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domingo, 6 de novembro de 2022

A Direita Está aí

Revista Oeste

Os protestos contra o desempenho do TSE na campanha e o cerco à Jovem Pan estão entre os destaques da Oeste

 

Capa da Revista Oeste. Edição 137. Mesmo sob chuva, uma multidão se reúne na frente do Comando Militar do Leste, na Praça Duque de Caxias, no centro do Rio de Janeiro, nesta quarta, dia 02 | Foto: Redes Sociais

Bastou ser anunciada a vitória de Lula na eleição presidencial para que o chamado Orçamento secreto (“um escândalo comparável ao Mensalão”, berrava a imprensa velha) fosse reduzido a um inofensivo punhado de “emendas do relator”. Com a mesma brandura, a Folha comunicou na manchete que a “equipe de Lula vai propor ‘PEC da transição’ para autorizar gastos extras em 2023”. Tradução: o chefão do PT pretende estourar o teto de gastos e colocar em risco a estabilidade econômica do país, conquistada depois da catastrófica herança legada por Dilma Rousseff.

Na mesma semana que se sucedeu à eleição, o ministro Luís Roberto Barroso, em nome do STF, publicou um despacho que modifica uma das cláusulas pétreas da Constituição: o direito à propriedade. 
 E Alexandre de Moraes, presidente do TSE, continuou convencido de que manda no Brasil ao ameaçar de prisão o chefe da Polícia Rodoviária Federal. “Qual a lei que permite ao chefe da “justiça” eleitoral se intrometer em greve de motorista de caminhão?”, pergunta J.R. Guzzo nesta edição de Oeste.

“O PT, a esquerda e o STF, mais a mídia em peso, estão falando há quatro anos que Bolsonaro é o maior perigo que jamais surgiu para a democracia brasileira; a única salvação era votar em Lula”, registra Guzzo. “Pois aí está: não há mais Bolsonaro nenhum, e querem continuar violando a lei para salvar as ‘instituições’”.

O PT juntou-se a essa marcha da insensatez com a ideia de criar uma “Guarda Nacional” que substituiria o Exército como a principal força armada do país. “Lula nunca presidiu o país com um PT tão extremista como o de hoje, nem com um Supremo que se comporta como esse, e nem com uma mídia que está à esquerda de ambos”, observa Guzzo.

Essa mesma mídia encampou alegremente a censura a veículos de comunicação, que suprime o sagrado direito à informação. “Durante todo o governo Bolsonaro, quem quer que enxergasse alguma virtude na agenda ou na equipe era logo tachado de ‘blogueiro bolsonarista’”, lembra Rodrigo Constantino. “Aconteceu o mesmo com empresários: nunca antes tínhamos ouvido falar em empresários petistas ou empresários tucanos, mas aqueles empresários que apostavam no governo de direita foram logo rotulados de empresários bolsonaristas, o que, para a mídia militante, é sinônimo de golpista”.

A caça às bruxas teve como um de seus alvos preferenciais a emissora Jovem Pan, bombardeada por invencionices, surtos de inveja, ataques de intolerância e restrições arrogantes baixadas por Alexandre de Moraes. O resultado da queda de braço foi a demissão, no dia seguinte à apuração dos votos, de um grupo de jornalistas que inclui Augusto Nunes, Guilherme Fiuza e Caio Coppolla.

Em 2 de novembro, irromperam em todo o país manifestações de protesto contra o desempenho do Poder Judiciário, com destaque para o Tribunal Superior Eleitoral, numa campanha manchada por preferências políticas e ideológicas de autoridades obrigadas por lei a agir com imparcialidade.  
A paralisação dos caminhoneiros e as multidões nas ruas avisam que o governo Lula vai provar do próprio veneno: pela primeira vez, enfrentará uma oposição tão feroz quanto a que moveu contra todos os presidentes que não pertenciam ao PT.

 Branca Nunes - Diretora de Redação - Revista Oeste

 

domingo, 21 de agosto de 2022

Espiral de silêncio - Revista Oeste

Rodrigo Constantino

O intuito é intimidar quem quer que ouse apoiar Bolsonaro em particular ou a direita em geral 

Um grupo fechado de WhatsApp, com alguns grandes empresários, teve suas conversas vazadas e publicadas pelo site Metrópoles.  
Nessas conversas informais, esses empresários se mostravam muito preocupados com a situação institucional no Brasil, com o risco da volta de Lula e sua quadrilha por meio de malabarismos supremos, e, em alguns momentos de maior revolta ou desabafo, um ou outro chegou a falar que uma intervenção militar seria uma alternativa menos pior.

Foto: Shutterstock
Foto: Shutterstock

Faço parte do grupo, e sempre entendi, dentro do contexto, que o ponto essencial é o desespero com o verdadeiro golpismo em curso em nosso país. Mas o “jornalista” tirou tudo do contexto, para pintar um quadro de conspiração golpista e antidemocrática por parte desses empresários. Imediatamente após a publicação, já tínhamos figuras como o senador Randolfe Rodrigues e o candidato Ciro Gomes pedindo até a prisão desses empresários!

A esquerda não brinca em serviço. E o jogo é bruto, companheiro. O intuito aqui é claro: intimidar qualquer empresário ou indivíduo que ousarem apoiar Bolsonaro. Se nem mesmo grandes nomes, alguns bilionários, em conversas privadas num clube fechado, estão protegidos desse tipo de achaque, então todos podem ter vidas destruídas se resolverem se manifestar de forma mais veemente numa conversa de botequim.

O grupo não tem qualquer estrutura ou organização hierárquica, nenhuma ação prática derivada das conversas, nada parecido com uma célula terrorista, como um MST, MTST ou os black blocs. São apenas empresários debatendo sobre política, e alguns mais ativos destilando sua revolta com o quadro atual do país, que é mesmo revoltante pelo grau de ativismo político do Poder Judiciário, em particular do STF. Conversas privadas, reforçando. Transformaram isso num bloco golpista que atenta contra a democracia, nas narrativas midiáticas.

Enquanto isso, a revista Piauí, de Moreira Salles, publicou “reportagens” atacando a Jovem Pan, tradicional rádio que virou emissora de TV neste ano e já ocupa o segundo lugar em audiência. A Jovem Pan tem sido alvo de inúmeros ataques, pois é o único grande veículo de comunicação, além da Gazeta do Povo na parte do jornalismo, que preserva um debate efetivamente plural. Isso não pode ser tolerado por quem morre de saudades dos tempos de hegemonia esquerdista na velha imprensa.

Há mais petista na Jovem Pan do que conservador em todas as demais emissoras somadas!

A denúncia é que a Jovem Pan se “vendeu” para o governo Bolsonaro. Caio Coppolla esclareceu o absurdo e engoliu a velha imprensa, porém, ao citar como exemplo a Folha de S.Paulo, parceira editorial da revista Piauí. O grupo Folha recebeu quase R$ 1 bilhão de verbas da Secom durante os governos petistas, e a grita é diretamente proporcional ao fechamento das torneiras. Já a Jovem Pan recebeu mais recursos anuais durante os anos petistas do que no governo Bolsonaro.

No mais, se a Jovem Pan fosse mesmo paga para “defender o bolsonarismo”, seria importante explicar a presença de tantos esquerdistas antibolsonaristas na emissora. Afinal, há mais petista na Jovem Pan do que conservador em todas as demais emissoras somadas! É um fenômeno parecido com o observado nos Estados Unidos, onde todas as emissoras são extensões do departamento de marketing do Partido Democrata, e se unem para demonizar a única emissora mais equilibrada, a Fox News, chamada de “republicana” mesmo tendo mais comentaristas democratas do que há de conservadores em todas as demais juntas. Quem é plural?

Mesmo esta jovem Revista Oeste já foi alvo da tentativa de assassinato de reputação. No caso, por uma “agência de checagem”, essa aberração da era moderna, uma espécie de extensão da velha imprensa com uma aura de Ministério da Verdade, ainda que tocado por estagiários idiotas. Oeste meteu processo e venceu: a agência que acusou a revista de espalhar fake news é quem tinha disseminado mentira. Oeste incomoda justamente porque dá espaço para colunistas que ousam pensar fora da cartilha esquerdista.

Há, ainda, as milícias digitais, os grupos fascistoides, como o Sleeping Giants, que são usados para pressionar empresas que se recusam a pagar pedágio ao politicamente correto, que se negam a abandonar o foco em seu negócio para transformar suas empresas em instrumentos de lacração esquerdista. São chacais e hienas dispostos a partir para o ataque ao menor sinal de comando de seus chefinhos.

O modus operandi é conhecido: os tucanopetistas, que tinham hegemonia na velha imprensa, se infiltram em grupos fechados de WhatsApp e usam seus veículos de comunicação para rotular, difamar e detonar todo conservador. O intuito é intimidar quem quer que ouse apoiar Bolsonaro em particular ou a direita em geral.  
O recado é bem claro: se você for por esse caminho independente, colocaremos todo o aparato poderoso contra você, para destruir sua vida, assassinar sua reputação. Muitos cedem, infelizmente.

O propósito da esquerda é criar uma espiral de silêncio para abafar a voz da direita. A esquerda, afinal, não sobrevive muito bem em ambiente livre e plural, onde os conservadores podem apontar para todas as suas falácias e contradições. A esquerda precisa da censura e do autoritarismo, ainda que velado. Mas tudo isso em nome da diversidade e da pluralidade, claro…

Leia também “O poeta Fachin”

Rodrigo Constantino, colunista - Revista Oeste

 

quarta-feira, 13 de abril de 2022

Eleições 2022: a virada da direita na imprensa

Gazeta do Povo  - Caio Coppolla

Análise - Há 100 dias, veículos alardeavam vitória de Lula no 1º turno

Datafolha: Lula venceria no 1º turno com 48% dos votos” a fonte pode ser duvidosa, mas a data é certa: 16 de dezembro de 2021. De lá pra cá, uma reviravolta: os mesmos veículos que há 100 dias manchetavam a volta do PT à cena do crime, agora se veem obrigados a reconhecer a possibilidade, cada vez maior, da derrota de Lula – um fato que contraria a linha editorial de muitas redações por aí...

Coube à Folha de S. Paulocom o perdão do trocadilho – decretar o alerta vermelho: “Esquerda e centro precisam de votos da direita para vencer Bolsonaro: estudo sobre influência dos pleitos municipais na eleição federal aponta vantagem ideológica da direita neste ano”.

O artigo faz referência à análise histórico-comparativa desenvolvida pelo cientista político Antonio Lavareda a partir dos resultados de todas as eleições desde a redemocratização. O trabalho concluiu que, sem exceção, as tendências verificadas nas eleições municipais deram o tom das eleições estaduais e federais subsequentes. 
Uma péssima notícia para os petistas, que desde 2014, com a devassa em suas práticas corruptas, amargaram uma queda vertiginosa em suas votações, perdendo centenas de prefeituras e dezenas de cadeiras na Câmara Federal. 
Além disso, segundo o estudo, o número de votos mais à direita se ampliou em 2020: 59,2% entre vereadores e 54,3% entre prefeitos, com preferência do eleitorado pela reeleição, o que se verificou em 63% dos casos. Vejamos: quem é o pré-candidato à presidência com ideias mais alinhadas à direita em busca da reeleição?

Outro fator que prenuncia tempos difíceis para Lula e sua laia é a dança das cadeiras parlamentares durante esta última janela partidária. Em comparação com o dia da posse, o PL, legenda que agora abriga o Presidente da República, ganhou o reforço de 40 deputados federais, tornando-se a maior bancada da Câmara, com 73 parlamentares
Outras siglas que apoiam a reeleição de Bolsonaro também cresceram:  o PP recebeu 12 deputados e o Republicanos outros 15. No total, são 67 novos quadros no esforço da reeleição presidencial.

Por outro lado, o PT filiou apenas 2 novos parlamentares e a esquerda saiu enfraquecida dessa ciranda partidária: o PSB perdeu 7 deputados, o PDT perdeu 8, o PC do B perdeu 2 e o PSOL perdeu 1. O malogro da chamada 3ª via nas pesquisas também se refletiu no esvaziamento dos partidos de centro: o União Brasil – fruto da junção mal-arranjada de DEM e PSL, que juntos somavam 81 parlamentares no 1º dia de mandato – perdeu 34 deputados federais, o Podemos perdeu 3, o PSDB e o Solidariedade perderam 2 e Cidadania perdeu 1. Na contramão desse êxodo parlamentar, o MDB ganhou um deputado e o PSD, do articulador-mor da República, Gilberto Kassab, ganhou 8. Ainda assim, o saldo é negativo tanto para esquerda, quanto para o centro.

Mas não é apenas o prognóstico que é desfavorável ao lulopetismo,
o diagnóstico também não é dos mais animadores. Conforme os prazos eleitorais vão se exaurindo, as pesquisas de opinião se aproximam da realidade observável nas ruas (e nas redes) e Bolsonaro se estabelece como o adversário mais forte contra Lula. Projeções para o 2º turno apontam que, paulatinamente, o atual presidente vem diminuindo a diferença em relação ao ex-condenado. Pra ficar em um exemplo, em setembro de 2021, a PoderData colocava Lula 25 pontos percentuais à frente de Bolsonaro; agora essa vantagem caiu para 12 pontos.

Considerando fatores como a superação da crise hídrica, a queda do dólar, a geração de milhões de empregos nos último meses, os investimentos bilionários em infraestrutura, o bom momento do mercado de ações e o incremento na distribuição de renda via Auxílio-Brasil, a tendência é que a avaliação do governo melhore e se traduza em maior intenção de voto a favor de Bolsonaro nos próximos meses.

Prognósticos e diagnósticos à parte, até outro dia, o discurso predominante na velha imprensa era de que a reeleição do Presidente da República era uma causa perdida e sua derrota para Lula, o candidato alérgico a calçadas, se daria já no 1º turno. A julgar pela despiora [sic] da economia, pelas movimentações no Congresso e pelo histórico de erros grosseiros do jornalismo de torcida nas eleições, talvez seja hora do consórcio começar a fazer ajustes e criar saídas honrosas para suas narrativas: “resultados de 2020 apontam a necessidade de candidatos da esquerda e do centro atraírem o voto da direita para que tenham chance contra Bolsonaro” parabéns à Folha pelo pioneirismo.
 
Caio Coppolla, colunista -  Gazeta do Povo - VOZES