Análise Política
Ou seja: como o
ministério deixa esticar conversas com autonomeados intermediários sem
pedir comprovação de que de fato representam os laboratórios cujas
vacinas propõem intermediar?
Um ofício, um documento. Ou, no mínimo,
mandar mensagem para o laboratório perguntando: "Vem cá, fulano de tal
realmente representa a empresa dos senhores e tem como negociar
vacinas?".
Num planeta em que vacinas são
disputadas a tapa pelos países não produtores, como é que se envereda
numa conversa com alguém que diz ter centenas de milhões de doses de
vacinas para entregar, sem que tenha ocorrido a alguém a seguinte ideia:
"Se a AstraZeneca ou a Janssen têm esse tanto de vacinas disponíveis,
não seria o caso de negociar diretamente com eles?".
É
possível que haja respostas a essas e outras perguntas, mas não resta
dúvida a esta altura que alguém se enredou numa conversa complicada com
alguém, ou alguéns. E isso está tendo impacto direto não apenas na
política, mas talvez na própria vacinação. Pois uma CPI que começou
empenhada em questionar por que não temos mais vacinas repentinamente
inverteu a rota.
No momento, as curvas de casos
e mortes estão em queda. Mas nada impede haver um novo repique,
eventualmente trazido por alguma nova variante. Deveríamos portanto
estar todos orientados a buscar a maior quantidade de vacinas possível.
Mas parece que não há mais ninguém no país interessado em seguir esse
caminho.
Alon Feuerwerker, jornalista e analista político
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