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terça-feira, 29 de novembro de 2016

Rio em colapso: a vida na guerra entre UPP e tráfico na Cidade de Deus


Bandidos encurralam a polícia em sua ofensiva para retomar a favela. O passado violento está de volta à rotina 

As fotos de três policiais mortos em serviço, entre 2013 e 2015, estão na parede à direita de quem entra na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Cidade de Deus. Ainda falta o retrato de outros dois, assassinados em março e outubro passado. O prédio fica na rua mais movimentada e tranquila da favela, mas as mortes ocorreram em locais perto das bases da UPP, frágeis contêineres de latão no interior da comunidade. No início da tarde da terça-feira, dia 22, a maioria dos policiais sai a campo para confrontar traficantes de drogas que dominam o território. A policial recepcionista do prédio explica que não é seguro entrar no miolo da favela para chegar à base do Caratê, a área mais conflagrada. Melhor fazer uma longa volta por fora. “Estou indo para o Caratê por dentro; quem quiser me siga”, avisa um soldado pegando o fuzil.

Major Ivan Braz, porta-voz da Polícia Militar: “Favela está inflacionada de criminosos" (Foto: Pedro Farina/ÉPOCA)


A viatura da UPP segue veloz por ruas largas para os padrões das favelas cariocas. Ao contrário da maioria delas, a Cidade de Deus não é um morro. Nas calçadas, em botecos e na porta das casas, com um misto de medo e raiva, moradores observam a viatura passar por localidades de nomes bíblicos como Travessa Judá, Praça Matusalém, Rua Jericó trepidando o fuzil na janela.

O carro da UPP chega ao ponto de maior tensão, a Avenida Cidade de Deus. Cortada por um rio tomado por esgoto e lixo, ela define os limites do território de cada quadrilha. Os chefes do tráfico fatiaram a comunidade, porém não brigam mais entre eles, como no passado retratado pelo filme Cidade de Deus, de 2002. O inimigo é a UPP. Há uma gritaria de pessoas que forçam a entrada em três ônibus adernados de tão cheios. São moradores a caminho do enterro dos sete mortos no dia 19, [todos bandidos, meliantes, vagabundos e mereceram ser abatidos - bandido bom, é bandido morto.]  durante o confronto de oito horas entre traficantes e policiais. Os que seguem de ônibus para o velório acreditam que os policiais executaram as vítimas, suspeitas de ligação com o tráfico. A PM também sofreu uma terrível baixa. Quatro policiais morreram na queda do helicóptero que filmava o movimento de bandidos. Até a semana passada, um problema mecânico era a causa mais provável.

Os policiais na viatura da UPP ignoram a choradeira. O motorista atravessa a ponte, vira à esquerda e chega à base da UPP no Caratê. Em frente ao contêiner, um soldado com o fuzil atado ao peito observa o movimento. Ele aponta para a direita. “Se passar daquela curva, onde está aquele caminhão, largam o aço [atiram] na gente”, diz, apontando um local a 50 metros. À esquerda, fica uma padaria. Se o policial for comprar pão, os traficantes atiram. Em três anos de serviço, inúmeras vezes o soldado trocou tiros com bandidos e viu colegas entrar para a galeria de heróis. “Esses [sete moradores] que morreram eram meliantes”, afirma.

A Cidade Deus foi a segunda favela a receber uma UPP, em 2009, no projeto de retomar áreas dominadas pelo tráfico. O número de homicídios caiu de 36 para nove ao ano. No dia 19 foram sete em apenas um dia. O major Ivan Braz, porta-voz da PM, diz que o confronto sangrento ocorreu em parte por causa do aumento de traficantes na área, “inflacionada de criminosos”. Há cerca de 300 espalhados na favela, segundo os moradores. Alguns andam com fuzis em comboios de mais de 20 motos. Cresceu o número de marginais, mas diminuiu para um terço o investimento do governo em segurança pública, o que afetou as 38 UPPs do Rio. Os policiais da UPP trabalham em contêineres de lata e, muitas vezes, com coletes à prova de balas vencidos, que seguram tiros de pistola, mas não de fuzil. Carcomida pela ferrugem e pela falta de conservação, a base do Caratê abriga policiais quase entocados, que estranham visitantes. Três vira-latas, um deles com sarna, dão alarme quando alguém de fora chega. Por volta das 14 horas, uma equipe da UPP sai da base e entra na caminhonete estacionada em frente à base do Caratê. Naquele momento, os ônibus de parentes partiam para quatro diferentes cemitérios do Rio.

Entocado em um contêiner enferrujado na favela, se o policial sair para comprar pão, os traficantes atiram
Enzo João, de 17 anos, único menor de idade entre os sete mortos, será enterrado às 16h30 no cemitério da Pechincha, a 5 quilômetros da Cidade de Deus. Trazido do IML, o corpo ficara alguns minutos sobre a mesa de concreto no pátio. Sentado na estrutura à espera do rápido velório, um amigo de Enzo, o garoto J., de 12 anos, conversa com um funcionário do cemitério. “Os meninos entram para o tráfico para ganhar fama na favela”, diz J., que está na 6ª série e quer ser desembargador. Parentes de Enzo e muitos adolescentes maltrapilhos se debruçam sobre o caixão, entre eles J., com uma rosa branca na mão. “A gente vai ser suspeito de algum crime sempre, só porque mora em Cidade de Deus”, diz Gisele da Silva, tia de Enzo. Ela garante que o sobrinho não tinha envolvimento com o tráfico. “Só estava revoltado e parou de estudar.” Os colegas cantam músicas evangélicas e tocam no rosto de Enzo. “Tá vendo o que acontece? Tem de tomar cuidado”, diz a mãe para um menino franzino que chora. A PM mantém-se à distância.

[o Blog PRONTIDÃO TOTAL sempre expressou seu descrédito na política das UPPs; e deixou claro esta posição em dezenas de postagens mostrando a fraude representada pela invenção do presidiário Cabral e do ex-secretário de Segurança Beltrame - que sempre agiu movido pelo maldito 'politicamente correto' e para livrar o dele nunca hesitou em ficar contra os policiais.
A política  das UPPs é tão estúpida, tão idiota e para confirmar isso como pode funcionar uma opção policial de combate ao crime baseada em invasões de favelas com dia e hora marcados e tudo com grande antecedência.
Só é possível combater bandidos com eficiência quando os policiais chegam de forma silenciosa e parte para o abate dos marginais.
Cada bandido morto além de se tornar um bandido bom tem a grande vantagem de que seus comparsas ao saberem que vão enfrentar uma polícia que mata - uma polícia cujos comandantes prestigiam  o entendimento que é melhor que os parentes de bandido chorem do que os parentes de policiais - optam por atuarem em outras regiões, outros estados.]

No dia seguinte, por volta de 11 horas, um grupo de policiais militares come pastel e toma caldo de cana numa feira, sem largar os fuzis. Desde a madrugada, a Polícia Civil fazia uma varredura na Cidade de Deus atrás de armas e bandidos. Os agentes agem amparados numa “medida excepcional” da Justiça. Nem as casas de “moradores de bem” ficaram a salvo, pois suspeita-­se que os bandidos as invadem para se esconder. “A polícia arrombou três apartamentos em meu bloco na Cidade de Deus. São moradores que conheço e saíram para trabalhar”, protestou o rap­per MV Bill nas redes sociais. A Polícia Civil deixa a favela no começo da tarde. Traficantes voltam a circular em motos. Passam para cima e para baixo sem parar no sinal vermelho.

Fonte: Revista Época 

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