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quinta-feira, 10 de março de 2016

O veneno da jararaca



Cobras não fazem política, porém lembram algumas de suas práticas. São répteis exclusivamente carnívoros que engolem suas vítimas inteiras. A ciência reconhece mais de 20 famílias, 465 gêneros e mais de 2.900 espécies. No Brasil, são quase 400 espécies diferentes, sendo mais de 60 peçonhentas.

A jararaca (em biologia, família Viperidae, gênero Bothrops) é robusta, porém menor que as outras do mesmo gênero. De enorme capacidade adaptativa, é a espécie mais comum na Região Sudeste brasileira. Troca de pele à medida que cresce, ao longo de toda sua vida. Parece político? [a troca de pele da jararaca nada mais é do que a ‘METAMORFOSE’ auto atribuída ao Lula quando se declarou ‘metamorfose ambulante – a fixação por serpentes é antiga no ‘nosso guia’, aliás, ele possui e pratica um dos principais atributos das serpentes: ataca traiçoeiramente.]

A maioria das espécies de jararacas vive em ambiente preferencialmente úmido, como a beira de rios, onde também se encontram ratos e sapos, seus pratos prediletos. Dorme durante o dia debaixo de folhagens, mas gosta de tomar sol. Com hábitos predominantemente noturnos ou crepusculares, tem comportamento agressivo ao ver se aproximar uma eventual vítima; suas presas inoculadoras de veneno se projetam no momento do bote.

Perigosíssima, é a responsável por mais de 90% das vítimas de cobras peçonhentas no Brasil. A maioria de suas picadas atinge os membros, e seu veneno produz dor no local, equimose, edema, hemorragia, necrose, podendo levar a paralisia dos rins. As vítimas devem ser internadas para receber o soro específico. Mesmo que atendido a tempo e num local que tenha experiência com esse tipo de problema, um por cento das vítimas morre. 

 Hoje morre mais gente de dengue e tuberculose!  No Manual de Diagnóstico e Tratamento de Acidentes por Animais Peçonhentos, do Ministério de Saúde, que não é atualizado desde 2001, aprendemos que são notificados 20 mil acidentes ofídicos por ano, em geral trabalhadores no campo. Somente em 2014, surgiu outra publicação oficial, desta vez pela Fundação Ezequiel Dias, vinculada à Secretaria de Saúde do governo de Minas Gerais. Esse excelente manual, muito bem ilustrado, ensina até como se prevenir de acidentes com animais peçonhentos.

Sendo ora presas de gaviões, corujas e falcões e ora predadoras de diversos animais, inclusive ratazanas, as serpentes contribuem para o equilíbrio ecológico, não sendo adequado eliminá-las sistematicamente. Cabe ao homem se prevenir dos seus ataques, mas, se necessário, eliminá-las, para se defender. O ideal é capturá-las com técnica adequada, para que sejam utilizadas por cientistas na produção de soro contra seu veneno, para salvar vidas.

Recentemente, ao ouvir um político experiente se comparar a uma jararaca, fiquei preocupado com o simbolismo da metáfora.

No Brasil, o ecossistema e o sistema político estão em constante e progressivo desequilíbrio. As jararacas, escorpiões e aranhas têm seu inequívoco papel na ecologia. O que se espera é que os políticos tenham equilíbrio para não envenenar o país. Caso isso não aconteça, desculpem a metáfora, a cobra vai fumar, obedecendo a Constituição.

Por: Alfredo Guarischi


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