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domingo, 31 de maio de 2020

Moro ironiza ato contra o STF: ‘Tão loucos, mas, ainda bem, tão poucos’ - VEJA

sábado, 13 de janeiro de 2018

Trump e a guerra dos demagogos contra a imprensa



Como Trump sequestrou os fatos e os travestiu de fake news

Essa é a estratégia do presidente dos Estados Unidos e de demagogos de todo o mundo na guerra contra a imprensa
 


Eram 19h19 daquela terça-feira de agosto de 2017. Donald Trump subira havia pouco ao palco do Centro de Convenções de Phoenix, no Arizona, para mais um inflamado comício, mais como candidato do que como o presidente dos Estados Unidos que é. Naquele instante, ele apontou os indicadores de suas pequenas mãos para os fundos, onde estavam acomodados as câmeras e os repórteres. “A mídia tão desonesta....” foi o que bastou. Por precisos 59 segundos, os 8 mil presentes vaiaram. Eram homens e mulheres, muitos idosos, numa massa branca – um negro foi meticulosamente instalado atrás de Trump na moldura para as TVs, com uma camiseta estampada de “Trump & republicanos não são racistas”. As vaias eram pontuadas com urros de “Chupa CNN” e “F...-se a mídia”. O público fazia gestos obscenos para os jornalistas. Alguns tentaram invadir o “cercadinho” da imprensa – devidamente protegido por agentes do Serviço Secreto, que impediram um avanço maior. “Se o presidente Trump tivesse dado ordem para nos atacar, teríamos sido massacrados”, disse a ÉPOCA um jornalista credenciado na Casa Branca que cobria a viagem. A virulência física era a materialização de um bombardeio virtual diário de Trump e seus tuítes contra a imprensa desde que ele assumiu a Presidência, em janeiro de 2017. O ódio à verdade é, na era Trump, plataforma de governo.

Trump hostilizou e desafiou a imprensa por 25 ininterruptos minutos naquela noite. Dias antes, militantes de ultradireita tomaram as ruas de Charlottesville, na Virgínia, empunhando tochas e gritando contra negros, imigrantes, homossexuais e judeus, numa manifestação que em muito lembrou os nazistas e a Ku Klux Klan. Do lobby de um de seus hotéis em Nova York, Trump condenou a violência dos ultradireitistas. No dia seguinte, pressionado por seus apoiadores, recuou. Culpou os “vários lados” envolvidos e disse que os manifestantes de ultradireita, boa parte deles seus eleitores, não poderiam ser tachados como “neonazistas” ou “supremacistas brancos”. Responsabilizou a “ultraesquerda”, cuja existência organizada nos EUA é questionável, pelo conflito. 

E a imprensa, pela divisão no país. Em Phoenix, Trump ignorou esse recuo. Colocou-se como vítima incompreendida da mídia. “Uns desonestos desgraçados” distorceram sua mensagem. “Eu acredito, de verdade, que eles [jornalistas] não gostam do nosso país”, escolheu cirurgicamente as palavras. Sempre que pôde, o presidente encaixou a expressão que ele transformou em slogan de sua gestão e jura, falsamente, ser de sua autoria: Fake news.

Antes mesmo de se eleger presidente, Donald Trump elegeu para si e seus seguidores um inimigo. A imprensa e, fatalmente, a verdade. Menos de um mês depois de assumir a Casa Branca, Trump aninhou-se em sua ágora digital para trombetear, em um tuíte: “A mídia FAKE NEWS (os falidos @nytimes, @NBCNews, @ABC, @CBS, @CNN) não é minha inimiga, é inimiga do povo americano!”. Nomear um oponente forte e contra quem as pessoas possam facilmente se voltar é uma tática de exercício de poder tão antiga e universal quanto eficaz. A Revolução Francesa e os comunistas russos designaram “inimigos do povo” para justificar o uso da guilhotina, dos gulag. Destacar o jornalismo profissional como esse inimigo tampouco é um recurso original – e é uma das maneiras mais eficientes de retroalimentar a polarização de uma sociedade. 

Nos Estados Unidos, Richard Nixon, que renunciou em 1974 emparedado pelo escândalo de Watergate, exposto pelo jornal Washington Post, foi feroz contra a mídia já no início dos anos 1960. Em 2006, Evo Morales, presidente da Bolívia, classificou como seus “inimigos número 1” a “maioria da mídia” argumento recorrente de Hugo Chávez, da Venezuela. Daniel Ortega, da Nicarágua, chama repórteres de “filhos de Goebbels”. Trump soa, a essa altura, como uma paródia de populistas latino-americanos.

>> Trecho da reportagem de capa de ÉPOCA desta semana


segunda-feira, 21 de agosto de 2017

O general Lee não é problema, Trump é

Para muitos americanos, a Guerra Civil continua

Uma estátua ruinzinha do general Robert Lee, o venerado comandante das tropas rebeldes durante a Guerra da Secessão (1861-1865), parece ter posto fogo nos Estados Unidos. Não é bem assim: quem está pondo fogo nos Estados Unidos e no mundo é Donald Trump. O racismo, a Ku Klux Klan e os supremacistas estão aí há tempos. A novidade chama-se Trump.

De muitos pontos de Washington pode-se ver uma mansão branca, tipo “...E o vento levou”, numa das colinas de Arlington. Ninguém falou dela nos últimos dias, mas ali está o Robert Lee Memorial. Nela viviam o general e sua mulher. Quando ele foi comandar os rebeldes, a casa foi ocupada pelo Exército da União e, aos poucos, a enorme fazenda se transformou em cemitério das tropas do Norte. Vingança perfeita: minha tropa enterrada na tua casa.

Com o tempo, a violência política foi açucarada e até mesmo deturpada. Arlington tornou-se o cemitério nacional e lá estão enterrados não só soldados de todas as guerras (inclusive tropas de Lee), como também civis, entre os quais John Kennedy e sua mulher. Até hoje Arlington não lembra os soldados negros do Norte, apesar de haver um monumento aos rebeldes. Só em 1948 os soldados negros foram enterrados junto aos brancos. Antes, ficavam em lotes segregados.

Para muitos americanos, a Guerra Civil continua. No museu da cidadezinha onde Lee se rendeu, uma guia informava que, “infelizmente”, ele não conseguira atravessar uma ponte. Infelizmente? O general vitorioso, Ulysses Grant, tratou Lee com magnanimidade, alimentando sua tropa faminta e permitindo que surgisse o mito do nobre combatente. Vá lá, mas ele perdeu a maior batalha de sua carreira (Gettysburg).

As estátuas dos generais confederados e o uso da bandeira rebelde nos estados do Sul sempre tiveram um toque racista, mas há mais de 50 anos as coisas iam bem. No antigo ninho segregacionista de Montgomery, no Alabama, há a Avenida Jefferson Davis, o presidente dos Estados Confederados. Ela cruza com a Avenida Rosa Parks, a costureira negra que, em 1955, se recusou a sair de um assento de ônibus destinado aos brancos e acabou presa. Começou um boicote ao sistema de transportes e, nele, surgiu o pastor Martin Luther King.
Nunca houve confusão nessas esquinas, mas ninguém contava que um dia aparecesse Donald Trump.

(...)

Marajás de toga
Depois de faturar R$ 504 mil no seu contracheque, o juiz Mirko Giannotte, da 6ª Vara da cidade de Sinop (MT), desprezou as críticas e afirmou: “Eu não estou nem aí. Estou dentro da lei.”

Tudo indica que ele tem razão. Faturou o que faturou por conta de decisões referendadas pelo Conselho Nacional de Justiça, presidido pela ministra Cármen Lúcia.  A bola está com ela, e não com Giannotte ou com os demais marajás do Judiciário.
(...)

Feriadão
A Universidade do Estado do Rio de Janeiro continua surpreendendo o mundo. O ano letivo de 2017 ainda não começou, mas o reitor Ruy Garcia Marques informou que será facultativo o ponto na sexta-feira 8 de setembro.

A Uerj quer independência financeira, mas, quando se trata de não trabalhar, aprecia uma boa dependência administrativa.

Maluquice
Uma Câmara escandalosa conseguiu produzir mais um escândalo. Pretende votar o chamado semidistritão em apenas uma semana. A ideia surgiu há poucos dias, nunca foi debatida, não tem similar no mundo e ninguém sabe direito como funcionaria.  O cidadão poderia votar no candidato a deputado ou na legenda do partido. Não há quem explique como seriam rateados os votos dados à legenda. Se a divisão incluir os candidatos que já teriam sido eleitos com suas votações individuais, a redundância beira a maluquice.

Esse híbrido ajuda o PT, talvez o PSDB e o PSOL. Ganha uma viagem ao Afeganistão quem conhecer alguém capaz de sair de casa para votar na legenda do PMDB, do PP, do PSD ou mesmo do DEM.
A atual legislatura mostrou que não tem competência nem vontade para fazer uma reforma política (salvo na esperteza da tunga bilionária do fundo eleitoral). Ficaria tudo melhor se deixassem o velho sistema proporcional em paz. Para um doente, às vezes é melhor ficar em casa do que ir para um hospital contaminado onde trabalham médicos loucos.

Presente
Donald Trump criou uma oportunidade para que se conheça melhor a sociedade americana e sua História. Pode-se ver (ou rever) a série de documentários “A Guerra Civil", do cineasta Ken Burns.  É uma obra-prima do gênero. Associa inteligência e erudição a um monumental trabalho de pesquisa.

São nove programas, e cada um tem cerca de uma hora de duração. Com legendas em português, essa dádiva está no YouTube.
Está tudo lá.


domingo, 20 de agosto de 2017

Apenas mais uma versão: O novo nazismo sob as bênçãos de Trump

Como as ações e o discurso intolerante do presidente americano alimentam a escalada da violência nos EUA e no mundo

Há momentos na história em que o posicionamento de um governante define se o país segue no caminho da civilização ou se mantém abertas as brechas para o obscurantismo. A vida recente americana está repleta desses exemplos. Em 1957, o presidente Dwight Eisenhower enviou tropas federais à cidade de Little Rock, no Arkansas, para garantir a entrada de nove estudantes negros em uma escola pública da cidade. 

O direito estava assegurado pela Suprema Corte, mas parte da população branca do lugar impedia o acesso dos jovens à instituição. Em 1962, John Kennedy determinou que agentes federais escoltassem o estudante negro James Meredith em seu caminho para a Universidade do Mississippi, onde ele estava matriculado, mas não conseguia estudar. Dois anos atrás, Barack Obama emocionou-se e emocionou o planeta ao cantar a bela ‘Amazing Grace’ e sua evocação da liberdade dentro da capela em Charleston, onde, dias antes, um atirador branco havia matado nove negros. 

Na semana passada, Donald Trump tornou-se o primeiro presidente dos Estados Unidos a quebrar essa tradição. Em vez de defender o progresso, colocou-se ao lado do retrocesso. Em vez de defender enfaticamente a igualdade, calou diante de quem berra pela segregação. E forneceu combustível para fazer crescer em seu país e no mundo exatamente tudo aquilo que seus antecessores recusaram-se a aceitar: a escalada do ódio racial. [Trump está sendo criticado por: 
- por condenar qualquer tipo de radicalismo e parte da imprensa exige que ele condena apenas os que defendem ideias supremacistas, quando ele sendo presidente de TODOS os americanos condena TODOS os tipos de atos radicais e violentos;
- também criticam Donald Trump por não concordar que monumentos históricos sejam destruídos por vândalos, apenas por estes não concordarem com os ideais dos heróis aos quais tais monumentos são dedicados.] 
                         Trump disse que há pessoas boas entre os radicais (Crédito:Divulgação)


Tensão crescente
A oportunidade que a história deu a Trump de ficar do lado certo – perdida por ele – veio após o ataque de grupos radicais de direita a defensores dos direitos civis em Charlottesville, ocorrido no sábado 12. Localizada no estado da Virginia, a cidade foi lugar de moradia do ex-presidente Thomas Jefferson (1743-1826), um dos chamados fundadores da nação e homem moldado pelas ideias de igualdade do Iluminismo. Mas também serviu como uma das bases do exército confederado durante a guerra da Secessão (1861-1865), que colocou em lados opostos o sul, escravagista, e o norte, abolicionista.


Há tempo Charlottesville vivia uma polêmica sobre a retirada de uma de suas praças da estátua do general Robert Lee, herói segundo a ótica confederada, porém símbolo escravagista de acordo com o olhar de quem luta pela equiparação racial. Um protesto em defesa da manutenção do monumento convocado por integrantes de grupos como a Ku Klux Klan (KKK) e neonazistas foi o estopim para o confronto entre os dois lados. Num caldeirão de tensão, o fato terminou com o atropelamento da ativista Heather Heyer pelo jovem James Fields Jr., 20 anos. Simpatizante das ideias nazistas, James jogou o carro que dirigia sobre a multidão, atingindo várias pessoas, entre elas Heather. Ela morreu em seguida.

Estátua da guerra
Para entender o ocorrido em Charlottesville é preciso voltar 150 anos na história dos EUA, à época da Guerra de Secessão, quando estados do Sul, contrários ao fim da escravidão, decidiram formar uma nova nação. Fez-se a guerra, o Norte saiu vitorioso, os escravos foram libertados. Estátuas de líderes foram erguidas em diferentes cidades americanas, incluindo a de Robert E. Lee, um dos nomes dos confederados do Sul. Uma delas em Charlottesville. Sob o argumento da relação do monumento com um movimento escravocrata e racista, a Câmara Municipal do lugar aprovou a realocação da estátua. A decisão insuflou a revolta de grupos do chamado “nacionalismo branco” que culminou no lamentável conflito do sábado 12.

Declarações dúbias
A reação de Trump ao episódio foi vergonhosa. Sua primeira manifestação a um país ainda atônito com as cenas chocantes vistas horas antes flertou com a infâmia. O presidente disse que condenava o que chamou de “exibição de ódio”, mas que ela havia sido praticada por “muitos lados”. Dois dias depois, pressionado e visivelmente desconfortável, voltou ao assunto com um mea culpa envergonhado quando, ao final de um pronunciamento sobre outro tema, já escrito, afirmou que aqueles que praticam o racismo são bandidos, “incluindo a KKK, os neonazistas e os supremacistas brancos.” 

 A postura durou pouco. Logo em seguida, Trump disse que via “culpa dos dois lados” e que “havia pessoas boas” entre os extremistas de direita. A título de comparação: no mesmo dia, o ex-presidente Obama publicou no Twitter uma frase de Nelson Mandela, obviamente com teor oposto ao que seu sucessor apresentou. Ele escreveu: “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, seu passado ou sua religião…As pessoas precisam aprender a odiar, e se elas podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar…”. O post virou o mais curtido da história do Twitter.

O presidente americano pecou pelo que disse e pelo que não disse. “Trump não teve uma postura esperada para um presidente da República, especialmente em um momento em que o país apresenta um tecido social que se esgarça”, afirma Carlos Gustavo Poggio, professor de Relações Internacionais da PUC-SP. O grande problema é que, ao agir com tamanha tibieza, Trump marcou o ponto de inflexão que o mundo temia. “Ele mostrou suas cartas, entrando em rota de colisão com os princípios professados pela maioria dos americanos de defesa da igualdade e das liberdades”, afirmou o historiador Julian Zelizer, professor da Universidade de Princeton.

Os dias turbulentos evidenciaram que o apoio de Trump servirá de combustível para o crescimento do ódio racial no país e no mundo. “A situação vai piorar”, disse à ISTOÉ a professora Megan Boler, da Universidade de Toronto, no Canadá. “Trump alimenta intencionalmente a violência. Seu slogan de ‘fazer a América grande de novo’ é igual a ‘fazer a América branca de novo.” A percepção vem até mesmo de republicanos como o presidente. Ao criticar Trump afirmando que ninguém deveria ter dúvida sobre a posição do líder do mundo livre em relação ao racismo e ao antissemitismo, o deputado Will Hurd, do Texas, disse que daqui para frente os radicais se aproveitarão da leniência presidencial. “Os supremacistas brancos verão como uma vitória serem responsabilizados por apenas 50% da culpa.”


 Nathan Damigo é um dos líderes da Supremacia Branca, que defende a segregação racial

De fato, o que se viu ao longo da semana passada foi uma espécie de saída das sombras de agremiações que vinham crescendo, já sob os ares permissivos de Trump, mas ainda sem força ou coragem suficientes para se mostrar abertamente à sociedade. Segundo o Southern Poverty Law Center, organização que estuda o tema, de 2014 a 2016 o número de grupos de ódio nos Estados Unidos aumentou 17%, totalizando 917 no ano passado. Agora, sob as bençãos de Trump, eles preparam a expansão. “Obrigado, presidente, por sua honestidade e coragem em dizer a verdade sobre Charlottesville e condenar os terroristas de esquerda”, escreveu no Twitter Richard Spencer, um dos organizadores da marcha que resultou na mais recente tragédia americana.

O espectro dos grupos que pregam o ódio é um mosaico de organizações que diferem no nome, mas compartilham do mesmo ideário. Na essência, defendem a superioridade branca, são contra judeus, estrangeiros e a população LGBT e acreditam na violência como caminho para alcançar seus objetivos. A que apresenta o maior número de seguidores é a Ku Klux Klan, criada em 1865 para perseguir negros e que, no século passado, foi uma das mais ativas contra a implantação dos direitos civis que colocaram no mesmo nível de cidadania negros e brancos. São famosos os crimes bárbaros cometidos por membros da organização, como o enforcamento de negros e a destruição de igrejas frequentadas por essa população.

A ideologia da Supremacia Branca norteia a ação de cem grupos. Eles pregam a inferioridade das raças não-brancas e também pleiteiam a segregação. Os neonazistas, a exemplo dos seguidores do alemão Adolf Hitler, têm nos judeus seus principais alvos, mas perseguem pessoas LGBT ou de alguma forma alinhadas a qualquer pensamento progressista. Em menor número estão os neoconfederados, uma versão contemporânea dos sulistas que no século 19 lutaram para manter a escravidão nos Estados Unidos. Racistas como os demais grupos, pedem que negros e brancos voltem a viver separadamente.

O episódio de Charlottesville deu rosto a esses movimentos. O que se viu ali é que operam segundo uma organização rígida, de disciplina quase militar, e dispõem de arsenal considerável. Não há homogeneidade entre seus integrantes. Entre os supremacistas, por exemplo, o predomínio é de jovens instruídos de classe média, enquanto grande parte dos seguidores da KKK é formada por fazendeiros ou moradores de cidades pobres do interior do país ressentidos com as administrações anteriores. Sentem-se esquecidos e culpam imigrantes, negros e judeus pela situação em que vivem.

Esses cidadãos são hoje os maiores inimigos da América. Ao contrário do que se imagina, a maior parte dos ataques terroristas nos EUA foi planejada por movimentos dos quais eles fazem parte, e não por extremistas muçulmanos. De 2008 a 2016, os radicais de direita americanos foram responsáveis por 115 dos atos dentro de seu próprio território. Ações perpetradas por extremistas islâmicos, 63. “O problema nos EUA atualmente é a questão da raça, e os crimes de ódio refletem isso”, afirmou à ISTOÉ Evan Lawrence, especialista em contraterrorismo da University of Central Lancashire, no Reino Unido. Trump, com sua estreiteza, alimenta a semente do mal no próprio país.

APOIO EXPLÍCITO Apesar das pressões e de uma tímida tentativa de voltar atrás, Trump permaneceu apoiando os extremistas em suas declarações
“Nós condenamos esta exibição de ódio, fanatismo e violência de muitos lados”
Sábado, 12

“O racismo é maligno. E aqueles que causam violência em seu nome são criminosos, incluindo a KKK, neonazistas, supremacistas brancos e outros grupos”
Segunda-feira, 14

“Acho que há culpa dos dois lados”
Terça-feira, 15

“Triste ver a história e a cultura de nosso grande país sendo destruídas pela remoção de nossas belas estátuas e monumentos”


Mapa do ódio Como se dividem os principais grupos extremistas em atividade nos EUA
130 Grupos seguem a Ku Klux Klan. Criado em 1865 para perseguir negros e enfraquecer a ideia de igualdade racial após o fim da escravidão, passou a maltratar também judeus, imigrantes, homossexuais e católicos. Marginalizados após meados do século 20, a KKK voltou a se organizar nos anos 2010
100 São ligados à ideologia chamada “white nationalism”, ou nacionalismo branco. Acreditam na “supremacia branca” e na inferioridade de raças não-brancas. Têm posicionamento de extrema direita e se identificam com as ideias de Donald Trump
99 São neonazistas, que retomam ideias do nazismo alemão de Adolf Hitler. Perseguem principalmente judeus, mas entre seus alvos estão os homossexuais e os estrangeiros
43 São neoconfederados. No geral, exaltam a cultura sulista, marcada pela presença da escravidão até 1865. Alguns grupos propagam o racismo e o separatismo branco

Fonte: Camila Brandalise e Cilene Pereira  - Revista Isto É