Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
Nações têm interesses e estão de olho em mercados. A relação entre
parceiros pode gerar benefícios, mas quando ela se traduz em dependência
pode significar, também, riscos
Semanas atrás, na véspera da visita do presidente Jair Bolsonaro à Rússia, um recuo das tropas comandadas por Vladimir Putin foi comemorado como um sinal de que o iminente conflito com a Ucrânia poderia não ocorrer. O quadro remete ao que muitas vezes ocorre com o paciente internado por longo período em um hospital: uma leve melhora antes do óbito. No caso das tropas russas, o que houve foi um embuste. A decisão de Moscou de atacar Kiev já estava tomada. Era apenas questão de tempo. Prova disso é a velocidade com que avançam sobre o território ucraniano.
Bombas, mísseis e mortes ocorrem todos os dias – a população de Israel que o diga, volta e meia atacada pelo grupo terrorista Hamas. O que estamos assistindo neste momento, porém, é bem diferente. Trata-se de uma potência nuclear avançando sobre o segundo país em área territorial do Velho Continente. Não é pouca coisa.
A ruína da antiga União Soviética trouxe cicatrizes. Países foram desmantelados (Tchecoslováquia e Iugoslávia, para ficarmos em apenas dois dos mais expressivos exemplos) e deram origem a outras nações. E embora tenham sido processos traumáticos e construídos muitas vezes à base de protestos, sangue e mortes, eram conflitos essencialmente internos.
Sem saber ainda qual o apetite de Vladimir Putin e qual a dimensão que terá o impacto nas relações políticas e econômicas, ficam algumas lições do que ocorre neste momento.
A primeira e, talvez, mais básica é: não existe vácuo de poder. Quando alguém abre mão da liderança, o que surge não é o vazio, mas sim uma substituição natural.
Donald Trump estava longe de ser o mais polido dos presidentes norte-americanos. Mas se faltava educação e finesse, sobrava habilidade nas negociações.
Joe Biden oscila. A ameaça de retaliar a Rússia com embargos econômicos tem alcance limitado e ele sabe disso. O mundo esperava uma reação mais enérgica. Ela não veio.
A segunda lição serve de alerta: a agenda ambiental que demoniza combustíveis fósseis pode ser, aos olhos das novas gerações, limpa e cheirosa. Mas traz riscos, especialmente do ponto de vista de segurança, tanto de fornecimento quanto de estabilidade política. A pergunta mais óbvia é:enfiar goela abaixo, a fórceps, o uso de energias alternativas interessa a quem?
Nações têm interesses e estão de olho em mercados. A relação entre parceiros pode gerar benefícios, mas quando ela se traduz em dependência pode significar, também, riscos. A Europa que estimulou (inclusive com a adoção de prazos legais) a propagação dos carros elétricos estava interessada em depender menos do petróleo que ela pouco produz(exceção feita aos nórdicos).Até aí, sem problemas.Mas a mesma Europa que queria reduzir esta dependência é hoje praticamente refém do gás russo,especialmente a Alemanha, que decidiu precipitada e erroneamente desligar usinas nucleares após o terremoto e posterior tsunami que atingiu a usina de Fukushima.
Em meio à onda desarmamentista que avança sobre o mundo, uma importante lembrança: na metade da década de 1990, um acordo selou o destino do poderio nuclear da Ucrânia, o terceiro mais importante do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e Rússia. As ogivas foram devolvidas aos russos sob a promessa de que o ocidente garantiria a segurança dos ucranianos. Pergunto: se a Ucrânia ainda tivesse este arsenal sob seus domínios, Putin se arriscaria a fazer o que fez? Pouco provável.
O fato é que Joe Biden parece perdido.[parece? o dorminhoco americano já estava perdido quando o candidataram.] Não é a primeira vez que isso ocorre com um presidente dos Estados Unidos.Na década de 1960, John Kennedy passou por situação semelhante. Após vencer Richard Nixon nas eleições, o jovem presidente democrata entrou em uma ciranda de desgaste da gestão. A aprovação a ele e ao governo caía. Assim como ocorre agora, a antiga União Soviética viu na fraqueza de Kennedy uma oportunidade de expandir seus domínios e ampliar seu poder bélico.
O resto é história. A chamada "Crise dos Mísseis" tirou o sono de boa parte do planeta ao longo de quase duas semanas. Habilidoso, Kennedy viu ali uma oportunidade. O jovem peitou Nikita Khrushchev, impediu a instalação do arsenal soviético em solo cubano e aproveitou para recuperar o terreno perdido. Kennedy ressurgiu como liderança no seu país e, também, no ocidente. O mundo hoje olha para Joe Biden e não nutre grandes esperanças de que algo semelhante possa ocorrer. Se nada for feito, a resposta para o título da coluna será: não há limite. Infelizmente.
Agência tem razões para se orgulhar de sua conduta durante a pandemia.
Barra Torres preservou a credibilidade da instituição, e evitou
bate-bocas e provocações
Bolsonaro pintou-se para uma nova guerra:“Estamos trabalhando agora com a Anvisa, que quer fechar o espaço aéreo. De novo, porra? De novo vai começar esse negócio?”
A
Anvisa nunca sugeriu que se fechasse o espaço aéreo mas, diante do
surgimento de uma nova variante do vírus, o presidente anteviu uma nova
batalha. Ele não gosta da vacinação, preferia cloroquina e prefere viver
no mundo da negação, supondo que com isso defende a economia. Há um
ano, Bolsonaro dizia que a vacina CoronaVac não seria comprada.
Comprou-a. Condenava o isolamento social e teve que aceitá-lo.
De
fato, pode ser que comece tudo de novo, porque o governador João Doria
anunciou que instituirá o passaporte de imunização em São Paulo. Ele
comprou a vacina chinesa e em janeiro começou a aplicá-la. [o 'joãozinho', segundo Bolsonaro o 'calcinha apertada' faz qualquer coisa para chamar atenção e o método mais eficiente para ter êxito é ser contra Bolsonaro.]
Arrumou um ministro da Saúde capaz de dizer que
prefere perder a vida à liberdade, como se esse dilema estivesse na
mesa. Depois de ter fritado dois ministros que tomaram o partido da
ciência e de ter amparado um general desastroso, o capitão sente-se
confortável com o médico Marcelo Queiroga. É seu estilo, mas não
precisava chamar a Agência de Vigilância Sanitária para a briga.
Primeiro, porque a Anvisa é um órgão independente. Além disso, porque
está atirando em um quadro de sua tropa, o médico e almirante Antonio
Barra Torres, cujo pecado seria ter traçado uma linha no chão, além da
qual não pisaria. O Brasil está
chegando perto da marca de 300 milhões de doses aplicadas,com cerca de
65% da população imunizada. Apesar disso, Bolsonaro prefere procurar uma
nova briga.
Barra Torres pode ser visto como um exemplo do
oficial que atendeu ao chamado do capitão.Militar e cavaleiro da Ordem
de Malta, foi colocado na direção da Anvisa e em março de 2020, quando
os mortos pela Covid eram cinco, acompanhou Bolsonaro numa manifestação
que desafiava a pandemia e o Supremo Tribunal Federal. Ele não se
entendia com o ministro Luiz Henrique Mandetta e tinha tudo para virar
um daqueles aloprados que o general Pazuello levaria logo depois para o
Ministério da Saúde.
Recusou-se a
patrocinar as virtudes da cloroquina e disse coisas desagradáveis, tais
como: “Estamos trabalhando no mundo real, que é o mundo científico”, ou
“Vamos deixar de bobagem e vamos vacinar”.
Quando foi
pressionado, o almirante deu um recado críptico: “Meu limite está muito
longe ainda. Tenho 32 anos de treinamento militar”. Como tem mandato e
dirige uma agência independente, não cabia na frigideira em que foi
jogado o general Santos Cruz. O almirante preservou a credibilidade da
Anvisa, evitou bate-bocas e provocações. Não se colocou como um ativo
contraponto à disseminação de superstições.
(...)
Destruição criadora A financeira digital Nubank tornou-se o banco privado mais valioso da América Latina, superando as grandes casas brasileiras. Seu valor de mercado chegou a US$ 47,6 bilhões. Conseguiu isso em apenas oito anos de operações. Oito anos parecem ser um tempo mágico para a destruição criadora do
capitalismo no mercado financeiro de Pindorama. Fundado em 1943, o
Bradesco tornou-se o maior banco privado do país em 1951. Como?
Amador
Aguiar, seu patriarca, percebeu que os grão-senhores da banca não
gostavam de gente com poucos sobrenomes e sapatos sujos. Diante disso,
decidiu que as mesas dos gerentes ficariam na entrada das agências e os
funcionários deveriam ajudar os clientes a preencher cheques. Em algumas
cidades do Paraná, as agências do Bradesco chegavam antes da luz
elétrica.
O Nubank e seus similares fazem coisa parecida no mundo
digital de hoje, correndo atrás de uma fatia de consumidores deixada de
lado pela grande banca. Facilitam os contatos com a clientela e abrem
mão de taxas lucrativas, porém antipáticas.
Destruição destruidora A gigantesca United Health, dona da operadora brasileira Amil, livrou-se de sua carteira de planos de saúde individuais, com 370 mil clientes. Pagou R$ 3 bilhões a uma financeira para que ela ficasse com os contratos e suas obrigações. Para a empresa, foi um bom negócio, porque a operação dava prejuízo. Só o tempo dirá o que acontecerá com os clientes.
Na melhor das hipóteses, fica tudo igual. Na pior, os clientes vendidos, quando desatendidos, deverão recorrer à Justiça.
No
século XIX, a Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro pôs um
anúncio nos jornais pedindo aos donos de pessoas escravizadas que
parassem de depositar negros doentes em seus cemitérios.
A Covid de Trump Mark Meadows, chefe de gabinete de Donald Trump, revelou que o presidente-machão que desafiava o coronavírus foi ao debate com Joe Biden em outubro do ano passado tendo testado positivo para a Covid. Dias depois, levaram-no para o hospital com a taxa de oxigenação do sangue em 86%, indicando perigo para um homem de sua idade.
Melhorou
a marca do tempo que se passa para que se conheça o estado de saúde de
um presidente americano. A patranha segundo a qual estava tudo bem levou pouco mais de um ano para prevalecer. Em 1963, depois de levar um tiro na cabeça, o presidente John Kennedy chegou morto ao hospital, mas esse detalhe levou tempo para ser aceito.
Em
1981, o presidente Ronald Reagan tomou um tiro no peito e sua turma
espalhou que ele entrou no hospital fazendo piadas. Era mentira. Com um
pulmão perfurado, tiraram-no do bico do urubu.
Governadores que entregaram carta a Biden praticaram uma marquetagem imprópria, incompetente e inútil.
Não compete a governadores propor 'estratégias' a governos estrangeiros
[a mancada resultou em uma grande babaquice, por todos saberem que nada do que foi comentado, pensado, na tal reunião virtual, era para valer.
Vamos aguardar 2030 e ver se rendeu alguma coisa.]
Carta entregue a Joe Biden foi marquetagem imprópria e incompetente
Os 24 governadores que entregaram ao embaixador americano Todd Chapman uma carta ao presidente Joe Biden oferecendo o “desenvolvimento de parcerias e de estratégias de financiamento” para a proteção do meio ambiente praticaram uma marquetagem imprópria, incompetente e inútil. (Os governadores de Santa Catarina, Rondônia e Roraima não assinaram a carta.)
Foi uma iniciativa imprópria, porque não compete a governadores propor “estratégias” a governos estrangeiros. Na carta, os doutores falam em nome dos “governos subnacionais brasileiros”. Ganha um fim de semana num garimpo ilegal, quem souber o que é isso. É incompetente, porque uma colaboração internacional para defender o meio ambiente (leia-se proteger a Amazônia dos agrotrogloditas aninhados no bolsonarismo)não precisa ser buscada na Casa Branca. Até o ano passado, ela era ocupada por um tatarana. Existem organizações credenciadas para negociar essas “parcerias”.
À incompetência e à impertinência junta-se um fator de inutilidade historicamente documentada. Os Estados Unidos, como qualquer outra nação, tem interesses. Os amigos são asteriscos. Governadores “amigos”
acabam virando massa de manobra. Em 1961, o presidente John Kennedy lançou um programa chamado Aliança para o Progresso.Tratava-se de barrar a influência do comunismo cubano promovendo reformas sociais na América Latina. Coisa fina, mobilizando quadros da elite que trabalhara nas transformações dos Estados Unidos durante os mandatos de Franklin Roosevelt e na Europa do pós-guerra. Nesse grupo, estava o professor americano Lincoln Gordon, com seu currículo de Harvard e Oxford, mais a experiência adquirida durante o Plano Marshall .
(...)
Em 1971, o diretor do programa de segurança pública da USAID, filha da Aliança para o Progresso, foi perguntado por um senador que pretendia denunciar a ação dos torturadores brasileiros: — Uma dura declaração de nosso governo ou de sua embaixada talvez os inibisse? (...) O senhor não concorda ?
— Eu não acredito, senador, e estou habilitado a responder assim.
Madame Natasha
Madame Natasha faz qualquer coisa pelo meio ambiente, mas não participa de queimadas do idioma. Na quinta-feira, não houve reunião de cúpula de chefes de Estado. Houve, quando muito, um vídeo muito chato.
Desde sempre, as reuniões de cúpula reúnem governantes que às vezes discursam, mas sempre conversam reservadamente. Essa é a parte útil dos encontros. Na cúpula de Biden, houve só a parte inútil.
Braga Netto em 22
O general da reserva Walter Braga Netto, ministro da Defesa, defendeu o governo dizendo que “é preciso respeitar” o “projeto escolhido pela maioria dos brasileiros” para dirigir o país.
Fica combinado que ele continuará na mesma posição em novembro 2022 quando terminar a contagem dos votos da eleição presidencial.
Isolamento no ócio
Nos próximos quatro domingos, o signatário cumprirá um programa de isolamento com ócio.[bom ócio e cuidado com os especialistas em nada.]
O festival de canetadas de Biden, entre várias medidas 'progressistas',
estabelece que homens biológicos que se declarem mulheres poderão
competir em times femininos
No artigo da edição passada para a Revista Oeste, relatei como o novo presidente dos Estados Unidos é uma antiga peça da velha política de Washington no novo cenário da esquerda norte-americana. Joe Biden transita pelos corredores do Capitólio e da Casa Branca há 47 anos. É o que era chamado por Donald Trump de mais uma “criatura do pântano” — uma referência aos bancos de rios e ao solo úmido da planície inundada sobre a qual foi construída a capital. A expressão “drenar o pântano” foi usada incansavelmente por Trump em sua administração com a intenção de passar a mensagem de que a velha política de compadrio de Washington seria combatida e as “criaturas do pântano”, expostas.
Mas, depois de quatro anos de malcriações digitais e políticas reais, o bufão laranja perdeu. O pântano venceu. Pelo menos por agora. E junto com essa vitória, com ou sem fraude, suas criaturas estão de volta, ouriçadas com a possibilidade do poder absoluto — aquele que disseram que Trump usaria — por pelo menos dois anos. Além da Presidência, os democratas agora detêm o controle das duas casas legislativas. Oligopólios e tecnocratas financiaram a campanha que elegeu políticos para proteger oligopólios e tecnocratas. Lobistas endinheirados pendurados em cargos na Casa Branca operam para que a vontade de cidadãos comuns não interfira na ordem do dia ou na vida de oligopólios e tecnocratas que financiam campanhas… É o pântano em seu maior esplendor.
Ainda há quem insista em dizer que não existe esquerda nos Estados Unidos e que o Partido Democrata seguiria apenas uma linha social-democrata. Bem, se estivéssemos falando de algumas décadas atrás, até concordaria com essa afirmação. No entanto, hoje, infelizmente, essa não é a realidade do antigo partido de John F. Kennedy — se estivesse vivo, ele provavelmente seria um republicano.
Com a desculpa da pandemia, os debates presidenciais antes das eleições norte-americanas de novembro foram cancelados. Com um candidato escondido no porão, o país não pôde ver, entender ou ter certeza das plataformas da dupla Biden/Harris. Coletivas com jornalistas eram sempre evitadas pelo então candidato democrata. As entrevistas, quando aconteciam, eram ensaiadas com os mesmos militantes da imprensa. E mesmo com todas as evidências do caminho que a dupla seguiria existia uma pontinha de esperança de que, se Donald Trump não conseguisse a reeleição, Biden, uma vez no topo do poder, não seguiria a agenda da esquerda radical de sua vice, Kamala Harris. Como Biden sempre foi ligado à ala moderada do partido (e talvez por isso tenha saído vitorioso das primárias democratas), havia uma pequena expectativa de que ele não se ajoelharia diante da agenda globalista raivosa. Mas a tal pontinha de esperança e a tal pequena expectativa viraram pó logo na largada do mandato.
Nas primeiras 72 horas como presidente dos Estados Unidos, Biden já havia assinado trinta ações executivas, sendo 19 ordens executivas diretas, todas seguindo os perturbadores caminhos da nova esquerda. Dez das canetadas de Biden reverteram direta e imediatamente as políticas de Trump. Apenas para efeito de comparação, nos mesmos primeiros três dias na Casa Branca,Donald Trump assinou uma única ordem executiva; Barack Obama, cinco;George W. Bush, nenhuma; Bill Clinton assinou apenas uma.
A razão para tantas ordens executivas poderia ser a pandemia? Poderia. Mas boa parte delas nada tem a ver com o vírus, e sim com a agenda radical democrata. O pacote de ordens é uma clara demonstração do que mais arrepia os conservadores e os verdadeiros liberais: a sanha intervencionista do Estado sobre os cidadãos por meio de um governo onipresente e onipotente, sem a menor participação da sociedade.
As pautas ideológicas da nova esquerda norte-americana andam a todo o vapor. Seguem uma tendência histérica no mundo. A mesma turma que grita “ciência” para quase tudo defende a ideia de que não há diferença entre um homem biológico e uma mulher biológica — embora celebre Kamala Harris como a primeira mulher a ser vice-presidente dos EUA.
Dentre as ordens executivas que Joe Biden assinou, uma é muito preocupante:ela coloca meninas competindo com meninos nos esportes. É isso mesmo. Trump havia ordenado exatamente o oposto, obrigando o governo federal a respeitar a obviedade — veja você — científica do sexo biológico. A canetada de Biden proíbe o governo federal de “discriminar com base na orientação sexual ou identidade de gênero”. A medida autoriza que atletas transgênero, meninos e homens biológicos,possam competir com meninas e mulheres em escolas e universidades apenas identificando-se como mulheres. Isso é gravíssimo.
Ryan T. Anderson, pesquisador sênior do Departamento de Princípios Americanos e Políticas Públicas da Heritage Foundation, em uma entrevista nesta semana foi além. Ele tocou em um ponto que sempre menciono em minhas palestras e artigos sobre transexuais no campo esportivo feminino: a judicialização no esporte —agora com o agravante de que as mulheres que não são atletas também terão de buscar a defesa de seus direitos naturais nas cortes.
Insanidade! Anderson disse: “Pelos próximos quatro anos, veremos litígios intermináveis sobre a privacidade feminina quando se trata de espaços exclusivos para mulheres, como banheiros, vestiários e abrigos para sem-teto, onde os homens que se identificam como mulheres dirão que têm o direito civil de entrar e usar aqueles espaços. Haverá litígios em nome de atletas do ensino médio e universidades que perderão corridas e competições para meninos do ensino médio que se identificam como meninas. Veremos litígios de médicos e enfermeiras. É a guerra cultural que atingiu o enésimo grau com o presidente que estava falando sobre união e a cura da nação”, finaliza o pesquisador.
10 mil criminosos estrangeiros soltos. Praticamente um STF ianque
Curiosamente, a consequência dessa ordem absurda do democrata pode trazer união. Não a união que Joe Biden finge que prega, tampouco a que ele desejaria que acontecesse. Um dia depois de assinar a ordem executiva determinando que toda e qualquer instituição educacional que receba financiamento federal deve obedecer ao critério de “como as pessoas se identificam”, e não seu sexo biológico, a hashtag “#BidenErasedWomen” (Biden apagou as mulheres) disparou no Twitter. O movimento nas redes sociais reuniu mulheres democratas, republicanas e pessoas de ambos os lados do espectro político. Todos apontavam os vários perigos da medida que elimina o significado do sexo e traz vários efeitos devastadores para as mulheres. Com a permissão para que homens biológicos possam competir com mulheres em esportes femininos,além do perigo de lesões graves nas modalidades de contato físico para as mulheres, meninos receberiam bolsas universitárias designadas especificamente para as mulheres sob a Lei Título IX (Title IX) — lei federal que garante às atletas o direito a oportunidades iguais nos esportes em instituições educacionais beneficiadas por recursos federais, desde escolas primárias até faculdades e universidades.
E seguimos. A lista das canetadas de Biden em menos de 72 horas incluiu apagar várias determinações da administração Trump em relação a imigração e segurança doméstica. O novo presidente e queridinho da velha mídia desfez as diretrizes relativas à adição de imigrantes ilegais ao Censo. A nova ordem agora permitirá que eles sejam adicionados ao Censo norte-americano e, obviamente, ao número que determina a representação no Congresso, inflando a representação dos Estados com porcentuais mais elevados de imigrantes presentes ilegalmente. Biden também cessou imediatamente a construção do muro da fronteira sul e até sugeriu substituir a palavra “imigrante ou estrangeiro” por “não cidadão” nas leis de imigração dos EUA.
O democrata também propôs a Lei de Cidadania dos Estados Unidos de 2021. Trata-se de um projeto de lei que oferece anistia e cidadania norte-americana imediata a aproximadamente 11 milhões de imigrantes ilegais. Ele também suspendeu as deportações e ordenou que o Immigration and Customs Enforcement (ICE) liberte todos os imigrantes ilegais detidos. Um memorando interno do ICE divulgado por Tucker Carson, âncora do canal Fox News, diz aos agentes para “liberar todos imediatamente”. Se isso se aplica a todos os 14.195 detidos sob custódia do ICE, convém destacar que 71% desse contingente é comporto de criminosos condenados ou acusados de crimes — além de ingresso e permanência ilegais no país. Ou seja, na prática, Biden terá ordenado a libertação de mais de 10 mil criminosos. Praticamente um STF ianque.[devemos ter presente que nos 13 anos da praga petista governando o Brasil, a impunidade se consolidou, de tal forma que já no governo Bolsonaro o STF criou em território brasileiro nacional zonas de exclusão nas quais é vedada a ação policial, incluindo o sobrevôo.]
Quando Trump implementou a proibição de viagens à China nos primeiros dias da pandemia de coronavírus em janeiro de 2020, o então candidato Biden criticou a ação executiva como “xenófoba”, alegando que tais restrições não funcionariam. Um ano depois, Biden, por meio de mais uma ordem executiva, implementou suas proibições de viagens ao Brasil, à África do Sul, à Grã-Bretanha e a outros 26 países europeus.
Desde que assumiu o cargo, na última quarta-feira, a caneta de Joe Biden parece ter vida própria. Entre as decisões executivas, algumas afetarão profundamente os assuntos internos, como o cancelamento da licença para a construção do oleoduto Keystone XL — assunto sobre o qual tratei no artigo da semana passada. A medida é terrível para canadenses e norte-americanos. O oleoduto de quase 2 mil quilômetros do Canadá até Nebraska se juntaria a redes já existentes para que 830 mil barris diários de petróleo canadense chegassem facilmente a refinarias e portos na Costa do Golfo. De lá, poderiam ser exportados para o resto do mercado mundial.
Infelizmente, o projeto Keystone se tornou uma vítima da política ideológica de esquerda. Embora o Departamento de Estado do presidente Barack Obama tenha descoberto por meio de cinco estudos separados que o projeto não teria impacto nas emissões de gases do efeito estufa, grupos ambientalistas lutaram contra o oleoduto desde o primeiro dia. Uma análise adicional mostra que o transporte de petróleo por trem ou navio-tanque geraria mais emissões de gases de efeito estufa e mais riscos de vazamento. Mais de 60 mil empregos foram apagados com essa assinatura de Joe Biden.
Entre as ordens impostas por Biden em menos de uma semana está a volta imediata ao Acordo Climático de Paris e à Organização Mundial da Saúde, instituição que errou em praticamente tudo acerca da pandemia históricae hoje não passa de uma extensão do comando ditatorial chinês. Desde o fim da década de 1980, presumimos que a abertura do comércio à China comunista transformaria o Estado repressivo daquele país. Os EUA apostaram nisso mesmo depois da cena histórica na Praça da Paz Celestial. Não funcionou. Agora temos uma China ainda mais comprometida em reprimir seu povo e os trabalhadores norte-americanos acabaram perdendo ao longo das últimas décadas postos valiosos em razão da usurpação chinesa. Trump iniciou uma guerra comercial e, apesar de muitos hoje estarem cientes das várias facetas do jogo desonesto chinês, figuras do pântano continuam fingindo cegueira, uma vez que estão de mãos dadas com negócios da China. Literalmente.
Também contra todas as probabilidades, e arrumando brigas no Pentágono que podem ter custado sua reeleição, Trump reduziu os níveis de tropas norte-americanas no exterior, especialmente no Iraque, no Afeganistão e na Síria. Ele provou algo que parecia quase impossível ou inimaginável: a ideia de que um presidente norte-americano não iniciaria novas guerras. Em menos de uma semana, Biden já aumentou o contingente de tropas no exterior e sinalizou aos senhores das armas do pântano que a torneira não vai secar.
A velocidade com que a lista de desejos da esquerda foi concedida por meio das ordens executivas de Joe Biden mostra exatamente onde estamos. Os democratas e a sanha da agenda globalista não desejam união, eles querem dominação. Sobre as famílias e seus filhos, sobre as comunidades e suas decisões. Podemos até debater se Donald Trump é um verdadeiro conservador, no sentido original da palavra, ou se ele é apenas um narcisista de carteirinha.
No entanto, durante quatro anos, sua agenda foi implementada de acordo com uma plataforma conservadora baseada em liberdade e responsabilidade. E, para isso, acredito não haver retorno. O norte-americano voltou a sentir o tato das rédeas em suas mãos. Ser conduzido por burocratas e tecnocratas em uma união global com um governo distante é o maior dos pesadelos — é a última coisa que um cidadão comum por aqui desejaria, democrata ou republicano.
Pela velocidade com que a caneta de Biden anda atuando, não me surpreenderia se o mau uso da nova tinta azul trouxesse de volta aquele velho e surrado boné vermelho. Pode ser que “Make America Great Again” volte não apenas por ser moda ou um movimento político de oposição, mas por acabar tornando-se uma realidade.
Antigamente, era mais fácil. Havia muita diversificação entre os
veículos de imprensa, mas com uma divisão principal: os independentes e
os chapa-branca. Aliás, esta última expressão é ela mesma do tempo
antigo. Hoje, as autoridades circulam em carros com placas de bronze –
evoluíram, não é mesmo? – ou com chapas frias. Sabem como é, o povo
hoje sabe com quem está falando e muitas vezes não gosta. [a imprensa livre, independente, investigativa é e sempre será necessária. Se torna inconveniente, abusiva mesmo, que passa a ser repetitiva, cansativa, na tentativa - sempre vã - de impor o que pensa ser correto, de apresentar sua versão, sua interpretação, como fato. Se necessário, procede até o fatiamento da noticia, esquartejamento mesmo, para enfiar goela abaixo, trecho por trecho, o que lhe convém. Só que o povo, especialmente o brasileiro, não aceita - pode não saber votar, votando em coisas como lula e dilma - mas não aceita versões. Vota mal, mas interpreta fatos de versões.]
Mas voltemos ao que interessa, a imprensa. Os veículos chapa-branca
eram aqueles que só existiam para fazer propaganda e/ou defender os
interesses do governo, de políticos, de igrejas e de negócios setoriais.
Viviam de verbas públicas ou de dinheiro colocado pelo patrocinador. A imprensa independente era aquela que vivia da notícia e, no caso da
tevê, do entretenimento. Vivia no duplo sentido: tinha que ser
reconhecida como tal pelo público (credibilidade) e tinha de ganhar
dinheiro com venda em bancas, de assinaturas e de publicidade. A
independência deveria ser editorial e econômica ao mesmo tempo. Aqui, essa imprensa independente amadureceu ao longo da vida democrática pós-1985. Tem várias características, algumas boas, outras ruins, mas há um
ponto essencial. A imprensa brasileira não é bem agressiva, é atrevida.
Nem sempre foi. Tornou-se atrevida, especialmente a política, em tempos
relativamente recentes. Por exemplo: alguns anos atrás, repórteres políticos não se
atreveriam a perguntar ao presidente se ele queria interferir na Polícia
Federal ou melar uma investigação sobre atividades de seus filhos. Na verdade, não é que não se atreveriam, nem lhes ocorria perguntar
esse tipo de coisa. Parecia normal que autoridades tivessem privilégios,
incluindo as famosas mordomias. Também não era um vício apenas nacional. Na Washington de John
Kennedy, todo mundo sabia que o presidente gostava muito de mulheres e
que as recebia na piscina da Casa Branca quando Jacqueline não estava
por perto. Jornalistas sabiam, alguns até participavam das farras – e
não publicavam nada. Ao contrário, publicava-se que se tratava de um
feliz casal presidencial. Em Brasília dos anos 80 e 90, os jornalistas também sabiam das
mazelas pessoais (amantes, rolos) e, digamos, profissionais dos
políticos, tais como negócios paralelos. Não lhes ocorria publicar,
mesmo porque muitos jornalistas desfrutavam de vantagens indevidas, como
empregos no Congresso, em autarquias e estatais. Além de financiamentos
especiais em bancos públicos. A mudança forte começou a aparecer na passagem dos anos 80 para os
90. Repórteres mais novos começaram a publicar os privilégios, os
bastidores, inclusive das casernas – ou seja, as informações não
oficiais, não autorizadas, mas obtidas por apuração e investigação
independente. Ao mesmo tempo, desenvolveu-se o jornalismo opinativo – outro que
tanto incomoda as autoridades. Para o presidente Bolsonaro e seus
seguidores, ou a imprensa é a favor ou é mentirosa, canalha, lixo e
tantas outras ofensas. Mas na democracia, quem decide se uma imprensa é boa ou não é o público, com sua audiência, sua leitura, seu respeito. Essa imprensa está aí. Ainda bem. As redes sociais, claro, são uma novidade. Mas a divisão entre
independência e militância de qualquer tipo é a mesma que se via na
imprensa tradicional. Então, os principais veículos independentes, aqui e no mundo, estão
migrando para as redes sociais. Continuam sendo a representação da
imprensa livre e responsável. Mas as redes também tornaram mais fácil o surgimento dos veículos
“fake news”, que bem poderia ser a nova designação para imprensa marrom,
aquela sem nenhum escrúpulo. Do mesmo modo que antes não se poderia fechar a imprensa para
bloquear o lado marrom, também hoje não se pode bloquear as redes para
afastar os provedores de fake news, ofensas e ameaças. Mas, atenção, liberdade de expressão não é um salvo conduto. Não pode
haver censura prévia. Mas a publicação e seus autores podem ser
processados, na devida forma da lei. Carlos Alberto Sardenberg, jornalista
“A morte do ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega, no
interior da Bahia, embora a versão oficial seja a de que resistiu à
prisão, alimenta suspeitas de queima de arquivo”
Os programas de tevê que fazem a cobertura policial no estilo
“bandido bom é bandido morto” foram a principal causa do fechamento do
jornal Notícias Populares, ligado ao Grupo Folha, que circulou de 1963 a
2001 na capital paulista e se notabilizou pelas manchetes
“se-espremer-sai-sangue”e fotos de mulheres nuas. Criado pelo romeno
Jean Nelle, abusava do que hoje seria chamado de fake news, como a
história do Bebê Diabo,uma série fantasiosa de reportagens sobre uma
criança que nasceu com deformações físicas, e o desaparecimento de
Roberto Carlos,que, na verdade, estava em viagem aos Estados Unidos e,
por isso, não havia sido localizado pelos repórteres do jornal.
Ex-capitão do Bope, Adriano da Nóbrega, curtindo uma de fazendeiro - papel que não combina com o fuzil que carrega e que não foi encontrado entre as armas apreendidas. Foto: Divulgação
No Rio de Janeiro, o jornal Luta Democrática, fundado pelo político
fluminense Tenório Cavalcanti, que circulou de 1954 a 1980, também
abusava de manchetes sensacionalistas, como “Violada no Auditório”, a
propósito do fato de o cantor Sérgio Ricardo ter quebrado o violão
durante uma apresentação musical, e “Cachorro fez mal à moça”, um caso
banal de infecção intestinal por causa de um sanduíche de salsicha,
ambas de autoria do jornalista Carlos Vinhaes. Sexo, sangue, dinheiro e
poder eram os quatro pilares dos jornais policiais norte-americanos da
década de 1950 que serviram de paradigma para o NP e a Luta.
O escritor norte-americano James Ellroy, autor deLos Angeles —
Cidade Proibida, se inspirou no noticiário policial para escrever sua
trilogia sobre a política norte-americana, que começa com Tablóide
Americano, sobre os bastidores do assassinato do presidente John
Kennedy, continua com Seis Mil em Espécie, a operação de “queima de
arquivo” da conspiração, e termina com Sangue Errante, no qual narra a
derrocada norte-americana no Vietnã e os bastidores do governo de
Richard Nixon. Todos foram publicados no Brasil pela Editora Record.
Ellroy é um dos grandes escritores “noir”, gênero de literatura policial
que surgiu nos Estados Unidos na época do macarthismo. Sua narrativa se
baseava em pesquisas sobre personagens reais e muita literatura, ou
seja, a fusão de realidade e ficção.
A morte do ex-capitão do Bope do Rio de Janeiro Adriano da Nóbrega,
que estava foragido no interior da Bahia, é um prato cheio para um
escritor “noir”. Embora a versão oficial seja a de que resistiu à
prisão, as circunstâncias de sua morte alimentam suspeitas de que teria
havido uma “queima de arquivo”. Adriano não estava sendo investigado no
caso do assassinato da vereadora do PSol Marielle Franco e de seu
motorista Anderson Gomes, mas era um dos chefões do chamado Escritório
do Crime, grupo de extermínio da milícia do Rio de Janeiro, do qual
faziam parte o sargento reformado da PM Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio de
Queiroz, suspeitos do assassinato de Marielle.
Adriano era um dos denunciados da Operação Intocáveis, coordenada
pelo Gaeco do Rio de Janeiro. Quando foi deflagrada, em janeiro de 2019,
foram presos cinco homens acusados de integrar a milícia que atuava em
grilagem de terra, agiotagem e pagamento de propina em Rio das Pedras e
na Muzema, na Zona Oeste do Rio. Segundo a polícia baiana, estava sendo
investigado por envolvimento em operações de compra e venda de gado e de
fazendas na Bahia, para lavagem de dinheiro.
Parceiros Primeiro, a operação ocorreu na Costa do Sauípe. Adriano não foi achado
no local. Entretanto, o Bope da Bahia o localizou na chácara do vereador
Gilson Lima, do PSL de Esplanada, município a 165 quilômetros de
Salvador, irmão do deputado estadual Alex Lima, ex-PTN, hoje filiado ao
PSB. Os dois são irmãos de Rodrigo de Dedé, ex-prefeito de Esplanada. O
secretário de Segurança da Bahia, Maurício Barbosa, sustenta que os
policiais abriram fogo contra Adriano porque ele resistiu à abordagem.
Adriano sempre teve ligações com Fabrício Queiroz, amigo do
presidente Jair Bolsonaro e ex-assessor parlamentar do senador Flávio
Bolsonaro, então deputado na Assembleia Legislativa fluminense. Os dois
trabalhavam juntos no 18º Batalhão da Polícia Militar, em Jacarepaguá,
na Zona Oeste do Rio, quando mataram Anderson Rosa de Souza, durante uma
ronda na Cidade de Deus. No mesmo ano, por iniciativa do então deputado
estadual Flávio Bolsonaro, a Assembleia Legislativa do Rio aprovou uma
moção de louvor a Adriano “pelos inestimáveis serviços” prestados à PM. [cabe um esclarecimento: alguém ser agraciado com uma medalha é fruto da situação do agraciado no momento da indicação - não é uma garantia de que o mesmo não esteja envolvido (envolvimento não público) ou não venha a se envolver em atos ilícitos. Quem indica, o faz diante de conduta louvável do indicado realizada antes e durante a indicação.]
Adriano foi condenado por homicídio em 2005. Mesmo assim, na Câmara, o
então deputado federal Jair Bolsonaro discursou em sua defesa. E a
Assembleia Legislativa do Rio concedeu a Adriano a Medalha Tiradentes,
sua mais alta honraria, por iniciativa de Flávio. À época, Adriano já
era ligado ["ligado"] aos milicianos. Chefe de gabinete de Flávio na Assembleia,
Queiroz empregou a filha e a ex-mulher de Adriano, que são acusadas pelo
Ministério Público de terem devolvido a Queiroz R$ 203 mil, parte dos
seus salários. Queiroz e Flávio são investigados por envolvimento com a
chamada “rachadinha” da Alerj. [causa surpresa que a filha e a ex-mulher de Adriano, estejam sendo acusadas de devolver ao Queiroz, parte de seus salários.
Vamos supor que existisse o suposto esquema de 'rachadinha' envolvendo Queiroz e que ele fosse o coletor das devoluções - que podem ser consideradas extorsões.
Queiroz, concretizada esta hipótese, estaria cometendo o crime de extorsão, mas, quem devolve seria a vítima. Uma vítima não costuma ser denunciada, exceto em situações excepcionais em que durante o crime praticado contra tenha tido alguma conduta criminosa - mas, no caso da rachadinha os que devolvem não podem ser acusados de extorsão.]
As críticas à escolha de Elizabeth Bishop evitaram a discussão de sua poesia
Onda de intransigência envenena a Feira Literária Internacional de Paraty
Onda de intransigência envenena a Flip
O sujeito soube que a poeta americana Elizabeth Bishop seria homenageada
pela Flip do ano que vem e temeu pelo início de mais um debate
indigente. Festejar uma lésbica e alcoólatra seria um prato feito para o
ministro Abraham Weintraub. Eis que o pedagogo bolsonarista ficou
calado, e a escolha de Elizabeth Bishop foi condenada com outras
críticas selvagens. Como um bolsonarismo de sinal trocado, essa
intransigência malversa a História, tentando mudar o resultado de um
jogo no replay.
As críticas à escolha de Bishop evitaram a discussão de sua poesia e
centraram-se em três pontos. Ela viveu no Brasil por mais de dez anos,
mas olhava para a terra de forma condescendente, menosprezando seus
literatos (falou mal de Manuel Bandeira). No pior dos pecados, em 1964,
apoiou a deposição do presidente João Goulart. [convenhamos que qualidades não sobram na Bishop, enquanto os defeitos abundam; mas, o simples fato de ter apoiado o Movimento Revolucionário de 1964, já é bastante para permitir que alguns dos seus inúmeros defeitos sejam ignorados.
Uma atualização que se impõe: a menção na matéria de que a polícia do Rio matou, este ano, 1.546 pessoas. Deixa a impressão que foram execuções, quando na realidade as mortes ocorreram em operações policiais, principalmente contra o tráfico, não houve execuções. Alguns casos de mortes por balas perdidas são e sempre serão tristes e lamentáveis, e o pior, é que sempre quando noticiados é dado um destaque de forma a parecer que as balas perdidas foram sempre da polícia.
Foram situações de confrontos que, infelizmente, causaram mortes de inocentes, mas, os disparos causadores em sua maior parte foram proveniente das armas do bandidos. Aliás, é voz corrente, que muitas das balas perdidas que resultam em mortes, não foram perdidas e sim disparadas por bandidos tendo como alvo civis inocentes, incluindo crianças, para indispor a população contra a polícia e as operações policiais.]
Bishop não olhou para o Brasil como o francês Claude Lévi-Strauss, que
passou por aqui nos anos 1930. Ela era poeta e ele, antropólogo. As
opiniões de Bishop foram expostas em cartas, enquanto Lévi-Strauss
ponderou suas ideias no livro “Tristes trópicos”. Ela disse que toda a
poesia latino-americana cabia num poema de Dylan Thomas. Exagerou, mas
Lévi-Strauss traçou um retrato fiel e devastador da elite cultural
brasileira. Livrou Euclides da Cunha e Heitor Villa-Lobos.
O caroço das críticas a Elizabeth Bishop esteve no seu apoio à deposição
de Goulart:“Foi uma revolução rápida e bonita, debaixo de chuva — tudo
terminado em menos de 48 horas”. Bonita não foi, mas naqueles dois dias
morreram sete brasileiros. (Neste ano a polícia do Rio matou 1.546
pessoas.)
Bishop era uma americana elitista e liberal. No Brasil, era também amiga
de Carlos Lacerda. Em 1964 ele governava o Rio e era um feroz
adversário de Goulart. Lacerda foi o melhor administrador que a cidade
teve, nada a ver com o político acuado e decadente de seus últimos anos.
A poeta era companheira de Lota de Macedo Soares, amiga do “Corvo” e
criadora da maravilha do Aterro do Flamengo.
Em 1963, liberais como Arthur Schlesinger Jr. e Richard Goodwin,
assessores do presidente John Kennedy, defendiam a alternativa de um
golpe contra Goulart. Um ano depois, quando ele foi derrubado, o “New
York Times” disse, num editorial, que não lamentava a queda de um
governante “tão incompetente e irresponsável”. (Muito provavelmente essa
peça foi escrita por Herbert Matthews, o jornalista que ajudou a criar o
mito do guerrilheiro Fidel Castro.)
Em Pindorama também havia liberais contra Jango. Para ficar num só
exemplo, o advogado Sobral Pinto, que tanto fez pela liberdade do
brasileiros, disse, em janeiro de 1964, que “começou ontem, sob proteção
abusiva e violenta de tropas do Exército (...), a revolução bolchevique
brasileira (...) Não existe mais, nesta hora, no país, nem lei nem
autoridade pública”. (Ele condenava a proteção dada pelos militares a
estudantes que haviam invadido uma faculdade, hostilizando Lacerda.)
(....)
A caça ao AI-5
Há um mistério no processo de criação do partido dos Bolsonaro. Até os
mármores do Tribunal Superior Eleitoral sabem que o partido não poderá
ser criado neste ano, nem no próximo. Admar Gonzaga, o advogado dos
Bolsonaro, é um veterano conhecedor do tribunal, onde foi ministro.
Fica a suspeita de que se esteja criando um clima de conflito com o Judiciário.
O essencial é o julgamento da relação que papai Bolsonaro quer ter com os EUA
[os dois parágrafos abaixo, mostram que laços de parentesco não significam, necessariamente, competência ou incompetência;
de qualquer forma, não é qualquer embaixador que tem um cacife de mais de 1.800.000 obtidos em 2018, em que foi candidato a deputado federal - é o recorde dos recordes.]
Jair Bolsonaro é um mágico. Baixa o nível do debate dos assuntos
públicos, trata de cocô e não discute os 12 milhões de desempregados. É
ajudado pela oposição que aceita sua agenda ilusionista. Um bom exemplo
desse fenômeno é a qualidade do debate em torno da indicação de seu
filho 03 para a embaixada do Brasil em Washington. É nepotismo? Sem dúvida. O que isso quer dizer? Pouco. O ditador
nicaraguense Anastasio Somoza nomeou o genro, Guillermo Sevilla Sacasa
para Washington. Um craque, tornou-se decano do Corpo Diplomático e
atravessou os mandatos de oito presidentes. O Xá do Irã mandou para os
Estados Unidosum cunhado, e Ardeshir Zahedi foi um grande embaixador.
As monarquias do Golfo mandam seus filhos para Washington e, com a ajuda
do poder de petróleo, eles se desempenham com mais sucesso que outros
embaixadores árabes.
Há o nepotismo das ditaduras e há compadrio das democracias. Bill
Clinton mandou Jean Kennedy Smith (irmã do falecido presidente) para a
embaixada na Irlanda e Barack Obama mandou Caroline Kennedy, (filha de
John) para a do Japão. (Uma meteu-se em encrencas, a outra foi
irrelevante.) Isso, para não falar de Pamela Harriman, mandada por
Clinton para a França. Seu mérito foi ajudá-lo na campanha. Fora disso,
foi uma cortesã, mulher do filho de Winston Churchill e colecionadora de
milionários, de Averell Harriman a Gianni Agnelli, passando por Ali
Khan, Elie de Rothschild e Stavros Niarchos. Juscelino Kubitschek nomeou Amaral Peixoto embaixador em Washington.
Genro de Getulio Vargas, tornara-se um cacique na política nacional.
“Alzirão” saiu-se bem no cargo. Como ele, Eduardo Bolsonaro ganhou a
embaixada depois de ter chegado ao Congresso pelo voto popular. Amaral
Peixoto falava pouco e nunca disse bobagens do tipo “fritei
hambúrgueres”.
A indicação do 03 para a embaixada foi aplaudida pelo presidente Donald
Trump. Como muita gente não gosta de Trump nem dos Bolsonaros, isso foi
visto como um demérito. Na realidade, 03 conseguiu algo que nenhum
embaixador brasileiro teve, pois o aplauso do governante do país para
onde vai o novo representante é tudo o que se quer. Não se pode ver
defeito nessa trumpada. A Inglaterra gostava de saber que John Kennedy
era grande amigo do embaixador David Ormsby-Gore. (Mais tarde, ele quase
casou com a viúva.) Se Trump perder a reeleição, pode-se trocar o
embaixador, zero a zero e bola ao centro. 03 será sabatinado pela Comissão de Relações Exteriores do Senado. Ali, todos poderão mostrar suas qualificações.
Os senadores perguntando e o deputado respondendo. Afinal, se
“diplomacia sem armas é como música sem instrumentos”, ele vai para
Washington tocar chocalho. Nepotismo e trumpismo serão aspectos
subsidiários. O essencial é o julgamento da relação que papai Bolsonaro
quer ter com os Estados Unidos. Em 2015 o plenário do Senado rejeitou o embaixador Guilherme Patriota,
designado por Dilma Rousseff, mas esse resultado teve mais a ver com a
fraqueza do governo do que com a capacidade do diplomata. Pamela Harriman foi aprovada por unanimidade na Comissão de Relações
Exteriores do Senado americano, viveu feliz em Paris, teve um derrame na
piscina do hotel Ritz e morreu dias depois.
Palocci em 2002 e 2008
O comissário Antonio Palocci prestou 23 depoimentos à Polícia Federal e
agora conhece-se o resumo de suas confissões. Se cada fio da meada
tivesse sido puxado (ou se vier a ser puxado) o efeito dessas revelações
poderia ter sobre o andar de cima de Pindorama a consequência de dez
Lava-Jatos. Nas confissões de Palocci entrou todo mundo. Provas, até agora, nada,
salvo nas traficâncias de sua consultoria de fachada. O juiz Sergio Moro
começou a Operação Lava-Jato puxando um fio que saía de um posto de
gasolina, mas dificilmente a proeza se repetirá. Uma das confissões do
ex-ministro ilustra a resiliência da impunidade do andar de cima.
No seu 13º depoimento, Palocci contou que em 2008 sua empresa embolsou
R$ 100 mil por ter ajudado a empresa Parmalat a liberar um crédito no
Banco do Brasil.
Seis anos antes, quando Antonio Palocci era prefeito de Ribeirão Preto,
justificou a exigência de latas de “molho de tomate refogado e peneirado
com ervilhas” numa licitação para a compra de 40.500 cestas sociais,
informando que ele era produzido por uma empresa-companheira, mas também
pela Parmalat. Era uma mentira conveniente para quem conduzia uma
licitação viciada.
Àquela altura Palocci era o coordenador da campanha de Lula, pois o titular, Celso Daniel, havia sido assassinado.[Celso Daniel, um cadáver que apavora os mandatários petistas - por onde anda Gilberto Carvalho, ex-seminarista de missa negra? pau para toda obra.]
No telhado
Do alto do telhado, o secretário da Receita Federal, Marcos Cintra, poderá avaliar o tamanho do tombo que arrisca tomar.
Bolsonaro não poderia ter sido mais claro: “Por enquanto está muito bem.”
(...)
Diplomacia
Em menos de um ano, a diplomacia bolsonariana já arrumou encrencas nos seguintes países, por ordem alfabética:
Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Chile, Cuba, França, Irã, Israel, Paraguai, Noruega e Venezuela.
Eles saíram dos mais variados setores da sociedade. Deixaram projetos pessoais, engajaram-se em uma luta pela transformação do País e estão dando exemplo de como não se lambuzar na manteiga rançosa dos acordos espúrios para atingir seus objetivos
São tantas e tão antigas as mazelas na política brasileira, são tantas e tão antigas as razões para não se acreditar naqueles que desempenham funções públicas, que muitas vezes torna-se difícil perceber que ainda há pessoas na estrutura do Poder comprometidas com a sociedade e o desenvolvimento da Nação. É como se essas pessoas estivessem imbuídas da célebre fala do ex-presidente dos EUA John Kennedy, no dia de sua posse, em 1961: “Não pergunte o que seu país pode fazer por você; pergunte o que você pode fazer por seu país”. O grupo de brasileiros em questão tomou para si a segunda parte dessa frase. Ministros, parlamentares, presidentes de instituições financeiras, militares e magistrados, todos com sucesso em suas atividades profissionais, poderiam estar em seus cantos tocando a vida particular — e na maior calmaria. Eles preferiram, no entanto, cuidar do Brasil com foco nas mais diversas áreas que competem à administração pública. Um dos mais visíveis personagens desse enredo, por exemplo, é o ministro da Economia, Paulo Guedes. Formado na prestigiada Universidade de Chicago, que prima pela qualidade do ensino do liberalismo, Guedes, se quisesse, permaneceria lecionando ou atuando no mercado financeiro, no Brasil ou exterior. Mas trocou tudo isso (e altíssimo salário)pela missão de matar um leão por dia, tentando dar a partida para o País deslanchar.
Patriota sim, nacionalista não Quem não lembra de Guedes, na Câmara dos Deputados, em sua primeira defesa da imprescindível Reforma da Previdência? Sem que o Poder Executivo tivesse construído uma base parlamentar para apoiá-lo, ele se virou sozinho, foi ofendido pessoalmente em sua masculinidade pelo deputado Zeca Dirceu e respondeu à altura – fala alta e dedo em riste. Falta de educação do ministro? Não. Ele sabe que, se a Reforma da Previdência não passar, o Brasil morre. A resposta forte decorre de sua convicção no patriotismo. Em outro debate parlamentar sobre a Reforma Previdenciária, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que é o deputado federal que primeiro desembarca em Brasília todas as segundas-feiras e o último que decola quando a semana acaba, passou na comissão como quem não quer nada, mas sendo que, na verdade, queria tudo — tudo que significasse respeito com Guedes. Já era madrugada e Maia saíra da última das dezesseis reuniões que faz diariamente. Seus pares entenderam Maia, sem que abrisse a boca. “Se Maia não estivesse pensando no Brasil, já teria chutado o balde”, diz um deputado.
Diante da paralisia do Executivo, Maia, defensor da harmonia e independência republicana dos Poderes, e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, tomaram as rédeas das reformas. Dentro do Poder, ninguém conversa mais, um como o outro, do que Maia e Guedes.Já sobre Alcolumbre, dizem a seu respeito: quando alguém o procura para intrigar outra pessoa, ele olha o interlocutor com jeito de quem presta muita atenção, mas, na verdade, está com o pensamento em outro lugar: nas reformas econômicas e em eventuais pautas desestruturantes e descabidas, como a bomba que veio na semana passada e que ele publicamente desativou. A Câmara aprovou a MP alterando o Código Florestal e amenizando o dever de proprietários rurais em recuperarem áreas ambientais desmatadas. Alcolumbre antecipou que o Senado derrubará a MP ou a deixará caducar (o prazo vence nessa segunda-feira 3).
O patriotismo do qual se fala nessa reportagem nada tem a ver com o patriotismo que já desgastou o País no passado. Um exemplo de que as coisas mudaram está na ala militar. O ministro que ocupa a Secretaria do Governo, general da reserva Carlos Alberto Santos Cruz, é o “idealtipo” weberiano da diferenciação entre o patriotismo atual e a anacrônica exaltação do País por meio do nacionalismo. Vale, aqui, lembrar da saudável separação clássica estabelecida pelo historiador inglês Lord Acton, para quem o ingênuo nacionalista se liga às “questões naturais e raciais”, enquanto “o patriota preocupa-se com os deveres para com a comunidade política”.
Com sete condecorações, Santos Cruz comandou as missões de paz da ONU no Haiti(coordenou doze mil homens)e no Congo(à frente de 23,7 mil militares de 20 países). Uma de suas frases dá a dimensão de seu caráter e emoção: “a gente nunca se acostuma com o sofrimento humano”. No governo atual, ele se tornou um dos principais interlocutores com todas as partes, sobretudo após a sintonia fina de estratégia política com que derrotou as investidas do filósofo de internetOlavo de Carvalho. Não há mais contratações no segundo e terceiro escalões do governo sem o seu aval no campo da “competência” — e podem lhe entregar as chaves do Palácio do Planalto porque ele é o primeiro a chegar e o último a sair. Ele valoriza a verdadeira meritocracia, não a satirizada em 1958 pelo sociólogo inglês Michael Young (cunhou a expressão em “The rise of the meritocracy”).
Ainda na área do militarismo, há o general Eduardo Villas Bôas. Parece que a doença paralisante dos neurônios motores chamada esclerose lateral amiotrófica escolhe os mais fortes de alma e mais lúcidos de cérebro para atacar. Villas Bôas diagnosticou a violência no Rio de Janeiro e avisou sobre os riscos de se colocar as Forças Armadas para subir e descer morro atrás de bandido, explicando não ser essa a sua função constitucional. Pena que poucas autoridades lhe deram ouvidos. Hoje, Villas Bôas é assessor especial do Gabinete de Segurança Institucional, ocupado pelo general Augusto Heleno. Quando tem de criticar duramente alguns atos do presidente Jair Bolsonaro, o general não se intimida se estiverem em jogo valores democráticos. Já foi defendido de ataques ideológicos pelo senador Omar Aziz, presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.
Com a não ideologização e dando esperança aos brasileiros de que o diálogo e o comprometimento com o País vencerão a burrice dos extremismos, atuam o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro (sua biografia na Lava-Jato, lutando contra a corrupção, diz tudo), e o presidente do STF, Dias Toffoli. Aos maus analistas, eles parecem submissos ou, às vezes, afoitos; para os que se preocupam mesmo com a temperatura no termômetro político do Brasil, ambos são conhecidos em Brasília pela conduta de sempre tentarem conciliar posições contrárias — além de trabalharem quinze horas por dias. Toffoli retirou da pauta do STF a questão da execução da pena em segunda instância para não conturbar ainda mais a Torre de Babel na qual se transformou a sociedade brasileira.
Ao assumir o ministério, Moro largou vinte e dois anos como julgador para se tornar passível de julgamento pelos brasileiros. Posição semelhante é a do ministro da Desestatização, Salim Mattar. Dono da Localiza, empresa de locação de automóveis que fatura R$ 6 bilhões por ano, ele se colocou na mira das facções ideológicas que defendem o atraso ao protestarem contra as privatizações. “Vou dedicar a minha vida à causa pública”, diz Mattar. O que o move é o trabalho, não as ideologias. E outro exemplo de que batalhar sério não é idolatrar a direita nem idolatrar a esquerda vem do tecnicismo do presidente do BNDES, Joaquim Levy. Com ele, o banco está devolvendo diversos recursos ao Tesouro Nacional, já na casa dos R$ 30 bilhões.
Tabata, Kim e Joaquim Nabuco
Calejado com os “podres Poderes”, é mais que natural que o chamado homem comum muitas vezes deixe de confiar no homem político. Ser contrário à prática da política como um todo, sem separar o joio do trigo, é, no entanto, abrir caminho para o autoritarismo.Dois jovens deputados federais de primeira viagem, Tabata Amaral e Kim Kataguiri, trabalham praticamente em parceria para que os brasileiros voltem a crer na política como a única saída democrática para nossos problemas. Ela se define como centro-esquerda, ele se diz de direita. Ela batalha pela educação e arrasou em debates com dois arremedos de ministros, o defenestrado Ricardo Vélez e o atual, Abraham Weintraub. Kim respira economia liberal e esse é o seu campo de atuação.
Tabata poderia ter seguido carreira acadêmica em Harvard (é filha de empregada doméstica e cobrador de ônibus)e Kim, se quisesse, lecionaria ciências políticas. Ao defenderem “o diálogo sempre”, eles estão conseguindo recolocar a política no campo da confiança do cidadão. “A guerra ideológica é mais perigosa para o Brasil do que ter um líder autoritário”, diz Tabata. Seu livro de cabeceira, hoje, é “Como as democracias morrem” (de Steven Levitsky), tal o medo que ela guarda de ver a nossa fenecer. “Estamos no Parlamento. Se alguém de direita se nega a conversar com alguém de esquerda, e vice-versa, então esse alguém está no lugar errado”, diz Kim, que paga o aluguel (R$ 2.500,00) de seu apartamento (abriu mão do funcional), compartilhado com assessores. É dele o projeto de lei que diminui repasses do BC ao Tesouro Nacional, preservando as reservas cambiais de US$ 380 bilhões. Um dos principais pensadores brasileiros, Joaquim Nabuco é autor do clássico ensaio intitulado “Profissão de fé política” (1868). É como se Tabata, Kim e os demais patriotas o seguissem no seguinte ponto: o diálogo e a responsável prática política são as salvaguardas da democracia e a estrada para o desenvolvimento econômico do Brasil.