Há fusão de interesses de grupos com máfias remanescentes do Sendero Luminoso
Parte do armamento usado pelos grupos criminosos era do Exército do Peru. Veio de Pucallpa, capital da província peruana de Ucayali. “Viajou seis mil quilômetros”, contou João Lama, oficial da Abin a um grupo de parlamentares. “É como se tivesse ido do Irã a Lisboa, por toda a Europa”. A cidade fica a 220 quilômetros em linha reta da fronteira amazônica com Cruzeiro do Sul, no Acre, onde o número de novas empresas cresce 12% ao ano, na esteira do narcotráfico.
O Peru é o maior produtor de cocaína, depois da Colômbia. Cidades como Pucallpa assistem ao avanço das plantações de coca em direção à fronteira com o Brasil. No centro-sul peruano identificou-se uma fusão de interesses de grupos brasileiros com máfias locais, remanescentes do Sendero Luminoso (ala Quispe Palomino) e uma fração paramilitar do libanês Hezbollah. Desde 2001, o Hezbollah se tornou alvo preferencial do EUA na América do Sul. Em 2018 avançou-se no cerco aos operadores financeiros da Venezuela à Argentina. Descobriram-se múltiplos laços com grupos criminosos de São Paulo, de Manaus e do Rio. A prisão em Ipanema de um intermediário paulista, Elton Leonel Rumich (codinome Galant) ajudou no mapeamento de uma rede de lavagem com três mil pessoas. Desvelaram-se negócios em oito bancos brasileiros e paraguaios do clã Barakat e de Nader Mohamad Farhat, cuja mulher Wu Pei Yu usava passaporte brasileiro.
José Casado, jornalista - O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário