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segunda-feira, 17 de abril de 2017

Mentirosos contumazes

Os caciques nunca falavam de modo explícito em dinheiro com os doadores justamente por saberem as implicações ilegais decorrentes das negociações

Deve-se cobrar da Justiça um ritmo mais adequado às demandas da sociedade. Disso ninguém discorda. Mas é preciso compreender também que um esquema de corrupção sistêmica montado e aperfeiçoado ao longo de três décadas não se desmonta do dia para a noite. É preciso cautela para não gerar nulidades frustrantes nem dar margem a que os envolvidos aleguem cerceamento de defesa e agressão ao devido processo legal. Já vimos esse filme no processo do mensalão quando o Supremo foi acusado de funcionar como “tribunal de exceção”. Muita gente boa abraçou a tese.

A Lava Jato não tem deixado brechas nesse aspecto, como também não tem dado folga nas investigações, com a revelação praticamente semanal quando não diária de fatos novos. Os vazamentos tão criticados têm sido todos confirmados pela divulgação oficial de depoimentos, a despeito da alegação dos acusados de que são mentiras inventadas pelos delatores interessados em entregar qualquer coisa às autoridades em busca de uma redução de danos. Como se o Ministério Público, policiais federais e juízes estivessem dispostos a engolir  lorotas em troca dos benefícios. Se mentirosos há, estão do outro lado do balcão.

Mentiram ao país anos a fio e continuam tentando convencer a população de que são inocentes, embora não se tenham visto desmentidos contundentes. Vimos, isto sim, as repetidas evasivas: toda doação foi feita de maneira legal é a mais comum. Os caciques cujas campanhas foram financiadas por dinheiro de origem suspeita (seja caixa dois ou propina) alegam que jamais trataram de valores com seus mantenedores. 

De fato, contavam com prepostos para isso. A própria forma de conversar com eles agora revelada em detalhes por empresários e executivos, em linguagem cifrada, evitando propositadamente falar em dinheiro de modo implícito, é o indicativo cabal de que sabiam perfeitamente quais eram as cláusulas implícitas no contrato.  Afinal, se fosse tudo legal, não teriam razão para contornar o assunto, falariam normalmente das doações, uma vez que eram permitidas por lei.

Fonte: Dora Kramer  - VEJA

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