Relatório da proposta pode ser votado hoje, e Conselho Nacional dos Corregedores Gerais dos MPs se sente alijado. Estratégias estão sendo avaliadas para que texto não siga adiante
Em nosso entendimento o Congresso Nacional é o PODER LEGISLATIVO, portanto, um dos 3 Poderes de União e tem como principal função a de legislar, sobre tudo e sobre todos, exceto nos casos em que a Constituição proíba. A Carta Magna dispõe no parágrafo 2º do artigo 127, em um dos seus comandos sobre o MP que "a lei disporá sobre sua organização e funcionamento."
De acordo com a presidente do Conselho e corregedora-geral do Rio de Janeiro, Luciana Sapha Silveira, a ausência do diálogo com os corregedores, maiores afetados pela proposta, “destrói” a instituição. “A aprovação da PEC 5, nesses termos, vai desconfigurar o Ministério Público de tal forma que a sociedade não vai mais reconhecê-lo. A atuação independente e forte, como se teve desde 1988, não vai mais existir. Isso não é um aperfeiçoamento, é a destruição da instituição. Não fomos chamados nem para concordar com o que quer que seja”, afirmou.
Para Celso Jerônimo de Souza, corregedor-geral do Acre, toda alteração deve ser primeiro aperfeiçoada e, para isso, é preciso um diálogo para entender as falhas. “Não seríamos contra que se modificasse a Constituição se de fato fizesse sentido. Na nossa visão, isso não aperfeiçoa, isso destrói a instituição. A sociedade pode estar interessada nisso, mas não sei se foi consultada se prefere que a instituição seja desmantelada”, criticou.
A corregedora-geral do Maranhão, Themis Pacheco de
Carvalho, afirma que é essencial que o Congresso ouça o Conselho. “Essa é
nossa luta: mostrar para o legislador que essas alterações não são
necessárias. Estão querendo fazer uma reforma numa casa sem consultar o
dono”, afirmou.
Em publicação no twitter, ontem, o ex-ministro da
Justiça Sergio Moro afirmou que os promotores poderão sofrer
“retaliações” e “punições” quando estiverem investigando pessoas
poderosas ou com influência política. “Você acha que o promotor vai
conseguir realizar o seu trabalho sem medo de sofrer retaliações ou
punições? Essa proposta não é boa para o Brasil. Tirar a independência
do ministério público é desproteger a sociedade. É deixar as vítimas
daqueles crimes vulneráveis”, disse.
Na última semana, o relator da proposta na Câmara, Paulo Magalhães (PSD-BA), se reuniu com entidades e conselhos de representantes dos membros do MP para elaborar o relatório, mas segundo o CNCGMP, os corregedores não foram ouvidos. O texto apresentado ao Congresso no começo do ano, impõe alterações no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) — como a composição do colegiado, ao ampliar o número de integrantes indicados pelo Congresso. Outra mudança proposta é dar ao Parlamento a prerrogativa de indicar o corregedor do Ministério Público.
Política - Correio Braziliense
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