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domingo, 11 de setembro de 2022

Empresários bolsonaristas foram em peso aos atos de 7 de setembro

A turma se camuflou no meio da multidão de apoiadores do presidente, mas fez questão de enviar fotos aos ministros do governo

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Jair Bolsonaro no desfile do 7 de setembro, em Brasília - Alan Santos/PR
 
No grupo de WhatsApp do primeiro escalão de Jair Bolsonaro, ministros compartilharam como vitória fotos enviadas a eles por importantes empresários que foram voluntariamente aos atos de 7 de setembro para “defender o governo” e, claro, protestar contra as decisões do STF.  
A turma não superou até hoje a operação da Polícia Federal que realizou buscas contra oito endinheirados bolsonaristas que compartilharam mensagens golpistas num grupo de “zap”. [golpe de Estado pela Whatsapp e comandado por setentões.]

 Radar - Coluna Revista VEJA    

quinta-feira, 25 de agosto de 2022

Eu tive um sonho comunista… - Gazeta do Povo

Rodrigo Constantino

Eu tive um sonho. Nele, os trabalhadores explorados pelo capitalismo cruel e malvadão fariam uma revolução comunista igualitária e finalmente seriam capazes de instaurar no país a sonhada ditadura do proletariado. 
 Abaixo a democracia burguesa, eles gritavam. Lugar de patrão é na prisão, berravam. 
Com suas camisas e bonés vermelhos, os soldados do exército de Stédile marchavam rumo às instituições símbolos da nossa carcomida república e colocavam tudo abaixo com suas foices e martelos.

Esses heróis da resistência ao fascismo derrotavam as forças do mal e abriam caminho para o governo de uma espécie de Fidel Castro brasileiro, que por meio século iria trazer incrível progresso social, especialmente na área da educação e da saúde. 
Fidel, afinal, era o maior líder político do continente, o mais admirado de todos, segundo Lula. A luta dos companheiros na década de 60 não teria sido em vão. Com um atraso de décadas, o Brasil finalmente seria um Cubão!

TSE define que eleitor deve deixar celular com o mesário antes de votar; PM poderá ser acionada

Inflação começou a cair. O que podemos esperar?


Quando acordei, fiquei com vontade de contar meu sonho comunista aos meus companheiros. Mandei para um grupo fechado de WhatsApp, chamado VivaMarx, um breve resumo. Foi quando um deles jogou aquela ducha de água fria em mim: “Você está doido, cara! Apaga já isso! Se os fascistas do sistema pegam uma coisa dessas você vai em cana!”

Tentei argumentar: mas foi apenas um sonho! E estou compartilhando isso somente com poucos amigos numa conversa informal particular, num grupo fechado de Zap
Não é possível que isso traga problemas para mim. 
Não investi de fato na revolução. 
Não financiei movimentos clandestinos armados para efetivamente atacar aquelas instituições burguesas. 
Não controlo forças armadas de qualquer natureza. Sou apenas um idoso aposentado do setor público dividindo com amigos um sonho comum, fazendo um desabafo de que ninguém aguenta mais essa ditadura de direita!

Meu colega foi implacável: “Sim, eu sei disso tudo, mas nada disso importa. Não existe mais liberdade de expressão, desde que o fascista Bolsonaro aparelhou o STF e seus ministros criaram o crime de opinião no país. Hoje em dia não é preciso atuar pela revolução para ser considerado um criminoso; basta defender o comunismo! Ou pior: basta pensar em defender o comunismo! Se algum agente do novo DOPs escutar numa conversa de bar um xingamento que seja ao presidente, o autor vai para o xilindró. Se ele cochichar que prefere Fidel a Bolsonaro, então, pega prisão perpétua!

Com meu juízo restabelecido pelas duras lembranças do tempo fascista em que vivemos, aceitei que era melhor apagar o relato do meu sonho no grupo fechado, para preservar a mim e meus companheiros. 
Ninguém quer,  afinal, a visita da polícia às seis da manhã para confiscar nosso telefone pelo crime de uma simples ideia. [pior: sonho ] Não é mesmo?
 
Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES
 

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

O presidente dos maricas - Nas Entrelinhas

As reações de Bolsonaro são típicas de quem tem uma grande perda, no caso, o colapso da sua aliança estratégica com Trump. É um processo que começa pela negação e evolui para a raiva

O presidente Jair Bolsonaro ainda não conseguiu processar a derrota de Donald Trump nas eleições para a Presidência dos Estados Unidos. [sobre a "derrota" de Trump sugerimos ler: Coluna Alexandre Garcia - Correio Braziliense.

Bush perdeu para Gore por mais de 500.000 votos mas ganhou a presidência - foi considerado pela Suprema Corte o vencedor.

Quanto a estar do lado da China e Rússia, apesar de ideologicamente haver apreciável distância, os três estão entre os maiores do mundo.] Em parte, isso explica o fato de não ter manifestado, ainda, as congratulações devidas ao democrata Joe Biden, o novo presidente norte-americano, somando-se aos poucos chefes de Estado que ainda não o fizeram, entre os quais Vladimir Putin, da Rússia, e Xi Jinping, da China, que têm disputas estratégicas com os norte-americanos muito diferentes das nossas contradições com os EUA. No momento, a atitude de Bolsonaro situa o Brasil nesse quadrante político, mas isso não tem a menor aderência à realidade geopolítica da qual fazemos parte historicamente.

Para usar uma velha expressão popular, Bolsonaro está sem pai nem mãe na política internacional. Seu comportamento parece emocional, porém, politicamente, é muito semelhante ao de Vladimir Putin em relação ao então presidente norte-americano Barack Obama, e à primeira-ministra alemã, Angela Merkel. Ambos o decepcionaram por tratarem a Rússia como uma nação decadente e a ele, pessoalmente, como um líder de segunda classe. Putin deu as costas ao Ocidente e recorreu ao nacionalismo russo para se manter no poder, até hoje, com apoio dos militares, controle do Judiciário e da imprensa, e uma estreita aliança com a Igreja Ortodoxa Russa, para uma contrarreforma nos costumes.

[Detalhe curioso: tem uma Associação Brasileira de Juristas pela Democracia  
[a menção à democracia no título de qualquer entidade, associação ou o que seja, sempre assusta e espanta  = ninguém é  louco para considerar a Coreia do Norte uma democracia. Sabem o nome oficial daquele país? República Popular Democrática da Coreia; e uma Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social que pretendem reforçar representações já apresentadas ao Tribunal Penal Internacional, que julga crimes contra a humanidade.
A abundância da falta de conhecimentos jurídicos da dupla é tamanha que esquecem que Bolsonaro fez apenas e tão somente um discurso. 
Os arquivos do TPI são modernos e compactos o que os leva a uma grande seletividade no destino das petições que não merecem ser julgadas = arquivo ou lixo. Alguém tem dúvida sobre o destino da comunicação em comento?
A mais recente manifestação do TPI sobre a denúncia da tal Confederação foi em setembro: "o chefe do Departamento de Informações e Evidências do TPI, Mark P. Dillon, suspendeu as apurações contra o presidente brasileiro mas informou, em comunicado, que a decisão "pode ser reconsiderada caso novos fatos ou evidências providenciem uma base razoável (de evidências) para acreditar que um crime sob a jurisdição da Corte foi cometido". ]

Entretanto, na prática, uma conexão ideológica com Putin não faz o menor sentido em termos geopolíticos. As reações de Bolsonaro são típicas de quem está em dificuldades diante de uma grande perda, no caso, o colapso da sua aliança estratégica com Trump. É um processo que, psicologicamente, começa pela negação e evolui para a raiva. O presidente da República parece estar entre uma fase e outra. Num divã de psicanálise, suas declarações levariam a essa conclusão: “A minha vida aqui é uma desgraça, problema o tempo todo. Não tenho paz para absolutamente nada. Não posso mais tomar um caldo de cana na rua, comer um pastel. Quando eu saio, vem essa imprensa me perturbar. Pegar uma piada que eu faço com Guaraná Jesus para tentar me esculhambar”.

Bolsonaro disse, ontem, que o Brasil é um “país de maricas”, por duas vezes: “Tudo agora é pandemia. Tem de acabar com esse negócio, pô. Lamento os mortos, lamento. Todos nós vamos morrer um dia. Não adianta fugir disso, fugir da realidade. Tem de deixar de ser um país de maricas, pô. Olha que prato cheio para a imprensa, para a urubuzada que está ali atrás. Temos de lutar. Peito aberto, lutar. Que geração é essa nossa? A geração hoje em dia é toddynho, nutella, zap. É uma realidade”, disse.

Saliva e pólvora
Depois, ao se referir às articulações envolvendo o apresentador Luciano Huck, o ex-ministro da Justiça Sergio Moro e o governador de São Paulo, João Doria, revelou certo temor de que a oposição de centro se unifique em torno de um desses nomes: “Vem uma turminha falar ‘ah, queremos um centro: nem ódio para cá, nem ódio para lá’. Ódio é coisa de marica, pô. Meu tempo de bullying na escola era porrada. Agora, chamar o cara de gordo é bullying. Nós temos como mudar o destino do Brasil. Não terão outra oportunidade. O Macri, na Argentina, não conseguiu implementar as suas políticas. Começou a levar pancada dos seus seguidores, como eu levo, agora, também. Voltou a turma da Kirchner, Dilma, Maduro e Evo”.

Bolsonaro voltou a investir contra a urna eletrônica: “Não temos um sistema sólido de votação no Brasil, que é passível de fraudes, sim. Tudo pode mudar no futuro com fraude. Eu entendo que só me elegi presidente porque tive muitos votos, e não gastei nada, não: 2 milhões de reais, arrecadado por vaquinha”. Bolsonaro defende a volta do voto impresso, já rechaçada pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, e endossa as acusações de Donald Trump de que a vitória de Biden está sob suspeita de fraude, o que, a essa altura do campeonato, é um desastre diplomático.

Mas o fato que assustou todo mundo, inclusive ministros do governo e os líderes governistas no Congresso, foi a declaração de Bolsonaro comemorando a morte de um dos voluntários que estão testando a vacina chinesa CoronaVac, em pesquisa do Instituto Butantan, que a Anvisa, indevidamente, suspendeu. Além da absurda falta de empatia, Bolsonaro mentiu, ao afirmar que a vacina foi a causa mortis, quando se trata de um caso de suicídio. Se o presidente da República continuar nessa rota, teremos um formidável caso de suicídio político. [Para um melhor esclarecimento, detalhado e fundamentado, das razões da Anvisa, sugerimos ler:Anvisa, Butantan e Bolsonaro erraram na suspensão dos testes da CoronaVac, diz epidemiologista ]. 

Sua declaração de que pode defender a Amazônia com pólvora, contra a suposta interferência de Biden, é simplesmente insana: “Assistimos, há pouco, um grande candidato a chefia de Estado dizer que, se eu não apagar o fogo da Amazônia, ele levanta barreiras comerciais contra o Brasil. E como é que podemos fazer frente a tudo isso? Apenas na diplomacia não dá, não é, Ernesto (Araújo)? Quando acaba a saliva, tem de ter pólvora, senão não funciona. Não precisa nem usar pólvora, mas tem de saber que tem. Esse é o mundo. Ninguém tem o que nós temos.” [o presidente francês ameaçou invadir o Brasil = internacionalizar a Amazônia = o Biden ameaçou retaliar = apesar de até o momento seu poder, autoridade, não são suficientes para sequer ingressar com familiares na Casa Branca. 
 
Usar armas nucleares para invadir a Amazônia, vai transformar o chamado 'pulmão do mundo' e,m uma mega Chernobyl. Usar armamento convencional, algo tipo super bombas, ou bombardeio cerrado,  vai matar os indígenas que dizem querer salvar, proteger, e causar uma destruição várias vezes superior a que dizem que as queimadas causam. 
 
Vai ter que ser estilo homem a homem, infantaria, metro a metro - será que eles querem um novo Vietnam? Retaliação econômica o Brasil responde suspendendo venda de alimentos.]

 Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense