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terça-feira, 17 de março de 2020

Bolsonaro e os sócios da epidemia - Gazeta do Povo

Guilherme Fiuza - Vozes

Os sócios da epidemia

A imprensa disse que o presidente tinha testado positivo para coronavírus. Essa foi a manchete que circulou para milhões de pessoas. O nome disso é vexame.

Tradicionais veículos de comunicação noticiaram que o presidente Bolsonaro tinha coronavírus. Algum tempo depois o próprio presidente divulgou boletim atestando resultado negativo para o seu exame. Isso é muito grave. Os veículos que deram a notícia foram diretos: o presidente da República tinha testado positivo para coronavírus. Essa foi a manchete que circulou para milhões de pessoas. Algumas matérias atribuíam a informação a um filho do presidente. Outras atribuíam a informação aos outros veículos que deram a notícia. O nome disso é vexame.

Responda com calma: se você pretende que a sua marca de mídia tenha credibilidadeou seja, que as informações que ela divulga sejam consideradas verdadeiras por quem as recebe – você vai noticiar que o presidente de um país está infectado pelo vírus de uma pandemia que está paralisando o mundo a partir do que alguém te falou?

Ah, mas esse alguém é filho do presidente... E daí? Meia hora depois o filho do presidente estava negando que tivesse declarado que o pai testou positivo. Ele se enganou? Foi mal interpretado? Foi caluniado? É claro que nada disso interessa a quem queira fazer jornalismo minimamente sério. É assim que vocês apuram fatos? De acordo com a moderna técnica do disse me disse? Nem se fossem todos os filhos do presidente. Nem se fosse o médico do presidente. Nem se fosse o Papa. Qual o problema de dar a notícia com o atestado do exame nas mãos?

Para imprensa séria, nenhum. O problema é para quem não quer oferecer informação, mas estardalhaço. Aí não dá mesmo para esperar. Pega qualquer porcaria que te contarem no salão de cabeleireiro e joga no ventilador – embalada na sua marca de compromisso com a verdade, que assim vai virando aos poucos sinônimo de fake news de grife.

E se Bolsonaro tiver coronavírus? Aí a notícia muda, mas o vexame fica intacto. Se você se propõe a informar e não checa devidamente a informação que distribui, você está especulando. E se você vende especulação fantasiada de notícia, você é um delinquente. 
Existe um estado de beligerância entre governo e imprensa, nos Estados Unidos e no Brasil? Existe. E como os supostos arautos da liberdade de expressão pretendem, em sua missão de bem informar, pregar o respeito à imprensa? Inventando notícia? Publicando chute? Mentindo?

Assim fica difícil, companheiros. O público já identificou a manobra patética de vários veículos de comunicação, outrora respeitáveis, tentando melar o resultado das eleições no grito – tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Agora, no meio de um pandemônio que é a reação desesperada da humanidade a uma epidemia de gripe, onde tudo que se precisa é serenidade e bom senso, aparecem vocês tentando vender espetáculo mórbido – e falso.
A democracia esperava mais, muito mais de vocês.
Você conhece mesmo o impacto do jornalismo?

Guilherme Fiuza, jornalista - Vozes - Gazeta do Povo


quinta-feira, 16 de maio de 2019

Quantos estarão no pelotão que irá atrás do capitão? - O pelotão de Bolsonaro

O presidente ainda não demonstrou claramente como pretende lidar com o Legislativo

Em sua relação com o Congresso, Bolsonaro vai sendo encurralado por questões sobre as quais não tem controle e não sabe como lidar.   Não há como o presidente Jair Bolsonaro se queixar de que não sabia. O sistema de governo brasileiro obriga um campeão de votos diretos (ele) a lidar com um Legislativo de baixa representatividade (o sistema de voto proporcional brasileiro garante a desproporção), fracionado entre dezenas de partidos políticos – alguns parecidos a quadrilhas – mas cheio de prerrogativas. Que fazem do presidente da Câmara dos Deputados uma espécie de primeiro ministro, até com pauta própria, enquanto o chefe do Executivo legisla por medida provisória.

Nesse “natural” embate não há, até aqui, a menor novidade. Nem mesmo no fato de o campeão de votos dar sinais contraditórios sobre como pretende enfrentar esse dado básico da natureza do sistema de governo. Que confunde mesmo. Por vezes, Bolsonaro acena com gestos políticos que são inerentes à necessidade de se entender com as forças dentro do Legislativo (eventualmente cedendo à pressão fisiológica por cargos). Por outras, despreza a prática da articulação política – a começar pela condução da própria bancada –, qualificando-a como porcaria com a qual não quer se sujar.

Na prática, não está fazendo nem um nem outro. E vai sendo implacavelmente encurralado por prazos de tempo sobre os quais não tem controle. Arrisca-se a ver perdida a reestruturação administrativa por conta de votação de MP mal conduzida na Câmara. Arrisca-se a ver a crise fiscal esmagar ainda mais o espaço para o Orçamento, enquanto já vai atrasado na aprovação de alguma reforma na Previdência. Arrisca-se a entregar de bandeja a adversários políticos uma narrativa política de impacto, como o contingenciamento das verbas da Educação.
No conjunto da obra, está sendo desmoralizado – ajudou a enfraquecer o nome mais popular, o de Sérgio Moro, ao já nomeá-lo para o STF, e vai vendo o mundo legislativo e jurídico fazendo o mesmo gesto de atirar, só que, desta vez, é contra seu predileto decreto de flexibilização do porte de armas. Chega a ser perverso constatar, nesse contexto, que o “fundo do poço” ao qual se referiu o ministro da Economia ao falar da situação fiscal não está convencendo deputados a aprovar o que o governo quer, mas, sim, está dando a ideia a eles de que o governo não sabe o que fazer.

Não há dúvidas sobre a espúria motivação de nutrido grupo de parlamentares (a famosa área bandalha da Câmara) ao bloquear a reforma administrativa ou impor sucessivas derrotas ao governo. Ocorre que grande parte da relevância que esse chamado Centrão assumiu nas últimas quatro semanas é sobretudo o resultado de um vácuo político a partir da “base” de sustentação de Bolsonaro na Câmara. A constatação tem sido reiterada pelos próprios parlamentares governistas, não é “papo da mídia”.

Aos apoiadores, o presidente e seus filhos têm repetido que “não há jeito”, que uma maioria imbatível no Congresso se comporta “contra o Brasil”, que a área política “não se deixa moralizar” e que ele está sendo encurralado por parlamentares bandidos e mídia podre e adversa a: a) ceder ao fisiologismo e bandalha, acabando na cadeia. Ou: b) a cometer um crime fiscal e ser “impichado”. Se abraçada até as últimas consequências, essa percepção que Bolsonaro aparentemente tem das causas das dificuldades em realizar os projetos que considera mais valiosos, e de aprovar reformas que admite serem necessárias, o levará a agir de forma contundente.

Aí resta saber quem e quantos estarão no pelotão que irá atrás do capitão.


William Waack - O Estado de S. Paulo