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terça-feira, 19 de julho de 2022

A Pátria em semanas decisivas - Percival Puggina

Todo dia estou aprendendo. Os espaços de informação que mais frequento ficam fora do circuito onde opera o consórcio dos grandes meios de comunicação.

Para exemplificar, nesse espaço modesto, cívico e abnegado, encantou-me a sabedoria de uma frase do eng. Roberto Motta: “Uma sociedade que não consegue condenar moralmente seus criminosos jamais conseguirá condená-los judicialmente”. Ao contrário do que afirmam os bandidólatras, a turma do desaprisionamento e os ideólogos do pandemônio, nosso problema não é de presos em excesso. O que temos é verdadeira multidão de bandidos soltos a infernizar nossa vida de mil e uma formas.

Em novo exemplo de sabedoria numas poucas linhas, um leitor comentou-me ontem: “Os apoiadores de Bolsonaro não se apropriaram da bandeira do Brasil, apenas veem nele um exemplo do amor à Pátria”. Com efeito, esse sempre foi um sentimento estranho para alguns. Refiro-me, especialmente, a quem se alegra quando nosso jornalismo compromete a reputação do país e quando personagens de nossa cena política e do ambiente jurídico viajam ao exterior para fazer exatamente a mesma coisa.

Aproveitemos as semanas vindouras para refletir sobre o que os maus brasileiros estão fazendo com nossa gente. Eles não podem continuar transformando o Brasil numa casa de tolerância, desavergonhada como nunca se viu igual.  
Uma casa de tolerância que aplaude o gangsterismo político, que neutraliza a democracia, que levou ao requinte a impunidade nos altos andares da República e que confere poder ao banditismo deslavado. Uma casa de tolerância onde dinheiro e votos são contados como se fossem a mesma coisa.

Já não lhes basta a própria corrupção. Dedicam-se, há bom tempo, à tarefa de corromper, aos milhões, nossa juventude, porque são milhões e milhões que não se revoltam, mas apoiam, aplaudem e se declaram devotos.Não é apenas no plano da política que a nação vai sendo abusada e corrompida. Dividiram a sociedade entre devedores e credores. As aspirações individuais e as perspectivas de vida são as novas vítimas desse caos. Adoeceram a consciência nacional. À medida que Deus vai sendo expulso, à base de interditos judiciais e galhofas sociais, instala-se, no Brasil, a soberania do outro.

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 

segunda-feira, 8 de março de 2021

Povão começa a reagir aos “covideiros”? - Jorge Serrão

Edição do Alerta Total

Não basta mais usar máscara. O sistema midiático de geração de amedrontamento agora recomenda que você use duas máscaras. Quem quiser vesti-las, junto com um face shield (aquele protetor de face, de plástico), melhor ainda. A ordem (ops, recomendação) vem sempre acompanhada da mensagem: “A orientação é da Organização Mundial da Saúde”.  Ou seja, quem não obedecer é transformado, automaticamente, em inimigo mortal da saúde pública. Ganha o rótulo de negacionista. A pecha simplista de fascista. Por tal lógica, precisa ser reprimido duramente pelas forças estatais de vigilância. Assim, a repressão e a supressão da liberdade ganham ares de “normalidade” e pretensa “legitimidade”. Tudo em nome de “uma boa causa humanitária”. Impossível maior cinismo pragmático...

A narrativa continua a mesma. O pandemônio, também. A maioria foi convencida a tomar vacina. O problema, previsível, acontece. Continua faltando vacina para todo mundo. A oposição perdida e sua midia abestada jogam a culpa em Odorico Paraguaçu (ops, Jair Bolsonaro).   Só que ele não é o fabricante da vacina, nem o comerciante que lucra com sua venda em massa. Os megalaboratórios priorizaram os países do Primeiro Mundo, onde vivem seus acionistas controladores, que querem dividendos, mas, antes de tudo, imunização. 
Os habitantes do Terceiro Mundo dependem do fornecimento pela China e Índia. 
Nossos laboratórios estatais Butantan e Fiocruz não têm capacidade produtiva suficiente, além de dependerem dos insumos vindos do exterior.

Sem vacina suficiente, sem leitos de UTI que nunca tivemos de sobra (nem nos hospitais particulares caríssimos), os hospitais seguem sobrecarregados. 

Assim, a narrativa volta a se concentrar no “use máscaras (agora duas)”, no “mantenha distanciamento social”, no “Fique em casa” e, na mais terrível e falsa alternativa, o tal do “Lockdown” (em livre tradução Tabajara: “fecha a porra toda, e dane-se quem precisa trabalhar, produzir, gerar emprego e pagar impostos sem fim”. Governadores e Prefeitos seguem ditando as ordens, como determina a Constituição, reforçada pela interpretação do Supremo Tribunal Federal.

O Monstro do Lockdown (já solicitamos uma entrevista oficial a ele) segue reinando. A maioria dos lojistas não teve outro jeito, senão aceitar a repressão estatal, só permitindo o regime de comércio semi-aberto para entrega (que fica mais bonito chamar de Delivery)
Até a Organização Mundial da Saúde já advertiu que o lockdown tem pouca eficácia prática, a não ser permitir um descanso dos profissionais de saúde sobrecarregados de trabalho. 
O curioso é que o lockdown vale para o comércio, porém a regra não se aplica, na prática, aos transportes públicos superlotados, sobretudo nas grandes cidades.

Por causa dessa contradição mal resolvida, os segmentos mais revoltados da população começam a reagir. Partem para protestos na porta das mansões (ops, residências) dos governadores e prefeitos. Alguns dos dirigentes reagem truculentamente. O governador de São Paulo, por exemplo, ameaça processar quem reclama dele. Parecem de guerra (ou de uma operação militar de alta envergadura) as imagens de dezenas de viaturas e motos cercando o quarteirão no qual mora João Dória, em um riquíssimo bairro de São Paulo. Até a vizinhança está bronqueada com ele. Tanto que um vizinho filmou a suposta festa dada pelo filho de Dória no fim de semana. Ele alega que foi apenas música alta. Só que ninguém acredita… A calça apertou ainda mais…


Os “covideiros” já estão com as barbas de molho. O povão começa a reagir às narrativas absolutamente falsas que não encontram respaldo na realidade prática da vida. Infelizmente, a terrível doença segue presente e deve continuar a pleno vapor, porque a vacinação ainda é lenta e seus resultados reais ainda carecem de comprovação estatística e científica, por mais que a propaganda oficial e médico-farmacêutica diga que o remédio funciona. Desta forma, a população prossegue refém do medo, da incompetência estatal e das incertezas econômicas geradas pelos “lockdowns”.

Dica segura? Beba água, tome sol (vitamina D), consuma alimentos com vitamina C, mantenha a higiene pessoal e evite, ao máximo, aglomerações, principalmente em espaços públicos lotados, sujos e inseguros.  
No mais, é torcer para o Covidão não te pegar. O Monstro do Lockdown já te pegou. Cedo ou tarde você sentirá os desastrosos efeitos econômicos. O cinismo pragmático e o medo seguem ganhando de goleada. O Bem Amado Odorico que se cuide!

No mais, vamos celebrar o Dia Internacional da Mulher - que deveria ser todo dia. Mas quem quiser comemorar o Dia Internacional do Homem (não sei que dia é) [uma colega acaba de dizer que é o 1º de abril - os fundamentos ela não apresentou...basta vestir uma máscara dark do Dart Vader. Afinal, a coisa segue preta...

terça-feira, 5 de maio de 2020

Bolsonaro perde, de novo - O Globo

José Casado

Ele quer envolver as Forças Armadas na sua campanha

[E os panelaços? sumiram! os ouvidos das pessoas de BEM agradecem.]

Foi um longo fim de semana para Jair Bolsonaro. Imerso na realidade paralela, à distância do país devastado por um vírus que já abateu mais de sete mil vidas, entreteve-se no seu jogo predileto: envolver as Forças Armadas na sua campanha para reeleição em 2022. É raro caso de governante empenhado num pandemônio político em plena pandemia.

[o pensamento do presidente Bolsonaro,  claramente expresso nas redes sociais no domingo, 3, sobre o papel das Forças Armadas é:
- "Bolsonaro afirmou: "Vocês sabem que o povo está conosco. As Forças Armadas, ao lado da lei, da ordem, da democracia, da liberdade e da verdade, também estão ao nosso lado."

Brasília, 04/05/2020 - As Forças Armadas cumprem a sua missão Constitucional. 
Marinha, Exército e Força Aérea são organismos de Estado, que consideram a independência e a harmonia entre os Poderes imprescindíveis para a governabilidade do País.
A liberdade de expressão é requisito fundamental de um País democrático. No entanto, qualquer agressão a profissionais de imprensa é inaceitável.
O Brasil precisa avançar. Enfrentamos uma Pandemia de consequências sanitárias e sociais ainda imprevisíveis, que requer esforço e entendimento de todos.
As Forças Armadas estarão sempre ao lado da lei, da ordem, da democracia e da liberdade. Este é o nosso compromisso.
Fernando Azevedo e Silva
Ministro de Estado da Defesa
Assessoria de Comunicação Social - Ascom
Ministério da Defesa
(61) 3312-4071

Em nada, absolutamente nada,  as declarações do presidente Bolsonaro divergem do contido na Nota oficial do MD.
Bolsonaro mesmo atribuindo as agressões aos jornalistas a infiltrados na manifestação, expressou ser contra a violência;
desde que assumiu o presidente da República cometeu nenhum ato, um único que seja, contra a independência e a harmonia entre os Poderes;
O presidente tem cumprido rigorosamente à Constituição Federal.
Por favor, confiram, chequem e vejam que o pensamento do Presidente da República Federativa do Brasil sobre os tópicos apontados é rigorosamente igual ao das FF AA, aliás, não poderia ser diferente já que ambos seguem a Constituição Federal.
A troca do comandante do Exército foi uma fake news que surgir e foi veementemente desmentida pelo ministro da Defesa.]
No sábado, no Palácio da Alvorada, extravasou sua ira com a suposta conspiração para impedi-lo de governar. Citou Sergio Moro, João Doria, Congresso, STF e governadores. Lula e PT estão fora da sua agenda. Bolsonaro, agora, racha a centro direita. Briga com o governador paulista, a quem vê como adversário eleitoral.

No domingo ensolarado comandou nova manifestação, financiada por empresários amigos, em produção esmerada com faixas de apelo à “intervenção militar com Bolsonaro”. A claque, outra vez, pedia aos generais um golpe em favor do ex-capitão, afastado do Exército por indisciplina, há quase quatro décadas.


O cenário verde-amarelo ficou relevante porque pesquisas mostram supremacia da imprensa sobre as redes sociais em credibilidade — efeito da pandemia. “Acabou a paciência”, disse. “As Forças Armadas também estão ao nosso lado... Chegamos no limite.”

Varou a madrugada de ontem com o plano de declarar desobediência ao Supremo. Renomearia Alexandre Ramagem para o comando da Polícia Federal. A indicação havia sido suspensa pelo STF, por conflito de interesses — é amigo de Bolsonaro, cujos filhos estão sob investigação federal. Aceitou deixar Ramagem indicar seu vice na Abin, Rolando de Souza.  [a renomeação de Ramagem seria, politicamente, desaconselhável - poderia acirrar os ânimos, por deixar a ideia de uma afronta do presidente Bolsonaro (Chefe de um dos Poderes da República) ao ministro Alexandre  de Moraes.
Mas, legalmente, seria correta, visto que a decisão do ministro suspendendo a nomeação de Alexandre Ramagem, citanto inclusive o número do decreto parcialmente suspenso, foi tornada sem efeito = revogada pelo Presidente da República.
Assim, deixou de existir qualquer decisão do STF, monocrática ou mesmo colegiada, impedindo que Ramagem fosse nomeado.]

Resignou-se, ainda, a manter o general Edson Pujol no comando do Exército. Queria trocá-lo por Luiz Eduardo Ramos, um general da ativa no Planalto. Provocaria uma cisão, alertaram, acelerando a erosão já perceptível no respaldo militar ao seu governo. Também se conformou com a nota da Defesa lembrando o papel constitucional das Forças Armadas. Foi a segunda em 15 dias. Bolsonaro perdeu, de novo. Mas quem o viu nas últimas 72 horas acha que o presidente-candidato vai continuar apostando no arriscado jogo de atração dos quartéis à política.

José Casado, jornalista - O Globo


terça-feira, 28 de abril de 2020

Na pandemia e sem plano - O Globo

José Casado


Guedes anunciou que tudo segue como antes

Há quatro semanas, Jair Bolsonaro recebeu um esboço de plano para criação de 1.008.635 empregos nos próximos dois anos. Encomendara o projeto a assessores, militares na reserva, e aos ex-deputados Rogério Marinho (PSDB-RN), ministro do Desenvolvimento, e Onyx Lorenzoni (DEM-RS), da Cidadania.

Bolsonaro entregou o programa ao chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto. Atravessaria os próximos dois anos em campanha pela reeleição, inaugurando obras com 42 mil novos empregos a cada mês. A pandemia já delineava um cenário tétrico, com 200 mortes, mas ele se mantinha no modo ignorância desdenhosa: “Outros vírus já mataram muito mais”. Já decidira demitir Luiz Mandetta (Saúde) e Sergio Moro (Justiça).

Marinho e Onyx estavam ajudando-o a abrir as portas do governo a lideranças políticas notórias pelo clientelismo. Se reuniram com Paulo Guedes, da Economia. Sobraram divergências e ressentimentos, com excesso de acidez entre Guedes e Marinho. A “agenda única” escanteava Guedes, e invertia sua proposta liberal, impondo protagonismo ao Estado na saída da crise. Era uma rasteira no “Posto Ipiranga”, dada pelo presidente, sob o bastão de comando ao chefe da Casa Civil.

Guedes dissimulou em público com a passividade de monge budista. Assistiu, quieto, ao presidente comandar uma sessão de slides sobre 65 obras rodoviárias, 42 aquaviárias, 32 aeroportuárias e sete ferroviárias. No silêncio efervesceram conversas sobre sua demissão.

Ontem, Bolsonaro recuou. Guedes agradeceu-lhe a “confiança” e anunciou que tudo segue como antes. O presidente já colecionava 24 pedidos de impeachment, dois inquéritos criminais no Supremo e a caminho de um novo, por improbidade. Em três semanas o número de mortos pelo vírus subiu de 200 para mais de mais de 4.500 mais de 2.150% no registro oficial. Ainda não há indício de que o governo tenha um plano, além do pandemônio político criado em plena pandemia.

José Casado, jornalista - Coluna em O Globo


terça-feira, 17 de março de 2020

Bolsonaro e os sócios da epidemia - Gazeta do Povo

Guilherme Fiuza - Vozes

Os sócios da epidemia

A imprensa disse que o presidente tinha testado positivo para coronavírus. Essa foi a manchete que circulou para milhões de pessoas. O nome disso é vexame.

Tradicionais veículos de comunicação noticiaram que o presidente Bolsonaro tinha coronavírus. Algum tempo depois o próprio presidente divulgou boletim atestando resultado negativo para o seu exame. Isso é muito grave. Os veículos que deram a notícia foram diretos: o presidente da República tinha testado positivo para coronavírus. Essa foi a manchete que circulou para milhões de pessoas. Algumas matérias atribuíam a informação a um filho do presidente. Outras atribuíam a informação aos outros veículos que deram a notícia. O nome disso é vexame.

Responda com calma: se você pretende que a sua marca de mídia tenha credibilidadeou seja, que as informações que ela divulga sejam consideradas verdadeiras por quem as recebe – você vai noticiar que o presidente de um país está infectado pelo vírus de uma pandemia que está paralisando o mundo a partir do que alguém te falou?

Ah, mas esse alguém é filho do presidente... E daí? Meia hora depois o filho do presidente estava negando que tivesse declarado que o pai testou positivo. Ele se enganou? Foi mal interpretado? Foi caluniado? É claro que nada disso interessa a quem queira fazer jornalismo minimamente sério. É assim que vocês apuram fatos? De acordo com a moderna técnica do disse me disse? Nem se fossem todos os filhos do presidente. Nem se fosse o médico do presidente. Nem se fosse o Papa. Qual o problema de dar a notícia com o atestado do exame nas mãos?

Para imprensa séria, nenhum. O problema é para quem não quer oferecer informação, mas estardalhaço. Aí não dá mesmo para esperar. Pega qualquer porcaria que te contarem no salão de cabeleireiro e joga no ventilador – embalada na sua marca de compromisso com a verdade, que assim vai virando aos poucos sinônimo de fake news de grife.

E se Bolsonaro tiver coronavírus? Aí a notícia muda, mas o vexame fica intacto. Se você se propõe a informar e não checa devidamente a informação que distribui, você está especulando. E se você vende especulação fantasiada de notícia, você é um delinquente. 
Existe um estado de beligerância entre governo e imprensa, nos Estados Unidos e no Brasil? Existe. E como os supostos arautos da liberdade de expressão pretendem, em sua missão de bem informar, pregar o respeito à imprensa? Inventando notícia? Publicando chute? Mentindo?

Assim fica difícil, companheiros. O público já identificou a manobra patética de vários veículos de comunicação, outrora respeitáveis, tentando melar o resultado das eleições no grito – tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Agora, no meio de um pandemônio que é a reação desesperada da humanidade a uma epidemia de gripe, onde tudo que se precisa é serenidade e bom senso, aparecem vocês tentando vender espetáculo mórbido – e falso.
A democracia esperava mais, muito mais de vocês.
Você conhece mesmo o impacto do jornalismo?

Guilherme Fiuza, jornalista - Vozes - Gazeta do Povo


quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Câmara impõe condições para votar pacote de Moro

Deputados do Centrão usam crise da Receita Federal para condicionar a tramitação de propostas anticrime à votação de projeto de lei contra abuso de autoridade


Líderes de partidos do Centrão querem condicionar a aprovação do pacote anticrime apresentado pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro, à votação do projeto de lei que endurece a lei de abuso de autoridade. O texto foi aprovado no Senado em abril de 2017, mas não avançou na Câmara porque ganhou a pecha de anti-Lava Jato, por prever punição a juízes e integrantes do Ministério Público. 

Agora, deputados vão usar a crise na Receita Federal como pretexto para votar o projeto de abuso de autoridade. A articulação é estimulada por ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Integrantes das duas Cortes ou até mesmo seus parentes estão entre os 134 contribuintes alvo de pente-fino da Receita. O vazamento dessas informações provocou reação do Judiciário. Já o Tribunal de Contas da União (TCU) mandou abrir uma inspeção.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou a interlocutores que o pacote de Moro andará no mesmo ritmo do projeto de abuso de autoridade. Procurado para falar sobre esse ponto, Maia não se manifestou. Já o líder do DEM, deputado Elmar Nascimento (BA), afirmou ao Estado que a investigação da Receita foi uma surpresa. 
 “Se fizeram isso com um ministro do Supremo e com a mulher do presidente da Corte, o que se pode fazer com qualquer cidadão? 
Aí é que se pressiona pela votação do projeto de abuso de autoridade”, afirmou o deputado, em referência a Gilmar Mendes e a Roberta Rangel, mulher do ministro Dias Toffoli.

A ministra do STJ Isabel Gallotti também entrou na mira da Receita Federal.   

[da mesma forma que o abuso de autoridade precisa ser contido, é dificil de entender a impunidade dos vazamentos - o Coaf, exercendo suas atribuições legais e de grande importância detectou movimentações atípicas na conta de um ex-assessor de um dos filhos do presidente Bolsonaro;

tais movimentações deviam e devem ser investigadas e tudo esclarecido, mas, por envolver, ainda que indiretamente, um dos filhos do presidente da República, o assunto vazou, vazamentos diários, e até hoje tais vazamentos (criminosos) não foram apurados.

Receita Federal, MP, PF, Coaf e qualquer órgão do Governo Federal tem o DEVER e o DIREITO de investigar o que for da sua competência institucional, encontrando irregularidades aprofundar as investigações, envolver outros órgãos, com competência legal, nas investigações, denunciar, processar e punir.

O inaceitável é que o assunto vaze, especialmente para prejudicar determinadas pessoas em função do cargo que exercem. ]

Em nota, a Receita afirmou que “os indícios originalmente apontados não se confirmaram, razão pela qual os procedimentos de fiscalização não foram instaurados”. O secretário especial da Receita, Marcos Cintra, chegou a pedir desculpas aos contribuintes que tiveram seus dados expostos. Gilmar, por sua vez, reforçou o coro sobre a necessidade de o Congresso votar o projeto de abuso de autoridade. “Está evidente que (o vazamento) virou um festival, um pandemônio”, argumentou ele. 

O líder do PP, Arthur Lira (AL), definiu como “esculhambação” não apenas o vazamento de dados da Receita, como de investigações da Justiça e do Ministério Público. “Sempre defendi o projeto de abuso de autoridade.” No PT, o deputado Paulo Pimenta (RS), líder da bancada, também disse ser favorável a dar prioridade ao projeto que pune desvios de conduta de agentes públicos. “Somos a favor porque todos os setores da sociedade devem ter regras. Sejam deputados ou juízes”, declarou Pimenta. Até mesmo integrantes do partido do presidente, o PSL, admitem votar as duas propostas “casadas”. A deputada Bia Kicis (DF) ressalvou, porém, que a alternativa “não pode prejudicar o pacote de Moro”.  

Penas
O projeto sobre abuso de autoridade prevê mais de 30 ações que podem ser assim classificadas, com penas que variam de seis meses a quatro anos de prisão. Para a força-tarefa da Lava Jato, essas medidas, se aprovadas, acabarão por restringir as investigações. Na prática, a votação conjunta das duas proposições também é uma resposta do Congresso a trechos do pacote de Moro, como o que criminaliza o caixa 2 nas campanhas eleitorais. A medida foi apartada do projeto principal justamente para evitar danos à parte do pacote que trata da segurança pública e do combate ao crime organizado. Na tentativa de obter apoio dos congressistas, o próprio Moro tem adotado discurso mais brando sobre o caixa 2.

Maia ainda avalia se irá ou não instaurar uma comissão especial para analisar o pacote anticrime. Nesse caso, o conjunto de propostas teria de tramitar em diversas comissões temáticas, o que poderia prolongar por anos a análise final. “Ainda não decidi. Vamos analisar isso com calma”, disse Maia ao Estado. A preocupação é evitar que esse debate contamine a votação da reforma da Previdência. A pauta econômica é prioridade não só do governo como do presidente da Câmara. Outro “entrave” ao projeto de Moro é o ministro do Supremo Alexandre de Moraes. Ex-ministro da Justiça, ele integrou uma comissão de juristas que preparou projeto semelhante ao de Moro. Na noite de ontem, os dois se reuniram para tentar uma aproximação.

O Estado de S. Paulo