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segunda-feira, 4 de outubro de 2021

As ruas e as pesquisas - Alon Feuerwerker


Análise Política 

Parece haver uma contradição entre dois medidores de sinais na conjuntura. O presidente da República vem mostrando bem mais capacidade de mobilização popular direta que os adversários, mas nas pesquisas de intenção de voto. [pesquisas???]  Jair Bolsonaro aparece atrás de seu principal concorrente. Em algumas, aparece em desvantagem contra praticamente todos os até agora postulantes a um lugar no grid.

Sempre haverá quem diga, então, que não se deve confiar nas pesquisas. Ou, do outro lado, que fatores extracampo influíram para a apenas relativa adesão aos atos antibolsonaristas. Cada um cultiva a tese que mais lhe convém. Mas vale a pena buscar olhar os fatos como são e tentar acender uma vela em vez de maldizer a escuridão. E se as duas coisas, apesar de contraditórias, espelharem aspectos da mesma realidade?

É perfeitamente possível o presidente da República estar ilhado em seus cerca de 30% de aprovação, mas ela estar apoiada em um contingente muito mobilizável. Aliás, um parêntese: aprovação só pode ser aferida quando se pergunta “aprova ou desaprova” o governo ou o presidente. Misturar “ótimo+bom” com “aprovação” é um erro metodológico. Se não for por outra razão, pelo simples fato de parte do “regular” certamente aprovar.

Também é perfeitamente possível que a rejeição a Bolsonaro se materialize, no momento, na adesão automática a algum adversário, mas sem haver por enquanto entusiasmo suficiente na massa não militante para qualquer coisa além de responder a pesquisas. O que não chega a resolver o problema do incumbente. Pois, se não é pesquisa que decide eleição, tampouco o vencedor é definido pelo tanto de gente que põe na rua.

Mas a capacidade de mobilização direta não deve ser subestimada. Além de injetar ânimo nos apoiadores, acaba despertando e estimulando dúvidas nos mais propensos a definir seu lado a partir das possibilidades de sucesso. Acaba funcionando, a exemplo das pesquisas, como força centrípeta, como elemento que impede, ou pelo menos dificulta, a dissolução da expectativa de poder. E isso é ainda mais vital para quem está no governo e quer continuar.

Aguardam-se os próximos capítulos. E os fatos novos. A Comissão Parlamentar de Inquérito na Covid-19 no Senado concluirá seus trabalhos com um relatório que, se não houver surpresa, buscará incriminar pesadamente o presidente e o entorno dele. Só o futuro dirá qual será a consequência jurídica. Mas no plano político o desgaste para o ocupante do Planalto e candidato à reeleição parece previamente precificado.

Na economia, o emprego dá sinais de alguma reação, no Caged e no IBGE, mas a inflação mostra-se resiliente. De todo modo, é improvável que o governo vá assistir passivamente à perenização das dificuldades econômicas. O laissez faire, laissez passer não costuma ser muito popular em ano de eleição, especialmente quando o governante está em desvantagem. É pule de dez que Bolsonaro adotará medidas para enfrentar os gargalos econômicos.

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político 

 

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