Ricardo Noblat
Nova acusação: o uso do aparelho de Estado em defesa dos filhos
O
presidente Jair Bolsonaro sabia que a Agência Brasileira de Inteligência
(ABIN), que não é órgão de governo, mas de Estado, orientou a defesa do senador
Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) na tentativa de salvá-lo da acusação de ter
embolsado dinheiro público quando era deputado estadual no Rio de Janeiro?
Em tempo: não esqueçam que processo de impeachment é um julgamento político e só decola com, no mínimo 342 votos favoráveis dos deputados (ainda que decolando, pode resultar em nada = sendo que o nada, sempre será um atestado de inocência do presidente) Bom lembrar que tivesse ocorrido 'rachadinha' Flávio Bolsonaro teria que ser punido com rigor. Mas vamos fazer a coisa certa = 'rachadinha', quando ocorre, consiste em um político que emprega terceiros em seu gabinete, exige que parte do salário dos que empregou lhe seja devolvido = assim, é roubo (mais para extorsão) não de dinheiro público = quando ocorre a expropriação, o dinheiro já pertence ao expropriado.]
Essa
é mais uma pergunta que teima doravante em não calar, e que se reúne a um monte
de outras que Bolsonaro e seus auxiliares se recusam a responder. Uma não tão
antiga: por que Fabrício Queiroz e Márcia, sua mulher, depositaram 89 mil reais
na conta bancária de Michelle Bolsonaro, a primeira-dama? [provem a ocorrência do depósito, na sequência provem que foi ilegal, por fim denunciem = os depositantes e quem foi o favorecido do depósito. Sem isso, são bytes perdidos.]
Se Bolsonaro sabia que a ABIN, chefiada por um delegado amigo dele e dos filhos, ajudou a defesa de Flávio, cometeu crime de responsabilidade previsto na Constituição e está sujeito a responder a processo de impeachment. [não esqueçam que as provas são indispensáveis = ilações e papel higiênico usado possuem o mesmo valor. Não pode ser esquecido que o ex-presidente Temer foi acusado de vários supostos crimes, tudo na base de interpretações dirigidas, de ilações, e nada foi provado. O indivíduo que o acusou, já se encontra no esquecimento = no lixão da história. ] Centrão, seu aliado, tem votos para impedir a cassação do mandato. A não ser…
Que ironia! No dia em que se tornou público que a ABIN, em dois relatórios enviados a Flávio e aos seus advogados, ensinou-lhes o caminho das pedras para garantir a impunidade do senador, um juiz paulista arquivou processo por falta de provas contra Lula e seu filho Lulinha, investigados por lavagem de dinheiro.
(...........)
Não será fácil para ele escapar sem graves sequelas do Abingate. Local do crime: o Palácio do Planalto onde há poucos meses a operação para proteger Flávio foi discutida. Sócios do crime[sic]: Bolsonaro, Alexandre Ramagem, chefe da ABIN, e o general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional.
O crime: obstrução de Justiça. Prova documental: os relatórios produzidos pela ABIN que os advogados de Flávio confirmam que receberam. A ABIN nega a autoria dos relatórios, assim como o general Heleno. Vão negar o resto da vida. Mas eles e Bolsonaro já admitiram a reunião com os advogados no Palácio do Planalto. [o enredo e as 'provas' apresentadas não mudam - o delator diz para um inimigo do presidente que tal coisa ocorreu, o inimigo adequa a narrativa aos seus interesses, passa pra frente;
o acusado - sempre o presidente Bolsonaro ou seus familiares (como bem diz o Guzzo 'falar mal dele, sobre qualquer
coisa, dá cartaz automático hoje em dia'), não confirmam = é direito de qualquer acusado não confirmar o que não ocorreu e segue a vida.]
Está
aí o último serviço que o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) poderia prestar ao
país na condição de presidente da Câmara – aceitar um dos mais de 50 pedidos de
abertura de impeachment contra Bolsonaro que dormem em sua gaveta. Ou um dos
próximos que serão naturalmente apresentados. Motivos
para isso não faltam e, em breve, o governo oferecerá mais um – o eventual
fracasso da vacinação em massa dos brasileiros contra a Covid-19. Em março
último, o então ministro Luiz Mandetta, da Saúde, previu que se o governo nada
fizesse, morreriam até dezembro 180 mil pessoas. [a Revista VEJA - Radar publicou matéria sobre contratos superfaturados no Ministério da Saúde durante a gestão
Mandetta.
Saber mais, clique aqui.] Cumpriu-se a previsão.
Blog do Noblat - VEJA - Ricardo Noblat, jornalista
Nenhum comentário:
Postar um comentário