Os
desdobramentos da Lava Jato mostram que a primeira semana da estação será de
repouso para alguns parlamentares e de tensão para os eleitores
Eis que, num raro
momento de alegria, virtudes e defeitos de nossos políticos se fundem e prometem
alguns dias de repouso, a semana
com apenas dois dias de trabalho para eles, graças às festas juninas, e a
oferta de um certo fôlego para nós. Não deu certo: a política, hoje, só em parte se faz no Congresso. A Polícia Federal
também a faz: prendeu quatro empresários de farto
sobrenome, ligados ao avião de Campos que caiu durante a campanha e
suspeitos de integrar uma organização criminosa, lançou
suspeitas sobre outros figurões, inclusive um senador de família tradicional
que foi ministro de Dilma, apurou
ligações entre a morte do candidato presidencial Eduardo Campos e a colheita de
propinas tão fartas quanto os sobrenomes, e envolveu a OAS num repasse de
verbas para sabe-se lá o que. De acordo com a Federal, a operação começou
com o caso do avião. “Mas agora queremos
desarticular toda essa organização. Quem são os envolvidos, o que fizeram e
quem foram os beneficiados”.
E, aproveitando o finzinho
dos dias de trabalho desta semana, Eduardo
Cunha mostrou que político ainda pode gerar confusão. Deu entrevista
dizendo que não renuncia à Presidência da Câmara (da qual foi afastado); não faz delação premiada, porque não praticou nenhum
crime; e não tem motivo para ser cassado. Ponto final. A semana que deu início ao
inverno será de repouso para alguns parlamentares e de tensão para os
eleitores.
Como é a ficha dele
Cunha age com
habilidade: se renunciar,
continua na situação atual, de presidente afastado, e demonstra que tem algo a
esconder. Mas já se sabe que é beneficiário de contas na Suíça, já enfrenta
multas por movimentação internacional irregular de dinheiro, já tem mulher e
filha envolvidas no caso, ambas sujeitas ao juiz Sérgio Moro. É provável que
hoje o Supremo Tribunal Federal decida autorizar uma segunda acusação
proveniente da Operação Lava Jato – manutenção de contas clandestinas no
Exterior com dinheiro de propinas oriundas de negócios com a Petrobras.
Ação dos políticos
Frase
do ex-presidente Lula: “Quanto mais me
provocarem, mais eu corro o risco de ser candidato em 2018”. [presidiário pode ser candidato?]
E
se não provocarem?
Vai aposentar-se, como prometeu antes de se candidatar à reeleição, dedicar-se
à caça e preparo de coelhos em Los Fubangos ─ o seu
sítio, o que é confirmadamente seu, hoje
abandonado em favor de outras propriedades que, embora sejam dele, não são
dele? Alguém imagina Lula quietinho numa eleição, oferecendo chá com
torradas aos visitantes e, como conselhos, temperança e amor ao próximo?
Ação
empresarial
Os fatos como os fatos
são: para dar conta
do matagal de propinas no Brasil e no Exterior, a Odebrecht comprou um banco no
paraíso fiscal de Antígua, na América Central. O Meinl Bank Antigua, que antes
tinha sido a base off-shore de um antigo banco austríaco, chegou a controlar 42
contas no Exterior, administrando entradas e saídas de fundos secretos – um pouco mais de US$ 130 milhões, ao mesmo tempo.
Ação prática
Por mais precisas que
sejam, as delações jamais terminam:
sempre sobra uma peninha (que, nas
palavras do ministro Teori Zavascki, quando são puxadas revelam mais uma
galinha), O mercado está na
expectativa de novas revelações de Sérgio Machado sobre pedras preciosas na
lavagem de dinheiro. São muito
práticas: substituem milhares de dólares e são
difíceis de monitorar. Há quem diga que boa parte do ótimo
relacionamento dos governos petistas com
Angola envolve diamantes, e com um toque religioso que aparece até no nome das
instituições financeiras envolvidas. Delação premiada deve incluir tudo –
inclusive temas delicados como esse.
Ação oficial
Ah,
as relações sociais do Brasil dilmista com os países pobres, mas amigos, irmãos
e cooperativos! Angola,
que transformou a filha do seu presidente em mulher
mais rica da África, recebeu R$ 14 bilhões; a Venezuela, detentora
das maiores reservas de petróleo do mundo, R$ 11 bilhões. Seguem-se República Dominicana, R$ 8
bilhões; Argentina, R$ 7,8 bilhões; Cuba, R$ 3 bilhões; Peru, R$ 2 bilhões;
Moçambique, R$ 1,5 bilhão. No total, incluindo empréstimos menores, R$ 50,5 bilhões ─ quase um terço do
déficit público que inferniza o atual governo e que foi responsável por boa
parte da crise que consumiu o governo Dilma.
Sem comentários
Diante do bloqueio de
vastas verbas oficiais para as vastas viagens de Dilma, grupos petistas estão estudando o crowdfunding –
a velha e popular vaquinha.
[vale um alerta para os estúpidos militontos petistas: fizeram uma vaquinha para o Zé Dirceu, quando em pouco mais de dois anos ele já tinha roubado quase R$ 30 BI; quem garante que a Dilma não se apropriou de muito mais. Começam a surgir provas de que ela recebeu grana suja para a campanha, tem a Refinaria de Pasadena e outras suspeitas.
Ou os petistas querem mais uma vez das uma de otários? o que fizeram quando da vaquinha para o 'guerrilheiro de festim'.] Contenha-se, caro leitor, e não faça comentários engraçadinhos sobre fazer
vaquinha para financiar as viagens da presidente afastada.
Publicado na Coluna de Carlos
Brickmann