Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador Banestado. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Banestado. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 29 de dezembro de 2020

O pino da granada - Eliane Cantanhêde

O Estado de S. Paulo

O acesso de Lula às mensagens hackeadas da Lava Jato vai explodir no STF e em 2022

Ao abrir os arquivos hackeados da Lava Jato para os advogados do ex-presidente Lula, o ministro Ricardo Lewandowski tirou o pino da granada e vem por aí uma explosão política com epicentro no Supremo Tribunal Federal e estilhaços nas eleições presidenciais de 2022. Lewandowski escolheu o momento a dedo, com o Supremo já em chamas.

[o ministro Lewandowski, que dedica grande apreço à família  'Lula da Silva', tirou o pino da granada sem se preocupar com com efeitos colaterais, esquecendo que tais efeitos podem ser benéficos para o Brasil = é comum que uma explosão política desencadeie um processo de mudanças  e nossa Pátria precisa mudar radicalmente em muitos pontos.]

Os arquivos têm cerca de 7 TB (terabytes) de memória, o que corresponde a toneladas de papel, mas Lewandowski permitiu o acesso da defesa de Lula “apenas” às mensagens de autoridades – o então juiz Sérgio Moro e a força-tarefa da Lava Jato – que tenham relação com o ex-presidente e as ações contra ele. Detalhe: mensagens que digam respeito a ele até indiretamente, o que abre uma janela sem fim.

O impacto mais previsível tende a ser no julgamento sobre os pedidos de suspeição de Moro nos casos de Lula, que estão na Segunda Turma do STF e embutem a tentativa de anular suas condenações pelo triplex do Guarujá, pelo qual já ficou 580 dias preso, e pelo sítio de Atibaia. Se o STF declara a suspeição de Moro, tudo volta à primeira instância, à estaca zero. E Lula se torna elegível em 2022. [faltarão votos para o petista, mas para os inimigos do Brasil = inimigos do presidente Bolsonaro = qualquer tentativa vale para impedir que o capitão seja reeleito e, quem sabe, não conclua o atual mandato. Esquecem que os efeitos de uma explosão, prioriza a expansão em círculos.]

A sinalização é pró-Lula, anti-Moro. Em agosto deste ano, a Segunda Turma decidiu pela “parcialidade” do então juiz e anulou a sentença do doleiro Paulo Roberto Krug no caso Banestado, sob alegação do próprio Lewandowski e do ministro Gilmar Mendes de que Moro teria atuado não como juiz, mas como “auxiliar” do Ministério Público até na produção de provas. Essa alegação é a mesma nos casos de Lula.

Diferentemente de Gilmar, Marco Aurélio e Luiz Roberto Barroso, por exemplo, Lewandowski não é dado a palestras, entrevistas e polêmicas públicas. Ele não fala, age. E age sempre na mesma direção: a favor de Lula, para corrigir o que considera erros históricos contra o maior líder popular do País pós-redemocratização. É como se a prisão de Lula estivesse engasgada na garganta.

Não tão petistas, ou nada petistas, outros ministros dividem com Lewandowski a convicção de que a prisão de Lula foi um excesso, logo injusta. “A gente deve a Lula um julgamento decente”, repete Gilmar há anos, enquanto nas redes sociais grassa uma comparação: o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) comprou e vendeu uns 20 imóveis, muitas vezes com dinheiro vivo, mas Lula foi preso por um apartamento que nunca comprou, vendeu ou usou.

A decisão de Lewandowski, portanto, é lenha, álcool e palha na fogueira do Supremo em 2021, que vai chegando ao fim com uma rebelião dos ministros Gilmar, Lewandowski, Marco Aurélio e Alexandre de Moraes contra o presidente Luiz Fux, com Dias Toffoli no banco de reservas. Eles simplesmente decidiram cancelar o próprio recesso e ficar de prontidão. Para quê? Para impedir decisões monocráticas de Fux em processos em que sejam relatores.

Marco Aurélio já cancelou seu recesso durante a presidência de Toffoli, mas não há precedente de quatro ministros agirem assim juntos e isso caracteriza um “atestado de desconfiança” em relação a Fux. Eles são anti Lava Jato, ele é a favor. E a guerra comporta uma provocação: se a mídia usa o vazamento de informações sigilosas, como pode se indignar com o acesso de Lula a tudo o que foi dito – ou armado, como dizem – contra ele?

O efeito político deve ser favorável ao presidente Jair Bolsonaro. Qualquer decisão benevolente com Lula tende a ter correspondência nos processos contra o senador Flávio. E, se os processos são anulados e Lula se torna elegível, isso vai eletrizar o País e acirrar a polarização Lula versus Bolsonaro em 2022, o que ainda é favorável ao capitão, como em 2018. Ao garantir uma “reparação” para Lula, o Supremo pode acabar beneficiando Bolsonaro. [por favor, ministro Lewandowski não reponha o pino, não tente impedir a explosão - ela será boa para o Brasil.]

Eliane Cantanhêde, colunista -  O Estado de S. Paulo


quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Os três embates entre Lula e a nova juíza da Lava Jato

Ex-presidente e magistrada tiveram momentos de tensão logo no início e no final de interrogatório sobre sítio de Atibaia (SP)

Assim como o juiz federal Sergio Moro, que deixará a magistratura para assumir o Ministério da Justiça e Segurança Pública do governo Jair Bolsonaro, a juíza federal substituta Gabriela Hardt também teve embates com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao ficar frente a frente com ele durante uma audiência de processo da Operação Lava Jato.

No interrogatório de Lula na ação envolvendo o sítio de Atibaia (SP), nesta quarta-feira, 14, foram três os momentos de tensão entre o petista e a magistrada. A existência do sítio de Atibaia e os favores da Odebrecht a Lula foram reveladas em 2015 por VEJA.
Logo no início do depoimento, a juíza perguntou se o ex-presidente sabia do que era acusado no processo. Lula respondeu que não e gostaria que ela explicasse. Gabriela, então passou a citar as acusações pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por suposto recebimento de propinas de empreiteiras por meio de obras na propriedade do interior paulista.

O petista, em seguida, replicou: “Eu sou dono do sítio ou não?”. Do outro lado, Gabriela Hardt deu uma resposta ríspida. “Isso é o senhor que tem que responder não eu, doutor, e não estou sendo interrogada nesse momento. Senhor ex-presidente, esse é um interrogatório, e se o senhor começar nesse tom comigo a gente vai ter problema. Então vamos começar de novo, eu sou a juíza do caso e vou fazer as perguntas que eu preciso para que o caso seja esclarecido para que eu possa sentenciá-lo ou algum colega possa sentenciá-lo”, cortou.

O advogado Roberto Batochio, que defende Lula, interrompeu a altercação e alegou que o ex-presidente poderia se manifestar como quisesse. A magistrada rebateu: “ele responde respondendo e não fazendo perguntas ao juízo ou à acusação”.  “Pelo que eu sei é meu tempo de falar”, afirmou Lula, que ouviu de Gabriela que “é o tempo de responder minhas perguntas, não vou responder interrogatório nem questionamentos aqui, está claro? Está claro que não vou ser interrogada?”.

O petista ainda disse que “não imaginou” que seria assim. A juíza replicou: “eu também não imaginava, então vamos começar com as perguntas, eu já fiz um resumo da acusação e vou fazer perguntas, o senhor fica em silêncio ou o senhor responde”.

‘Instigando’ petistas

O segundo embate entre Lula e Gabriela Hardt ocorreu já no final do interrogatório, quando o ex-presidente criticou o famoso PowerPoint utilizado pelo Ministério Público Federal (MPF) ao apresentar a denúncia contra ele no caso do tríplex do Guarujá (SP).
“Eu, se fosse presidente do PT, pediria para que todos os filiados do PT no Brasil inteiro, prefeitos, deputados, abrissem processo contra o Ministério Público para ele provar o PowerPoint”, cutucou.

A juíza não gostou nada da sugestão do petista e disse que ele estava “intimidando” os procuradores. “O senhor está intimidando a acusação assim, senhor presidente. Por favor vamos mudar o tom, o senhor está intimidando, está instigando e está intimidando a acusação. Eu não vou permitir. O senhor não fale isso de novo, o senhor está estimulando os filiados ao partido a tumultuarem o processo e os trabalhos, se isso acontecer o senhor será responsável”, repreendeu Gabriela.

Após uma breve intervenção de Cristiano Zanin Martins, outro defensor do ex-presidente, a magistrada continuou a bronca: “você tumultuar a Justiça por meio de diversas ações que você tem que responder, contestar, prestar informação, isso é intimidar, porque nos tira do nosso trabalho diário para ter que ficar respondendo intimações, informações e questões que não são pertinentes”.

A ‘amizade’ entre Moro e Youssef
O terceiro e último momento de tensão entre réu e juíza aconteceu pouco após o segundo, já na fase de perguntas do próprio Zanin a Lula. O advogado questionava o petista sobre o processo de escolha de diretores de estatais e o ex-presidente disse que a Lava Jato inovou ao investigar os processos de indicações na Petrobras. Aproveitou, então, para dizer que a “novidade” talvez se devesse à “amizade” entre Sergio Moro e o doleiro Alberto Youssef.
“No caso da Petrobras, houve essa questão de jogar a suspeita sobre a indicação de pessoas. É triste, mas é assim, possivelmente por conta de que o delator principal é Youssef, que era amigo do moro desde o caso do Banestado”, criticou.

Sem se dirigir a Lula, mas a seu advogado, Gabriela Hardt respondeu que “ele não vai fazer acusações a meu colega aqui”.
“Não estou acusando, estou constatando um fato”, rebateu Lula. “Não é um fato, porque o Moro não é amigo do Youssef, nunca foi”, afirmou a magistrada na tréplica. “Mas manteve ele sob vigilância oito anos”, insistiu o petista. “Ele não ficou sob vigilância oito anos e é melhor o senhor parar com isso”, advertiu Gabriela.

Revista Veja