Eleições mostraram crescimento dos partidos mais à direita no cenário
político. Para Jan Woischnik, diretor da Fundação Konrad Adenauer no
Brasil, tendência continuará se governo Temer recuperar a economia.As
eleições municipais de 2016 mostraram um crescimento de partidos mais à
direita do cenário político brasileiro, muito em parte por conta do
escândalo de corrupção envolvendo o PT e a recessão econômica.
Para Jan Woischnik, diretor da Fundação Konrad Adenauer no Brasil, a
tendência poderá continuar de maneira ainda mais forte caso o governo do
presidente Michel Temer consiga fazer um bom trabalho, principalmente
no campo da economia. "Uma guinada à direita poderá ser vista também em 2018 se a atual
coalizão formada por PMDB, PSDB e outros partidos conseguir se sair bem,
sobretudo em termos de recuperação econômica", diz Woischnik. "Se o
governo Temer tiver sucesso nesses desafios, acho que o eleitorado vai
valorizar isso nas urnas em 2018."
DW: Qual é o significado das eleições municipais para o pleito presidencial de 2018?
Jan Woischnik: É importante destacar que falta muito para as eleições
de 2018 e, assim, muitos fatos podem acontecer, e a situação pode mudar
de forma significativa. Porém, temos que observar que o PSDB teve um
êxito muito grande com seu candidato João Doria em São Paulo, que é a
maior cidade do país. Outro ponto importante é a perda, pelo PT, de
prefeituras em relação à última eleição municipal e, assim, o aumento
das dificuldades para as pretensões do ex-presidente Lula como eventual
candidato à Presidência em 2018.
Nas eleições municipais, diversos candidatos que não tinham o perfil
clássico de políticos estabelecidos foram eleitos ou vão disputar o
segundo turno fortalecidos. Por quê? Eu vejo que essa tendência poderá aumentar nas próximas eleições. A
razão para isso é, seguramente, a frustração dos cidadãos com os
políticos tradicionais, sobretudo no contexto da Operação Lava Jato.
Essa desconfiança leva a uma percepção negativa da totalidade do
processo eleitoral e agrava o desencanto da população com a política no
país.
Como você avalia as mudanças no financiamento de campanhas, com a proibição do dinheiro de empresas para candidatos e partidos?
Eu acredito que essa medida foi um primeiro passo importante da reforma
política pela qual o país precisa passar. Porém, outros passos nessa
questão devem ser dados para que se vença a corrupção. Mas é difícil
para mim, como observador estrangeiro, estimar se o pouco tempo que
resta ao governo Michel Temer será suficiente para fazer uma grande
reforma. Ele terá apenas dois anos, no máximo, e isso não é muito tempo,
vide a dimensão dessas reformas.
De certa forma, houve uma guinada à direita nestas últimas eleições.
Esse movimento poderá ser visto também nas eleições de 2018?
Uma guinada à direita poderá ser vista também em 2018 se a atual
coalizão formada por PMDB, PSDB e outros partidos conseguir se sair bem,
sobretudo em termos de recuperação econômica, estabilidade da moeda,
controle da inflação, retomada do emprego e renda, entre outros. Se o
governo Michel Temer tiver sucesso nesses desafios, acho que o
eleitorado vai valorizar isso nas urnas em 2018.
O PT foi o grande perdedor nas urnas. Em sua opinião, houve um combate ao PT ou à corrupção?
Em minha opinião, os dois aspectos foram claramente vinculados. Há 13
anos, o ex-presidente Lula chegou à Presidência com a promessa de acabar
com a tradição de corrupção na política. Mas, com a Operação Lava Jato e
a participação de diversos membros do PT nos escândalos, o eleitorado
ficou muito decepcionado, já que, ao contrário da promessa feita, a
própria legenda seguiu na mesma trajetória.
Fonte: Deutsche Welle
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