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sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Execução 'abala vida de fantasia' de traficantes brasileiros na Indonésia



Escritora australiana que expôs 'bolha' de hedonismo e drogas em paraíso de turistas vê na morte de Archer um aviso sombrio de mudança de tempos.
Nevando em Bali, livro que expõe em detalhes o submundo das drogas na mais famosa ilha do arquipélago que forma a Indonésia, chama a atenção não apenas pela descrição da mistura de crime e hedonismo no paraíso turístico que recebe mais de 2 milhões de visitantes por ano.

Muitos dos traficantes entrevistados pela escritora e jornalista australiana Kathryn Bonella para o livro eram brasileiros. Entre eles, Marco Archer, que no último sábado se tornou o primeiro brasileiro executado no exterior. Para Bonella, no entanto, o mais significativo foi o fato de Archer ter sido também o primeiro ocidental a receber a pena de morte na Indonésia.

A pena capital para o tráfico (AINDA)  não impediu a Indonésia de concentrar a circulação e o uso de drogas no Sudeste Asiático (Foto: BBC)

'Bolha'
Para a australiana, a morte estourou o que ela chama de "bolha da fantasia" para os brasileiros envolvidos com o tráfico no país. "A morte de Marco foi decididamente o que se pode chamar do fim de uma fase. Sempre se soube que o tráfico na Indonésia é punido com a pena de morte, mas as autoridades indonésias jamais tinham ido até o fim na punição a ocidentais", afirma Bonella, em entrevista à BBC Brasil.

"Ao mesmo tempo que isso não vai acabar com o tráfico em Bali, eu imagino que muitos brasileiros vão pensar duas vezes diante da próxima oportunidade de contrabandear drogas para a Indonésia. Mas duvido que isso vá durar para sempre. Há uma grande demanda por drogas em Bali, é um lugar para onde turistas do mundo inteiro vão para se divertir sem os mesmos limites vistos na maioria dos lugares do mundo."

"Rafael", um dos traficantes brasileiros mais ativos em Bali, tinha uma mansão que contava com um trampolim para pular do quarto à piscina. Para Bonella, a frequência com que encontrou brasileiros envolvidos com o tráfico na Indonésia - de transportadores de droga a ricos intermediários entre os grandes barões - é explicada pelo perfil da maioria dos viajantes do país para o arquipélago.  "Os brasileiros que encontrei tinham basicamente o mesmo perfil. Eram surfistas que viram no tráfico, em especial de cocaína, uma chance de se manter em Bali e viver uma vida de fantasia, pegando ondas, indo a festas e encontrando belas mulheres. A proximidade do Brasil com os mercados produtores de cocaína na América do Sul ajuda no acesso à droga. E, ao contrário dos habitantes de muitos países, os brasileiros viajam normalmente pelo mundo", argumenta Bonella.

Perfil diferenciado
Outro fator que diferencia os traficantes brasileiros que a australiana encontrou na Indonésia é o perfil social. "Eles eram todos de classe média, com escolaridade e conhecimento razoável de inglês. Entraram no tráfico pela curtição, não por uma necessidade econômica. Queriam viver tendo do bom e do melhor. Bem diferentes das 'mulas' (transportadores de droga), que recebem pouco dinheiro para muito risco. Um dos brasileiros que conheci em Bali podia ganhar uma fortuna com uma viagem bem-sucedida", conta a australiana.

Um dos grandes exemplos foi um carioca conhecido como "Rafael", um surfista que durante anos foi uma das principais engrenagens no tráfico de cocaína em Bali e que não fazia muita questão de esconder seus lucros: dava festas homéricas em sua mansão à beira-mar, onde uma das atrações era um trampolim do qual ele saltava de seu quarto diretamente para a piscina. [essa reportagem,  originalmente da BBC, com certeza foi lida pelas autoridades indonésias e quem sabe o ‘rafael’ está, ou estará em breve, entre os ‘hóspedes’ do corredor da morte de uma prisão indonésia.] A pena capital para o tráfico não impediu a Indonésia de concentrar a circulação e o uso de drogas no Sudeste Asiático.

Bonella esteve na Indonésia no fim de semana e acompanhou através da mídia e de relatos de contatos a execução de Marco Archer. Embora faça questão de criticar a opção do brasileiro pelo tráfico, a australiana disse ter ficado chocada com o desfecho de um dos personagens mais citados em Nevando em Bali - numa das passagens, Bonella conta que Archer dominava o fornecimento de maconha em Bali e tinha até registrado a marca de um tipo de erva que vendia, a Lemon Juice.  "Visitei Marco na prisão durante a pesquisa para o livro. Sabia o que ele estava fazendo e de maneira nenhuma endosso o tráfico. Mas ele era carismático e até cozinhou na prisão para mim, e parecia ter muitos amigos na Indonésia, pois recebi uma série de mensagens lamentando sua morte. Sou pessoalmente contra a pena capital, em especial a tortura psicológica que foi Marco ter vivido mais de dez anos com a possibilidade de execução pairando sobre sua cabeça."  Surfistas brasileiros, segundo Bonella, usaram o tráfico como forma de manter um estilo de vida confortável na Indonésia

Numa das visitas, Bonella foi apresentada a Rodrigo Gularte, o outro brasileiro condenado à morte e cuja execução poderá ocorrer ainda este ano. Foi no livro da australiana que veio à tona uma suposta tentativa de suicídio do brasileiro após o anúncio da sentença, em 2005.  "Não pude comprovar, mas me pareceu claro que Rodrigo tinha sido afetado de maneira bem diferente de Marco", disse.

A australiana disse não acreditar que a pressão internacional sofrida pela Indonésia nos últimos dias, inclusive com a retirada dos embaixadores de Brasil e Holanda (que também teve um cidadão executado no fim de semana), poderá mudar o destino do brasileiro e dois australianos também no corredor da morte.  "Não me parece que os protestos vão alterar a política de Joko Widodo (o presidente da Indonésia). Há um forte sentimento antidrogas entre a população local", avalia.  "Os traficantes devem estar assustados, mas o tráfico não vai parar. Há muita demanda, até porque a Indonésia é usada como centro de distribuição das drogas para outros países asiáticos e mesmo a Austrália. Só que agora os envolvidos sabem que a situação ficou ainda mais perigosa", opina Bonella. [quem não pode, nem deve, parar de executar traficantes é a Indonésia e demais países que usem a pena de morte para punir narcotraficantes.
Executar traficantes sempre é vantajoso para o país que aplica a pena capital, pois mesmo o tráfico não cessando, uma coisa é certa: o traficante morto, não trafica mais.
E sempre haverá uma pressão psicológica sobre possíveis futuros traficantes e muitos vão escolher outra forma de “trabalho”.]

Fonte: BBC - G 1


O presidente que enquadrou Dilma




Jokowi, o presidente que não atendeu Dilma Rousseff
Cientista político analisa carreira política do presidente da Indonésia
Joko Widodo, conhecido em todo o mundo como Jokowi, que deixou sem resposta por uma semana o telefonema da presidente Dilma Rousseff para, ao final, negar-se a assinar o ato de clemência que livraria dois brasileiros, Marco Archer e Rodrigo Gularte, do fuzilamento por traficarem drogas, é apenas o segundo presidente a ser eleito pelo voto direto na Indonésia. Escolhido após uma campanha duríssima e polarizada, descrita por um analista político como a “guerra nas estrelas da Indonésia”, foi recebido por expectativas que dificilmente será capaz de satisfazer. Não pertence à oligarquia dominante do país, acostumada a mandar, com ou sem democracia.

Vem de uma carreira muito popular na política local e estadual. Sua coalizão é minoritária no parlamento, com apenas 37% das cadeiras, e sua tendência é apoiar-se no apelo popular para compensar a fragilidade política de seu governo. Os desafios são imensos, a democracia é nova e frágil, a corrupção é endêmica, a economia está em crise, tem uma megapopulação espalhada por 8300 ilhas, extremamente vulnerável a eventos climáticos e naturais extremos, vive permanente ameaça de radicalização islâmica e confrontos com minorias étnicas e religiosas muito importantes.  

Em Papua o movimento separatista ainda persiste. Ele diz que está disposto a trabalhar com todos os partidos, mas a polarização radicalizada da campanha torna quase impossível obter a cooperação dos seus adversários. É comparado a Obama, por vir de fora da elite política, pelo voluntarismo e pela simpatia pessoal e habilidade motivacional. Mas como o próprio Obama descobriu, simpatia, habilidade motivacional e popularidade não são recursos suficientes para realizar as expectativas inflacionadas pelas promessas de campanha e pela esperança nascida da vitória de alguém que não faz parte do “sistema”.

Jokowi, até então um exportador de móveis de madeira, foi eleito prefeito da pequena cidade de Solo, na região central de Java, em 2005 e reeleito, em 2010, com 90% dos votos. Em 2012, foi eleito governador de Jakarta, com votação consagradora. No ano passado elegeu-se presidente da quarta maior população do mundo, aos 53 anos de idade, com 53% dos votos, prometendo combater a corrupção, o clientelismo e os privilégios da oligarquia. Seu oponente, o general aposentado Probowo Subianto, é filho de economista e ex-ministro dos ditadores Sukarno e Suharto, divorciado de uma filha de Suharto, seu cunhado foi presidente do Banco Central e seu irmão é um bilionário. 

Jokowi, filho de madeireiro e engenheiro florestal, confrontado com suas credenciais, parece ser um homem do povo, bem sucedido na política regional. Considerado um muçulmano moderado, defensor do pluralismo religioso (seu vice-prefeito era católico) e dos direitos humanos, sucede a um presidente islâmico de corte mais fundamentalista, no país que tem a mais ampla maioria muçulmana, em números absolutos, de todo o mundo. É um fenômeno eleitoral e um estranho no ninho da política de seu país. Amante do rock, fã incondicional do Metallica e de outros grupos de metal, foi apoiado por grandes celebridades do rock mundial, como o cantor Jason Mraz, o guitarrista do Guns N’ Roses “Bumblefoot” Thal e Sting.

O apelo popular tem sido seu principal trunfo. Durante o primeiro debate na TV, na campanha presidencial, disse que, para ele, “democracia é ouvir o povo e fazer aquilo que ele quer que eu faça”. Foi a mesma razão que encontrou para se recusar a comutar a pena de morte de dezenas de estrangeiros e indonésios condenados por tráfico de drogas. A ampla maioria da população pedia sua execução. Mas, certamente, não é a melhor maneira de inaugurar suas relações com outra economia emergente, parte do G20. Ainda que fosse para recusar, um diplomata profissional lhe indicaria formas mais protocolares e amistosas de dar a má notícia à governante de um país amigo, ainda que distante. Por outro lado, demonstrou, ao apoiar as execuções, em respeito à vontade popular e à decisão do Judiciário, após o devido processo legal, que sua visão de direitos humanos tem limites bem definidos.

A maioria dos analistas considera a falta de experiência para lidar com assuntos internacionais sua principal fraqueza. É um “político local”, dizem, populista e popular, que não tem uma visão cosmopolita da política. O que Jokowi tem mostrado com suas primeiras atitudes no plano internacional é que põe em primeiro lugar os interesses estritamente nacionais. Tudo o que fez até agora tem sido controvertido. Nomeou a diplomata Retno Marsudi, embaixadora na Holanda, para o ministério das Relações Exteriores. A primeira mulher a ocupar o cargo, ela não é conhecida. A maioria dos analistas de relações internacionais diz que não é possível dizer o que sua nomeação significa para o futuro das relações externas da Indonésia.

Alguns poucos que a conhecem como embaixadora na Holanda, dizem que ela incrementou significativamente o comércio entre os dois países e o presidente deseja um chanceler mais ativo no campo comercial. Soa familiar. Jokowi tem mostrado mão pesada em lidar com questões internacionais que vinham incomodando a muitos a muito tempo. A pesca predatória nas costas da Indonésia, por exemplo, levou-a a mandar a guarda costeira confiscar navios de pesca vietnamitas, retirar a tripulação e bombardear as embarcações. Uma mensagem pouco amistosa ao Vietnam. Em resposta à entrada de vários navios australianos em águas indonésias, com refugiados que haviam tido asilo recusado, alertou o governo da Austrália, dizendo que era inaceitável e que a lei internacional devia ser respeitada. Tudo indica que Jokowi não tem muito interesse em agradar politicamente a aliados externos. Prefere agradar ao povo. E a alguns políticos tradicionais, dizem alguns de seus primeiros críticos, após o anúncio do gabinete que, ao contrário do que prometeu, não tem só profissionais. Há vários políticos ligados ao status quo.

Já na economia, é diferente. Sua primeira entrevista para a mídia ocidental foi para o Wall Street Journal, ao qual disse que pretende reduzir as barreiras à entrada de investimentos estrangeiros e reduzir a burocracia, para atrair investimentos principalmente para a infraestrutura logística do país. Disse, na entrevista que o orçamento do país é limitado e que a indonésia precisa de investimentos estrangeiros para construir seus portos em alto mar e aeroportos de categoria internacional. Ele já fez contatos com investidores internacionais e parece ter conquistado muita simpatia entre eles. No começo do mês, fez sucesso entre economistas e ambientalistas, nem sempre do mesmo lado, ao reduzir drasticamente os subsídios aos combustíveis fósseis.

Até agora as escolhas de política externa de Jokowi têm sido muito claras, nenhum interesse em cultivar relações diplomáticas protocolares, uma diplomacia mais voltada para os negócios do que para os palcos multilaterais ou para as cortesias bilaterais. Talvez essas escolhas e o olho treinado para o que o povo quer, expliquem porque Jokowi esperou uma semana para atender sua colega brasileira e lhe dizer não. [Jokowi, um presidente que coloca os interesses do seu país antes de tudo; melhor que atual presidente do Brasil que na maior desfaçatez preferiu patrocinar à construção do Porto de Mariel, em Cuba, que investir na melhora da precária infraestrutura viária do Brasil.]

Fonte: G 1
 

PENA DE MORTE – Mais uma vez Justiça será feita na Indonésia. Precisamos implantar a pena de morte, a de prisão perpétua e a de prisão com trabalhos forçados no Brasil



Brasileiro condenado na Indonésia deve ser executado em fevereiro
O nome de Rodrigo Gularte aparece numa lista com outras dez pessoas que estão no corredor da morte. A data exata ainda não foi divulgada
Após ter seus pedidos de clemência negado, o nome do brasileiro Rodrigo Gularte apareceu numa lista de prisioneiros que serão executados divulgada pelo governo indonésio, na última quarta-feira. De acordo com o jornal The Jakarta Post, as autoridades já começaram a preparar a prisão na ilha de Nusakambangan, em Cilacap, onde deve ocorrer a execução, em fevereiro. A data exata, no entanto, ainda não foi divulgada.  - Nós estamos muito prontos. Agora é apenas uma questão de pressionar o botão - disse o Ulung Sampurna Jaya, chefe da polícia de Cilacap ao Jakarta Post.

Gularte é conduzido por policiais no dia de sua prisão - Dita Alangkara / AP Photo/Dita Alangkara/5-8-2004

A informação de que o governo indonésio pretende executar mais 11 prisioneiros foi passada pela Procuradoria Geral do país ao parlamento durante uma reunião que aconteceu na quarta-feira. No encontro não foram passados outros detalhes, apenas que ainda está sendo decidida a data e o local exato onde ocorrerá a execução. Além do brasileiro, a lista inclui cidadãos (?) da Austrália, França, Filipinas, Gana e Espanha.

A família de Rodrigo Gularte, preso em 2004 tentando entrar no país com 6 quilos de cocaína dentro de pranchas de surfe, tenta impedir a execução do brasileiro. Em entrevista ao "Fantástico" da TV Globo, Angelita Gularte, prima dele, disse por e-mail que o brasileiro está enlouquecendo na prisão, onde recebe a visita constante de médicos e religiosos  [certamente com a execução ele ficará curado da loucura; afinal, entre os efeitos colaterais da morte está a cura de todas as doenças.] Ela tenta um laudo de autoridades da Indonésia constatando que o primo sofre de esquizofrenia, que o livraria do fuzilamento. 

O governo brasileiro tem pouca esperança de ver revertida a condenação de Rodrigo Gularte. Oficialmente, o governo Dilma Rousseff continuará tentando evitar a morte de Gularte. Nos bastidores, no entanto, as autoridades já perderam a fé nessa possibilidade, já que o último pedido de clemência de Rodrigo foi negado.

No início do mês o governo indonésio executou o brasileiro Marco Archer, condenado em 2004 por tentar entrar na Indonésia com 13,4 kg de cocaína escondidos em tubos de uma asa-delta. Na ocasião, ele confessou ter recebido US$ 10 mil dólares para levar a droga do Peru, com conexão em São Paulo. Ele foi o primeiro brasileiro executado no exterior. Logo após a execução o Ministério das Relações Exteriores entregou ao embaixador da Indonésia no Brasil, Toto Riyanto, uma nota de repúdio pela execução e por terem sido ignorados os pedidos de clemência e os apelos feitos pelo governo brasileiro. [o papel utilizado na ‘nota de repúdio’ certamente será útil em Cuba ou Venezuela, países que sofrem uma falta crônica de papel higiênico.]

Prasetyo apenas informou que as execuções devem ocorrer na ilha isolada de Nusakambangan, considerada um “local ideal”, devido a medidas de segurança.  Além do pedido de indulto de Gularte, o presidente Joko Widodo rejeitou os pedidos de dois australianos - que estão no corredor da morte há quase 10 anos -, um francês, um nigeriano, um ganense, um filipino e quatro indonésios, informou a promotoria de Jacarta.  "A promotoria recebeu as cópias oficiais do decreto presidencial que rejeita os pedidos de indulto de 11 condenados à morte", afirmou à AFP Tony Spontana, porta-voz da justiça. "O gabinete do procurador-geral tem agora 11 condenados no corredor da morte prontos para a execução", completou.

Dezenas de indonésios e estrangeiros condenados à pena capital por tráfico de drogas estão no corredor da morte na Indonésia, um país com uma das legislações de combate às drogas mais severas do mundo. As execuções de janeiro foram as primeiras desde a chegada ao poder, em outubro do ano passado, do presidente Widodo, que desta maneira colocou em prática o discurso intransigente da campanha eleitoral. "Não haverá clemência para os narcotraficantes", afirmou Widodo pouco depois de assumir o cargo. "Todos os dias, 50 pessoas morrem por causa das drogas", completou.

Fonte: AFP 

Bandido, a depender do entendimento do guerrilheiro de festim Zé Dirceu, tem direito a contar para fins de aposentadoria o temo que passou foragido



José Dirceu quer incluir anos de clandestinidade na contagem de sua aposentadoria
Em 2002, ex-ministro foi anistiado pelo governo de Fernando Henrique considerando 11 anos de perseguição
O ex-ministro José Dirceu quer contabilizar os onze anos que viveu na clandestinidade, durante a ditadura militar, na contagem para sua aposentadoria. Ele quer se aposentar. Esse período abrange sua prisão no Congresso da União Nacional do Estudante (UNE), em Ibiúna (SP), em 1968, até a abertura política, em 1979, quando desfez cirurgia plástica que alterou seu rosto, e voltou a viver em definitivo no Brasil.
A pretensão de Dirceu precisa ser apreciada pela Comissão de Anistia, ligada ao Ministério da Justiça, órgão que julga e concede, ou não, contagem para a aposentadoria dos anos de perseguição política, além de indenização financeira. O ex-ministro já foi anistiado por essa comissão, em fevereiro de 2002, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, do PSDB. Seu processo foi aprovado por unanimidade de nove votos e a comissão concedeu a Dirceu o direito de reparação econômica, em prestação única, de R$ 59,4 mil. A portaria confirmando sua condição de anistiado, e o recebimento da indenização, foi assinada pelo então ministro da Justiça, Aloysio Nunes Ferreira, hoje senador pelo PSDB de São Paulo e que foi candidato a vice-presidente da República em 2014 na chapa de Aécio Neves (PSDB). Foi publicada no Diário Oficial da União em 7 de março de 2002.
Naquele ano, então presidente nacional do PT, Dirceu disse ao GLOBO sobre sua anistia: — Tenho direito a esse reconhecimento. O valor da indenização é secundário. Fui banido e perdi a nacionalidade durante onze anos. Vivi na clandestinidade, tiver que fazer plástica e mudar de identidade  [ao ser banido – medida adotada pelo Governo Militar sob coação,  baseada na prática por outros terroristas do crime de sequestro – Dirceu perdeu, merecidamente, sua nacionalidade brasileira – que nunca deveria ter sido devolvida.
Por que o Zé Dirceu não foi punido pelo uso de falsa identidade para casar civilmente? Afinal, ao usar falsa identidade para contrair casamento civil, aquele criminoso cometeu um crime comum, por isso não alcançado pela Lei da Anistia nem pela prescrição, já que o prazo prescricional começou a contar do momento em que o crime de falsa identidade cometido pelo reeducando Zé Dirceu  se tornou público.]
Dirceu, à época, não solicitou contagem de tempo para se aposentar. O que vai fazer agora, para tentar completar o tempo que falta para se aposentar. Ele argumenta que os anos de perseguição o impediu de exercer atividade profissional. Até se envolver no movimento estudantil, em São Paulo na década de 60, Dirceu trabalhava. Na comissão, esse tipo de caso tem sido aprovado.
José Dirceu foi deputado estadual, em São Paulo, e deputado federal por 10 anos e dez meses, até ser cassado em 2005. Esse período como parlamentar em Brasília conta para sua aposentadoria. Destes, 4 anos foram pelo Instituto de Previdência dos Congressistas (IPC) e 6 anos e 10 meses pelo Plano de Seguridade Social dos Congressistas (PSSC). Se comprovar 35 anos de tempo de serviço, Dirceu poderá receber, pela Câmara, proporcional à aposentadoria integral. Ou seja, cerca de R$ 10 mil. Valor superior ao teto do INSS, de R$ 4,3 mil.
Em 69, Dirceu estava preso e foi trocado, junto com um grupo de militantes de esquerda, pelo embaixador americano Charles Elbrick, que foi sequestrado pelo MR-8 e pela ALN. Seguiu para o México. Nesses anos, viveu um período também em Cuba.
Fonte: O Globo