Dia 8 de março é o Dia Internacional da Mulher. A data foi criada pela União Soviética, na época em que intelectuais vanguardistas gostavam da palavra “internacional”. Hoje não temos nem intelectuais vanguardistas, já que as ideias da moda são repetidas mundo afora por letrados menores. Por menos que eu goste de Sartre, devo reconhecer que seu nome tinha um peso igual no Brasil e na França. Hoje, temos uma Robin Di Angelo nos Estados Unidos dizendo as mesmas coisas que Djamila Ribeiro no Brasil, sendo que Robin Di Angelo não é conhecida no Brasil e Djamila Ribeiro não é conhecida nos Estados Unidos. Ambas dizem as mesmas coisas, mas não se citam. Sartre usava palavras difíceis e tinha ideias complexas. Hoje, tudo cabe em slogan. No mundo, hoje, tudo é slogan anônimo repetido por figuras menores. Não está mais em voga o pensamento autoral.
Propaganda comunista de 1960 em Dresden, na Alemanha.- Foto: BigstockNão há intelectuais vanguardistas; em vez disso, há figuras menores que repetem slogans. Pois bem: nem entre essas figuras se usa mais a palavra “internacional”. Em vez disso, diz-se “global”. Ora, internacional significa “entre nações”. Nessa mudança, eliminou-se a ideia de nação. Há apenas um globo.
Internacionalismo é datadoOlhando para o “Internacional”, podemos dizer que “Dia Internacional da Mulher” tem um marcador ideológico comunista. Ninguém chamava tudo de “internacional” no começo do século 20; internacionalismo era coisa de comunista.
Mas o comunismo está fora de moda. A outra palavra que não se ajusta bem aos novos tempos é “mulher”. Ao comunismo interessava retrabalhar a imagem da mulher; e, se olharmos para a iconografia soviética do 8 de março, veremos sempre mulheres levemente masculinizadas, ora com punhos para cima, ora como trabalhadora fabril. O comunismo abominava a vida rural e tinha como motor de progresso o proletariado urbano. Ora, as mulheres foram parcela importante do proletariado durante a Revolução Industrial, alavancada justamente por teares mecânicos. Mulheres podem trabalhar na indústria têxtil no mínimo tão bem quanto os homens.
Podemos ainda considerar que a diminuição das diferenças sociais entre homens e mulheres tem tudo a ver com o processo de industrialização. No mundo rural arcaico, o trabalho braçal masculino era muito diferente do feminino. Assim, era de esperar que houvesse uma divisão do trabalho e, por conseguinte, uma relação de dependência (ou cooperação) num lar. Quando homem e mulher podem fazer o mesmo tipo de trabalho e trocá-lo por salário, ambos passam a ficar mutuamente independentes (o que é um aumento de liberdade) e tornam-se potenciais rivais (para alegria do patrão, que agora pode pagar menos, com a duplicação da mão de obra).
Como o comunismo é economicista, faz sentido que olhe para os homens e mulheres com os olhos de patrão, isto é, com os olhos de quem quer o trabalho feito e não pense no bem estar da população. Se as mulheres forem iguais aos homens, isso significa que o Estado tem duas vezes mais trabalhadores à disposição. No melhor dos mundos, para o Estado, as mulheres seriam tão semelhantes aos homens que poderiam ir à guerra.
Igualdade ilusória via aleijamento
Propaganda antimulher
Abigail Shrier elenca uma série de razões para isso. A principal delas é a pura e simples propaganda da ideologia de gênero, feita na Califórnia desde a pré-escola. Mulheres jovens são mais dependentes de aceitação dos pares e mais propensas a adoecerem por contágio social (vide anorexia). Já falei algumas vezes disto, então vou focar numa outra: o aumento da pornografia entre os jovens – que é cada vez mais violenta. As mulheres aparecem sendo estranguladas e apanhando, sem nenhuma aparência de sentirem prazer com aquilo.
Reduzir alguém à anatomia é feio (transfóbico), se a anatomia for masculina. Se for a feminina, pode; é inclusivo para a comunidade trans.
Criação de uma nova data
Como vemos, não é mais “internacional” que está datado, no Dia Internacional da Mulher. Não há nações, logo não há internacional. “Mulher”, hoje, deve significar aquelas criaturas maravilhosas que enfrentam todo o preconceito, passam um batom e enchem de porrada os corpos com vagina que praticam luta.
Deixemos o Dia Internacional da Mulher no dia 8. É para elas, as trans. O Dia Global do Corpo Com Vagina será o dia 9 de março.
Os veganos poderão comprar um presente para o marido não-binário e para a cadela.
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