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quinta-feira, 6 de junho de 2019

FLAMENGO - Entrevistão! Wallim abre os cofres do Flamengo e aponta caminho sem volta:"Dinheiro não vai faltar"

[FORA DO TEMA - a matéria é excelente apesar de no segundo parágrafo conter algo que não interessa ao Flamengo: um interesse de trazer o cai cai para o Mengão;

ao Flamengo não interessa um jogador que faz tudo - de cair a toa, passando por acusações de estupro, agressão a torcedores, etc...,]

Entrevistão! Wallim abre os cofres do Flamengo e aponta caminho sem volta:"Dinheiro não vai faltar"

Vice de finanças garante que clube não gastou acima do orçamento com reforços, detalha planos financeiros e sonha alto para o futuro: "Um dia vamos chegar ao patamar de trazer o Neymar"

Por Marcelo Baltar e Thiago Lima — Rio de Janeiro
 
Transcrito do Blog do Murilo 


Primeiro nome lançado pela "Chapa Azul" em 2012
(quando teve a candidatura impugnada); vice de futebol entre 2013 e 2014, vice de patrimônio e candidato da oposição em 2015, Wallim Vasconcellos esteve em evidência na política do Flamengo nos últimos anos. De volta ao poder nesta temporada, como um dos pares do presidente Rodolfo Landim, o ex-economista do BNDES hoje está afastado dos holofotes. Tem voz ativa, participa de decisões importantes, mas não está na linha de frente no futebol.

Atualmente, no dia a dia, cuida do dinheiro do clube. Ao contrário do mar agitado e turbulento que enfrentou na pasta do futebol em sua primeira passagem, na vice-presidência de finanças encontrou céu de brigadeiro, com cofres cheios para investir. E assim fez. O Flamengo saiu às compras em janeiro, agitou o mercado nacional e mostrou força. Foram mais de R$ 100 milhões gastos em aquisições de jogadores nos primeiros meses.

As contratações de nomes caros e badalados inflamaram os rubro-negros, mas levantaram questionamentos sobre as finanças do clube. Wallim, no entanto, garante que não houve gasto acima do previsto e que a saúde financeira vai de vento em popa. Além disso, disse que o Flamengo não vai parar por aí. Cada vez haverá mais recursos, o que faz o dirigente até mesmo sonhar com Neymar em um futuro próximo.

Durante quase uma hora e meia de bate-papo com o GloboEsporte.com na última quarta-feira, em seu gabinete na Gávea, o dirigente falou sobre a saúde financeira do Flamengo, mostrou a redução da dívida total rubro-negra, garantiu recursos à disposição do futebol para o segundo semestre, comentou os planos para o Maracanã, justificou o aumento nos preços do sócio-torcedor e assegurou que hoje o clube não precisa vender atletas para fechar o balanço no azul..


Confira a entrevista na íntegra:
GloboEsporte.com: O Flamengo vem há alguns anos arrumando a casa na parte financeira, mas à cada contratação de impacto surge a pergunta dos torcedores rivais: de onde o clube tira tanto dinheiro?

Wallim: – Isso é um processo que vem desde 2013, quando tivemos que resgatar a credibilidade perante a fornecedores, jogadores... Com credibilidade, você começa ter o interesse de patrocinadores, a torcida passou a acreditar. Tudo o que foi prometido foi cumprido. Nosso objetivo sempre foi o Flamengo liderar todos os processos, financeiro e no futebol. Eu vou ganhando, melhorando, todos querem se associar à marca do Flamengo. É um círculo virtuoso.

– Claro que foi um grande trabalho de quem renegociou toda dívida, trouxe patrocinadores, aumentou a receita, e trouxe nosso torcedor, que é o nosso maior ativo. Isso propiciou que o Flamengo crescesse, revelasse novos talentos, outros estão sendo revelados. Infelizmente hoje ainda temos essa dificuldade no Brasil de competir com a Europa, o mundo árabe, o mercado asiático. Mas a venda desses talentos contribuiu para a saúde financeira do Flamengo, que hoje é muito boa. Na área financeira, tivemos o Rodrigo Tostes, depois o Cláudio Pracownik, e agora eu estou aqui. Mas óbvio que todos no clube contribuíram.

Quando o clube começou a se reestruturar?

– Em 2013 tomamos a decisão. Não vamos gastar mais do que ganhamos e vamos pagar tudo. Seja o que Deus quiser. Corremos o risco de ter problemas no campeonato, rondamos a zona de rebaixamento, que tentamos evitar ao máximo e conseguimos. Esse foi o ponto positivo. Montamos um time que deu conta do recado naquela época, foi campeão da Copa do Brasil, do Carioca, trouxemos um pouquinho de alegria para a torcida. Foram altos e baixos e não tinha como ser diferente. Trouxemos jogadores que podíamos pagar naquela época, mas obviamente não era o que gostaríamos de ter.

– A torcida teve a maior paciência do mundo. Entendeu que era aquilo ou o caos total. Nos apoiou, melhoramos a situação, mas ainda não estamos onde queremos. Sempre podemos melhorar e temos que ganhar um título importante.

(...)

-  Podemos até levar para o Conselho de Administração, alegar que precisamos de mais recursos e readequar o orçamento. Gastamos no início do ano porque achamos que tínhamos que começar a temporada com um time base, pelo menos. Se montarmos em julho, como foi nos últimos anos, até o jogador começar a jogar já era. Pode até ganhar uma Copa do Brasil, mas não o Brasileiro. Gastamos no início do ano e agora vamos fazer ajustes para essa reta final. Não basta ter um time, tem que ter um elenco.


Há recursos para novas aquisições de direitos federativos neste ano?

– Recursos há. Mas terei que mudar o orçamento, se for o caso. Teríamos que levar ao conselho e mostrar de onde vem o dinheiro. Se for só luvas e salários, tem que saber se cabe dentro das despesas. Se não couber, será necessário fazer uma readequação orçamentária, levar e aprovar no Conselho de Administração e, aí sim, fazer essa despesa.  Então é possível uma readequação orçamentária para novas aquisições ainda em 2019?

– Com certeza. Aqui, nesse assunto de futebol e outras coisas importantes, não tem situação e oposição no Conselho de Administração. Eu, várias vezes, votei a favor nos últimos três anos para conseguir dinheiro para contratar e reforçar o time. O que importante é gastar bem, acertar nos jogadores. Você nunca consegue ter essa certeza. Só se você trouxer Messi, Neymar e Cristiano Ronaldo. Aí terá 99% de chance de acertar.
(...)

Quanto é a dívida do Flamengo hoje?

(...)
– A dívida grande é o Profut, que está em R$ 310 milhões. O Flamengo paga religiosamente em dia um milhão e pouco por mês, dá uns R$ 15 milhões por ano. De banco a gente não tem quase nada, são R$ 16 milhões. O total está em R$ 326 milhões.

A ideia é zerar?
– Então, essa é uma questão. Uma das perguntas que fiz em nossos grupos: vale a pena zerar a dívida, pegar dinheiro e deixar aqui? Pegar dinheiro e deixar aqui para comprar jogador eu não acho. Mas por exemplo: quero fazer uma ampliação do CT. Vale a pena eu pegar R$ 50, R$ 100 milhões para fazer um CT 2, ou um CT na Baixada? Como essa conta fecha? Vai depender do prazo, da taxa... Então essa é uma conta que a gente tem que fazer. Se eu não tiver nenhum investimento estrutural, zera a dívida e fica no capital de giro. Tem uma linha de crédito, pego R$ 50 milhões, em três meses eu pago e zero de novo. É só administração de fluxo de caixa.


Um dos criadores da "Chapa Azul", Wallim está envolvido na política do Flamengo desde 2013 — Foto: ANDRÉ DURÃO
 
MATÉRIA COMPLETA Blog do Murilo
 
 
 

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Fantasia perigosa


Alguns administradores públicos acreditam na misteriosa propriedade germinativa do dinheiro; e pior: a crendice tem encontrado guarida no Poder Judiciário.


Um cidadão minimamente responsável pela gestão de suas finanças pessoais sabe que uma queda repentina de suas receitas implica a revisão de suas despesas a fim de manter equilibrado o orçamento doméstico. Os assalariados, empreendedores e profissionais liberais ciosos de sua saúde financeira sabem que dinheiro não dá em árvore e, portanto, não é alvissareiro desdenhar do imperativo matemático.

A mesma regrinha básica — que se convencionou chamar de “responsabilidade fiscal” — que vale na esfera privada também vale na esfera pública. A diferença é tão somente a titularidade e o montante dos recursos que se irão administrar. No entanto, por alguma razão oculta, alguns administradores públicos acreditam na misteriosa propriedade germinativa do dinheiro. E pior: a crendice tem encontrado guarida no Poder Judiciário.  Uma série de decisões judiciais a favor de Estados endividados vem ameaçando não só o reequilíbrio fiscal dos entes federativos, na medida em que retarda a adoção de medidas de ajuste, mas todo o esforço nacional voltado para o ajuste fiscal.
Governadores têm obtido liminares na Justiça tanto para suspender o pagamento de dívidas de seus Estados com a União como para contrair novos empréstimos no mercado financeiro, mesmo sem condições para tal, com garantia do Tesouro Nacional.

A chamada judicialização das questões fiscais dos Estados é um dos estratagemas de governadores não muito dispostos a, antes de bater às portas da Justiça, fazer seus deveres de casa. A defesa enfática de revisões na Lei Complementar n.º 101/2000 – Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) – é outro.  Há dias, governadores eleitos defenderam a descarada ideia de rever pontos da lei que trouxe disciplina à gestão das finanças públicas em fórum do qual participou o presidente eleito Jair Bolsonaro. 
 
 
Ou seja, antes de assumirem seus cargos, os governadores eleitos já se sentem à vontade para advogar a legalização da irresponsabilidade fiscal. Entre os pedidos de “revisão” da Lei de Responsabilidade Fiscal estão a mudança do prazo de dois quadrimestres para que os governos estaduais ajustem os orçamentos a fim de não violar o limite de 60% de gastos com a folha de pagamento, como manda a lei, e até a própria “flexibilização” desse limite. A situação não é diferente no tocante aos municípios. A Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei Complementar (PLP) 270/2016, de autoria do senador Otto Alencar (PSD-BA). O texto altera a Lei de Responsabilidade Fiscal para isentar de punições os prefeitos de cidades que tiverem redução de mais de 10% nos repasses do Fundo de Participação dos Municípios ou de royalties. O presidente Michel Temer precisa vetar esse projeto.

A ofensiva judicial levada a cabo, principalmente, por Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Rondônia tem preocupado, com toda razão, a equipe econômica do futuro governo. O presidente eleito abriu um canal de diálogo com o Poder Judiciário para tentar sensibilizar os juízes quanto aos impactos econômicos de suas decisões. É preciso ficar claro, de uma vez por todas, que a separação orçamentária entre os mais diversos segmentos da administração pública se dá, sobretudo, por razões de ordem prática, de conveniência administrativa. É única a fonte de recursos públicos: os contribuintes. Quase duas décadas depois do advento da LRF, que trouxe inegáveis avanços para a higidez da gestão das contas públicas – e, como corolário, toda sorte de benefícios sociais -, há quem proponha uma volta ao passado. Na cabeça de alguns governantes, vive-se hoje uma espécie de versão fantasiosa do federalismo, na medida em que há Estados e municípios que só desejam os bônus na relação com a União, sem arcar com os ônus, inclusive políticos, que fazem parte de uma gestão responsável. É uma fantasia sedutora, porém perigosa.

Editorial - O Estado de S. Paulo