As UPPs entraram em crise graças a seu sucesso inicial.
Os criminosos expulsos de uma favela foram se juntar aos criminosos de onde não havia UPP
Desde que inventou as UPPs
(Unidades de Polícia Pacificadora), o secretário de Segurança do Rio de
Janeiro, José Mariano Beltrame, tem feito questão de dizer que a polícia
não pode ser a única representante do Estado a subir o morro. As UPPs
estavam apenas abrindo uma porta estreita para que os outros serviços do
Estado, como habitação, saúde, educação, saneamento etc., a
escancarassem para aquelas comunidades. “De conversa fiada todo mundo
está cheio”, disse ele então.
Ao longo dos anos, Beltrame fez apelos cada vez mais dramáticos por serviços públicos nas favelas. Sem eles, elas permaneceriam territórios sem lei, apesar da repressão policial. Na esteira de uma certa euforia social, conforme as UPPs iam sendo criadas, bancos comerciais se instalaram naquelas comunidades e até Eike Batista, antes de perder sua fortuna, colaborou com recursos próprios para o sucesso do programa. Mas os outros serviços do Estado se mantiveram alheios e distantes.
Semana passada, o secretário voltou a fazer um apelo, dessa vez no plenário da OAB, em Niterói, pedindo ajuda a outras secretarias. “Lá em cima do morro”, disse ele, “ninguém do poder público faz nada, exceto a polícia. (...) O Estado é ausente e aí pode tudo”.
Beltrame chama sempre atenção para o tráfico de armas em nossas fronteiras, o que garante o poder dos traficantes de drogas e seu domínio das favelas. Nessa quinta-feira, o secretário anunciou, em reunião na Câmara dos Deputados, que seu assessor Pehkx da Silveira passara pelo raio X do Aeroporto Santos Dumont com uma pistola de plástico e metal, comprovando a insegurança e o desinteresse do sistema pela circulação de armas.
As UPPs entraram em crise graças a seu sucesso inicial. Os criminosos expulsos de uma favela foram se juntar aos criminosos de onde não havia UPP. [essa união de criminosos mostra o quanto foi, é e sempre será, errado o procedimento de ocupar favelas com dia e hora marcados e aviso com antecedência.
É a oportunidade que a política das UPPs sempre concedeu aos bandidos - a de fugirem (melhor dizendo, não fugiam, apenas se mudavam com - literalmente - armas, drogas e bagagem para outras favelas)
A única forma que funciona é a invasão de surpresa, com força total, para reduzir a resistência dos bandidos e havendo alguma resistência tem que ser sufocada sem piedade - efeitos colaterais sempre vão existir e costumam não ser bons, mas, são inevitáveis e necessários. Naturalmente, moradores locais passaram a pedir a instalação de unidades em suas comunidades. Para atender essa demanda, Beltrame teve necessidade de formar um contingente policial muito maior do que aquele que havia preparado e que estava à sua disposição.
Seu projeto de treinar novos PMs para o novo serviço não pôde ser executado, as UPPs tiveram que absorver os velhos quadros de sempre, mal preparados, com os vícios tradicionais de corrupção e violência típicos da polícia brasileira. Ainda assim, Beltrame afirma que, para atingir o modelo ideal de segurança pública, o Estado do Rio de Janeiro precisa de 90 mil PMs na ativa. Hoje, conta apenas com 49 mil.
A Polícia Militar foi criada quando Dom João VI, o soberano português, chegou ao Brasil em 1808. Tratava-se de uma corporação militar preparada para a guerra e criada para proteger Sua Majestade da população nativa, aquele bando de índios e mulatos em que não se podia confiar. A PM foi treinada para ser a polícia do rei, e não da sociedade, e assim continuou a serviço da oligarquia patriarcal que controla o Brasil desde sempre. Ela não foi educada para agir como um serviço prestado pelo Estado aos cidadãos, mas como um batalhão disposto a atirar em quem enchesse o saco.
Junior Perim, líder do grupo Crescer e Viver, diz que “as UPPs não podem ser uma ‘polícia de comportamento’, o que gera desrespeitos aos direitos individuais e coletivos dos moradores de favelas”. Se a “UPP social” não vier em seguida, em breve ninguém saberá mais por que os PMs estão no morro. Como diz Perim, as UPPs têm que se transformar em “Unidades de Políticas Públicas”. [a prevalecer o entendimento desse Junior, logo terá que ser criada a Bolsa Comportamento, destinada a recompensar ao morador de favelas que cumprir as leis.
As Leis existem para ser cumpridas - cumpri-las é DEVER, que sendo cumprido deixa tudo dentro da normalidade; o não cumprimento das Leis deve ser punido de forma imediata e severa.]
A ansiada inversão virtuosa só agora começa a existir, ainda como um sonho que, por enquanto, é apenas uma tomada de consciência de parte da população. José Mariano Beltrame é um desses sonhadores.
Fonte: O Globo - Cacá Diegues
Ao longo dos anos, Beltrame fez apelos cada vez mais dramáticos por serviços públicos nas favelas. Sem eles, elas permaneceriam territórios sem lei, apesar da repressão policial. Na esteira de uma certa euforia social, conforme as UPPs iam sendo criadas, bancos comerciais se instalaram naquelas comunidades e até Eike Batista, antes de perder sua fortuna, colaborou com recursos próprios para o sucesso do programa. Mas os outros serviços do Estado se mantiveram alheios e distantes.
Semana passada, o secretário voltou a fazer um apelo, dessa vez no plenário da OAB, em Niterói, pedindo ajuda a outras secretarias. “Lá em cima do morro”, disse ele, “ninguém do poder público faz nada, exceto a polícia. (...) O Estado é ausente e aí pode tudo”.
Beltrame chama sempre atenção para o tráfico de armas em nossas fronteiras, o que garante o poder dos traficantes de drogas e seu domínio das favelas. Nessa quinta-feira, o secretário anunciou, em reunião na Câmara dos Deputados, que seu assessor Pehkx da Silveira passara pelo raio X do Aeroporto Santos Dumont com uma pistola de plástico e metal, comprovando a insegurança e o desinteresse do sistema pela circulação de armas.
As UPPs entraram em crise graças a seu sucesso inicial. Os criminosos expulsos de uma favela foram se juntar aos criminosos de onde não havia UPP. [essa união de criminosos mostra o quanto foi, é e sempre será, errado o procedimento de ocupar favelas com dia e hora marcados e aviso com antecedência.
É a oportunidade que a política das UPPs sempre concedeu aos bandidos - a de fugirem (melhor dizendo, não fugiam, apenas se mudavam com - literalmente - armas, drogas e bagagem para outras favelas)
A única forma que funciona é a invasão de surpresa, com força total, para reduzir a resistência dos bandidos e havendo alguma resistência tem que ser sufocada sem piedade - efeitos colaterais sempre vão existir e costumam não ser bons, mas, são inevitáveis e necessários. Naturalmente, moradores locais passaram a pedir a instalação de unidades em suas comunidades. Para atender essa demanda, Beltrame teve necessidade de formar um contingente policial muito maior do que aquele que havia preparado e que estava à sua disposição.
Seu projeto de treinar novos PMs para o novo serviço não pôde ser executado, as UPPs tiveram que absorver os velhos quadros de sempre, mal preparados, com os vícios tradicionais de corrupção e violência típicos da polícia brasileira. Ainda assim, Beltrame afirma que, para atingir o modelo ideal de segurança pública, o Estado do Rio de Janeiro precisa de 90 mil PMs na ativa. Hoje, conta apenas com 49 mil.
A Polícia Militar foi criada quando Dom João VI, o soberano português, chegou ao Brasil em 1808. Tratava-se de uma corporação militar preparada para a guerra e criada para proteger Sua Majestade da população nativa, aquele bando de índios e mulatos em que não se podia confiar. A PM foi treinada para ser a polícia do rei, e não da sociedade, e assim continuou a serviço da oligarquia patriarcal que controla o Brasil desde sempre. Ela não foi educada para agir como um serviço prestado pelo Estado aos cidadãos, mas como um batalhão disposto a atirar em quem enchesse o saco.
Junior Perim, líder do grupo Crescer e Viver, diz que “as UPPs não podem ser uma ‘polícia de comportamento’, o que gera desrespeitos aos direitos individuais e coletivos dos moradores de favelas”. Se a “UPP social” não vier em seguida, em breve ninguém saberá mais por que os PMs estão no morro. Como diz Perim, as UPPs têm que se transformar em “Unidades de Políticas Públicas”. [a prevalecer o entendimento desse Junior, logo terá que ser criada a Bolsa Comportamento, destinada a recompensar ao morador de favelas que cumprir as leis.
As Leis existem para ser cumpridas - cumpri-las é DEVER, que sendo cumprido deixa tudo dentro da normalidade; o não cumprimento das Leis deve ser punido de forma imediata e severa.]
A ansiada inversão virtuosa só agora começa a existir, ainda como um sonho que, por enquanto, é apenas uma tomada de consciência de parte da população. José Mariano Beltrame é um desses sonhadores.
Fonte: O Globo - Cacá Diegues
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