O
suicídio político de Arthur do Val está sendo patético. Ele conseguira
aquilo que muitos tentam e poucos conseguem, ou seja, sair do anonimato
para a fama e desta para o sucesso político-eleitoral num breve espaço
de tempo. A rápida
escalada lhe foi proporcionada pelo bom uso de recursos argumentativos e
disposição para evidenciar o despreparo da juventude esquerdista em
rápidas e corajosas entrevistas de rua. Foi agredido, apanhou, mas
continuou seu trabalho com determinação e ousadia.
Meio milhão
de eleitores fizeram dele o segundo deputado estadual mais votado de São
Paulo. Dois anos depois, concorreu a prefeito da capital na eleição
vencida por Bruno Covas e ficou em 5º lugar. Agora, aspirava ser
candidato a governador. Seu prestígio, portanto, se não cresceu, não
foi consumido pelo tempo e resistiu ao desgaste do MBL, grupo político a
que pertencia.
A ideia
presente no longo discurso sexista do deputado que viu as loiras da fila
como objeto de usufruto e descarte pode ser amplamente observada na
vida social. No entanto, jamais deixará de ser desumano e perverso numa
perspectiva emocional e moral. A prova disso é que, verbalizado, dá no
que deu.
O episódio
fornece mais do que isso para se pensar. Será realmente próprio do ser
humano ver o sexo apenas como fonte de prazer, lazer e satisfação? Há
meio século, em artigo intitulado “A civilização do prazer”, Gustavo
Corção, diagnosticou que “O praticante da moral do prazer se torna
grosseiro, embotado, às vezes enganosamente aprimorado na conquista de
tais bens, e inevitavelmente, como já vimos, se torna exigente de doses
maiores...”.[o deputado errou em tudo - praticamente, cada palavra que expeliu, foi ofensiva, insultuosa.
Ofendeu às mulheres - não vamos entrar no conceito do que é ser fácil ou dificil - ofendeu aos pobres, quando atribuiu aos atingidos pela pobreza as propensão a seguir o caminho "fácil" de se venderem e encerrou a diarreia esquecendo que as ucranianas na fila, não estavam se oferecendo, lá estavam por seu país estar em guerra com a Rússia, condição que gera absoluta e total carência - não estavam lá para imbecis avaliarem como se mercadoria fossem.
Agora, só resta oferece ao futuro ex-deputado aquela palavra de consolo: f ... -se.]
Percival Puggina - Conservadores e liberais
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