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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

STF - Autoritarismo contra boçalidade - Folha de S. Paulo

Catarina Rochamonte

O deputado se excedeu em palavras e o ministro se excedeu em ato: tentou combater a boçalidade com autoritarismo.

[mais balões de ensaio serão lançados; a cada aceitação, outros virão, com mais autoritarismo até chegar ao absolutismo.]

A verborragia do deputado Daniel Silveira que deu azo ao mandado de prisão em flagrante expedido pelo ministro Alexandre de Moraes é de estarrecer pela sua vileza, violência, chulice e boçalidade. Essa boçalidade tem degradado a política brasileira, mas, convenhamos, ela não é exclusividade do deputado que serviu de boi de piranha para o Supremo mandar seu recado ao bolsonarismo.


 

Que a fala do deputado foi criminosa, parece consenso; todavia, a prisão em flagrante teve sua legalidade amplamente questionada no meio jurídico. [o próprio ministro ao assinar o mandado de prisão em flagrante, criando uma nova figura jurídica = "flagrante perenemente possível", forneceu substância aos seus críticos. O comportamento do  ministro, seguido pelo colegiado Supremo, demonstrou um comportamento ditatorial, autoritário, absoluto, ao ignorar as mais fundamentadas críticas. Colegiado e ministro optaram pelo estilo FI-LO POR QUI-LO. Mais um pouco e diriam: somos supremos  e não devemos satisfações ao povo ou a quem quer seja.] O deputado se excedeu em palavras, e o ministro se excedeu em ato: tentou combater a boçalidade com autoritarismo e defender o Estado de Direito corroendo seus alicerces. A punição deveria ter sido pleiteada segundo o rigor das normas constitucionais.

O STF merece muitas críticas, que podem ser feitas sem excessos criminosos. Não apenas pode ser criticado como deve ser investigado, inclusive pela já de há muito proposta CPI da Lava Toga, que está barrada no Senado pelo acordo de impunidade entre os Três Poderes. CPI essa, aliás, que sofreu ativa resistência do senador Flávio Bolsonaro.

Mesmo sendo legalmente questionável, a prisão do deputado foi referendada pela unanimidade do STF e corroborada pela Câmara. O presidente Bolsonaro, por sua vez, silenciou, como já o fizera em relação às prisões de Sara Winter e Oswaldo Eustáquio. É que a turma radical não lhe é útil nesse momento: tornou-se um ruído a perturbar a paz que uniu Planalto, ala anti-Lava Jato do STF e políticos de rabo preso que não se podem indispor com o Supremo.

Se a Câmara optou por não oferecer resistência aos arroubos autoritários dos que se julgam intocáveis, cabe agora ao Senado fazê-lo, abrindo os processos de impeachment protocolados contra ministros do Supremo e instalando a CPI da Lava Toga. Se a independência e harmonia dos poderes é pilar do Estado de Direito, é preciso agora que o Senado exerça algum protagonismo republicano.

Catarina Rochamonte, colunista - Folha de S. Paulo


segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Sara Winter diz nome de criança grávida e manifesta oposição ao aborto

Correio Braziliense

A ativista de extrema-direita Sara Winter gravou vídeo revelando o primeiro nome da menina de 10 anos vítima de estupro

A ativista de extrema direita Sara Giromini, também conhecida como Sara Winter, foi alvo de duras críticas e tornou-se um dos assuntos mais comentados no Twitter neste domingo (16/8) após divulgar um vídeo no YouTube em que se posiciona contra a realização do aborto na menina de 10 anos que engravidou de um tio que a estuprava desde os 6 anos. A Justiça autorizou o aborto, que deverá ser realizado em Recife, pois médicos no Espírito Santo, onde a menina mora, se recusaram a fazer o procedimento.

No vídeo, Sara defendeu que o aborto não seja feito porque, segundo ela, uma pessoa com acesso a exames da menina afirmou que se trata de uma gestação de cinco meses. Ela ainda divulgou o que seria o primeiro nome da criança vítima de violência sexual, criticou o médico que se dispôs a realizar o aborto e ainda forneceu o endereço do hospital onde ela está internada.

Uma das críticas à postura de Sara veio da professora da Universidade de Brasília e especialista em bioética Debora Diniz, que vem acompanhando atentamente o caso. "A moça fanática bolsonarista das tochas saiu da cadeia. Para cometer crime ainda mais terrível: fez vídeo de horror sobre a menina de 10 anos, alegando saber o nome dela. A nomeia. Por favor, não divulguem o vídeo. É uma menina, não uma disputa ideológica", escreveu a antropóloga. ["especialista em bioética" = ética da vida -  e cujo principal conceito da especialidade é evitar que a vida seja afetada e que um tipo de vida seja considerado inferior a outros;
- a 'especialista' ao defender o assassinato de um ser humano,  inocente e indefeso, considera a vida da vítima inferior a de outros.
Por consequência, defende que um crime pior e mais repugnante que o primeiro = assassinato cruel de um ser humano,  inocente e indefeso = seja cometido.
Puna-se o assassino, até mesmo com a castração física - o que certamente ocorrerá quando estiver preso, cumprindo pena = é o tipo de crime cujos autores não escapam da 'justiça das cadeias' - mas, não se assassine uma criança.]

(.........)

Manifestação em hospital
Após a divulgação do vídeo, um grupo de pessoas contrárias ao aborto foi ao hospital tentar impedir o procedimento. Houve confusão e o médico identificado como o responsável por realizar o aborto foi hostilizado. 

Correio Braziliense - leia MATÉRIA COMPLETA


quinta-feira, 25 de junho de 2020

O morde e assopra entre o Supremo Tribunal Federal e Bolsonaro - Veja - Blog do Noblat




Alexandre afaga, Celso ainda não se sabe o que fará

A pedido da Procuradoria Geral da República, o ministro Alexandre de Moraes, relator no Supremo Tribunal Federal do inquérito que apura o financiamento de manifestações de rua de natureza antidemocráticas, decretou a prisão temporária da ativista de extrema direita Sara Giromini, vulgo Sara Winter, e de mais cinco integrantes do grupo conhecido como 300 do Brasil.

Outra vez a pedido da Procuradoria Geral da República, o ministro revogou a prisão. Sara e os cinco ficarão em suas casas e usarão tornozeleiras eletrônicas. Só poderão sair se a justiça do Distrito Federal permitir que trabalhem ou estudem durante o dia. E deverão manter distância de um quilômetro dos prédios do Congresso e do Supremo Tribunal Federal, atacados antes por eles. A decisão do ministro foi entendida no entorno do presidente Jair Bolsonaro como um gesto para distender as relações entre o Supremo e o governo. Elas chegaram a um ponto de quase rompimento depois da reunião ministerial de abril último onde Bolsonaro ouviu calado Abraham Weintraub dizer que os ministros do Supremo eram vagabundos e deveriam estar presos.

Weintraub está sendo processado com base na Lei de Segurança Nacional. Perdeu o Ministério da Educação, mas ganhou um cargo na direção do Banco Mundial por indicação do governo. Bolsonaro não pediu desculpas ao Supremo pelo que ele disse. Desde então, comentários públicos de ministros do Supremo serviram para tornar ainda mais tensas as relações entre os dois poderes. Em 31 de maio passado, Celso de Mello, o mais antigo ministro do Supremo, comparou a situação política atual do Brasil à da Alemanha nazista. Em mensagem a um grupo de amigos no WhatsApp, ele disse que a intervenção militar pretendida por apoiadores de Bolsonaro significaria a instauração no país de uma “desprezível e abjeta ditadura militar”. No dia seguinte, o general Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria do Governo, saiu em defesa de Bolsonaro como se ele fosse o alvo principal do que Celso escrevera. “Comparar o Brasil à ‘Alemanha de Hitler’ nazista é algo, no mínimo, inoportuno e infeliz”, bradou o general. “Por favor, respeite o Presidente Bolsonaro e tenha mais amor à nossa Pátria”.

Há 10 dias, ao ser entrevistado no “Roda Viva”, programa da TV Cultura de São Paulo, o ministro Luís Roberto Barroso, criticou a ocupação de cargos públicos pelos militares. “Isso é o que aconteceu na Venezuela. Porque quando você multiplica militares no governo, eles começam a se identificar com vantagens e privilégios”, bateu. “Isso foi o que o Chávez fez na Venezuela”. Os quartéis rugiram indignados com a fala de Barroso considerada até mais ofensiva do que a de Celso. Ontem, numa live, a propósito do avanço do coronavírus no Brasil, a ministra Cármen Lúcia até que foi amena se comparada aos seus pares. Ela afirmou: “Acho muito difícil superar [a pandemia] com esse descompasso, com esse desgoverno”. Pode vir mais confusão por aí. Bolsonaro deverá depor em breve no inquérito sobre sua tentativa de intervir na Polícia Federal. É Celso quem preside o inquérito que também foi aberto a pedido da Procuradoria Geral da República. Como Bolsonaro será ouvido na condição de investigado, ele não tem o direito de responder por escrito às perguntas. [entendimento equivocado, visto que o artigo 221 do CPP, 'caput' e seu parágrafo primeiro não deixam espaço para o  decano do STF, constranger o presidente Bolsonaro.
Quando decidiu constranger, humilhar os generais, por extensão, os militares,  autorizando sua condução, se faltassem, debaixo de vara, o ministro fez um interpretação literal de uma norma dos tempos do Brasil Colônia,agora fica impedido de efetuar interpretação criativa de uma norma de 1940, em plena vigência e de clareza cristalina.] De todo modo, caberá a Celso a palavra final [?] a respeito.

Blog do Noblat - Ricardo Noblat, jornalista - VEJA




quarta-feira, 24 de junho de 2020

Sara Winter dobra aposta contra Moraes em último ato antes de deixar prisão - VEJA - Gente

Um dia antes de deixar a prisão em caráter preventivo, algo previsto para ocorrer nesta quarta-feira, 24, a extremista Sara Winter adotou uma nova estratégia. Seus advogados entraram com uma ação contra o ministro Alexandre de Moraes, no próprio Supremo Tribunal Federal, para impedi-lo de comandar o inquérito 4828, que investiga atos antidemocráticos realizados nos últimos meses.
Diz a petição assinada pelos quatro advogados de Sara Winter, protocolada na noite de terça, 23, no STF: “Moraes impediu, com notório abuso de autoridade, o acesso de sua defesa aos autos do inquérito 4828/DF, uma vez que, até a presente data, 23/06/2020, não recebeu cópia da decisão que motivou sua prisão, tampouco nota de culpa descrevendo o suposto crime, o que configura ato manifestamente ilegal. Trata-se de uma prisão arbitrária e que vem sendo utilizada apenas com o estrito sentido de enviar um recado ao país de quem ‘aqui quem manda, sou eu'”.

Os advogados da extremista chamam de “escárnio” o fato de não terem tido acesso ao inquérito da prisão, e que o STF não pode compactuar com tamanha “aberração jurídica”. O pedido de impedimento de Moraes será analisado pelo presidente do STF, Dias Toffoli. [por uma questão de transparência - qualidade tão em voga no Brasil atual, especialmente, quando exigida do governo Bolsonaro - Dias Toffoli deveria se declarar impedido de analisar o pedido de impeachment de Moraes, visto que foi ele quem escolheu Moraes como relator do inquérito e foi também quem instalou de ofício o procedimento, o que tornou o STF, polícia - investiga - promotor - denuncia e acusa -  juiz - julga e condena.
Omitimos a alternativa absolver das atribuições do juiz, visto que sendo ele quem investigou, denunciou e acusou, preencheu todos os requisitos para condenar.]

Sara Winter é, na verdade, Sara Giromini. O nome de guerra da extremista foi inspirado em uma espiã nazista. Sara está à frente do grupo “300 do Brasil”, turma que realizou em Brasília uma assombrosa manifestação inspirada na Ku Klux Klan e participou de ataque com fogos de artifício contra o prédio do STF, entre outras aberrações. A prisão de Sara foi calculada pela própria: ela queria ter ganhos políticos e projeção com o confinamento. Seus advogados dizem que a cliente tem endereço fixo em Brasília – há uma suspeita de que ela precise usar tornozeleira eletrônica ao deixar a cadeia. Mãe de um filho criança, Sara Winter não tem relações com seu pai e seus dois irmãos. Todos vivem em São Carlos, interior de São Paulo. Ela fala apenas com a mãe, que é quem de fato cuida do neto.

Veja - Gente


domingo, 21 de junho de 2020

Polícia do DF realiza buscas em chácara do grupo ‘300 do Brasil’ e Auxiliares tentam convencer Bolsonaro a acabar com falas no Alvorada - VEJA

A Polícia Civil do Distrito Federal cumpriu na manhã deste domingo, 21, um mandado de busca e apreensão em uma chácara que é usada como local de apoio para o grupo de extrema direita “300 do Brasil”. São investigados os supostos crimes de milícia privada, ameaças e porte
de armas.
“O alvo foi uma chácara na região de Arniqueiras-DF com duas casas, onde também havia barracas instaladas. O imóvel contava com câmeras de segurança que cobriam toda a sua extensão. Em meio à ação, foram apreendidos fogos de artifício, vários manuscritos com planejamento de ações e discursos, cartazes, aparelhos de telefone celular, um facão, um cofre (que ainda será aberto), e outros materiais destinados a manifestações”, diz a nota enviada a VEJA. 

De acordo com a Polícia Civil, a operação foi organizada por trinta policiais da Coordenação Especial de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado, da Divisão de Operações Especiais e da Divisão de Operações Aéreas. O “300 do Brasil”, que apoia o presidente Jair Bolsonaro, também é investigado pela Polícia Federal (PF). No sábado 13, o grupo atacou o prédio do Supremo Tribunal Federal (STF) com fogos de artifício. Líder do grupo, a ativista Sara Winter foi presa pela Polícia Federal na manhã da segunda-feira, 19, em Brasília. Nesta quinta-feira, 18, a ministra do STF Cármen Lúcia negou pedidos de liberdade feitos pela defesa da militante bolsonarista. Na sexta-feira 19, o ministro Alexandre de Moraes prorrogou por mais cinco dias a prisão de Sara, a pedido da Procuradoria-Geral da República. 

Auxiliares tentam convencer Bolsonaro a acabar com falas no Alvorada

Assessores tentam convencer Bolsonaro a abandonar a prática

[É uma das medidas mais necessárias ao governo Bolsonaro. NADA SOMAM e só causam encrenca. 
Além das pegadinhas - não se tratam de manifestação de  de eleitores 'arrependidos' e, sim de infiltrados - há riscos para a segurança do presidente, provocações por parte de alguns repórteres e quebra de uma das regras mais importante: autoridade não deve falar em demasia, sempre que achar conveniente se manifestar deve se valer do porta-voz.
Caso opte por uma manifestação,  pessoal e direta,  deve limitar perguntas e comentários  ao tema que escolher..
Quem dá prestígio, votos, autoridade e liturgia ao ocupante de um cargo são as obras e não as promessas.
Presidente Bolsonaro, lembre-se: Geisel e Armando Falcão.]
Há uma corrente no Planalto tentando convencer Jair Bolsonaro a abandonar de vez as falas na porta do Palácio da Alvorada. Além de provocarem muita confusão — afinal, quem fala todo dia acaba falando o que não deve –, as paradas de Bolsonaro incomodam o GSI, que considera inseguro o ritual, e expõem o presidente a “pegadinhas”, como reclamações de eleitores arrependidos. “Ajudaria muito a República se esse cercadinho acabasse”, diz um aliado.

Política e Radar - VEJA



domingo, 14 de junho de 2020

E agora, Ibaneis? - Manifestantes bolsonaristas protestam em frente ao quartel-general do Exército - O Estado de S. Paulo



Protesto Brasília apoiadores Bolsonaro
Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro fazem ato em frente ao quartel-general do Exército em Brasília. Foto: REUTERS/Adriano Machado

O QG do Exército já foi palco de protesto contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF) e favorável à intervenção militar antes, no dia 19 de abril. Nesse dia, Bolsonaro prestigiou o ato e discursou sobre uma caminhonete. A manifestação foi criticada não apenas pelo caráter antidemocrático, mas também pelo simbolismo da escolha do local, sede das Forças Armadas, que representam uma instituição de Estado, e não de governo, e causou desconforto na cúpula militar.
Também desagradou parte da cúpula de militares da ativa o teor da nota divulgada na noite de sexta-feira, 12, assinada pelo presidente Jair Bolsonaro, pelo vice-presidente general Hamilton Mourão e pelo ministro da Defesa, general Fernando Azevedo. Ela foi interpretada por alguns oficiais-generais da ativa como mais uma tentativa de uso político das Forças Armadas, segundo apurou o Estadão/Broadcast. 

Na avaliação desses militares, mais uma vez, em reação a movimentos do Supremo Tribunal Federal e agora, também do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a respeito da possível cassação da chapa Bolsonaro-Mourão, o presidente da República reage com declarações que são interpretadas como ameaças veladas e descabidas de emprego das Forças Armadas — como se elas fossem um instrumento ao alcance de suas mãos. O entendimento é de que toda essa gritaria é uma ação midiática para atender ao presidente Bolsonaro, que insiste nesse clima de tensão e enfrentamento para manter a sua militância ativa e aguerrida.

Ataque ao STF
Neste sábado, 13, à noite, um grupo de pessoas autodenominado “300 do Brasil” simulou, com fogos de artifício, um ataque ao STF. Os fogos foram disparados às 21h30 na direção do edifício principal do Supremo, na Praça dos Três Poderes, enquanto os manifestantes xingavam ministros.
“Isso para mostrar ao STF e ao (Governo do Distrito Federal) GDF que nós não vamos ‘arregar’. Repararam que ângulo dos fogos está diferente da última vez? Se preparem, Supremo dos bandidos”, ameaçou um manifestante em vídeo nas redes sociais.
“Desafiem o povo. Vocês vão cair. Nós vamos derrubar vocês, seus comunistas”, ameaça um manifestante em outro vídeo, no qual também xinga o ministro do STF, Gilmar Mendes.

Esse foi mais um ato realizado pelo grupo liderado pela militante Sara Winter, ex-assessora de confiança da ministra Damares Alves, da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Após ter acampamentos ilegais desmantelados pela Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), cerca de uma dúzia de manifestantes invadiu a cúpula do Senado. O grupo deixou o prédio do Congresso pacificamente após intervenção da Polícia Legislativa. Na manhã de sábado, agentes da PMDF, do Corpo de Bombeiros e da Secretaria de Estado de Proteção da Ordem Urbanística (DF Legal) desmontaram e recolheram faixas, material de lona e estrutura metálica dos acampamentos. A PM usou gás de pimenta para dispersar um pequeno grupo que resistiu à ação.

Esplanada fechada
Neste sábado, 13, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB) decretou o fechamento da Esplanada dos Ministérios durante todo o domingo. No texto, Ibaneis cita "ameaças declaradas por alguns dos manifestantes" e destaca necessidade de "contenção de riscos, danos e agravos à saúde pública". A medida proíbe trânsito de veículos e determina acesso aos prédios apenas por autoridades, da 0h até as 23h59 de domingo.

O texto prevê que manifestações poderão ser realizadas, "desde que comunicada com antecedência e devidamente autorizada pelo Secretário de Segurança do Distrito Federal". O governo local, no entanto, não informou se há algum protesto marcado para este domingo com autorização para ocorrer. Mesmo com a proibição para pedestres e veículos na Esplanada dos Ministérios, cerca de 15 apoiadores do presidente Jair Bolsonaro chegaram a circular pela Praça dos Três Poderes com bandeiras. Policiais militares, no entanto, convenceram essas pessoas a deixar o local.

Em suas redes sociais, Sara Winter acusou o governador Ibaneis Rocha de "ditador" e cobrou a revogação do decreto que fechou a Esplanada, "Revogue agora mesmo esse decreto inconstitucional ou haverá consequências! Se você tirar o direito de ir e vir do povo, tiraremos o seu também!", escreveu.

O Estado de S. Paulo - Politica 

sábado, 13 de junho de 2020

A lista de crimes citados por Alexandre de Moraes contra Sara Winter - VEJA - Radar


Relator do inquérito das fake news, que investiga o gabinete do ódio bolsonarista, Moraes expediu mandados de busca contra Sara Winter e outros aloprados investigados por financiar e executar ações contra o STF e a democracia.  Depois de receber a Polícia Federal em casa, Sara Winter ameaçou Moraes. Entra as coisas publicáveis, ela disse o seguinte: “A gente vai descobrir os lugares que o senhor frequenta. A gente vai descobrir quem são as empregadas domésticas que trabalham pro senhor. A gente vai descobrir tudo da sua vida… até o senhor pedir para sair. Hoje o senhor tomou a pior decisão da vida do senhor”.

Moraes incluiu as ameaças de Sara Winter num despacho de seis páginas em que cobra “providências cabíveis” da PGR contra os ataques da influencer. O caso aguarda manifestação do procurador Frederick LustosaMoraes listou crimes de injúria e ameaça e três artigos previstos na Lei de Segurança Nacional. As penas somadas vão de 7 a 22 anos de prisão. 

Veja a lista:
Artigo 140 do Código Penal. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: detenção, de um a seis meses, ou multa
Artigo 147 do Código Penal. Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave: detenção, de um a seis meses, ou multa.
Artigo 18 da Lei de Segurança Nacional. Tentar impedir, com emprego de violência ou grave ameaça, o livre exercício de qualquer dos Poderes da União ou dos Estados. Pena: reclusão, de 2 a 6 anos.
Artigo 23 da Lei de Segurança Nacional. Incitar: à subversão da ordem política ou social; à animosidade entre as Forças Armadas ou entre estas e as classes sociais ou as instituições civis; à luta com violência entre as classes sociais; à prática de qualquer dos crimes previstos nesta Lei. Pena: reclusão, de 1 a 4 anos.
Artigo 26 da Lei de Segurança Nacional. Caluniar ou difamar o presidente da República, o do Senado Federal, o da Câmara dos Deputados ou o do Supremo Tribunal Federal, imputando-lhes fato definido como crime ou fato ofensivo à reputação. Pena: reclusão, de 1 a 4 anos. 

Radar - VEJA


quarta-feira, 10 de junho de 2020

É difícil anular uma chapa presidencial eleita por 60 milhões de votos - Merval Pereira

O Globo

Processo do TSE - Provas compartilhadas

[Difícil? Impossível retrata melhor
especialmente quando não há provas que sustentem o que chamam de acusação.
Ainda que  os fatos,  objetos de ilações, tivessem ocorrido em nada alteraram o resultado das eleições. 
O 'poste' da oposição desde antes de ser candidato já sabia que tinha sido escalado para perder.]

Na frente do prédio do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em Brasília, onde se desenrolam os processos para impugnação da chapa Bolsonaro-Mourão sob diversas alegações, dois grupos se manifestavam ontem. De um lado, a turma do Bolsonaro, comandada pela ativista Sara Winter. De outro, o grupo da oposição, aparentemente liderado pelo PT.

Ambos com pouca gente, diga-se de passagem, o da oposição menor. Gilberto Carvalho, ex-ministro de Lula e seu braço direito, pegou o megafone e começou a esbravejar contra o “golpe” sofrido pela ex-presidente Dilma, e a defender ao mesmo tempo a cassação do mandato de Bolsonaro e Mourão.  Foi tiro e queda, esvaziou-se a manifestação oposicionista. Esse fato fortuito é exemplar de uma situação política apodrecida, que levou à irrelevância de Lula na atual quadra brasileira. Como Bolsonaro, Lula só pensa naquilo, a eleição de 2022. Mas quer que os partidos continuem a girar em torno dele, o sol oposicionista. Um desejo irrealizável pelas leis em vigor, pois foi condenado em segunda instância e é inelegível. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, já lançou a candidatura de Lula, e José Dirceu, mais pragmático, mas igualmente fora da realidade, defende o que chama de “chapa imbatível”, com o governador petista da Bahia Rui Costa para presidente e Flavio Dino, governador do Maranhão do PCdoB, como vice. Uma tentativa de manter o PCdoB como satélite do PT.

No domingo, num programa especial da Globonews de Miriam Leitão, ficaram frente a frente três líderes da oposição a Bolsonaro: Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, Marina Silva, do Rede e Ciro Gomes do PDT. Debateu-se uma aliança oposicionista que unisse vários partidos, aliança essa que o PT já se recusou a aderir, alegando que não poderia conviver com quem trabalhou pelo “golpe” contra Dilma, nem assinar um mesmo documento que o ex-ministro Sérgio Moro. No programa da Globonews, Ciro Gomes tomou a iniciativa de se reaproximar do ex-presidente Fernando Henrique, a quem criticou regularmente nos últimos anos, depois de terem sido companheiros de partido e de governo. Num momento como o que enfrentamos, com crises para todos os lados, é indispensável que os líderes políticos se unam em tono do que os agrega, como a oposição de Bolsonaro.

Mas os dois populistas, Bolsonaro e Lula, se retroalimentam, e precisam um do outro. Não creio, porém, que depois dessa experiência com o governo Bolsonaro, e com a debilidade política do PT, tenham chance novamente de dividir o eleitorado. O julgamento da chapa Bolsonaro -Mourão, ontem no TSE, foi o primeiro dos muitos que vão acontecer e deve ser arquivado, porque a questão é frágil. Trata-se de um site “Mulheres contra Bolsonaro” que foi invadido por hackers e teve o nome mudado para “Mulheres a favor de Bolsonaro”.

É muito subjetivo determinar se foi o candidato quem mandou invadir o site, e o relator do caso, ministro Og Fernandes, votou pelo arquivamento. O ministro Facchin quer continuar a investigação. Assim como esse, outros processos também são frágeis. O fundamental para o TSE é definir se essas ações mudaram o resultado das eleições. Nesse sentido, o único processo que vai dar discussão é o de impulsionamento de mensagens no WattsApps, mentirosas ou favoráveis a Bolsonaro. Impulsionamento na campanha eleitoral é ilegal - não se pode mandar a mesma mensagem para milhares pessoas porque é caro e caracteriza abuso de poder econômico.

Além disso, quando impulsiona mensagens mentirosas, outro candidato está sendo prejudicado. O compartilhamento de provas encontradas no inquérito do Supremo que já investiga fake news há um ano, se autorizado, pode robustecer esse processo no TSE, e a quebra de sigilo dos empresários envolvidos no apoio ao governo Bolsonaro nas redes sociais pode levar à criminalização desse apoio, comprovando o abuso do poder econômico. O presidente do TSE, ministro Luis Roberto Barroso, já avisou que a esperança de grupos de que o TSE possa resolver uma questão politica que está posta, com a impugnação da chapa Bolsonaro-Mourão, é infundada. O Tribunal não agirá politicamente, garante. O julgamento deve acontecer ainda este ano, o que, no caso de impugnação da chapa, obrigaria a uma nova eleição direta para presidente da República. Se acontecer depois do segundo ano de mandato presidencial, a eleição seria indireta. O TSE pode também impugnar apenas a candidatura de Bolsonaro, e nesse caso assumiria o restante do mandato o vice Hamilton Mourão. Mas é preciso levar em conta que é muito difícil anular uma chapa presidencial eleita por 60 milhões de votos. [lembrete: a falta de provas da acusação significa, detalhe que não pode ser esquecido, o excesso de provas de inocência.]  A não ser que o excesso de provas torne inevitável a decisão.  

Merval Pereira, jornalista - O Globo

segunda-feira, 8 de junho de 2020

O caminho do arbítrio - Denis Lerrer Rosenfield

O Estado de S.Paulo

Estamos vivendo um processo semelhante ao da Venezuela chavista, só que de sinal trocado

Urge que o presidente Bolsonaro pare sua escalada rumo ao autoritarismo, mediante o uso indiscriminado do arbítrio. Decisões presidenciais num Estado democrático passam por uma série de mediações, sendo as mais importantes o Legislativo e o Judiciário, e no que concerne a este último, o STF. Arrogar a si a verdade e a decisão arbitrária só é fonte de confrontos incessantes.

Acontece que o presidente e sua família operam segundo a concepção schmittiana da distinção entre amigo e inimigo, fazendo que qualquer crítica ou divergência seja vista sob o prisma do inimigo a ser atacado. O mesmo vale para amigos em definições mutáveis, pois, ao passarem a ser considerados uma ameaça, tornam-se inimigos a ser abatidos – os casos mais eloquentes, Bebianno, Moro e Santos Cruz.

A distinção amigo-inimigo não é, todavia, exclusiva da extrema direita, vale também para a esquerda. O próprio Carl Schmitt, após ter sido apoiador entusiasta de Hitler, escreveu, no pós-guerra, que Mao e Lenin se encaixavam na mesma concepção, tecendo-lhes elogios. Chávez e agora Maduro são seus discípulos. A distinção lulopetista entre “nós” e “eles” é dessa mesma estirpe.

No caso da experiência venezuelana, considerada por Lula um exemplo de democracia, processou-se a subversão da democracia por meios democráticos. As instituições democráticas foram inicialmente preservadas, enquanto o seu interior foi progressivamente minado. A imprensa e os meios de comunicação em geral foram, passo a passo, calados, o Legislativo perdeu suas funções, com o presidente passando a legislar por decretos, e o Supremo Tribunal, após ser atacado, foi cooptado. Milícias foram criadas e passaram a violentar e controlar os cidadãos.

No Brasil, estamos vivendo um processo semelhante nos seus inícios, só que de sinal trocado. Da extrema esquerda passamos para a extrema direita. [mudança que por si só já vale qualquer sacrifício para consolidar e ampliar.] Os ataques sistemáticos à imprensa, aos meios de comunicação em geral e o financiamento e operação organizada de grupos encarregados de difundir fake news mostram essa tática de ataque ao “inimigo”. A ameaça de ruptura institucional, apesar de apresentada como defesa da democracia contra o espantalho do comunismo, é outro de seus braços. A constituição de milícias digitais, agora tornadas milícias de rua, até mesmo armadas, caso do grupo liderado por Sara Winter, é outro de seus instrumentos. A antiga bandeira preta da Ucrânia, símbolo da extrema direita naquele país, é o seu símbolo.

Na mesma linha, a declaração presidencial de que população brasileira deve ser armada para não ser escravizada procura, na verdade, a servidão dessas forças ao domínio da extrema direita. Uma coisa é a posse de armas no legítimo exercício da autodefesa, um direito; outra, muito diferente, é armar a população para se opor às autoridades, como os governadores de Estado, por suas políticas de combate à pandemia.

Contudo parar esse processo rumo ao precipício exige moderação do presidente, com a subsequente alteração da equipe governamental mediante o afastamento dos mais exaltados, os ideológicos. A perseguir tal política, as crises sanitária, política e econômica só tendem a se agravar, levando o País a um impasse perigoso, estando o próprio mandato presidencial em questão.

As recentes manifestações de reação a este autoritarismo por meio de vários manifestos pela democracia exibem uma sociedade atuante, ciente de que suas instituições devem ser defendidas independentemente dos governos. A democracia é tida por um valor maior, situado acima das contendas políticas e partidárias. No entanto, não deveria esse processo ser conduzido sob o modo de uma nova polarização, embora possa ser necessária num primeiro momento, sob pena de outra forma de autoritarismo surgir novamente no horizonte. O impasse institucional seria o seu resultado.

Salta à vista que dois terços da população brasileira não são pró-democracia, apesar de serem anti-Bolsonaro. Aí estão incluídos, por exemplo, os responsáveis pelo mensalão, que minaram o sistema representativo com a corrupção e o descalabro fiscal, para além das tentativas, felizmente infrutíferas, de controle da imprensa e dos meios de comunicação, apresentadas naquele então como sendo a verdadeira democracia. Para não falar das milícias do MST infernizando o campo brasileiro. Convém estar atentos a esses “novos democratas”.

Deve-se olhar igualmente com precaução a participação de torcidas organizadas nas manifestações, pois considerá-las como democráticas é outro equívoco. Na pressa de uma oposição atuante nas ruas, corre-se o risco de confundir alhos com bugalhos, na medida em que se caracterizam por serem uma espécie de quadrilhas, cujo prazer é extraído do uso da violência.

A sociedade brasileira deve sair da polarização, tendo como norte a democracia, sob pena de perpetuarmos o impasse pelos próximos dois anos e meio, além de corrermos o perigo de nele permanecer por mais quatro anos, seja sob a égide da extrema direita, seja da extrema esquerda.

Denis Lerrer Rosenfield Professor de filosofia na UFRGS - O Estado de S. Paulo


domingo, 31 de maio de 2020

Moro ironiza ato contra o STF: ‘Tão loucos, mas, ainda bem, tão poucos’ - VEJA

sexta-feira, 29 de maio de 2020

Confronto institucional caminha para ruptura (por João Bosco Rabello) - Blog do Noblat - VEJA



Além da sintonia entre STF e Congresso Nacional, cabe ressaltar um aspecto comum a ambos nesse momento: estão se manifestando como corporações que colocaram suas divergências internas à parte para demonstrar unidade em defesa da independência dos poderes.
Na sequência das manifestações, o ministro Alexandre de Moraes determinou uma operação de busca e apreensão contra produtores e disseminadores de fake News contra a Suprema Corte, na mais forte reação ao incitamento nas redes sociais para os ataques a ministros que a integram.

Os alvos da operação se manifestaram de forma ainda mais agressiva desafiando o STF, alguns até deixando a impressão de que desejam a prisão como forma de agravar o conflito. Casos do ex-deputado condenado no mensalão, Roberto Jefferson, e da ativista Sara Winter, que ameaçou explicitamente o ministro Alexandre de Moraes anunciando que o sitiará em sua casa, investigará suas empregadas e o seguirá por onde for, para fazê-lo arrepender-se de sua decisão.

A operação não busca apenas sustar a produção de fake News, o que por si só já a justifica. Mas quer principalmente chegar aos que incitam ao linchamento da Suprema Corte, criando ambiente para ataques mais concretos. Vale lembrar que no passado ações semelhantes levaram grupos a invadir e quebrar as dependências da Câmara Federal sob o beneplácito do governo da hora, no caso o do então presidente Lula.

O acampamento coordenado por Sara Winter, de gente armada e treinada para enfrentamento de rua, é um acinte à luz do dia. Ocupam o estacionamento do ministério da Justiça e apontam para o STF. E se dizem perseguidos por manifestarem opinião. É bem mais que isso e o STF não pretende recuar. A essa altura, vai ficando cada dia mais arriscada para a sua imagem a dubiedade das Forças Armadas que além do núcleo duro de generais em torno do presidente da República, ocupam mais de dois mil cargos no Executivo. O bordão repetido diariamente de que estão ao lado da Constituição, a qualquer momento terá que se materializar.

Para um passo adiante no agravamento da crise, Bolsonaro não tem sustentação popular. As pesquisas registram sua estabilidade no patamar de 30%, mas com viés de queda. Seu índice de reprovação aumentou e a deterioração da economia – que já não ia bem antes da pandemia, ao contrário do que sustenta o ministro Paulo Guedes -, tende a agravar a perda de capital eleitoral. As pesquisas também indicam o aumento da percepção de que o presidente tenta proteger os filhos, por temer que investigações os alcancem. O próprio presidente explicitou esse receio na reunião ministerial do dia 22, exibida ao país por determinação do ministro Celso de Mello. Como os filhos estão na gestão de governo, cristaliza-se a ideia de uma Casa Real cujos membros são intocáveis.

Blog do Noblat - VEJA - João Bosco Rabello. Jornalista há 40 anos. 

quinta-feira, 21 de maio de 2020

Até papagaio bate continência - O Globo

Ascânio Seleme 


Os milhares de cargos federais entregues a militares, suas famílias e seus amigos se transformam em motivadores do apoio a Bolsonaro

Nunca, desde abril de 1985, as Forças Armadas foram usadas de maneira tão escancarada em favor de um projeto político. E nunca, em toda a história do Brasil, cederam tão docilmente. A ocupação das estruturas do Executivo por militares já depõe sobre a subserviência [sic]  das forças ao presidente Bolsonaro. Não se trata de disciplina, de obediência ao comandante em chefe, que podem ser até a desculpa oficial, mas é porque há uma compensação. Com esse loteamento de cargos, Jair Bolsonaro interfere à vontade em todas as instâncias de poder militar, sobretudo no Exército. Não fosse assim, sua ordem para a revogação de três portarias do Comando Logístico do Exército que estabelecem controle, identificação e rastreabilidade de armas e munições jamais passaria. Passou e foi mais um dos muitos ataques de Bolsonaro ao Estatuto do Desarmamento, que o Ministério Público Federal denunciou por inconstitucional. O presidente já baixou diversos decretos autorizando porte, aumentando volume de compra de munições, reduzindo idade e ampliando áreas para uso de armas de fogo. Quase todos foram revogados depois de reconhecidas suas inconstitucionalidades. [o argumento de 'inconstitucionalidade' dos decretos só prosperou, não pela revogação das portarias e sim por ao revogá-las o Executivo fazia mudanças em normas estabelecidas por lei - o 'estatuto do desarmamento' que já agoniza.
Ocorreu uma falha na utilização de um Decreto para revogar disposições que apesar de constarem de portarias, tinham amparo em lei.] 

Um desses decretos aumentava de 50 para 5.000 o número de munições que poderiam ser compradas anualmente por qualquer pessoa que tivesse arma registrada. Ela autorizava a compra de pouco mais de 2 bilhões de balas por ano, permitindo que se dessem quase 6 milhões de tiros a cada dia no Brasil. Caiu, claro. Em outro, Bolsonaro flexibilizava de tal forma a lei de compra de armas que um cidadão como você e eu poderia ir ao mercado e comprar um fuzil para defesa pessoal. Há quem veja nisso apenas o atendimento de uma pauta da turma da bala. Ma há os que veem mais do que isso. Haveria um projeto em curso para armar e municiar pessoas e grupos que apoiam o presidente? O fato é que as pessoas estão cada vez mais à vontade para portar armas. No acampamento paramilitar da Esplanada dos Ministérios há gente armada, como revelou a líder do grupo, Sara Winter. Ela disse que as armas servem para o grupo se defender. Se defender de quê? Todos os acampados de Brasília são radicais antidemocráticos e atacam sistematicamente o Congresso, o Supremo e a imprensa, e muitos são membros efetivos ou reformados de forças militares.

Nesse sentido, os milhares de cargos federais entregues a militares, suas famílias e seus amigos se transformam em motivadores do apoio a Bolsonaro. Além de membros das três Forças Armadas, há cargos ocupados por oficiais e praças da ativa ou da reserva das forças auxiliares estaduais, como PMs e Bombeiros, e por delegados e agentes das polícias Civil, Federal e Rodoviária. A aposta é consolidar de tal maneira a presença militar e policial nas estruturas do poder que qualquer solavanco que ameace esses empregos se transforme num gatilho de defesa do governo.

Eles estão por todos os lados, nos ministérios, nas autarquias, nas estatais, nos bancos oficiais. Mas o caso do Ministério da Saúde é exemplar. Lá há tantos militares em cargos de chefia, 18 segundo contabilidade do GLOBO, que até papagaio bate continência. A expressão é do falecido escritor Joel Rufino, se referia à antiga CBD, Confederação Brasileira de Desportos e dava conta da militarização da seleção brasileira sob o comando do almirante Heleno Nunes. [irônico é que nos tempos da chamada militarização da seleção,  na qual "até papagaio bate continência", a seleção ganhava títulos;
já agora, que  não bate continência, os títulos escassearam - de SELEÇÃO BRASILEIA em maiúscula, passou a timinho.
Oportuno enfatizar que papagaio bate continência, os militares prestam continência.]  Na Saúde do general Pazuello ocorre o mesmo.

A explicação de que são bons porque são disciplinados é mais esfarrapada que pano de chão velho. Ninguém é melhor em qualquer coisa apenas porque foi ou é militar. Com certeza, pode-se garantir apenas que os militares são melhores em ordem unida. Fora isso, podem ser melhores ou piores, de acordo com a formação acadêmica de cada um. O que está ocorrendo sob o manto da eficiência militar é a distribuição de cargos com salários que variam de R$ 10 mil a R$ 39 mil. E, nas ruas, colegas de farda, amigos e parentes armados e municiados servem de apoio. Assim Bolsonaro se protege, dando boquinhas aos militares e bocarras ao centrão.

Ascânio Seleme, jornalista - O Globo