As reações de Bolsonaro são típicas de quem tem uma
grande perda, no caso, o colapso da sua aliança estratégica com Trump. É
um processo que começa pela negação e evolui para a raiva
O presidente Jair Bolsonaro ainda não conseguiu processar a derrota
de Donald Trump nas eleições para a Presidência dos Estados Unidos. [sobre a "derrota" de Trump sugerimos ler: Coluna Alexandre Garcia - Correio Braziliense.
Bush perdeu para Gore por mais de 500.000 votos mas ganhou a presidência - foi considerado pela Suprema Corte o vencedor.
Quanto a estar do lado da China e Rússia, apesar de ideologicamente haver apreciável distância, os três estão entre os maiores do mundo.] Em
parte, isso explica o fato de não ter manifestado, ainda, as
congratulações devidas ao democrata Joe Biden, o novo presidente
norte-americano, somando-se aos poucos chefes de Estado que ainda não o
fizeram, entre os quais Vladimir Putin, da Rússia, e Xi Jinping, da
China, que têm disputas estratégicas com os norte-americanos muito
diferentes das nossas contradições com os EUA. No momento, a atitude de
Bolsonaro situa o Brasil nesse quadrante político, mas isso não tem a
menor aderência à realidade geopolítica da qual fazemos parte
historicamente.
Para usar uma velha expressão popular, Bolsonaro está sem pai nem mãe
na política internacional. Seu comportamento parece emocional, porém,
politicamente, é muito semelhante ao de Vladimir Putin em relação ao
então presidente norte-americano Barack Obama, e à primeira-ministra
alemã, Angela Merkel. Ambos o decepcionaram por tratarem a Rússia como
uma nação decadente e a ele, pessoalmente, como um líder de segunda
classe. Putin deu as costas ao Ocidente e recorreu ao nacionalismo russo
para se manter no poder, até hoje, com apoio dos militares, controle do
Judiciário e da imprensa, e uma estreita aliança com a Igreja Ortodoxa
Russa, para uma contrarreforma nos costumes.
[Detalhe curioso: tem uma Associação Brasileira de Juristas pela Democracia
[a menção à democracia no título de qualquer entidade, associação ou o que seja, sempre assusta e espanta = ninguém é louco para considerar a Coreia do Norte uma democracia. Sabem o nome oficial daquele país? República Popular Democrática da Coreia; e uma Confederação
Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social que pretendem reforçar
representações já apresentadas ao Tribunal Penal Internacional, que
julga crimes contra a humanidade.
A abundância da falta de conhecimentos jurídicos da dupla é tamanha que esquecem que Bolsonaro fez apenas e tão somente um discurso.
Os arquivos do TPI são modernos e compactos o que os leva a uma grande seletividade no destino das petições que não merecem ser julgadas = arquivo ou lixo. Alguém tem dúvida sobre o destino da comunicação em comento?
A mais recente manifestação do TPI sobre a denúncia da tal Confederação foi em setembro: "o chefe do Departamento de Informações e Evidências do TPI,
Mark P. Dillon, suspendeu as apurações contra o presidente brasileiro
mas informou, em comunicado, que a decisão "pode ser reconsiderada caso
novos fatos ou evidências providenciem uma base razoável (de evidências)
para acreditar que um crime sob a jurisdição da Corte foi cometido". ]
Entretanto, na prática, uma conexão
ideológica com Putin não faz o menor sentido em termos geopolíticos. As
reações de Bolsonaro são típicas de quem está em dificuldades diante de
uma grande perda, no caso, o colapso da sua aliança estratégica com
Trump. É um processo que, psicologicamente, começa pela negação e evolui
para a raiva. O presidente da República parece estar entre uma fase e
outra. Num divã de psicanálise, suas declarações levariam a essa
conclusão: “A minha vida aqui é uma desgraça, problema o tempo todo. Não
tenho paz para absolutamente nada. Não posso mais tomar um caldo de
cana na rua, comer um pastel. Quando eu saio, vem essa imprensa me
perturbar. Pegar uma piada que eu faço com Guaraná Jesus para tentar me
esculhambar”.
Bolsonaro disse, ontem, que o Brasil é um “país de maricas”, por duas
vezes: “Tudo agora é pandemia. Tem de acabar com esse negócio, pô.
Lamento os mortos, lamento. Todos nós vamos morrer um dia. Não adianta
fugir disso, fugir da realidade. Tem de deixar de ser um país de
maricas, pô. Olha que prato cheio para a imprensa, para a urubuzada que
está ali atrás. Temos de lutar. Peito aberto, lutar. Que geração é essa
nossa? A geração hoje em dia é toddynho, nutella, zap. É uma realidade”,
disse.
Saliva e pólvora
Depois, ao se referir às articulações envolvendo o apresentador Luciano
Huck, o ex-ministro da Justiça Sergio Moro e o governador de São Paulo,
João Doria, revelou certo temor de que a oposição de centro se unifique
em torno de um desses nomes: “Vem uma turminha falar ‘ah, queremos um
centro: nem ódio para cá, nem ódio para lá’. Ódio é coisa de marica, pô.
Meu tempo de bullying na escola era porrada. Agora, chamar o cara de
gordo é bullying. Nós temos como mudar o destino do Brasil. Não terão
outra oportunidade. O Macri, na Argentina, não conseguiu implementar as
suas políticas. Começou a levar pancada dos seus seguidores, como eu
levo, agora, também. Voltou a turma da Kirchner, Dilma, Maduro e Evo”.
Bolsonaro voltou a investir contra a urna eletrônica: “Não temos um
sistema sólido de votação no Brasil, que é passível de fraudes, sim.
Tudo pode mudar no futuro com fraude. Eu entendo que só me elegi
presidente porque tive muitos votos, e não gastei nada, não: 2 milhões
de reais, arrecadado por vaquinha”. Bolsonaro defende a volta do voto
impresso, já rechaçada pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE), ministro Luís Roberto Barroso, e endossa as acusações de Donald
Trump de que a vitória de Biden está sob suspeita de fraude, o que, a
essa altura do campeonato, é um desastre diplomático.
Mas o fato que assustou todo mundo, inclusive ministros do governo e
os líderes governistas no Congresso, foi a declaração de Bolsonaro
comemorando a morte de um dos voluntários que estão testando a vacina
chinesa CoronaVac, em pesquisa do Instituto Butantan, que a Anvisa,
indevidamente, suspendeu. Além da absurda falta de empatia, Bolsonaro
mentiu, ao afirmar que a vacina foi a causa mortis, quando se trata de
um caso de suicídio. Se o presidente da República continuar nessa rota,
teremos um formidável caso de suicídio político. [Para um melhor esclarecimento, detalhado e fundamentado, das razões da Anvisa, sugerimos ler:Anvisa, Butantan e Bolsonaro erraram na suspensão dos testes da CoronaVac, diz epidemiologista ].
Sua declaração de que pode defender a Amazônia com pólvora, contra a
suposta interferência de Biden, é simplesmente insana: “Assistimos, há
pouco, um grande candidato a chefia de Estado dizer que, se eu não
apagar o fogo da Amazônia, ele levanta barreiras comerciais contra o
Brasil. E como é que podemos fazer frente a tudo isso? Apenas na
diplomacia não dá, não é, Ernesto (Araújo)? Quando acaba a saliva, tem
de ter pólvora, senão não funciona. Não precisa nem usar pólvora, mas
tem de saber que tem. Esse é o mundo. Ninguém tem o que nós temos.” [o presidente francês ameaçou invadir o Brasil = internacionalizar a Amazônia = o Biden ameaçou retaliar = apesar de até o momento seu poder, autoridade, não são suficientes para sequer ingressar com familiares na Casa Branca.
Usar armas nucleares para invadir a Amazônia, vai transformar o chamado 'pulmão do mundo' e,m uma mega Chernobyl. Usar armamento convencional, algo tipo super bombas, ou bombardeio cerrado, vai matar os indígenas que dizem querer salvar, proteger, e causar uma destruição várias vezes superior a que dizem que as queimadas causam.
Vai ter que ser estilo homem a homem, infantaria, metro a metro - será que eles querem um novo Vietnam? Retaliação econômica o Brasil responde suspendendo venda de alimentos.]