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quinta-feira, 14 de abril de 2016

Cunha muda a ordem de chamada no processo de impeachment



Nova lista atende ao pedido do PT e intercala estados do Norte e do Sul
Depois de anunciar nesta quarta-feira que chamaria os deputados para votar começando pelos estados do Sul e terminando pelos do Norte e Nordeste, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), decidiu alterar o critério, atendendo ao pedido do PT feito pela deputada Maria do Rosário (RS). A alteração acontece depois que deputados governistas recorreram ao STF para que a chamada ocorresse do Norte para o Sul. O tema causou controvérsia também entre deputados favoráveis ao afastamento da presidente Dilma Rousseff. Então, o presidente da Câmara adotará uma ordem intermediária, intercalando os estados.

Segundo a lista apresentada há pouco por Cunha a parlamentares próximos, a ordem será a seguinte: Roraima, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Amapá, Pará, Paraná, Mato Grosso do Sul, Amazonas, Rondônia, Goiás, Distrito Federal, Acre, Tocantins, Mato Grosso, São Paulo, Maranhão, Ceará, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Piauí, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Sergipe e Alagoas. (ENTENDA COMO FUNCIONA O RITO DO IMPEACHMENT)

OPOSIÇÃO TAMBÉM QUESTIONOU CRITÉRIO
Deputados de oposição também questionaram o critério anterior. O líder do DEM na Câmara, Pauderney Avelino (AM), e seus assessores jurídicos estudaram o regimento e defendem que é preciso garantir a alternância durante a votação e não apenas entre uma votação e outra, como vem sendo adotado pela Casa nos últimos anos. O líder do DEM defende que a votação intercale as regiões brasileiras, chamando primeiro os do Norte e do Sul e só chegando aos do Nordeste no final da votação, como definido por Cunha nesta quinta-feira.

No Nordeste há maior apoio ao governo e, segundo deputados aliados, a estratégia da oposição seria começar pelos estados do Sul e Sudeste para criar uma onda de pressão na votação dos deputados do Nordeste, revertendo votos. Pauderney afirma que é o critério regimental mais adequado.  — Eu ontem (quarta-feira) analisei com meus técnicos e hoje (quinta-feira) falei com o Cunha. Ele concordou que o critério de alternância tem que ser na mesma votação e disse que vai mudar. Os estados do Nordeste serão os últimos — disse Pauderney.

Essa lista já tinha sido idealizada pela oposição com Cunha. Em pesquisa, o grupo descobriu que a última votação que fez o uso dela aconteceu na eleição de Severino Cavalcanti à presidência da Casa, em 2005, quando se começou pelo Norte indo até os estados da região Sul. Cunha optou pelo critério já usado e anunciou que a votação começaria pelo Sul, terminando nos estados do Nordeste e Norte.

Com a nova ordem, quem abrirá a votação será o deputado Abel Mesquita Jr. (DEM), que também seria o primeiro no caso de uma ordem alfabética simples. O parlamentar é mais conhecido por Abel Galinha, nome também da rede de postos de gasolina que ele possui em seu estado. 

Na quarta-feira, citando o regimento, o presidente chegou a dizer que a alternância prevista no regimento seria chamar estados de cada região de forma alternada, mas o entendimento que sempre predominou na Câmara foi a da alternância entre votações e não em uma mesma votação. Por isso, para evitar "casuísmo e surpresas" adotará o mesmo método que vem sendo usado há anos na Casa.

O deputado Rubem Júnior (PC do B-MA) entrou com mandado de segurança no STF questionado a decisão de Cunha de adotar como critério para a ordem de chamada a eleição de Severino Cavalcanti. Segundo o deputado, Cunha está correto ao dizer que a alternância acontece de Norte para Sul e de Sul para Norte, alternando a cada votação, mas não em recorrer à eleição de Severino. — A eleição da Mesa em 2005 foi feita com voto secreto, e não aberto como é o caso do impeachment, e teve dois turnos. É mais uma ilegalidade inventada pelo Cunha e se ele anuncia que vai mudar de novo, é porque o mandado de segurança já causou efeitos psicológicos nele — disse o deputado Rubens Júnior.

Segundo o deputado do PCdoB, o regimento fala em alternância na ordem da chamada, mas a última sessão em que ela foi usada aconteceu em 2001 e os deputados foram chamados de Sul a Norte. Por isso, agora terão que ser chamados primeiros os estados do Norte.

Fonte: O Globo

Do zero ao infinito’


                                                                          Há quem prefira esta Dilma que se elegeu aliada a Temer ao Michel Temer que se elegeu ao lado de Dilma. Há quem lute contra Renan, ministro de Fernando Henrique, para derrubar Renan, homem-forte de Lula. Ou faça questão do Lula que combateu Collor, repudiando o Lula que se uniu a Collor.

Outros preferem o governo Dilma da “faxina ética” à administração Dilma que comprou a tal refinaria, aquela. Há quem mate e morra para desmoralizar o Delcídio delator, que se atreve a contar o que sabe sobre seus antigos aliados e, digamos, colegas de trabalhos no Parlamento. Existe até quem seja favorável à demissão de Kátia Abreu, só porque era ruralista, virou ministra de Dilma e hoje é sua amiga de infância. Outros exigem a queda de Nelson Barbosa, substituto de Guido Mantega e seu eterno reserva no Ministério da Fazenda, porque preferem, surpreendam-se, o titular.

E os que querem a pele da Marina Silva que foi ministra de Lula para evitar que a Marina Silva que sugeriu o voto em Serra chegue forte às eleições?  Isso não quer dizer que tanto faz escolher um lado ou outro do impeachment. Não, nada disso: a queda do governo que paralisou a economia e dividiu o país em “Nós” e “Eles” é essencial para a retomada do diálogo entre os adversários e a volta ao desenvolvimento. Ou não, desde que o governo, se vitorioso, retome as boas negociações. Não será fácil, mas é essencial.
É preciso fazer com que até políticos hoje nocivos voltem a trabalhar pelo país.

Cuidado com os Magos
Michel Temer é um homem educadíssimo, de uma cultura impressionante, grande conhecedor de política. Mas sempre que foi testado, digamos, não mostrou grandes resultados. Em São Paulo, Orestes Quércia mandou no PMDB à vontade sem lhe dar a menor atenção. Temer chegou a ser o deputado eleito menos votado do estado.
É claro que uma pessoa educada, habituada ao diálogo, é muito melhor que uma grosseira que trata os subordinados a palavrões. Mas não esperem milagres de Temer. Ele é sem dúvida melhor do que a maioria dos que existem por aí. Mas vamos combinar que isto não é grande vantagem.

Não fui eu
Michel Temer garante que a mensagem que mandou ao PMDB, e que é uma mensagem de presidente da República, vazou por causa de alguém sem cuidados. Michel Temer é um sujeito que não fala nem boa noite para alguém sem antes pensar três vezes e aí se decidir que é muito perigoso, e não fala – o sujeito mais precavido do mundo.

De repente, as coisas vazam e aparecem com essa facilidade toda. Coisas que ele queria dizer para o público que faria como presidente, mas sem dizer diretamente que era isso que estava fazendo. Ele garante que foi mesmo sem querer. Então, tá.

Honra e verdade
Como na obra de Júlio César, Temer é um homem honrado, tão honrado quanto Brutus que era praticamente filho de César, mas foi quem lhe deu a primeira facada – em defesa, claro, das instituições republicanas e contra o golpe.

Temer disse que não é candidato a presidente da República. Se ele, que é um homem honrado, diz que não é candidato, é porque não é. Não é assim que as coisas ocorrem na política?

 Unha e carne
Um detalhe do ex-senador Gim Argello, que foi preso na nova fase da Operação Lava Jato, acusado de receber propinas das obras da Petrobras, está passando despercebido. É preciso lembrar que até há muito pouco tempo ele era o homem forte da Dilma Rousseff no Senado Federal, com privilégios que quase o levaram até ao Tribunal de Contas da União.

Argello foi um dos homens mais fortes da presidente Dilma Rousseff no Congresso Nacional. Ele a defendia com todo o vigor e atacava quem tomasse qualquer medida contra ela, com todo o furor, com a violência de quem busca um prato de dinheiro.

Observando à distância
Alguém terá visto a UGT, União Geral dos Trabalhadores, ligadíssima ao ministro Gilberto Kassab, nas manifestações pró-Dilma?



Vitória de Pirrilma







A derrota de Dilma por 11 votos (38 a 27) na Comissão do Impeachment foi uma demonstração clara de que a avalanche de más notícias para a economia sob o comando dela é o maior estímulo para os deputados agora – e, possivelmente, o fenômeno se repetirá no Senado depois votarem contra suas intenções de ficar no governo até o fim do mandato.
 
O FMI acaba de prever que este ano o Brasil terá recessão recordista de 3,8% de queda do PIB, bem maior do que a da Rússia, segunda colocada neste ranking negativo, que ronda 1%, com nova queda no ano que vem, quando o país de Putin deverá estabilizar sua economia, apesar da guerra com a Ucrânia e as sanções negativas da Europa e dos EUA.

Os CPC dos CDLs mostram um quadro detalhado e mais tétrico da principal consequência disso: 76% dos brasileiros convivem com alguém desempregado e 40% moram com algum trabalhador desocupado. Este cenário de horror reduz cada vez mais o público cativo que frequenta as assembleias sindicais de circo tampa de penico no Palácio do Planalto, que a Vácua Insana transformou em aparelho clandestino de vítimas de um golpe fictício. Isso retrata o aumento da deserção de partidos e parlamentares, que antes se dispunham a vender sua honra e sua representação no brechó montado no hotel ao lado, onde Lulinha Desfaz o Amor paga por votos a favor da afilhada com nosso escasso dinheiro.

A vã canalhice dele virou vitória de Pierro, expressão que batizou a mais recente operação da Lava Jato que prendeu o indefectível “Alcoólico” Gim, o paroquiano mais caridoso do Brasil (o que reforça as fofocas de que teria sido amante da madama). Assim como vãos têm sido os palpites tronchos do ministro Marmello, vulgo Pato Rouco, em troca da garantia de um bom futuro que a presidanta deu a sua rebenta feita, desembargadora. Como inócua também parece ter sido a nomeação da filha de Fux, aquela da sabatina com uma pergunta só, feito samba de Tom e Vinicius, já que este, cônscio da vitaliciedade própria e da sucessora, tem votado de forma mais independente do que alguns que antes pareciam não estar dispostos a atender à chefia do desgoverno.

Aliás, aproveito para fazer uma pergunta que não quer calar: se tal atividade é feita à luz do sol, o que falta para este delinquente ser preso? A debandada generalizada torna inútil as vitórias festejadas com euforia por Jaques, Giles e Oliva no âmbito da Extrema Impunidade Geral em que se transfigurou o Supremo Tribunal Federal antes do recesso. De nada adiantou Barroso escamotear na leitura de sua argumentação trecho do regimento que negava seu voto dissidente, que terminou vencedor no plenário. 


Certo é que de nada adiantou o pálido Pirroso ter tentado favorecer os intuitos mantencionistas de Sua Insolência, de vez que esta agora chama de golpista a comissão de impeachment composta pelos caprichos palacianos e por pústulas vassalas como o Jovem Picciani, que começa a dar sinais de que votará contra sua profana protetora. Mais do que as pedaladas, mais do que a promissora e perigosa proximidade de madama de gentalha como Pepper no cu dos outros é refrigério e do abominável “Alcoólico” Argello, o pão que falta e a água que não sai mais da torneira do trabalhador desempregado é que estão colaborando definitivamente para as perspectivas ufa da vitória do impeachment domingo.

Este já é motivo para ter esperanças de que o fim da desesperança pode começar segunda, se o Renan que lhe calha impeça que o processo avance. Seja como for que esta quarta, mesmo não sendo muito farta, nos traga a todos, e a você também, é claro, bons presságios de que este velório planaltino desemboque o mais breve possível num enterro consagrador.

Fonte: Site de José Nêumanne