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segunda-feira, 1 de maio de 2017

A tragédia do Rio

Numa semana em que quatro jovens foram mortos no Alemão, na longa agonia que já chamam de guerra, o ex-governador Sérgio Cabral foi a Curitiba para dizer que fez todas aquelas compras com “sobras de campanha” e vender uma versão fantasiosa sobre a sua relação com a Petrobras e o governo Lula. Ele acha que ao confessar o crime considerado menor, caixa 2, vai atenuar suas penas.

Segundo o que contou na vara do juiz Sérgio Moro, ele tinha atritos constantes com a Petrobras por discordar dos valores pagos em royalties e participação especial. A acusação que ele foi responder é a de ter recebido “vantagens indevidas” no Comperj, conforme disseram a Andrade Gutierrez e Paulo Roberto Costa. Como Cabral se recusou a responder às perguntas do juiz e do MP, foi interrogado pelo seu próprio advogado, com questões do tipo: “qual era a relação da Petrobras com o governo do Rio?” Cabral disse que era uma relação de “lutas e litígios” e posou de estadista ao falar da política de Lula para o Petróleo, em 2009:  — Enxergamos ali um prejuízo incalculável com a nova legislação, primeiro para o Brasil. Para o Rio, as consequências seriam dramáticas.

Cabral quis dizer que combatera a política do governo Lula que redividiu os royalties do petróleo com estados não produtores e mudou o marco regulatório. Na verdade, ele jogou todas as suas fichas na amizade estreita com o presidente. “É mais fácil o sargento Garcia prender Zorro do que o presidente não vetar essa barbaridade contra estados produtores. Eu conheço o presidente. Ele é o presidente mais solidário que o Rio já teve”, disse Cabral em março de 2010. A lei foi aprovada, e depois sancionada sem vetos pela presidente Dilma.

Mesmo que ele tivesse tido a atitude correta como governante nesse caso específico — e não foi assim — Cabral não está sendo julgado por ter defendido mal os interesses do Rio, mas sim pelo apego aos interesses pessoais e inconfessáveis. Quando Cabral falou das empresas que atraiu para o Rio, ele se empolgou e disse que seu governo conseguiu “o menor nível de desemprego do Brasil”. Foi interrompido pelo juiz Sérgio Moro, que o advertiu: “Mas, assim, senhor Sérgio, não é para propaganda, é para responder aos termos da acusação.”

O incrível nesse depoimento é a falta completa de sentido. Ele foi a Curitiba para dizer que tinha uma relação tensa com a Petrobras, que foi um grande governador e que anteviu o fracasso da política de petróleo. A verdade é que ele teve uma relação submissa com o governo federal, vivia exaltando o então presidente Lula, fez uma atração de empresas para o Rio às custas de uma absurda distribuição de incentivos fiscais, que por muitos anos vai pesar nos cofres do tesouro estadual, e iniciou o desmonte do estado.

A tragédia do Rio é que algumas políticas iniciadas sob sua gestão poderiam ter dado certo e funcionaram durante anos. A política de segurança sob o comando de José Mariano Beltrame levou o Rio a vislumbrar a realização do seu sonho de pacificar as áreas em conflito. [sonho que se revelou um pesadelo; tanto que as famosas UPP - Unidade de Polícia Pacificadora - tiveram o nome modificado para Unidade de Perigo ao Policial, a modificação foi imposta pelos fatos. 
Só pessoas sem noção conseguiam defender um programa policial baseado no principio de que antes de ocupar uma favela deveria avisar aos traficantes para saírem do local - permanecendo,  estavam sujeitos a prisão e apreensão das drogas.]  
O salto do 26º lugar do Ideb para o quarto lugar foi conquistado pela mobilização das melhores forças da educação do estado sob o comando de Wilson Risolia. Poderia ter sido o caminho da recuperação do Rio e foi o começo da pior debacle. Na semana em que ele foi elogiar-se e contar lorotas na 13ª Vara Federal, o Rio viu o comércio da Tijuca ser fechado por traficantes e quatro jovens mortos, sem qualquer ligação com o crime, apenas eram do Complexo do Alemão.

Sérgio Moro perguntou a ele como explicava aquele “perfil de pagamentos”, com quantias fracionadas, abaixo de R$ 10 mil, ao mesmo fornecedor de roupas de luxo para ele e sua mulher. Ele respondeu quando a pergunta foi refeita pelo advogado e disse que “tinha o hábito de pagar parceladamente”. Eram sucessivas parcelas nos mesmos dias e em espécie. Ele então lançou o que pensa ser a sua tábua de salvação: o dinheiro foi de “sobras de campanha”, disse. Depois, com ar de arrependido: “reconheço esse erro, fato real na vida nacional.”

Se tiver sorte, Sérgio Cabral voltará para dizer o oposto do que disse na última quinta-feira. Mas pode nem ter essa chance. E sua versão dos fatos é descabida e despropositada.

Fonte: Blog da Míriam Leitão - Com Alvaro Gribel, de São Paulo

quarta-feira, 8 de março de 2017

Beltrame, foi ele quem deu inicio ao desmonte da Segurança Pública com a filosofia estúpida de avisar aos bandidos sobre operações policiais e incentivar as favelas a sempre acusar os policiais

José Mariano Beltrame: “A segurança pública está ruindo”

O ex-secretário de Segurança do Rio de Janeiro atesta que os governos estão paralisados diante do avanço da criminalidade no Brasil 

Beltrame foi o grande artífice da política de desmoralização dos policiais e das Unidades de Perigo ao Policial = UPP 

A sua teoria de avisar com antecedência aos bandidos quando uma favela seria ocupada e uma Unidade de Perigo ao Policial seria instalada acabou com a credibilidade e moral do policial.

Qualquer policial sabia que um morador de favela, por iniciativa própria ou por ordem do tráfico, podia acusar a Polícia de qualquer crime e teria credibilidade

Sondado por deputados do PMDB para ser secretário nacional de Segurança do governo Michel Temer, José Mariano Beltrame recusou. Diz querer distância do serviço público para sempre. Aposentado da Polícia Federal, está satisfeito como consultor da mineradora Vale. “Na iniciativa privada, tudo é mais ágil”, diz. Em dez anos como secretário de Segurança do Rio de Janeiro, ele criou as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) e reduziu os índices de criminalidade, que voltaram a crescer de forma alarmante. “Só uma união de esforços pode mudar o quadro. Nessa luta do bem contra o mal, não pode haver tantas barreiras constitucionais”, afirma nesta entrevista a ÉPOCA. 

 Dos tempos de governo, Beltrame mantém apenas dois guarda-costas, devido às 51 ameaças de morte que colecionou. E duas ações judiciais contra o ex-governador Anthony Garotinho, que insinuou haver ligação dele com o esquema de propinas do ex-governador Sérgio Cabral, preso por corrupção.

ÉPOCA – Seus seguranças são da secretaria ou da Vale?
José Mariano Beltrame –
Da secretaria. É padrão. Ando só com dois agora. O resto eu dispensei. Estou pensando em desmamar esses também. Mantenho por enquanto a segurança porque é mais fácil acontecer algo comigo agora, eu saí com muito recadinho, 51 ameaças de morte. Foram muitas punições, muitas expulsões de policiais que não se conformam.


ÉPOCA – O senhor sente mais medo de policial que de bandido?
Beltrame –
Dos milicianos, que eu também considero bandidos. Policial que se desvia de conduta é pior que bandido comum. O traficante, quando perde, entende e aceita. O policial em desvio não.


ÉPOCA – O senhor foi convidado a integrar o governo Michel Temer?
Beltrame –
O convite formal do governo Temer não houve, apenas sondagem e muita especulação. Não aceitaria nem aceitarei. Não tenho mais interesse no serviço público. Foram 36 anos de serviço – e os últimos dez, como secretário no Rio, eu vivi de maneira muito intensa. Posso até um dia contribuir, mas não quero mais vínculo. No Rio, se forem situações sérias, transparentes e objetivas, estou sempre disposto a ajudar caso precisem de mim. Em São Paulo, faço parte do conselho de segurança do prefeito João Doria, sem remuneração.


ÉPOCA – Como o senhor vê o acirramento da violência no Rio de Janeiro?
Beltrame –
Vejo com muita tristeza. Porque é uma realidade nacional. A atuação do PCC [Primeiro Comando da Capital, a maior facção criminosa do país] no Recife, o túnel que os presos escavavam no Rio Grande do Sul... o serviço público brasileiro está ruindo, a segurança em primeiro lugar. Infelizmente, não vejo nenhuma atuação concreta para que isso seja evitado e repensado. Acho que o governo federal precisa entrar, mas corre do problema e vê tudo à distância. Os estados terão cada vez mais dificuldade de fazer frente a isso.


ÉPOCA – O que pode mudar isso?
Beltrame –
Só uma união de esforços. Iniciamos no Rio quando juntamos várias entidades em prol de um projeto. Continuo achando que é uma luta do bem contra o mal. Não pode haver muitas fronteiras nem tantas barreiras constitucionais. O Ministério da Defesa tem de entrar nisso para mitigar o problema. Que os Ministérios e secretarias conversem entre si e mostrem à população um horizonte ao menos. Sem segurança, nada prospera. A violência barra investimentos, afugenta empresas, impede que as pessoas saiam de casa.



ÉPOCA – A quais barreiras o senhor se refere?
Beltrame –
O Exército alega limitações constitucionais, a Polícia Federal também. Não falo de rasgar a Constituição. Mas de unir esforços com a Polícia Rodoviária, a Receita Federal, o Coaf que podem buscar muito para a Segurança na movimentação financeira. O Brasil precisa disso. Quando se quer mudar a Constituição, se muda até de madrugada no Brasil. A luta da segurança não se vence. O que pode dar a vitória a longo prazo é educação e coisas atreladas às causas da violência. No momento, os governos nem pensam em estratégia, estrutura e planejamento.


UPP = Unidade de Perigo ao Policial - Morte de PM faz criou apelido da UPP de Beltrame


>> No rastro de um chefão do crime

  >> “Não é possível acabar com facções criminosas”, diz líder de grupo de combate ao crime

Leia Matéria Completa, em Época


 

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Governo Temer quer tornar nacional, com Beltrame, a farsa das UPPs

Governo quer José Mariano Beltrame na Secretaria Nacional de Segurança

O governo mantém o desejo de anunciar a nova estrutura do ministério na próxima semana, logo após a sabatina de Alexandre de Moraes no Senado Federal

O Governo sonha convencer o ex-secretario de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, para assumir a Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça. Beltrame seria o responsável, num plano federal, para cuidar de toda a crise do sistema penitenciário brasileiro e da onda de violência, incluindo as greves de Policiais Militares em todo o país.

O nome dele ganhou ainda mais força após a conversa do presidente Michel Temer com o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos Velloso, favorito para assumir o Ministério da Justiça no lugar de Alexandre de Moraes, que será sabatinado na próxima semana para o cargo de Ministro do STF.

Velloso praticamente aceitou o convite para ser ministro, mas disse ao presidente que não se sente a vontade para cuidar da área de Segurança Pública. Beltrame, que foi durante 10 anos secretário de Segurança Pública do Rio, hoje dirige uma empresa de consultoria que tem como principal cliente a Vale.

O convite a Beltrame ainda não foi feito e nem há data marcada, mas isso deve acontecer ao longo da semana. O governo mantém o desejo de anunciar a nova estrutura do ministério na próxima semana, logo após a sabatina de Moraes no Senado Federal.
  
Crise na Segurança
Mesmo depois de um acordo com feito entre os policiais militares do Espírito Santo e o governo do estado, a categoria ainda protesta por melhores condições de trabalho. O Espírito Santo ficou uma semana sem policiamento nas ruas por causa de um protesto de familiares na porta dos batalhões, que impedia a saída dos PMs.

Em dez dias, o número de mortes violentas no Espírito Santo somaram 143, com ondas de assaltos e arrastões nas cidades do estado.  No Rio de Janeiro, o secretario estadual de Segurança pediu o apoio das Forças Armadas para reforçar a segurança. Ao todo, nove mil homens do Exército e da Marinha já estão nas ruas para ajudar na segurança do Rio, Niterói e São Gonçalo. A ida das Forças Armadas ao estado foi um pedido do governador Luiz Fernando Pezão ao presidente Michel Temer.


Fonte: Correio Braziliense

 

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Um batalhão de baleados

Soldado Victor Eric, de 26 anos, foi emboscado na noite de domingo e engrossou a trágica estatística de policiais mortos em territórios que o governo classifica como ‘pacificados’, sendo o nono somente neste ano. Desde o início do programa, 421 policiais ficaram atingidos nessas áreas – 38 morreram.

 INDIFERENÇA - Crianças observam com naturalidade o corpo fuzilado em uma rua de Realengo: tão comum é a cena de cadáveres por recolher que as pessoas vão estabelecendo uma macabra convivência com a morte


De acordo com um levantamento inédito feito por VEJA - com base na análise de mais de 10.000 registros de ocorrência em delegacias - Victor Eric foi o 38º assassinado dentro desses territórios desde que o projeto UPP foi implantado, no fim de 2008. Na reportagem especial sobre a situação caótica da segurança pública do Rio de Janeiro, comandada há uma década pelo delegado federal José Mariano Beltrame, o número de baleados já alcança a inacreditável marca de 421 policiais, ou seja, além dos 38 assassinados, 383 ficaram feridos por tiros ou estilhaços de granadas e bombas atiradas por criminosos. O número é maior do que o efetivo total de praticamente todas as UPPs (à exceção de Jacarezinho e Rocinha) e batalhões da PM do Rio de Janeiro. Os dados comprovam também que a situação nessas favelas vem piorando gradativamente desde 2013, sem que as autoridades tenham tomado providências para evitar a perda do controle dessas regiões.

 Amarildo, o início da derrocada - Até pouco mais da metade daquele ano, o número de policiais baleados em confrontos totalizava 39, sendo que cinco acabaram morrendo, uma média de um atingido a cada 43 dias. Na época, o projeto já contava com 36 Unidades de Polícia Pacificadora, duas a menos do que atualmente. Para muitos pesquisadores e especialistas em segurança pública, o turning point está no dia 14 de julho de 2013, com o sequestro, tortura e morte do pedreiro Amarildo de Souza, por agentes da UPP da Rocinha. 

"Não existe causa absoluta. Mas há fatos que criam tendência. E o caso Amarildo é um desses. O programa perdeu a legitimidade à medida que o governo não soube separar a má conduta de alguns do projeto em si. Isso trouxe junto a demonização da UPP e, consequentemente, o bandido ganhou respaldo para reagir", analisa o antropólogo e ex-capitão do Bope Paulo Storani. [só o idiota do Cabral e o sem noção do Beltrame acreditavam que a política de UPPs - baseada em ocupar favelas com dia e hora marcadas e desprestigiar a polícia (qualquer bandido 'merda', inclusive um 'avião' tipo o Amarildo, tinha mais autoridade que um policial militar ou mesmo um oficial PM.)
Este Blog e seu antecessor sempre deixou claro que a política de invadir favela com dia e hora marcados, para os bandidos fugirem não iria funcionar.
A prova está aí.
Sempre defendemos que antes de invadir as favelas a polícia precisava prender, ou mesmo abater, os bandidos.
Ainda defendemos o uso da técnica bem exposta no filme a "A Batalha de Argel", um filme de Gillo Pontecorvo. ]

A reportagem de capa da edição de VEJA que chegou às bancas no sábado retrata o drama e as histórias de violência da região metropolitana do Rio de Janeiro, onde, em 48 horas 27 pessoas foram assassinadas e outras vinte feridas. A menos de um mês dos Jogos Olímpicos, a violência não para e a Secretaria de Segurança perece mais frágil a cada dia, à espera do reforço de tropas federais que possam ajudar a estancar essa sangria, pelo menos durante os dias em que os holofotes do mundo estarão todos voltados para cá. Enquanto isso não acontece, seguem as matanças. Em especial as de policiais que, dentro das chamadas favelas 'pacificadas', continuam sendo emboscados pelos traficantes que voltaram a dominar esses territórios. A mais recente vítima dessa trágica estatística foi o jovem soldado Victor Eric Baga Faria, de 26 anos, o nono policial militar morto em favelas com Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) somente neste ano.
 
A percepção de Storani está traduzida nos próprios números levantados por VEJA. De lá para cá, em quase três anos houve 382 policiais atingidos nesses tiroteios, resultando na morte de 33 deles. Ou seja, um número dez vezes maior, em um tempo dezoito meses mais curto. O pós-Amarildo fez a média de policiais atingidos por um tiro em áreas com UPP saltar para um a cada 2,4 dias. O ano de 2014 terminou com 109 baleados, sendo que oito morreram. Já 2015 totalizou 155 baleados, com treze policiais mortos. Este 2016 também já se aproxima da marca centenária, registrando até aqui 85 feridos e nove mortos.

Essa perda de credibilidade foi percebida em um estudo feito pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes. Realizado entre os anos de 2014 e 2015, sob o título 'Mediação de conflitos nas UPPs', ele aponta falhas no treinamento dos próprios policiais, que saem no Centro de Formação de Praças (Cefap) dizendo terem sido treinados para a guerra. [é uma guerra e os bandidos precisam ser tratados como inimigos e abatidos - bandido MORTO = bandido BOM. E os moradores dasa favelas que defenderem bandidos devem ser tratados como bandidos.]Os pesquisadores detectaram problemas na compreensão dos próprios comandantes das UPPs a respeito do que significa a mediação de conflitos e mostra que os próprios moradores dessas favelas ocupadas acreditam que o programa vai acabar após a realização das Olimpíadas.

A nova emboscada do tráfico - Há quatro anos na PM, Victor Eric, lotado na UPP do Complexo do Lins, na Zona Norte, foi o quinto policial executado em emboscadas de traficantes somente nos dois últimos meses. O primeiro, em 5 de maio, foi o sargento André Luiz Novaes, do Batalhão de Operações Especiais (Bope), fuzilado dentro de uma kombi no Morro da Providência, num ataque que deixou outros dois policiais da tropa de elite feridos. Depois, no dia 8 de maio, foi o soldado Evaldo César Silva de Nunes Filho, quando chegava para trabalhar na UPP do Complexo do Alemão. Duas semanas mais tarde, dia 22, o soldado Eduardo Ferreira Dias foi atacado em circunstâncias semelhantes às de ontem. Ele dirigia uma viatura que passava pela Rua Visconde de Niterói, na Mangueira, quando foi baleado no peito e não resistiu. Em 23 de junho a vítima foi o sargento Ericson Gonçalves Rosário, da UPP Manguinhos, atingido na cabeça quando a van da unidade passava pelo vizinho Jacarezinho, também considerado 'pacificado' pelo governo.

 Até o fechamento da reportagem da edição impressa de VEJA, na sexta-feira, o número de atingidos nas favelas de UPP era de 418. Desde então, o soldado Elias José Fernandes Filho foi ferido de raspão na cabeça, no Morro dos Macacos. E ontem, junto com Victor Eric, seu companheiro de patrulha, o cabo Rafael Vinícius de Oliveira Mello, foi atingido por um tiro na mão quando passava pela Avenida Marechal Rondon. O ano de 2016 tem agora 237 policiais (somando os que estavam em serviço ou de folga), sendo que 58 desses acabaram morrendo.
QUADRO DO AUMENTO DE POLICIAIS BALEADOS EM UPPS:
2008 - nenhum ferido (1 UPP inaugurada)
2009 - nenhum ferido (5 UPPs inauguradas)
2010 - 1 ferido (12 UPPs inauguradas)
2011 - 6 feridos (18 UPPs inauguradas)
2012 - 18 feridos e 5 mortos (28 UPPs inauguradas)
2013 - 30 feridos e 3 mortos (36 UPPs inauguradas)
2014 - 101 feridos e 8 mortos (38 UPPs inauguradas)
2015 - 142 feridos e 13 mortos (38 UPPs inauguradas)
2016 - 85 feridos e 9 mortos (38 UPPs inauguradas)
TOTAL - 421 baleados, sendo 383 feridos e 38 mortos

 Fonte: Revista VEJA



terça-feira, 21 de junho de 2016

A máquina da segurança pública precisa reagir

A invasão do Souza Aguiar evidencia que polícia agiu com burocratismo, preocupante sinal de deterioração da política para o setor às vésperas da Rio-2016

Em si, a invasão do Hospital Souza Aguiar por um grupo de traficantes para resgatar um comparsa é fato preocupante, ainda que não chegue a ser episódio inédito na crônica da forma com que o crime organizado por vezes, e não poucas, opera no Rio de Janeiro. Entre 2012 e 2014, pelo menos outros dois bandidos foram tirados da tutela da polícia, organismo de Estado, em ações semelhantes. 

O que torna mais grave o ataque do fim de semana é a particularidade de não ter sido um assalto de surpresa: ao contrário, a cúpula da Polícia do Rio já o esperava, mas reagiu com inaceitável burocratismo às evidências de que haveria uma invasão. Um documento oficial da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod), alertando sobre o plano de uma das mais fortes facções do tráfico fluminense, foi enviado ao comando da Polícia Militar e da Secretaria de Segurança. O deslocamento de apenas cinco PMs para proteger o hospital revelou-se um desastre: o Souza Aguiar foi tomado por um bando de 25 traficantes, o criminoso, resgatado, e um paciente morreu durante a ação. 

Uma desconexão completa da polícia com o princípio da defesa da sociedade. O desabafo de um PM responsável pela escolta do preso resgatado dá o tom de o quanto a máquina policial do estado está emperrada: “(...) a gente está desprotegido, vocês estão, toda a população está”. O episódio, para além de uma desonrosa derrota da polícia, traz à tona questões que traçam um inquietante perfil do que se evidencia como deterioração da política de segurança fluminense.

O programa de pacificação adotado pelo governo no final da década passada obteve resultados positivos ao reduzir focos de violência, colocar na defensiva as quadrilhas do crime organizado e recuperar para a geografia legal do Estado grandes extensões de áreas até então subjugadas pela criminalidade. Mas devem ser tomados como alerta os sinais de esgotamento do alcance das ações de retomada dessas regiões — mesmo que não se trate de uma tendência irreversível. 

Os indicadores de violência podem voltar aos níveis de criminalidade que se pensavam ultrapassados; o tráfico voltou a agir com desenvoltura em algumas comunidades pacificadas; e, um dado que transmite apreensão, o próprio secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, dá sinais de desmotivação. De qualquer forma, sua observação de que presos devem ser tratados em hospitais penitenciários é pertinente, pela blindagem inerente a tais órgãos e por não pôr em risco outros pacientes, como aconteceu no Souza Aguiar.

Há nessa deterioração da segurança elementos que fogem à alçada da polícia, como a crise econômica, do país e do estado. Pagamentos atrasados e perda de gratificações não são exatamente fatores de estímulo para agentes públicos. A isso, junta-se a particularidade de o Rio estar a pouco mais de um mês da Olimpíada, um compromisso da cidade com o mundo. Mais do que precisar, a máquina tem o dever de reagir, por todos os aspectos envolvidos na questão da segurança.


Fonte: O Globo



sábado, 9 de janeiro de 2016

O fracasso das UPPs - tráfico expulsa UPPs de dois morros no Rio

Tráfico expulsa UPP de dois morros na Zona Norte do Rio

Há pelo menos três meses policiais não patrulham mais as áreas da Cachoeira Grande e do Gambá, onde contêiner foi incendiado ano passado. 

Bandidos ameaçam soldados de cabine blindada, que são obrigados a se trancar o dia inteiro, e vídeo mostra traficantes armados com fuzis à luz do dia

Quando blindados da Marinha e homens do Bope ocuparam 18 favelas do Complexo do Lins, na Zona Norte do Rio de Janeiro, na manhã de 6 de outubro de 2013, o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, festejou o sucesso da empreitada: "Não tivemos um tiro de arma de fogo". Menos de dois meses depois, as Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) fincaram suas sedes na região, onde vivem cerca de 25 000 pessoas. De lá pra cá, o cenário se transformou. A esperança inicial deu lugar à desconfiança e ao medo. Mas, nos últimos meses, a situação ficou caótica. Pela primeira vez desde o início do projeto das UPPs, ainda em 2008, policiais foram literalmente expulsos do território que o governo classificou como pacificado. Há pelo menos três meses, os morros da Cachoeira Grande e do Gambá não contam mais com bases avançadas e qualquer ação de patrulhamento nesse território só acontece com autorização expressa. Elas são raríssimas e, nas últimas vezes que aconteceram, no final do ano passado, ocasionaram intensos tiroteios.
 [sempre alertamos que além do tática  estúpida da polícia invadir favelas com dia e hora marcados, as UPPs não poderiam funcionar se a filosofia do secretário de Segurança Beltrame e do governador era a de sempre dar razão aos bandidos, aos moradores das favelas e culpar os policiais.
A regra era houve conflito com bandidos e um morador da favela reclamou da polícia, esquece os bandidos e prende os policiais, assim a polícia fica desmoralizada.
As UPPs poderiam funcionar se antes da ocupação fosse realizada uma varredura com abate dos bandidos e remoção de demais obstáculos e só então se efetivava a ocupação, mantendo por pelo menos seis meses a favela sob 'toque de recolher'.
Só após com os bandidos mortos ou presos e os moradores 'enquadrados' poderíamos considerar a favela 'quase' pacificada..
O método usado é fracasso na certa - como os fatos ora postados estão mostrando.]
Com o fim do incômodo diário, criminosos desfilam armados com fuzis e pistolas a qualquer hora do dia pelo meio da rua, sem camisa e sem preocupação, como mostra uma filmagem gravada pelo setor de inteligência da UPP e obtida pelo site de VEJA. "Eles (oficiais) não vão admitir isso publicamente, mas nós estamos fora. Essas duas favelas estão abandonadas. Perdemos ali. Só quem entra é o COE (Comando de Operações Especiais) e, mesmo assim, tem que ir de blindado", afirma um policial que está lotado na UPP Camarista Méier desde o início e conhece a área como poucos. Procurada pelo site de VEJA, a Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) confirmou que as ações realizadas ali têm sido feitas pelo COE e informou que a "UPP Camarista Méier está planejando uma operação em toda a área nos próximos dias".

A nota fala também sobre uma cabine blindada na Auto-Estrada Jacarepaguá, "que permite acesso visual às duas localidades". O local fica num dos acessos à Cachoeira Grande e virou uma espécie de abrigo dos policiais que dão plantão ali. "Ficamos praticamente o dia inteiro aqui dentro, porque os bandidos ficam vigiando todos os nossos passos. Até quando vamos ao banheiro eles sabem", desabafou um soldado. VEJA comprovou o discurso do policial. Da porta da cabine é possível avistar criminosos armados que passam o tempo todo zombando e ameaçando, ora no rádio, ora balançando a pistola ou apontando como se fossem atirar. "Às vezes atiram", conta outro, mostrando o telhado do lado de fora todo furado.
 
Desde a inauguração das UPPs, 18 policiais já foram baleados na região. Mas foi no ano passado que os bandidos começaram a dar uma demonstração maior de que pretendiam expulsar os policiais e retomar parte do território perdido. O primeiro ataque emblemático aconteceu na noite de 24 de fevereiro, quando um coquetel molotov incendiou o contêiner da entrada do Morro do Gambá. Duas semanas mais tarde, em retaliação a uma ação do Bope que deixou três suspeitos mortos, os criminosos voltaram a emboscar os policiais da UPP praticamente no mesmo ponto. Na esquina das ruas César Zama e Vilela Tavares, os soldados Elson Bras dos Santos, Thiago Sousa e Silva Cortes, Felipe Cézar da Silva Mariano, Bruno Martins Barbosa e Wellington de Souza Luiz foram baleados de uma só vez.

O ano de 2015 fechou com 11 feridos ali. E bandidos voltaram a incendiar outras bases e até carros particulares dos policiais, como num episódio ocorrido em agosto, próximo à sede principal da UPP Camarista Méier. "Ainda mantínhamos policiais baseados em alguns pontos estratégicos nas duas favelas, mas depois não teve como manter. Eles eram atacados o tempo todo. Seria um risco", admite um oficial do CPP. As raras autorizações concedidas para entrar nas duas favelas tiveram como objetivo recuperar cargas roubadas. Numa delas, em 19 de dezembro, um caminhão de cigarros até foi recuperado logo na entrada, mas não o material. E um policial descreveu no registro que "nesta comunidade encontra-se inviável adentrar pelo baixo efetivo". Hoje, a UPP conta com 230 agentes.

Os morros do Gambá e da Cachoeira Grande ficam exatamente atrás do Hospital Marcílio Dias, da Marinha. Na tarde de sexta-feira, a reportagem do site de VEJA tentou chegar à região. A um grupo de policiais que se preparava para rodar pela Camarista Méier, pediu: "Quero ir lá no Gambá". Um soldado brincou: "Toma aqui. Vai na frente...", disse, oferecendo a pistola. Voltando a falar sério, outro policial resumiu a situação: "Não tem como ir lá. Primeiro porque não temos autorização superior. Segundo, porque não temos munição suficiente para sustentar o tiroteio que vai acontecer se conseguirmos entrar lá. Tudo isso sem receber, né?!", desabafou o soldado, referindo-se às gratificações e ao pagamento de horas extras que o governo do Rio de Janeiro não paga desde outubro.

Em dezembro passado, policiais da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod) conseguiram capturar o traficante que chefiava o tráfico na região. Paulo Cézar Souza dos Santos, o Paulinho Muleta ou PL, estava passando férias num luxuoso apartamento em Balneário Camboriú, em Santa Catarina. Mas nem sua prisão diminui o ímpeto de sua quadrilha. Eles estão tão à vontade que, também no fim do ano, bandidos subiram o morro e acabaram com uma tradicional pelada de fim de ano que acontecia num campo de futebol de grama sintética na Grajaú-Jacarepaguá, a poucos metros da cabine blindada. Durante duas horas, os criminosos mantiveram rendidos, roubaram e ameaçaram cerca de 40 peladeiros. Computadores, relógios, jóias e smartphones foram roubados. Mas, até hoje, só dois irmãos fizeram registro de ocorrência. Os criminosos, claro, não foram identificados.

A deterioração do projeto das UPPs não é novidade, mas o cenário vem piorando ano a ano. Desde 2013 o número de ataques vem crescendo gradativamente e, hoje, em quase todas as 38 regiões que contam com UPP, existem as chamadas 'regiões perdidas', como por exemplo o Terreirão, na Rocinha; o Caratê, na Cidade de Deus; o Abóbora, no Jacarezinho, e o Areal, no Complexo do Alemão. Recém-empossado, o novo comandante-geral da PM, coronel Edison Duarte, pediu que o CPP fizesse um relatório avaliando as dificuldades e apontasse as vulnerabilidades de cada uma. Há muito o que escrever. Na primeira semana de 2016, as UPPs já registraram cinco policiais baleados.

Leia também: O Rio dos paradoxos

Fonte: VEJA On Line 
 

 

domingo, 6 de setembro de 2015

Raio X das armas - à Polícia cabe limpar a área e manter limpa

As UPPs entraram em crise graças a seu sucesso inicial. 

Os criminosos expulsos de uma favela foram se juntar aos criminosos de onde não havia UPP

Desde que inventou as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), o secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, tem feito questão de dizer que a polícia não pode ser a única representante do Estado a subir o morro. As UPPs estavam apenas abrindo uma porta estreita para que os outros serviços do Estado, como habitação, saúde, educação, saneamento etc., a escancarassem para aquelas comunidades. “De conversa fiada todo mundo está cheio”, disse ele então. 

Ao longo dos anos, Beltrame fez apelos cada vez mais dramáticos por serviços públicos nas favelas. Sem eles, elas permaneceriam territórios sem lei, apesar da repressão policial. Na esteira de uma certa euforia social, conforme as UPPs iam sendo criadas, bancos comerciais se instalaram naquelas comunidades e até Eike Batista, antes de perder sua fortuna, colaborou com recursos próprios para o sucesso do programa. Mas os outros serviços do Estado se mantiveram alheios e distantes. 

Semana passada, o secretário voltou a fazer um apelo, dessa vez no plenário da OAB, em Niterói, pedindo ajuda a outras secretarias. “Lá em cima do morro”, disse ele, “ninguém do poder público faz nada, exceto a polícia. (...) O Estado é ausente e aí pode tudo”.
 
Beltrame chama sempre atenção para o tráfico de armas em nossas fronteiras, o que garante o poder dos traficantes de drogas e seu domínio das favelas. Nessa quinta-feira, o secretário anunciou, em reunião na Câmara dos Deputados, que seu assessor Pehkx da Silveira passara pelo raio X do Aeroporto Santos Dumont com uma pistola de plástico e metal, comprovando a insegurança e o desinteresse do sistema pela circulação de armas.

As UPPs entraram em crise graças a seu sucesso inicial. Os criminosos expulsos de uma favela foram se juntar aos criminosos de onde não havia UPP. [essa união de criminosos mostra o quanto foi, é e sempre será, errado o procedimento de ocupar favelas com dia e hora marcados e aviso com antecedência.
É a oportunidade que a política das UPPs sempre concedeu aos bandidos - a de fugirem (melhor dizendo,  não fugiam, apenas se mudavam com - literalmente - armas, drogas e bagagem para outras favelas)
A única forma que funciona é a invasão de surpresa, com força total, para reduzir a resistência dos bandidos e havendo alguma resistência tem que ser sufocada sem piedade - efeitos colaterais sempre vão existir e costumam não ser bons, mas, são inevitáveis e necessários. Naturalmente, moradores locais passaram a pedir a instalação de unidades em suas comunidades. Para atender essa demanda, Beltrame teve necessidade de formar um contingente policial muito maior do que aquele que havia preparado e que estava à sua disposição. 

Seu projeto de treinar novos PMs para o novo serviço não pôde ser executado, as UPPs tiveram que absorver os velhos quadros de sempre, mal preparados, com os vícios tradicionais de corrupção e violência típicos da polícia brasileira. Ainda assim, Beltrame afirma que, para atingir o modelo ideal de segurança pública, o Estado do Rio de Janeiro precisa de 90 mil PMs na ativa. Hoje, conta apenas com 49 mil.

A Polícia Militar foi criada quando Dom João VI, o soberano português, chegou ao Brasil em 1808. Tratava-se de uma corporação militar preparada para a guerra e criada para proteger Sua Majestade da população nativa, aquele bando de índios e mulatos em que não se podia confiar. A PM foi treinada para ser a polícia do rei, e não da sociedade, e assim continuou a serviço da oligarquia patriarcal que controla o Brasil desde sempre. Ela não foi educada para agir como um serviço prestado pelo Estado aos cidadãos, mas como um batalhão disposto a atirar em quem enchesse o saco.

Junior Perim, líder do grupo Crescer e Viver, diz que “as UPPs não podem ser uma ‘polícia de comportamento’, o que gera desrespeitos aos direitos individuais e coletivos dos moradores de favelas”. Se a “UPP social” não vier em seguida, em breve ninguém saberá mais por que os PMs estão no morro. Como diz Perim, as UPPs têm que se transformar em “Unidades de Políticas Públicas”. [a prevalecer o entendimento desse Junior, logo terá que ser criada a Bolsa Comportamento, destinada a recompensar ao morador de favelas que cumprir as leis.
As Leis existem para ser cumpridas - cumpri-las é DEVER, que sendo cumprido deixa tudo dentro da normalidade; o não cumprimento das Leis deve ser punido de forma imediata e severa.]
 
A ansiada inversão virtuosa só agora começa a existir, ainda como um sonho que, por enquanto, é apenas uma tomada de consciência de parte da população. José Mariano Beltrame é um desses sonhadores.

Fonte: O Globo - Cacá Diegues