Em 12 meses, resultado acumulado é de 8,48%; no ano, preços subiram 5,51%
A inflação oficial do país, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), desacelerou pelo segundo mês seguido, ficando em 0,08% em setembro, informou nesta sexta-feira o IBGE. A taxa é a menor para o mês desde 1998, quando registrou deflação de 0,22%. Considerando todos os meses, o IPCA de setembro é o menor desde julho de 2014, quando o índice ficou em 0,01%. Analistas esperavam 0,19% – bem abaixo do 0,44% de agosto e do 0,54% de setembro de 2015. Nos doze meses encerrados em setembro, a inflação ficou em 8,48%. Nos nove primeiros meses de 2016, a alta acumulada é de 5,51%.
A principal causa do alívio de preços em setembro foi a
deflação de 0,29% dos alimentos, a maior queda entre os grupos
acompanhados pelo IBGE. O maior impacto veio do leite, que vinha sendo
um dos vilões da inflação desde o início do ano. Os preços do produto
caíram 7,89%, contribuindo com -0,10 ponto percentual sobre o resultado
do mês, o mais expressivo impacto para baixo no índice.
Para se ter uma ideia, o leite longa vida havia registrado nove altas seguidas até agosto. Esta foi a primeira deflação do produto desde novembro de 2015 (-0,76%). Em setembro, contribuíram ainda para a inflação mais baixa uma deflação ainda maior da batata-inglesa, cujos preços já haviam recuado 8% em agosto e, em setembro, caíram 19,24%. O alho intensificou a deflação de 5,1% para 7,45%.
Em contrapartida, o destaque entre as altas de preços de alimentos foi para as carnes, que tiveram aumento de 1,43%. O grupo de produtos tem impacto de 2,7% no orçamento das famílias. A alta das carnes respondeu, sozinha, por 0,04 ponto percentual do índice de setembro — ou seja, metade do resultado.
Além dos alimentos, as quedas de preços registradas nos
itens artigos de residência (0,23%) e transportes (0,1%) ajudaram na
forte desaceleração do IPCA do mês passado. As passagens aéreas, que
haviam subido em agosto por causa da Olimpíada, registraram deflação de
2,39%. Entre as principais altas de itens fora do grupo
alimentação, os destaques foram a inflação do grupo habitação (0,63%),
pressionado pela elevação do preço do botijão de gás, de 3,92%. O
produto respondeu por 0,04 ponto percentual do resultado do mês.
Portanto, se não fossem as altas registradas nos preços das carnes e de
botijão de gás, o IPCA de setembro seria exatamente zero.
DÓLAR AJUDA A BAIXAR PREÇOS
Eulina Nunes, coordenadora de Índice de Preços do IBGE, explicou que a queda é resultado do menor efeito do dólar e do choque de alimentos observado em meses anteriores. — O que a gente vê em setembro, é um efeito amenizado tanto do choque de oferta quanto do câmbio, que trouxeram os preços para baixo, em especial os alimentos com uma queda de 0,29% — avalia.
Ela acrescentou ainda que o resultado baixo não se reflete imediatamente em alívio para o bolso do consumidor. — O resultado, em média foi de zero, se manteve estável. Agora, depende muito da cesta das pessoas, do que você consome mais. Além disso, os preços continuam altos. A inflação ainda não devolveu o que pegou do bolso do consumidor. Parou de subir.
DE INFLAÇÃO OLÍMPICA A MENOR TAXA DO PAÍS
Depois de responder por quase um terço da inflação de agosto, o Rio foi de vilão a mocinho do IPCA. A região metropolitana registrou o menor índice, entre as 13 localidades acompanhadas pelo IBGE: deflação de 0,17%. Em agosto, puxado pela alta de 111,23% nas diárias de hotéis, o IPCA carioca havia ficado em 1%. Em setembro, as diárias recuaram 29,91%, contribuindo para o resultado negativo.
O Rio não foi o único local com preços em queda em setembro. Vitória (-0,16%) e Belo Horizonte (-0,06%) também tiveram índices negativos no mês passado. As maiores altas de preços foram registradas em Campo Grande (0,48%), onde sete dos nove grupos pesquisados subiram mais que a média nacional. Na leitura anterior, a capital mato-grossense havia tido IPCA de 0,18%.
Na mais recente edição do Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, economistas do mercado financeiro reduziram pela terceira semana consecutiva a previsão para a inflação deste ano. A mediana das projeções é que o índice encerre 2016 em 7,23%, ainda acima da meta do governo, que é de 4,5%, com tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Em 2015, a inflação ficou em 10,67%.
O BC prevê que o IPCA fique abaixo desse limite no ano que vem, segundo o relatório de inflação divulgado na semana passada
— o primeiro após a troca de comando na autarquia, hoje presidida por
Ilan Goldfajn. A expectativa da autoridade monetária é que o índice
oficial encerre 2017 em 4,4%, mas os analistas ouvidos pelo Focus ainda
não estão tão otimistas e veem a taxa em 5,07%.
Alcançar a meta é considerada uma das condições para que o BC inicie o ciclo de corte de juros. A taxa básica, a Selic, está em 14,25% desde julho do ano passado. A instituição já avisou, no entanto, que o alívio monetário depende de outros fatores, como a aprovação da proposta de emenda constitucional (PEC) que fixa um teto para os gastos públicos. Na noite desta quinta-feira, o texto-base do relatório da medida — principal arma do governo de Michel Temer para atacar a crise fiscal — foi aprovado na comissão especial criada na Câmara dos Deputados para analisar a proposta.
Para se ter uma ideia, o leite longa vida havia registrado nove altas seguidas até agosto. Esta foi a primeira deflação do produto desde novembro de 2015 (-0,76%). Em setembro, contribuíram ainda para a inflação mais baixa uma deflação ainda maior da batata-inglesa, cujos preços já haviam recuado 8% em agosto e, em setembro, caíram 19,24%. O alho intensificou a deflação de 5,1% para 7,45%.
Em contrapartida, o destaque entre as altas de preços de alimentos foi para as carnes, que tiveram aumento de 1,43%. O grupo de produtos tem impacto de 2,7% no orçamento das famílias. A alta das carnes respondeu, sozinha, por 0,04 ponto percentual do índice de setembro — ou seja, metade do resultado.
DÓLAR AJUDA A BAIXAR PREÇOS
Eulina Nunes, coordenadora de Índice de Preços do IBGE, explicou que a queda é resultado do menor efeito do dólar e do choque de alimentos observado em meses anteriores. — O que a gente vê em setembro, é um efeito amenizado tanto do choque de oferta quanto do câmbio, que trouxeram os preços para baixo, em especial os alimentos com uma queda de 0,29% — avalia.
Ela acrescentou ainda que o resultado baixo não se reflete imediatamente em alívio para o bolso do consumidor. — O resultado, em média foi de zero, se manteve estável. Agora, depende muito da cesta das pessoas, do que você consome mais. Além disso, os preços continuam altos. A inflação ainda não devolveu o que pegou do bolso do consumidor. Parou de subir.
DE INFLAÇÃO OLÍMPICA A MENOR TAXA DO PAÍS
Depois de responder por quase um terço da inflação de agosto, o Rio foi de vilão a mocinho do IPCA. A região metropolitana registrou o menor índice, entre as 13 localidades acompanhadas pelo IBGE: deflação de 0,17%. Em agosto, puxado pela alta de 111,23% nas diárias de hotéis, o IPCA carioca havia ficado em 1%. Em setembro, as diárias recuaram 29,91%, contribuindo para o resultado negativo.
O Rio não foi o único local com preços em queda em setembro. Vitória (-0,16%) e Belo Horizonte (-0,06%) também tiveram índices negativos no mês passado. As maiores altas de preços foram registradas em Campo Grande (0,48%), onde sete dos nove grupos pesquisados subiram mais que a média nacional. Na leitura anterior, a capital mato-grossense havia tido IPCA de 0,18%.
Na mais recente edição do Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, economistas do mercado financeiro reduziram pela terceira semana consecutiva a previsão para a inflação deste ano. A mediana das projeções é que o índice encerre 2016 em 7,23%, ainda acima da meta do governo, que é de 4,5%, com tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Em 2015, a inflação ficou em 10,67%.
Alcançar a meta é considerada uma das condições para que o BC inicie o ciclo de corte de juros. A taxa básica, a Selic, está em 14,25% desde julho do ano passado. A instituição já avisou, no entanto, que o alívio monetário depende de outros fatores, como a aprovação da proposta de emenda constitucional (PEC) que fixa um teto para os gastos públicos. Na noite desta quinta-feira, o texto-base do relatório da medida — principal arma do governo de Michel Temer para atacar a crise fiscal — foi aprovado na comissão especial criada na Câmara dos Deputados para analisar a proposta.
Fonte: O Globo
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