É um contrassenso reduzir o número de passageiros e gerar imensas filas nas estações
Medidas de restrições nos transportes precisam ser mais bem calibradas
Reduzir o número de pessoas nos transportes é medida importante para
conter o novo coronavírus. Tem sido assim no mundo inteiro. Na atual
circunstância, ônibus, trens, barcas e metrô lotados, como é costume na
Região Metropolitana do Rio, são uma insanidade, sabendo-se que o vírus
se propaga facilmente em lugares fechados e com grandes concentrações —
mesmo em ambientes abertos, autoridades recomendam distância de dois
metros entre as pessoas. Portanto, as restrições impostas pelo
governador Wilson Witzel para diminuir o número de passageiros estão no
caminho certo. Mas, ontem, no primeiro dia útil em vigor, criaram um
outro problema. Desde cedo, filas quilométricas se formaram em estações
de metrô, trens e barcas. E o que era para evitar aglomerações do lado
de dentro acabou gerando aglomerações do lado de fora. Um contrassenso.
Certamente o decreto precisará receber ajustes. Há casos não contemplados, como o de cuidadores de idosos. Ontem, muitos desses profissionais que estavam nas filas foram impedidos de embarcar e não puderam ir ao trabalho. Porém, há quem dependa deles. Não é só nos transportes que medidas bem-intencionadas acabam cumprindo objetivo inverso. No primeiro dia de vacinação contra a gripe, grandes filas de idosos foram observadas diante dos postos de saúde no Rio. O que não é recomendado para um dos grupos vulneráveis à Covid-19. A vacinação em postos do Detran, em sistema de drive-thru, é boa ideia, mas também houve filas.
Editorial - O Globo
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