEM TEM MAIORIA NO CONGRESSO - a esquerda não tem.]

Lula deixou caminho livre para a recondução da cúpula do Congresso e até liberou as conversas sobre carimbar emendas do Orçamento secreto.  Mas nem mesmo alguns partidos já amarrados à base de apoio do presidente eleito querem lhe entregar um cheque em branco.

Dentro do time de transição, a ideia de furar o teto de gastos sem prazo definido já é coisa do passado. A ordem é brigar por um prazo de quatro anos, mas está difícil. E isso se dá por um motivo muito simples: o Congresso não tem por que facilitar a vida de Lula indefinidamente ou mesmo até o fim do mandato se pode obrigar o governo a barganhar ano a ano. [retificando:  mês a mês.]

Lula sabe que o assunto é urgente, mas vai aguardar mais uns dias para voltar à ativa. Esperava-se que ele retornasse hoje a Brasília, após passar pela remoção de uma lesão na laringe. Ainda assim, o presidente eleito vem dando sinais de que vai mudar o mensageiro para ver se consegue um resultado diferente. Ao que tudo indica, o senador Jaques Wagner deve liderar nos próximos dias as conversas com partidos, até então conduzidas prioritariamente por Wellington Dias.

Clarissa Oliveira - Coluna em VEJA


sábado, 5 de dezembro de 2020

Inquérito no STF chega mais perto de Bolsonaro – O Globo

Opinião 

Investigações identificam elos do presidente com ‘gabinete do ódio’, fonte de lucros a blogueiros aliados

[Maquiavel aconselha,no tocante à calúnia,a insistência, no estilo agua mole em pedra dura...

É sabido que uma versão mentirosa - sendo moderno, 'fake' - divulgada à exaustão se torna uma VERSÃO crível. 

Mas não há provas que uma versão adaptada aos desejos dos que a propagam, se torne fato. Se há alguma exceção é a nível de criação mental.'

Todo este enfadonho prólogo é para lembrar que desejo,  é coisa que dá e passa. O inquérito do 'fim do mundo', tem tudo para o arquivo. A PGR logo o receberá e cuidará disso - exceto se honrando o 'apelido' a competência de denunciar saia da PGR.

Apesar de tudo que diga respeito à fragilidade  da democracia à 'brasileira' motive acusações de tentativa de desestabilização do regime, faltam provas  - versões e interpretação criativa de notícias não costumam sustentar acusações quando contrapostas a fatos.]

O inquérito sigiloso aberto no Supremo em abril deste ano, sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes, para investigar o financiamento e a organização de manifestações antidemocráticas, prestigiadas pelo próprio presidente Jair Bolsonaro, torna cada vez mais cristalinas as ligações dele e de seus filhos com a operação de propaganda para desestabilizar o regime pelas redes digitais.

Parte do inquérito, a que o jornal “O Estado de S.Paulo” teve acesso, confirma que o material que abastecia os canais de desinformação e propaganda tinha origem no próprio Palácio do Planalto, onde foi instalado um grupo que coordenava a rede de milicianos digitais, alcunhado “gabinete do ódio”. O grupo era chefiado por Tercio Arnaud Tomaz, assessor especial da Presidência, indicado ao pai pelo vereador Carlos Bolsonaro, o Zero Dois. Tercio repassava à rede vídeos do presidente.

Ouvidas mais de 30 pessoas pela PF, o inquérito fecha o cerco em torno do Planalto. Entre os depoimentos estão os de Carlos — considerado o comandante do “gabinete do ódio”, com mais de 40 citações —, do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o Zero Três, e do coronel Mauro Barbosa Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro. Cid admitiu ter sido “mensageiro” entre o presidente e o “gabinete”, reforçando o elo de Bolsonaro com o esquema.

Citados noutros trechos do inquérito, a que O GLOBO teve acesso em setembro, chamaram a atenção da Procuradoria-Geral da República para os títulos do material produzido para a milícia digital na pregação por uma intervenção militar. Quase sempre citam Bolsonaro. O presidente era o personagem central da trama, e as investigações o aproximam também da operação do esquema, por meio dos filhos e até do ajudante de ordens. É para onde o inquérito parece apontar.

Uma passagem que reforça toda a linha de investigação é o momento em que Bolsonaro, do alto de uma picape, chega para saudar uma manifestação antidemocrática que transcorria sugestivamente na entrada do Quartel-General do Exército, o Forte Apache, em Brasília. Em discurso, num tom de pré-golpe, afirma que seus seguidores não deveriam “negociar” mais nada.

As investigações detalham ainda como toda a conspiração tornou-se um grande negócio para os blogueiros aliados. Num período de dez meses, alguns chegaram a faturar R$ 100 mil por mês pelo crescimento dos acessos. Um dos donos de canais bolsonaristas no YouTube, Anderson Azevedo Rossi, mudou de vida. Deixou de ser um técnico de informática em Canela (RS), com salário de R$ 3,5 mil, para faturar R$ 1,7 milhão entre março de 2019 e maio deste ano.

O Supremo e a PF, instituições de Estado, se mantêm trabalhando em defesa das leis e da Constituição, sem depender das flutuações inerentes à política. [o 'golpe' do Alcolumbre e Maia, em vias de se concretizar, complica classificar o trabalho do STF e do Congresso, como 'defesa' das leis e da Constituição.]  O fato de o presidente da República ter mudado de comportamento em junho, com a prisão do amigo, parceiro e ex-PM Fabrício Queiroz, não significa que os anos de 2019 e parte de 2020 tenham sido apagados para a Justiça.

Opinião - O Globo

 

segunda-feira, 6 de abril de 2015

O PT e a avestruz - Dia 12 de abril seremos mais de 3.000.000

A proposta de alguns setores partidários de radicalização do processo político, por intermédio de uma nova aliança com os movimentos ditos sociais, é de uma grande irresponsabilidade

O PT está se comportando como a avestruz. Pensa que, escondendo a cabeça, ninguém mais verá o resto do corpo. Os escândalos se sucedem, o mensalão passa para o petrolão, e o partido insiste em frisar a sua virgindade ética, como se tudo fosse uma grande artimanha das oposições. Ainda assim, deveria ser explicado a que oposição os seus líderes se referem, pois, se há, ela tem sido incapaz de conduzir qualquer coisa. 

Segue a reboque das ruas que, nestas últimas semanas, se tornaram a grande protagonista do país. Vamos convir que a posição de vítima assumida pelo partido não tem nenhuma chance de vingar. O PT está no quarto mandato presidencial e é, portanto, responsável por tudo o que nele aconteceu e acontece. De nada adianta continuar culpando o ex-presidente Fernando Henrique por todo o mal que nos aflige, pois, se esse argumento for levado a sério, ele terminará sendo responsável por qualquer unha encravada. O que, sim, tem faltado para o atual governo e seu partido principal é o humilde reconhecimento dos seus erros, algo que parece se situar para além da soberba reinante. 

Se o país vive, do ponto de vista governamental e partidário, uma espécie de desmoronamento ético, isto se deve ao aparelhamento da máquina estatal, tornada um mero instrumento de consecução de fins partidários. O discurso oficial é contra a corrupção, quando a prática partidária consiste em acobertá-la. O PT nem consegue punir os seus envolvidos tanto no mensalão quanto no petrolão. Uns são considerados “guerreiros do povo brasileiro”, outros não o são ainda por não terem sido condenados.

O atual tesoureiro continua protegido e a Petrobras, por sua vez, segue blindada na verdadeira apuração de suas responsabilidades. Tudo é um grande jogo de cena. Ocorre, porém, que esta cena não está mais “colando”, não gerando nenhuma adesão dos cidadãos. O PT caiu na lama e não consegue sequer se levantar. [o PT é a própria lama no forma mais pútrida, mais repugnante, mais nojenta.]
 
Por outro lado, o país vive um despertar ético, demonstrando uma real preocupação com as suas instituições. As manifestações do dia 15 de março último foram uma efetiva tomada de consciência, com as ruas plenas de indignação, independentemente de faixa etária, classe social e gênero. O governo e o seu partido não mais conseguem tapar o sol com a peneira. Não há marketing que resolva essa situação. Os mágicos ficaram sem mágica!
Não tem o menor cabimento o PT reclamar de uma grande orquestração da mídia, como se fosse ela a responsável pelas grandes manifestações de rua, pelos escândalos da Petrobras, pela inflação e pelo o PIB zero. Jornais, revistas e meios de comunicação em geral, em sua diversidade e pluralidade, retratam o que está acontecendo. 

O que pretendem os dirigentes partidários? Que as ruas repletas de gente não sejam filmadas, retratadas e descritas? Que o PIB zero não seja comentado? Que a inflação que acomete os cidadãos seja desconsiderada, quando ela é, mesmo, sentida diariamente nos supermercados? Que a corrupção da Petrobras não seja noticiada? Que o trabalho da Justiça e do Ministério Público seja denegrido?

A política petista de feroz crítica aos meios de comunicação consiste em uma tentativa de matar o mensageiro para que a mensagem não seja transmitida. Em vez de o partido enfrentar os seus reais problemas, termina ele apelando ao seu arsenal ideológico de ideias antiquadas e ultrapassadas, desta feita a do “controle social dos meios de comunicação” ou de “democratização dos meios de comunicação”. 

Para falar claro: trata-se da tentativa de estabelecer a censura no país, nos moldes do que já é feito na Venezuela, Bolívia, Argentina e no Equador, nesta via comunista, soviética, agora denominada de “socialismo do século XXI”, como se assim a proposta autoritária se tornasse mais palatável! A moralidade é estropiada em nome de uma “superioridade moral do socialismo”.

O PT não consegue nem se entender no que diz respeito ao seu apoio ao governo Dilma. A austeridade fiscal que está sendo introduzida não é a responsável pela inflação, pelo PIB zero, pela desvalorização do real e pelos altos juros. Esses são nada mais do que consequências das políticas econômicas conduzidas pelo governo Dilma e pelo segundo mandato do governo Lula. São, reitero, meras consequências. O novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, nada mais está fazendo do que tentar corrigir o descalabro reinante, que é um produto do que foi feito até aqui. 

Agora, que o partido se insurja contra o ministro e, indiretamente, contra a presidente, em nome das políticas desastradas que nos levaram até essa situação, é um manifesto contrassenso. Caberia, isto sim, apoiar a mudança de rumo, em nome da governabilidade e, sobretudo, do país, que é maior do que qualquer partido e da soma de todos. Como pode a presidente exigir o apoio incondicional do PMDB quando o seu próprio partido é o maior opositor de sua política atual?

A proposta de alguns setores partidários de radicalização do processo político, por intermédio de uma nova aliança com os movimentos ditos sociais, é de uma grande irresponsabilidade. Movimentos como o MST são expressões de um projeto político de tipo marxista para instalar no país um regime totalitário de tipo socialista.  Trata-se, no caso, de uma organização de tipo leninista, que possui vários braços, como os Sem-Teto, as Mulheres Campesinas, os Atingidos pelas Barragens, os Pequenos Agricultores e a Via Campesina. Todos obedecem a uma mesma estratégia e comando, tendo na Venezuela e em Cuba seus maiores exemplos. A faceta social é uma mera roupagem.

Insistir nesta via significaria lançar o país na ingovernabilidade e numa eventual crise institucional. Quando Lula chamou o “exército” de Stédile às ruas, ele conclamou essa milícia a se preparar. Permaneceram ele e os seus apoiadores cegos e surdos aos clamores populares. No dia 15 de março, um dos seus dizeres era: “A rua brasileira jamais será vermelha!”. Como bem expressaram os manifestantes em suas roupas: “ela é e sempre será verde-amarela!”.

Por: Denis Lerrer Rosenfield é professor de Filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul