No
dia 16 de março, caprichando na pose de Pelé do PT, Lula enfim se
ergueu do banco onde esperava a hora certa para entrar em campo e virar o
jogo do impeachment: o supercraque estava pronto para salvar o time
ameaçado pela derrota seguida de expulsão. Com o uniforme de chefe da
Casa Civil, seria simultaneamente o técnico, o capitão, o cacique da
zaga, o regente do meio de campo e o artilheiro incomparável.
“Lula, o ministro da Esperança!, exultou Rui Falcão no
Twitter. O deputado José Guimarães, líder do governo na Câmara,
[irmão do bandido Zé Genoino e mais conhecido no mundo do crime pelo vulgo 'capitão cueca'.] homenageou o companheiro que fora rebaixado, sem chiar, a chefe de um
Gabinete Pessoal da Presidência criado às pressas. “O ministro
Jaques Wagner, no dia do seu aniversário, mostra grandeza e
desprendimento ao deixar a Casa Civil! Lula novo ministro da pasta!”
Passado um mês, Wagner se foi, Lula não chegou, a sala segue deserta.
E a fantasia do estrategista genial está em frangalhos. Proibido pelo
Supremo Tribunal Federal de acampar no gabinete localizado no 4° andar
do Planalto, Lula cansou-se de aguardar a autorização para a posse:
transformou uma suíte de hotel no balcão de compra de votos
parlamentares e nomeou-se ministro do Comércio de Congressistas.
Nestes 30 dias, o gênio de araque errou todas as jogadas e não fez um
único gol. Graças ao bisonho desempenho do Pelé de picadeiro, a
tripulação do Titanic dos cafajestes é cada vez menor. O grande
articulador garantiu no começo da semana que a maioria do PMDB e quase
todo o PP permaneceriam a bordo.
Era mentira, comprovou horas depois a declaração de apoio ao
impeachment divulgada por ambas as siglas. A performance de Lula
facilitou a goleada. Neste domingo, o Brasil decente vai aposentar com
um retumbante 7 a 1 o grotão assolado pela corrupção, pela inépcia e
pela canalhice.
Lula não entendeu que a Lava Jato mudou o país. Os parlamentares que
tentou adquirir se tornaram mais cautelosos — e muito mais atentos aos
humores da nação. Num ano eleitoral, deputados e senadores tiveram de
escolher entre o suicídio e a sobrevivência, entre as vontades do
reizinho nu e a vontade popular.
As ruas venceram.
Fonte: Coluna do Augusto Nunes
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