Gazeta do Povo
Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.
Autoridades políticas, ministros do STF, sindicalistas e jornalistas estão em polvorosa após o presidente Bolsonaro divulgar para alguns amigos via WhatsApp um vídeo sobre a manifestação do dia 15 contra "o Congresso". Saíram da toca em histeria falando até em impeachment, o que trai o oportunismo golpista de muitos ali.
Hoje, só no jornal carioca O GLOBO, temos inúmeras chamadas que apontam na mesma direção, inclusive o editorial, como se nossa democracia estivesse em risco pela atitude autoritária do presidente:
Miriam Leitão considerou "gravíssimo" o fato de o presidente compartilhar vídeos com mensagem "antidemocrática" e com "ameaças a um dos poderes":
O bom trabalho jornalístico consiste em fazer as perguntas difíceis, incômodas. Portanto, pergunto: onde há mensagem antidemocrática ali ou ameaça a um dos poderes? Poderia Miriam, como jornalista, mostrar? Ou a narrativa importa mais do que... vossa excelência, o fato? Quando vejo Ciro "Retroescavadeira" Gomes, Marina Silva, Alessandro Molon, Lula, Gleisi Hoffmann, Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Rodrigo Maia e tutti quanti unidos em torno de uma só mensagem, confesso que meu instinto de sobrevivência democrática fala mais alto e tomo imediatamente o lado oposto. É disso que se trata.
[pergunta que não quer calar: o que motiva o deputado, presidente da Câmara e auto nomeado "primeiro-ministro" e "corregedor geral dos poderes", deixar o Brasil - em tempos de coronavírus e 'crise' política - esta necessitando da 'eficiência' do corregedor-geral dos poderes - viajar para a Espanha e discutir parlamentarismo?]
Kimberley Strassell, do WSJ, escreveu um livro fundamental para compreender o fenômeno, já que o caso de Trump nos Estados Unidos guarda certas semelhanças fundamentais com o de Bolsonaro no Brasil. Em Resistance (At All Costs), ela mostra como o establishment, com apoio da mídia mainstream, ameaça muito mais as instituições republicanas do que qualquer arroubo de Trump.
Seguros de que Trump era a pior ameaça à democracia da história, antes mesmo de ele começar a governar, o "deep state" partiu para o ataque. O livro entra em detalhes de como o FBI sob Comey, por exemplo, ignorou todas as regras republicanas para perseguir um adversário ideológico. A Câmara sob Nancy Pelosi partiu para um impeachment sem fundamento. Tudo isso, e muito mais, enfraquece as instituições de uma forma que Trump jamais conseguiria fazer.
É análogo ao que estamos vendo no Brasil. A reação histérica do establishment mostra uma disposição de "vencer no tapetão", de derrubar Bolsonaro a qualquer custo, já que ele venceu nas urnas e não aderiu ao toma-lá-dá-cá no Congresso, além de ter declarado guerra à imprensa partidária.
Não é preciso negar a existência de arroubos autoritários de ala do bolsonarismo para entender isso e condenar essa postura. A tática deles consiste em pegar a minoria extremista que desce o nível nos ataques indefensáveis contra a jornalista e tratar como se isso fosse o todo de quem adota isenção e não cai em histeria com a mensagem de Bolsonaro. É como se todos que a condenaram fossem vistos como petistas e Ciro "Escavadeira".
Eu entendo: é a velha tática do espantalho. É muito mais fácil entrar num embate com o "Churrasqueiro do Inferno" ou o "Allan dos Panos" do que com Augusto Nunes, Alexandre Garcia, Guilherme Fiuza, J.R. Guzzo etc. Quem condena a baixaria de alguns bolsonaristas radicais, e também a histeria oportunista dos jornalistas de esquerda, acaba complicando a vida dos golpistas, né?
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Enquanto isso... a Venezuela de Maduro tem uma polícia pessoal de elite acusada de recrutar ex-criminosos. Isso sim, é uma ditadura, o socialismo com cores fascistas. Mas o PT e o PSOL, ícones da "resistência democrática", defendem o companheiro. É preciso atacar os alvos certos, ter senso de proporção e prioridade, pois quando se enxerga "fascismo" em todo canto, menos onde ele realmente existe, a máscara democrata cai e expõe a carranca da hipocrisia dos golpistas...
Rodrigo Constantino, economista e autor de vários livros - Vozes - Gazeta do Povo
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