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quinta-feira, 10 de maio de 2018

Memorando da CIA [FAKE NEWS?] - sugere que Geisel soube e autorizou execuções de presos políticos


Documento descreve reunião do ex-presidente com militares em março de 1974



Ernesto Geisel no momento em que anunciava o fechamento do Congresso - Orlando Brito 30/04/1277 / Agência O Globo

Um memorando feito pelo ex-diretor da CIA William Egan Colby em 11 de abril de 1974 e destinado ao então Secretário de Estado dos EUA Henry Kissinger sugere como o ex-presidente Ernesto Geisel soube e autorizou a execução de centenas de opositores políticos durante a ditadura militar no Brasil.



Nele, está descrito um encontro em 30 de março de 1974 entre o presidente Ernesto Geisel com o general Milton Tavares de Souza e com o general Confúcio Danton de Paula Avelino, respectivamente os chefes de saída e chegada do Centro de Inteligência do Exército (CIE), à época. No encontro, também estava o general João Baptista Figueiredo, chefe do Serviço Nacional de Inteligência (SNI). Figueiredo, inclusive, sucedeu Geisel na presidência em 1979.



Durante o encontro, segundo o documento, o general Milton Tavares de Souza, que estava deixando a chefia do CIE, informa a Geisel sobre a execução sumária de 104 pessoas feita pelo CIE durante o governo do presidente Emílio Garrastazu Médici, e pede autorização para continuar a “política” de extermínio no novo governo.



O documento foi localizado pelo pesquisador de Relações Internacionais da Fundação Getulio Vargas Matias Spektor. Para ele, “é a evidência mais direta do envolvimento da cúpula do regime (Médici, Geisel e Figueiredo) com a política de assassinatos”.  No memorando, o diretor da CIA escreve que o general Milton Tavares “enfatizou que o Brasil não pode ignorar a ameaça subversiva e terrorista e disse que métodos extra-legais devem continuar a ser empregados contra subversivos perigosos. A este respeito, o General Milton disse que cerca de 104 pessoas nesta categoria foram sumariamente executadas pela CIE durante os anos anteriores (1973), aproximadamente. Figueiredo apoiou essa política e insistiu em sua continuidade”.



Na reunião, Geisel pediu para pensar durante o fim de semana para decidir se continuava ou não com a “política”. Em 1º de abril, o memorando informa que o presidente disse ao general Figueiredo que a “política deveria continuar”. No entanto, Geisel orientou que “apenas subversivos perigosos fossem executados”. Ele e Figueiredo concordaram que todas as execuções deveriam ser então aprovadas por Figueiredo.


“Quando a CIE prender uma pessoa que possa se enquadrar nessa categoria, o chefe da CIE consultará o general Figueiredo, cuja aprovação deve ser dada antes que a pessoa seja executada. O Presidente e o General Figueiredo também concordaram que a CIE deve dedicar quase todo o seu esforço à subversão interna, e que o esforço geral da CIE será coordenado pelo General Figueiredo”, descreve o documento.

Segundo a rede do governo americano onde esses documentos estão sendo disponibilizados, uma cópia do memorando vai ser disponibilizada ao Secretário de Estado Adjunto para Assuntos Interamericanos. Hoje, a descrição do documento está disponível online no site dos documentos históricos americanos. O original está na CIA.
Na leitura do documento, é possível reparar que o primeiro parágrafo do memorando continua secreto e não foi disponibilizado.

O Globo 

Filmes de época

Crise na Argentina e atos de Trump cabem em filmes de época. A Argentina vive nos últimos dias cenas de um filme de época: congelamento de preços, ida ao FMI, crise cambial, os maiores juros do mundo. Nos Estados Unidos, os atos encenados por Donald Trump, também parecem filme antigo, com surtos de protecionismo e o conflito com o Irã de volta. No Brasil o dólar tem subido. Mas não é filme velho, é uma nova temporada da série.  O dólar está subindo no mundo inteiro em relação a várias moedas. Essa alta tem sido forte no Brasil. Mas, como disse o presidente do Banco Central Ilan Goldfajn, no “Jornal das 10”, da GloboNews, o país está preparado para enfrentar as turbulências internacionais. O fato de Ilan ter demonstrado calma diante da volatilidade deixou alguns analistas nervosos. Achavam que ele deveria ter demonstrado mais preocupação e dado sinais de que vai continuar oferecendo operações de swaps para conter as altas.


No começo de 2016 o dólar valia R$ 4,00. Na época, o Brasil tinha perdido o grau de investimento e havia uma enorme incerteza sobre o governo Dilma. Depois disso, a cotação começou a cair. Agora voltou a subir. O câmbio a R$ 3,6 como estava cotado ontem é bem mais baixo, portanto, do que estava há pouco mais de dois anos. Períodos de altas e quedas são normais no câmbio flutuante. Sempre haverá temporada de elevação, por razões internas ou externas. A grande pergunta é que fragilidades o país tem quando está diante das oscilações de moedas. Argentina está com muitos pontos fracos e é por isso que começa a viver as velhas cenas de idas ao FMI, ou altas bruscas das taxas de juros para tentar conter a disparada do dólar. O presidente Mauricio Macri errou quando decidiu pelo ajuste gradual. Não conseguiu vencer a crise que herdou, e os avanços da conjuntura — maiores reservas, menor inflação, correção tarifária — vão se perder exatamente nessa crise na qual o país está vivendo situações que lembram o passado. A Argentina, como o Brasil, enfrentou nos anos 1980, 1990 e começo dos 2000 crises inflacionárias e cambiais. Lá, a alta do dólar tem elementos das crises do passado. Aqui, faz parte do contexto de oscilação cambial que sempre ocorre quando a incerteza no mundo aumenta. São movimentos de natureza diferente.

Nos Estados Unidos, desde a posse do presidente Donald Trump a sensação que se tem é de retrocesso. É como se a gente tivesse que assistir a filmes antigos de má qualidade. Ele tem surtos protecionistas de um primarismo que há muito tempo não se vê. A decisão de sair do acordo do Irã foi, na definição da embaixadora Susan Rice, ex-conselheira de Segurança Nacional, a “mais estúpida” possível, porque o país abdicou do poder de melhorar o acordo e não está claro o que os americanos têm a ganhar. Tudo o que se conseguiu foi dar argumentos para a linha dura iraniana. Os Estados Unidos ficaram isolados, porque a União Europeia tomou a decisão conjunta de permanecer e fortalecer o acordo. Empresas americanas perderão negócios já fechados, como a Boeing.

O problema de Trump não é apenas ele mesmo, mas a turbulência que pode causar no mundo. Sua política de liberar mais estímulos para uma economia já em pleno emprego e ao mesmo tempo elevar barreiras ao comércio contrata inflação, o que terá como consequência juros mais altos. E é esse cenário que o mercado de moedas está antecipando. Além disso, Trump cria pontos de estresse na política internacional.

Para nós, o que interessa é que o mundo está mais incerto e a Argentina, mais frágil. Isso sem dúvida nos afeta. A Argentina é o nosso terceiro maior parceiro comercial e destino de US$ 17 bilhões de exportação. As turbulências americanas, econômicas ou geopolíticas, afetam o mundo inteiro e podem provocar uma queda do crescimento mundial. O Brasil hoje está menos vulnerável que há três anos. No começo de 2015, o déficit em transações correntes era de 4,5% do PIB. Hoje, é de 0,38%. Um ponto fraco, porém, permanece: o enorme déficit das contas públicas.  Quando há velhos filmes em cartaz, o melhor a fazer é não repetir enredos antigos. O BC não tem que ficar nervoso porque o dólar sobe. Deve atuar quando for o caso. E a Fazenda tem que evitar, neste ano eleitoral, a piora das contas públicas.

Coluna Miriam Leitão - O Globo

A lição argentina

FMI empresta dólares a juros baixos, mas governo precisará aprofundar o ajuste fiscal e macro. Nada fácil politicamente

O presidente argentino, Mauricio Macri, deu azar. A política econômica que tentou — do ajuste gradual ou do liberal com coração — só daria certo em um ambiente externo muito favorável aos países emergentes, como ocorreu até pouco tempo. Ou seja, a aposta de Macri não era maluca. Fazia sentido. Mas não contava com o aquecimento da economia americana e com tensões internacionais. O mundo estava assim: dólar barato e abundante, disponível para investimentos e empréstimos; juros internacionais muito baixos; forte crescimento global, elevando demanda e preços de comodities. Com isso, Macri conseguiu regularizar a situação externa do país - encerrando uma moratória de décadas e captando empréstimos novos de nada menos que US$ 100 bilhões. Havia confiança no governo e na sua política de desmontar os estragos da era Kirchner, promovendo o equilíbrio das contas internas e externas de maneira gradual.


Foi um erro, muitos dizem hoje. Mas, na hora, quando se elegeu em 2015,  era diferente. Os preços estavam congelados; as tarifas eram baratas à custa de subsídios pagos pelo governo; este se financiava com dívida cada vez mais cara ou, especialmente, imprimindo dinheiro e fazendo uma baita inflação. E, para completar, os Kirchner haviam feito uma intervenção no IBGE deles e entregavam números falsos. A inflação real passava dos 50%. No oficial, aparecia como menos de 15%. Esse populismo funciona por algum tempo, ganha eleições e depois desaba , deixando uma conta pesada para o sucessor. Aconteceu no Brasil também , mas com limites: a inflação Dilma estourou, mas com 11%, e sem roubo nos dados. Em resumo, a Argentina precisava de um choque de realismo e de verdade.


Mas se Macri descongelasse todos os preços, cortasse todos os subsídios e reduzisse fortemente o gasto público - isso produziria um pico de inflação, a tal inflação corretiva, que não poderia mais ser mascarada. Um golpe brutal: todos os preços subindo ao mesmo tempo, com o governo gastando menos inclusive em programas sociais. Donde: recessão. Muitas vezes, esse caminho é inevitável, quando a crise avança a tal ponto que o ajuste se faz na marra. Não é que o governo decide gastar menos. Simplesmente acaba o dinheiro.   Como contava com os dólares baratos, Macri tentou o gradualismo. A inflação, por exemplo, cairia para 40% em 2016, para 17% no ano seguinte e assim por diante, até chegar a civilizados 5% em 2019. Assim, nem todos os preços foram descongelados, muitos foram liberados aos poucos, os subsídios públicos foram reduzidos, mas não eliminados. Resultado: a inflação caiu, mas não no ritmo desejado ou necessário. Estava, por exemplo, em  25% antes da crise atual.


Ainda assim, Macri estava dobrando a aposta. Iniciou um programa para estimular o crescimento, confiando que as peças se encaixariam em 2019, a tempo das eleições.       Começou a dar errado a partir dos Estados Unidos. A economia americana já estava em aceleração, crescendo mais que os outros desenvolvidos, e pegou embalo com duas políticas de Trump, a redução de impostos (que deixou para empresas e pessoas mais dinheiro para investimento e consumo) e o aumento do gasto público. Logo, todo mundo concluiu, a inflação vai reaparecer e o Fed, o banco central deles, vai subir os juros. No mercado, os juros já estavam em alta. O título de dez anos do Tesouro americano, durante muito tempo com rendimento perto de zero,  já está pagando 3% ao ano. O papel alemão equivalente dá 0,5%. Sim, nos emergentes os títulos públicos rendem mais, mas ganhar 3% em dólares, sendo credor do Tesouro americano, é mais atraente do que 6% em reais. Ou 40% em pesos argentinos, na situação de hoje.


 Se os capitais vão para os EUA, o dólar se valoriza contra todas as demais moedas, especialmente dos países com mais fragilidades. Forte desvalorização da moeda é inflação e aumento da dívida pública, pois o governo argentino, no caso, precisa de mais pesos para comprar os dólares com os quais cumpre os compromissos externos. Com desajuste de contas públicas e inflação ainda elevada, a coisa desandou. O recurso ao FMI é correto e, para falar a verdade, o único caminho. O Fundo empresta dólares a juros baixos. Mas o governo vai precisar aprofundar o ajuste fiscal e macro. Nada fácil politicamente.


Mas não tem outro jeito. E tem boa chance de sucesso. O Brasil está longe disso. Praticamente não tem déficit externo, as reservas em dólares são maiores que a dívida, a inflação está no chão e o déficit público, ainda alto e ruim, pelo menos está contido. Nossa equipe econômica foi melhor? Sim, mas o estrago Dilma foi bem menor que o de Cristina.  De todo modo, que fique de alerta: a gente vai adiando as reformas, especialmente da Previdência, e olha o que pode acontecer.