A
concepção de poder de ambos é fascista; num caso, fascismo de direita; no
outro, de esquerda
Eu não tenho receio
de patrulha, não! De nenhum tipo. Nem
a dos petralhas nem a dos “bolsonarianos”, que resolveram fazer uma corrente
para me demonizar. Gente que elogia torturador tem um encontro reservado com a lata do
lixo da história. Assim como os
terroristas. Como a gente vê, estes, também, cedo ou tarde, dizem a que
vieram. Quando a conversão não é verdadeira, o que sobra é a hipocrisia. [esclarecimento: o ‘torturador’ defendido com veemência por Bolsonaro –
que endossamos – foi alvo de diversos processos na Justiça, mas não foi condenado em nenhum.
Portanto,
a não ser que a Constituição tenha sido alterada, Bolsonaro não elogiou nenhum
torturador e sim um valoroso militar, coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra,
Exército Brasileiro, falecido recentemente e que por diversas vezes arriscou a
vida combatendo porcos terroristas – muitos dos quais hoje4 estão no governo
que se desmancha.
Já aquela
coisa, mais conhecida por ex-BBB, especialista em defender tudo que não presta,
quebrou o decoro parlamentar e deve perder o mandato no processo que será
aberto nos próximos dias.]
Mandam-me um texto de um imbecil,
segundo o qual eu quero ser “aceito
pela esquerda”. Pobre
idiota! Vá perguntar a um esquerdista de miolos com quem ele aceita debater: se com Bolsonaro ou comigo. O deputado é um
conservador “fast food”. Seus
seguidores não costumam ter opiniões políticas nem informação: são movidos a
ressentimento.
Bolsonaro é um
humorista de maus bofes. É o Gregório Duvivier dos ressentidos. E Duvivier é o
Bolsonaro dos que se sentem representados pelo status quo. Ambos reduzem
problemas complexos a uma caricatura e depois passam a fazer digressões sobre
as próprias deformações que dizem ser a realidade. Ocupam-se mais em demonizar
o pensamento alheio do que em dizer quais são seus valores.
Se eu temesse correntes organizadas de
opinião, não teria batido em Lula quando
seu governo era aprovado por 86% dos brasileiros, segundo institutos de
opinião. Assim, que os milicianos do
Duvivier e do Bolsonaro se assanhem à vontade. A diferença entre eles é
apenas de pretensão. O rapazola certamente se acha muito mais instruído do que
o outro. No terreno em que ambos opinam, são ignorâncias opostas e
complementares.
E isso se prova na
prática. A Folha pediu a 23 colunistas que apontassem medidas que o país precisa adotar,
independentemente de que seja governo. Duvivier
quer isto: “(…) A primeira coisa seria dissolver o Congresso e pedir novas eleições — sem financiamento empresarial. Enquanto isso não
acontece, legalizaria a maconha e impostaria o consumo — a verba gorda iria para
saúde. Legalizaria o aborto e ofereceria de forma gratuita e segura pelo SUS. Retiraria a isenção tributária das igrejas —pastores pagariam imposto como todo mundo—, e os
impostos iriam para a educação.
Demarcaria terras indígenas e desapropriaria
latifúndios. Daria incentivos
aos agricultores de orgânicos. Taxaria mais a herança e menos o consumo.
Taxaria mais a renda e menos o trabalho. Isentaria de imposto as bicicletas
para incentivar o uso. Investiria na infraestrutura ferroviária ao invés da
rodoviária. Na energia solar e eólica ao invés da nuclear ou hidrelétrica.
Quando finalmente elegessem o Congresso, esse seria muito melhor e mais limpo,
porque estaria lá representando o povo, e não bancos ou empreiteiras.” À
parte as firulas para a esquerda do Leblon, é o programa de um fascista.
Notem que ele fecha o Congresso para implementar as reformas — como fez a ditadura
militar com o Pacote de Abril (pesquisar) — e, como está escrito, “quando, finalmente, elegessem o
Congresso, esse seria melhor e mais limpo”.
Na vigência do período reformista — que certamente seria tocado por um Comitê de
Salvação Nacional dos Amigos de Duvivier —, seríamos obviamente governados
por uma ditadura.
E, claro, Stalin se reviraria no túmulo de inveja. Duvivier causaria fome em
massa — com a desapropriação do que chama
“latifúndios”, que já não existem mais no Brasil — e o subsídio à
agricultura orgânica — cara, de baixa produtividade e incapaz de ter escala
para alimentar milhões de pessoas. Pergunte
se ele tem noção do peso que tem o agronegócio na pauta de exportações do
Brasil. Ele não precisa saber.
É bem verdade que esse período de
agruras do Brasil poderia ser minorado
pela maconha e pela legalização do aborto. E não pensem que esse rapaz está
brincando, não. Hoje, como
o principal palhaço ideológico da esquerda, ele tenta falar a sério. Que tirano, tiranete
ou tiranófilo não sonha em gozar de um período com poderes absolutos para “consertar o Brasil”? A ditadura que
Bolsonaro defende fez isso. A ditadura que Duvivier defende gostaria disso.
Duro mesmo, difícil, complicado, meus
caros, é mudar o Brasil com democracia. Mas eu não abro mão dela. Que esses
dois “clowns” sigam vida afora
fazendo seu “stand up” para plateias
que se sentem satisfeitas ao ver que seu líder não lhes cobra nada além daquilo
que elas julgam saber.
Só assim a ignorância de suas
respectivas audiências e a sua própria podem seguir infinitas e satisfeitas de
si. Porque, afinal, aí está o conforto moral do estúpido: ele jamais se pergunta por quê?
Fonte: Reinaldo Azevedo -
Blog na Veja
Nenhum comentário:
Postar um comentário