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quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Ninho de ratos no Peru: Congresso, presidentes e Supremo - Veja - Vilma Gryzinski

Blog Mundialista - Veja

Da cadeia, uma quase presidente, Keiko Fujimori, comanda o caos e o choque aberto entre poderes e instituições que não funcionam está instalado


Imaginem um país em que ordens políticas vitais emanam da cadeia, o povo está revoltado com o Congresso e o Supremo Tribunal, a corrupção patrocinada por uma grande construtora envenena as instituições e ninguém sabe quem é o presidente. [tranquilizem-se: este seria o cenário ideal para o presidiário petista mas, não é, não se trata do Brasil e sim do Peru.
No Brasil as ordens do presidiário só são cumpridas pelos petistas mais fanáticos, uns poucos, entre eles Gleisi Hoffmann.]
 
Isso que ainda nem chegamos no cerne dos problemas do Peru, onde o Congresso foi dissolvido, mas a ala política dominante não aceitou e tentou virar o jogo.  Martín Vizcarra, presidente ou ex-presidente, dependendo da ótica – sendo que nem tinha sido eleito para o cargo, assumindo-o na condição de vice – não precisou de um soldado e um cabo para dissolver o Congresso porque tinha muito mais: o apoio explícito, com foto e tudo, dos comandantes das Forças Armadas e da polícia.   Também não era um golpe de mão, apesar da gravidade da iniciativa. Haveria, ou haverá, sabe-se lá no momento, novas eleições.

O Congresso, onde fujimoristas e outros partidos de direita são majoritários, foi dissolvido porque estava tentando uma esperteza: nomear membros do Tribunal Constitucional, o equivalente ao Supremo Tribunal.  é o fim do ano, nomearia seis juízes. No Peru, o cargo não é vitalício.  Surpresa, surpresa. O Tribunal Constitucional tem importantes decisões a tomar sobre o caso Odebrecht, a construtora brasileira que, em combinação com o apenado e influencer de Curitiba, exportou para o Peru o modelo aparentemente perfeito de corrupção.
Sob o controle da Força Popular, os novos integrantes do tribunal seriam simpáticos a Keiko Fujimori.
Quase eleita presidente duas vezes, ela está presa preventivamente há um ano por lavagem de dinheiro e recebimento de contribuições não declaradas.  A construtora brasileira dava dinheiro a todos os candidatos, para não ficar a descoberto com nenhum deles.

Também foi beneficiado o candidato que derrotou Keiko por pequena diferença, Pedro Pablo Kuzscynski, em prisão domiciliar por idade e doença cardíaca.  PPK queimou o filme quando indultou Alberto Fujimori, envolvido em crimes mais graves de corrupção e repressão descontrolada, envolvendo inocentes, no combate ao brutal e assassino grupo maoísta Sendero Luminoso.
O problema de Kuzscynski, um economista de reputação internacional que voltou ao Peru para salvar o país e foi engolido por ele, era o mesmo que está provocando o caos atual: a oposição fujimorista impedia que governasse.
O indulto a Alberto Fujimori talvez desimpedisse o caminho, mas isso nunca será provado.  PPK acabou sendo obrigado a renunciar, em março do ano passado.

Assumiu o primeiro vice-presidente Martín Vizcarra, que tentou sua própria manobra, também sem sucesso. No lugar dele, prestou juramento perante o Congresso, sem que isso garanta sua legitimidade como presidente interina, a segunda vice-presidente, Mercedes Araóz.  Economista bem falante e bem alinhada, pelos padrões latino-americanos, ela evocou como motivo da resistência o fechamento do Congresso decretado por Alberto Fujimori, um engenheiro agrícola que virou ditador, em outra das guinadas surrealistas do Peru.

Ela lembrou, nesse caso com razão, que na época, Fujimori teve 90% de aprovação popular. Da mesma forma, hoje existem manifestações de apoio ao fechamento do “ninho de ratos”. Ironia das ironias: os congressistas que reagem ao fechamento e decretaram a desabilitação de Martín Vizcara são justamente os fujimoristas.
Ah, sim. Alberto Fujimori voltou para a cadeia.


 
Dessa forma, o Peru tem hoje pai e filha, importantes líderes políticos, igualmente presos; dois presidentes; um Congresso dissolvido e um Congresso que se declarou funcional e ninguém sabe que saída para essa encrenca toda.
Os ratos estão deitando e rolando.

terça-feira, 20 de agosto de 2019

Facções brasileiras se unem ao narcoterrorismo - José Casado

Há fusão de interesses de grupos com máfias remanescentes do Sendero Luminoso

Na manhã de quinta-feira 3 de janeiro, o presidente, o ministro da Justiça e o governador do Ceará acordaram com alertas sobre ataques armados em Fortaleza e no interior do estado. Contaram-se 264 atentados em 55 dos 184 municípios, com prisão de 428 pessoas. Passados seis meses, a agência brasileira de espionagem, Abin, confirmou “conexões transnacionais” nos atentados cearenses.

Parte do armamento usado pelos grupos criminosos era do Exército do Peru. Veio de Pucallpa, capital da província peruana de Ucayali. “Viajou seis mil quilômetros”, contou João Lama, oficial da Abin a um grupo de parlamentares. “É como se tivesse ido do Irã a Lisboa, por toda a Europa”. A cidade fica a 220 quilômetros em linha reta da fronteira amazônica com Cruzeiro do Sul, no Acre, onde o número de novas empresas cresce 12% ao ano, na esteira do narcotráfico.

O Peru é o maior produtor de cocaína, depois da Colômbia. Cidades como Pucallpa assistem ao avanço das plantações de coca em direção à fronteira com o Brasil. No centro-sul peruano identificou-se uma fusão de interesses de grupos brasileiros com máfias locais, remanescentes do Sendero Luminoso (ala Quispe Palomino) e uma fração paramilitar do libanês Hezbollah.  Desde 2001, o Hezbollah se tornou alvo preferencial do EUA na América do Sul. Em 2018 avançou-se no cerco aos operadores financeiros da Venezuela à Argentina. Descobriram-se múltiplos laços com grupos criminosos de São Paulo, de Manaus e do Rio. A prisão em Ipanema de um intermediário paulista, Elton Leonel Rumich (codinome Galant) ajudou no mapeamento de uma rede de lavagem com três mil pessoas. Desvelaram-se negócios em oito bancos brasileiros e paraguaios do clã Barakat e de Nader Mohamad Farhat, cuja mulher Wu Pei Yu usava passaporte brasileiro.

Por pressão americana, o Hezbollah começa a ser proscrito na América do Sul. Mês passado, a Argentina o classificou como terrorista. Ontem, foi a vez do Paraguai. Na sequência, será o Brasil.



José Casado, jornalista - O  Globo



segunda-feira, 4 de março de 2019

‘Direito de intervenção’

Assessor de Trump evoca Doutrina Monroe contra presença de Cuba e Rússia na Venezuela

 Em entrevista ao programa State of The Union, da rede CNN, o conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Bolton, citou ontem a Doutrina Monroe, uma política do século XIX que tinha como objetivo anular a influência e a intervenção de países europeus nas novas repúblicas do continente americano, para justificar a política dos EUA para a Venezuela.

Questionado por que o governo de Donald Trump decidiu combater o governo de Nicolás Maduro de maneira agressiva, enquanto tem uma política mais branda em relação a outros regimes autoritários, como os da Arábia Saudita e do Egito, Bolton destacou que a Casa Branca está dando prioridade a esforços para se envolver nas questões de seu continente. — Neste governo não temos medo de usar a expressão “Doutrina Monroe”. Trata-se de um país no nosso hemisfério. Manter um hemisfério completamente democrático sempre foi o objetivo de presidentes americanos desde Ronald Reagan — afirmou Bolton. — Eu disse, no fim do ano passado, que estávamos buscando o fim da "troica da tirania", incluindo Cuba, Nicarágua e também Maduro. Parte do problema na Venezuela é a ampla presença de cubanos. São entre 20 mil e 25 mil agentes de segurança segundo os relatórios publicados. E esse é o tipo da coisa que consideramos inaceitável.

Apesar de ter citado a Doutrina Monroe, pela qual originalmente Washington interveio sozinha em países vizinhos, Bolton disse que os EUA estão formando “a mais ampla coalizão possível” para derrubar o presidente venezuelano.

ZONAS DE INFLUÊNCIA
A alusão de Bolton à Doutrina Monroe foi criticada por acadêmicos: “O autodestrutivo e perigoso John Bolton: ‘Neste governo não temos medo de usar a expressão Doutrina Monroe’. Ele diz isso logo depois de afirmar que quer uma ampla coalizão para derrubar Maduro. Ressuscitar a Doutrina Monroe não fará isso”, escreveu no Twitter Ryan Goodman, professor de Direito na Universidade de Nova York e ex-conselheiro do Departamento de Defesa dos EUA. “Ao invocar a Doutrina Monroe, Bolton justifica um mundo multipolar caótico, no qual cada potência tem zonas de influência. Os EUA reivindicam decisões sobre a Venezuela, a Rússia faz o mesmo em relação à Ucrânia, a China sobre o mar territorial de seus vizinhos, a França sobre o Saara etc”, escreveu o sociólogo peruano Eduardo González, que participou da Comissão Verdade e Reconciliação criada em seu país após 20 anos de conflito com o grupo maoista Sendero Luminoso. “Bolton sabe que o mundo unipolar dos EUA está desaparecendo, e acredita que a alternativa é o equilíbrio multipolar de potências com zonas de influência... como em 1914.”

Bolton não foi o único em Washington a usar esse tipo de linguagem ao descrever a situação na Venezuela. O presidente da Comissão de Serviços Armados do Senado, o republicano Jim Inhofe, afirmou no mês passado que os EUA poderiam se ver obrigados a invadir a Venezuela caso a Rússia instalasse uma base militar no país ou em qualquer lugar no nosso hemisfério. A Rússia é a principal aliada de Maduro, ao lado da China. A ampliação da presença econômica chinesa na América Latina tem sido alvo de críticas do governo Trump.

Apresentada em 1823 pelo então presidente americano James Monroe sob o lema “a América para os americanos”, a Doutrina Monroe outorgou ao governo dos EUA o direito de intervenção em todo o hemisfério para conter a influência europeia. Em 1904, o presidente Theodore Roosevelt articulou o chamado “corolário Roosevelt” da doutrina, pelo qual os EUA também poderiam intervir em países vizinhos para a cobrança de dívidas. Ted Roosevelt ficou conhecido pela frase “Fale manso e carregue um grande porrete”, para definir sua política para o então chamado “quintal dos EUA”.

KENNEDY E REAGAN
Depois da Segunda Guerra Mundial, governos americanos continuaram intervindo na América Latina, diretamente ou indiretamente, no quadro da Guerra Fria. O republicano Dwight Eisenhower, o democrata John Kennedy e o republicano Ronald Reagan evocaram a Doutrina Monroe para intervir respectivamente na Guatemala, nos anos 1950; em Cuba, nos anos 1960; e contra guerrilhas de esquerda na América Central, nos anos 1980. As ações eram justificadas como uma reação à real ou alegada ingerência da antiga União Soviética nesses países.

Com o fim da Guerra Fria e a democratização da maioria dos países da região, a Doutrina Monroe deixou de frequentar a retórica de líderes americanos. A Organização dos Estados Americanos (OEA) aprovou em 2001 sua Carta Democrática, um instrumento para ações conjuntas dos 35 países-membros em casos de derivas autoritárias, mas ela não prevê nem autoriza intervenções unilaterais.

No sábado, em telefonema ao secretário de Estado americano, Mike Pompeo, o chanceler russo Sergei Lavrov havia condenado a “ingerência flagrante” dos EUA na Venezuela. "A provocação e a influência exterior destrutivas, incluindo o pretexto hipócrita da ajuda humanitária, não têm nada a ver com o processo democrático”, declarou Lavrov, segundo comunicado do Ministério das Relações Exteriores russo. Em declarações que replicam as críticas feitas a Moscou pelas ações contra o governo próEUA da Ucrânia, Lavrov condenou “as ameaças americanas contra o governo legítimo, uma flagrante ingerência nos assuntos internos de um Estado soberano e uma vergonhosa violação do direito internacional”.
 
O Globo
 

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

21 mil militares atuam pra garantir segurança nas fronteiras

A apreensão de drogas é frequente na região da Amazônia. Apenas no início de janeiro, o Exército Brasileiro apreendeu 905kg de skunk, maconha com alto teor de THC, no rio Japurá. A droga foi encontrada boiando no rio após o naufrágio de um barco e os traficantes fugiram. Mais de vinte pacotes foram recolhidos e encaminhados à Polícia Federal.

O avanço do crime organizado na região é uma das principais preocupações das autoridades na região onde, atualmente, atuam 21 mil militares. Na década de 1950, mil profissionais exerciam a missão de garantir a tríade “integridade nacional, soberania e defesa da pátria” nos 9.762 km de fronteira brasileira da região com Venezuela, Colômbia, Peru e Bolívia. Nessa faixa, as Forças Armadas exercem o chamado poder de polícia em 150 km, por meio de 24 pelotões e um efetivo de 1.500 militares provenientes de todo país.

Nas áreas de selva amazônica, que compreende o território de oito países, a chamada Amazônia Legal, ainda atuam dissidentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que não aceitaram o acordo de paz com o governo do país, além de um efetivo de 400 guerrilheiros do grupo peruano Sendero Luminoso. No ano passado, o diálogo entre o governo colombiano e as Farc se intensificou e, após um acordo que não foi aceito pela população colombiano, as partes firmaram um novo acordo em novembro.

“Está havendo um processo de pacificação, de desarmamento, mas nos preocupa a Frente Número 1 [das Farc, composta por 200 guerrilheiros], que existem indícios de que alguns elementos talvez não fossem aderir ao processo de pacificação. A droga, a cocaína, o skunk, que entra aqui dentro no nosso país [por essa região] é proveniente dessa área”, explica o general Miotto.

Segundo o ministro da Defesa, Raul Jungmann, o arsenal de armas dos dissidentes das Farc pode inclusive chegar às facções criminosas responsáveis pela atual crise no sistema penitenciário brasileiro. “Com o acordo de paz [descumprido], o arsenal deles está ficando uma de parte na mão dos dissidentes ou mesmo não sendo entregue. Essas armas podem vir a chegar aos nossos centros metropolitanos, agravando a crise de segurança [pública no país]”, aponta.

Fronteiras
O Brasil tem, ao todo, 17 mil km de fronteiras. Em toda a América do Sul, o país só não faz divisa com Chile e Equador. Os desafios, no entanto, vão além do tráfico de drogas. De acordo com o general Miotto, as tropas militares enfrentam diariamente a pesca ilegal, o tráfico de armas, contrabando, garimpo ilegal, dragas nos rios, imigração ilegal, desmatamento, infrações ambientais, pistas de pouso ilegais, extração ilegal de madeira e tráfico de animais silvestres“Tudo isso que ocorre na fronteira vai impactar nos grandes centros urbanos do nosso país e com organizações criminais fomentando”, disse. Segundo o militar, o tráfico internacional de animais silvestres paga valores exorbitantes por uma espécie rara ou em extinção, como a jiboia, que chega a ser negociada por US$ 1.500 dólares; a cobra coral verdadeira, por R$ 31 mil dólares e a arara-azul que pode valer R$ 60 mil dólares, com destinos a países europeus e aos Estados Unidos.

Isolamento
As grandes distâncias dos centros urbanos impõem aos militares e moradores das regiões de fronteiras limitações como infraestrutura precária e até mesmo ausência de serviços do Estado em decorrência de verdadeiros vazios demográficos. O acesso restrito é realizado por meio dos rios ou rotas aéreas que, em determinadas regiões, são quinzenais.  “Estou acostumada com o isolamento. A família militar aqui no pelotão é a minha família. Em uma cidade grande as opções de lazer são mais diversas. Aqui é uma vida muito tranquila e até mesmo limitada, mas a experiência nessa região é algo que vou levar para o resto da minha vida. Atendemos uma área muito importante para o país”, conta a tenente Fernanda
Nascimento, farmacêutica de 25 anos. A militar é uma das duas oficiais mulheres da tropa do Exército em Vila Bittencourt.

Quarenta minutos de lancha separam Vila Bittencourt de La Pedrera, a cidade mais próxima, na Colômbia. É de lá que os moradores podem sair de avião a cada quinze dias. A comunidade, que abriga um pelotão de fronteira, está localizada a 1.062 km da capital, Manaus. Aparelho presente na mão de vários moradores do vilarejo, o celular permite acesso ao restante do país por meio da internet. “Apesar de fraca, a internet nos conecta com o restante do país. Mas sinto falta do telefone, de ligar e ouvir a voz das pessoas da minha família”, afirma Fernanda.

O técnico de enfermagem em Vila Bittencourt, cabo Rosuel Matos, de 22 anos, não pretende deixar a região. Nascido em Tabatinga (AM), o jovem pretende cursar enfermagem em Manaus e retornar para um dos pelotões de fronteira do país. “É perigoso conviver com a guerrilha, o local não tem infraestrutura adequada, às vezes tenho muito medo de ataques do narcotráfico, mas gosto dessa região e quero continuar na fronteira, apesar de todas as dificuldades”, diz. Em geral, os militares vão acompanhados de seus familiares quando servem nos pelotões de fronteira por períodos que duram, no mínimo, um ano.

SisFron
Em visita ao centro de controle do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), em Dourados (MS), o ministro Raul Jugmann ressaltou o importância da atuação do 35 mil militares da Marinha, Exército e Aeronáutica nas regiões de fronteiras de todo país. O sistema, desenvolvido pelo Exército Brasileiro, com orçamento de R$ 450 milhões previstos para 2017, permitirá a fiscalização da faixa limítrofe com os 10 países sul-americanos.
“A fronteira está distante fisicamente, mas está mais do que nunca, perto das nossas cidades, das nossas metrópoles. É na defesa delas, na segurança, que vamos conseguir reduzir essa onda de criminalidade. Vamos conseguir combater, aqui no seu início, as drogas, o contrabando, o descaminho”, ressaltou.

Fonte: Isto É


sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Guerra do tráfico no Rio

Guerra do tráfico no Rio: relato de um PM sobre a aliança entre PCC e ADA contra o Comando Vermelho

"A ordem do Marcola é aproveitar a falência do estado, a desmotivação da tropa, a falta de recursos, de armementos e munição. 
O PCC quer tomar o máximo de comunidades das mãos do Comando Vermelho. 
le vai finaciar essa operação, juntamente com a arrecadação da Rocinha.

Os últimos 35 anos de governos esquerdistas no Rio de Janeiro causaram a falência total do Estado e a ocupação das favelas da cidade por organizações narcoterroristas, todas elas ligadas ao Foro de São Paulo. O caos está oficialmente instaurado.

É o Foro de São Paulo no poder através dos seus grupos de guerrilha urbana.

Juiz Odilon de Oliveira fala do PCC, das FARC e do Foro de São Paulo
 
Entrevista ao jornal CORREIO DO ESTADO, do Mato Grosso do Sul


 Juiz Odilon de Oliveira
 

1) CORREIO: O PCC ainda está em atividade no Brasil?
ODILON: Fundado em 31/08/1993, no interior de São Paulo, essa facção criminosa não se encontra presente apenas no Brasil. Está em franca e crescente atividade também em outros países da América do Sul, como Bolívia e, principalmente, Paraguai. O grupo mantém fortes contatos também com as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Está cada vez mais bem estruturado com pessoal, armamento, recursos financeiros e disciplina. 

Estima-se que de cada cinco dos 440 mil presos do Brasil um seja membro do PCC. A maior incidência está no Estado de São Paulo, assumindo Mato Grosso do Sul, por conta do Paraguai e da Bolívia, a segunda posição. A facção teria um exército de mais ou menos 84 mil integrantes. As FARC, grupo terrorista colombiano fundado em maio de 1964, possuem apenas 10 mil integrantes. Outro perfil do PCC, além de sua finalidade econômica, é de natureza terrorista.

2) CORREIO: O Senhor acredita que o PCC tenha participado do assalto à residência do prefeito de Campo Grande?
ODILON: Tenho quase certeza. Campo Grande, Dourados e a fronteira com o Paraguai possuem grande concentração de integrantes dessa facção, presos e também em liberdade. Anderson, nominado pela imprensa, realmente consta da lista de integrantes do PCC, ocupando, nesta capital, função de destaque. 
O assalto certamente teve duas finalidades: uma de natureza financeira e outra de cunho auto-afirmativo. Essa organização, a exemplo de outras, como o Comando Vermelho, para manter-se e ampliar seus domínios, precisa de recursos e seus membros subalternos guardam a obrigação normativa e moral de provar suas audácias contra autoridades. Isto serve de recado para o Poder Público.

3) CORREIO: O PCC tem condições para repetir os ataques de 2006?
ODILON: Tem potencial e disposição. Naquele ano, foram 1.032 ataques violentos, com um saldo de centenas de mortos, dos quais 119 policiais e agentes penitenciários. No mesmo ano, o terrorismo, no mundo todo, produziu 14 mil ataques e 20 mil mortes. Em 2008, havia um plano de ataques semelhantes, a ser executado nos dias anteriores às eleições, com conotações visivelmente políticas como fora em 2006. Não se concretizou porque, descoberto o plano, as autoridades adotaram providências preventivas, nulificando os atos preparatórios. O PCC vai continuar desafiando o Estado repressor.

4) CORREIO: Isto significa que o PCC está competindo com o Estado?
ODILON: Significa que a facção, por conta da generosidade das leis e da permissividade dos encarregados de aplicá-las, está afrontando a todos. Até o Exército, com todo o seu poderio e o respeito que impõe, foi recentemente vítima da ousadia dessa organização (roubo de armas de um quartel de Caçapava/SP e assalto a uma agência bancária situada no Quartel General do Exército, em Brasília-DF). 

De 2001 para cá, os ataques a fóruns estaduais, no Estado de São Paulo, inclusive com explosivos, foram muitos. O PCC desenvolve dois tipos de criminalidade
 a) institucional ou concentrada, onde se agrupam os delitos cujo controle está centralizado em sua cúpula, como os grandes assaltos, ataques a repartições, assassinatos de certas pessoas, rebeliões, certos seqüestros; 
b) esparsa ou incidental, onde se colocam todos os crimes para cuja execução não é necessário “salve” ou autorização da cúpula. O controle não é concentrado, dando-se por iniciativa e responsabilidade individuais ou de um grupo do partido. O produto se destina ao custeio de mensalidades devidas à facção e à subsistência dos próprios autores.

5) CORREIO: O que leva o PCC a se expandir pela América do Sul?
ODILON: A facção objetiva subir os degraus da criminalidade, preferencialmente adquirindo feições terroristas. Para isto, é necessário expandir seus domínios sobre uma base territorial cada vez maior. O grande atrativo do PCC no Paraguai, Bolívia e Colômbia são as drogas, notadamente a cocaína. Suas fontes de rendas são drogas, seqüestros, mensalidades, assaltos a bancos, a carros-fortes, cargas, investimentos etc. 

Com relação ao Paraguai, há outros atrativos: esconderijo, compra de armas, pistolagem e lavagem de dinheiro. Muitos cometem crimes no Brasil e fogem para aquele país, dificultando a ação da justiça brasileira. A aquisição de armamento para estruturação e para revenda é uma constante. Crimes de pistolagem rendem dinheiro para o pagamento de mensalidades ao grupo. Há inúmeras casas de câmbio, no Paraguai, sem controle rígido, para lavagem.

6) CORREIO: O PCC tem praticado seqüestros no Paraguai?
ODILON: Vários. Em 2001, o PCC e o Partido Pátria Livre, do Paraguai, sob a liderança das FARC, sequestraram Maria Edith, esposa de um empresário da construção civil. O resgate foi de 1 milhão de dólares. O Brasil deu asilo a três dos sequestradores: Juan Arron, Anuncio Martí e Victor Colmán. 

Uma vergonha! Em 2004, a vítima foi Cecília Cubas, filha do ex-presidente Raul Cubas. Foi pago resgate de 800 mil dólares, mas a vítima foi assassinada no cativeiro. Em maio de 2007, sob a liderança do brasileiro Valdecir Pinheiro, do PCC, a vítima foi o japonês Hirokazu Ota, chefe da Seita Moon, naquele país. Valdecir, morto pela polícia paraguaia em 2008, era acusado de mais nove seqüestros no Paraguai. Somente em 2007, o Paraguai registrou mais de sete seqüestros com suspeita de participação de brasileiros.

7) CORREIO: Que interesse tem as FARC em relação ao PCC?
ODILON: As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia possuem uma ideologia marxista, à falsa pregação de buscar uma sociedade igualitária, sem classes, gerenciada por um poder proletariado. A materialização dessa ideologia depende de um programa e a implantação deste necessita de receitas. Quarenta e cinco por cento da receita das FARC provêm de cocaína, vendida para o mundo todo. 

O Brasil, nesse cenário, é um grande cliente da Colômbia. O PCC negocia cocaína diretamente com as FARC e até lhe fornece armas saídas do Paraguai. Aquele grupo terrorista, buscando sua expansão nos demais países da América do Sul, difunde sua ideologia e procura reconhecimento político. Os laços mantidos com outras organizações, como o PCC e o PPL (Partido Pátria Livre) do Paraguai, fazem parte das relações internacionais cultivadas pelas FARC. Um dos benefícios obtidos está no fato de o Brasil haver concedido mais de 400 asilos políticos, desde o primeiro Governo Lula, a guerrilheiros colombianos.

8) CORREIO: Por que o senhor classifica o PCC como grupo terrorista?
ODILON: Terrorismo não é somente aquele ato de fundo religioso. Divide-se em duas grandes vertentes:  
- o terrorismo islâmico, existente apenas nos países seguidores do islã, embora ataque fora também, e o não islâmico. O primeiro é motivado por um conflito ideológico e normativo entre os costumes orientais e os ocidentais.

Sua ala fundamentalista, de que faz parte a  Al-Qaeda, de Bin Laden, pretende criar uma república mundial islâmica ou, pelo menos, não permitir que os costumes ocidentais influenciem a ideologia islâmica. Uma utopia. O terrorismo não islâmico também se subdivide em nacionalista (separatista ou político), político administrativo, étnico e moral. Diferente do islâmico fundamentalista, o nacionalista tem uma atuação territorial delimitada. O ramo separatista busca uma pátria, independência territorial, política e administrativa. 

O Hamas quer um Estado palestino em relação a Israel. O ETA, o IRA e os Tigres Tâmeis do Sri Lanka também são exemplos. Já o nacionalista político deseja apenas mudar a forma (república/monarquia) ou o sistema (presidencialismo/parlamentarismo) de governo, a forma de Estado (unitário/federativo) ou ainda o regime político (democrático/autoritário).

As FARC não querem dividir o território colombiano nem o Sendero Luminoso deseja isto no Peru, mas apenas a implantação de um regime marxista-leninista (comunismo). O Brasil viveu vários exemplos desse tipo de terrorismo, em torno de oito organizações, como a VPR (Vanguarda Popular Revolucionária – capitão Lamarca, Dilma Roussef), ALN (Aliança Libertadora Nacional – Carlos Marighella) e o MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro – Fernando Gabeira, Franklin Martins)

O político administrativo, normalmente com finalidade econômica, volta-se apenas contra o Estado repressor, atacando o Judiciário, o Ministério Público, o sistema penitenciário, pessoas, repartições. Sempre o faz com o intuito de remover de seu caminho o que compreenda como obstáculos a seus objetivos. Quando mata uma autoridade ou ataca um fórum, o objetivo não se esgota com esse resultado. Na verdade, esse é um meio para remover de sua frente o Estado repressor. Qualquer pessoa (João, José ou Pedro) exercente daquele cargo morreria. O fim não é matar a pessoa física, mas atingir o Estado. É diferente de um assassinato comum, onde a vontade do criminoso se esgota com a morte do desafeto. O PCC se enquadra nesta modalidade.

9) CORREIO: O que se deve fazer para combater o PCC?
ODILON: Primeiro, não pensar que o PCC está morto ou brincando. Segundo, é preciso conhecer, a fundo, o DNA dessa organização, edificando-se um mosaico completo a seu respeito. Por fim, reprimi-lo sem piedade. O Estado não deve se ajoelhar diante de bandidos. A liberdade das ruas e praças deve ficar reservada às pessoas de bem. Lugar de vagabundos é na cadeia. Só isto.

Odilon de Oliveira – Juiz Federal, Campo Grande-MS

www.radiovox.org