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domingo, 14 de março de 2021

O vírus noturno - Guilherme Fiuza

Gazeta do Povo


Nove da noite, rua Dias Ferreira deserta. Para quem não conhece, Dias Ferreira é uma rua no Leblon com vários restaurantes e alguns bares. Não dá para dizer que é um reduto da boemia carioca. Seria uma espécie de tangente burguesa do Baixo Leblon, alguns passos na diagonal em direção ao mar. Ali sim, um reduto boêmio. Para quem conhece, dá no mesmo: é como se não conhecesse. Nada disso está mais lá.

Sim, tem uns bares e restaurantes na área. Mas o espírito se mandou. Não vamos culpar o coronavírus. Esses caretas do politicamente correto já vinham expulsando a poesia dali há um bom tempo. Narcisismo e vaidade sempre andaram misturados com a boemia – mistura eventualmente escandalosa. Mas quando havia talento, coração e poesia na esquina, valia a pena. Aí foi chegando esse narcisismo primário, pueril, avarento, dessas caras enfiadas em iPhone para teclar frases imortais de porta de banheiro. O banheiro é a igreja de todos os bêbados, explicou Cazuza. Era. Hoje é no máximo testemunha da mediocridade dos nerds.

Essa gente moralista metida a descolada não gosta de ninguém. Não gosta de encontro. Não gosta de liberdade. Seu prazer é o julgamento. Sua alegria é patrulhar o próximo. Claro que uma epidemia estaria destinada a ser a apoteose desses pobres coitados. E quando lhes deram de presente o tal “fique em casa” o slogan mais reacionário da história – eles explodiram de felicidade. Finalmente era possível patrulhar qualquer um, em qualquer circunstância, com essa monstruosa ética de videogame: viver é botar vidas em risco.

Estão por aí, de peito estufado no zoom, macaqueando a tal em-pa-tia e se dizendo es-tar-re-ci-dos com o coleguinha que foi fotografado, exposto e execrado por andar de bicicleta, sem máscara! Esses avarentos sempre sonharam com isso. Sempre ambicionaram ser a polícia moral do mundo, os carrascos inteligentinhos de bons modos metendo o dedo na cara do próximo para gemer lições de vida de Facebook. E o Leblon?

O Leblon acabou. Nove da noite na Dias Ferreira hoje dá para ouvir uma folha seca batendo no asfalto. Vários camburões cheios de homens armados e guardas vagando com cassetetes maiores que tacos de beisebol para cumprir o toque de recolher decretado pelo prefeito Eduardo Paes, aquele que vivia posando de chapéu para dar uma de folião da Portela. Só se for a folia dos fantasmas.

Os sambistas de verdade estão por aí aglomerados nos ônibus todos os dias, porque isso não incomoda os patrulheiros da quarentena vip a quem o prefeito obedece – e a quem os enlatados nos ônibus servem. Todo mundo sabe que o vírus é noturno. Por isso o tiranete metido a malandro da Portela transformou a noite carioca em cemitério. A ex-capital da alegria e da liberdade virou uma cidade fantasma, acovardada diante da sanha ditatorial de uma casta de idiotas que não seguem ciência alguma e não salvam vida de ninguém.

Onde estão os libertários do Rio de Janeiro para gritar contra a opressão?  
Para dizer que um povo digno não confunde cuidados sanitários com ditadura? 
Para dizer que empurrar cidadãos para dentro de casa como ratos sob pretexto de proteção à saúde é uma violência mentirosa? Sumiram todos. 
Os cariocas indomáveis viraram, como os cidadãos de diversas outras localidades, cachorrinhos de madame. E madame está avisando que não vai largar a coleira.
 
Guilherme Fiuza, colunista - Gazeta do Povo - VOZES 
 

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

O NÓ QUE NINGUÉM DESATA

Perguntaram a um cidadão  o que  fazer diante da incompetência do governo  em enfrentar o desemprego, a alta dos impostos, o custo de vida, a falta da habitação,  da alimentação,  do transporte, saúde e educação. A resposta veio com a Constituição: aumentem o salário mínimo.  Pelo menos, está escrito que deve bastar para atender essas necessidades do trabalhador e de sua família.
A presidente Dilma acaba de elevar o salário  mínimo  para 886 reais. Aumentou 100 reais.  Adiantou? Algum sindicato comemorou? Assistimos passeatas, manifestações, agradecimentos populares? A distância entre as necessidades e os meios para atendê-las não só continua a mesma: aumentou. Tornou maiores as agruras de quem se obriga a enfrentar a sobrevivência da  família, abandonada entre a miséria e o desespero.
Já se imaginou Madame forçada a limitar com o salário  mínimo suas despesas de todos os dias? Mesmo se supondo atendida pelo poder público nas   carências imprescindíveis a permanecer viva, duraria  uma semana?
Aproxima-se o nó que  ninguém  desata. A quem recorrer? Se o salário mínimo revela-se inócuo, amorfo  e inodoro, deve ser descartado. Não dá para aplicá-lo como solução, mesmo se for multiplicado. Substituí-lo pela aplicação do princípio de que a cada um deve ser dado conforme suas necessidades  faz introduzir o egoísmo na equação. Selecionar e descriminar quem deve e quem  não deve  ser privilegiado só aumenta as contradições.
Sendo assim, emerge apenas uma saída: apostar apenas no salário mínimo estendido a todos. E negado a muitos.
Fonte: Carlos Chagas 
 
 
 

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Dilma se acovarda, dá marcha a ré na coragem e pede arrego ao Congresso

Dilma está mais para afogada do que nadadora

A inanição ético-política do governo, já diagnosticada como falência gerencial, atingiu agora o seu ponto mais alto. Desapareceu até a empáfia de Dilma Rousseff. O risco de derrota na votação dos vetos presidenciais fez a inquilina do Planalto dar marcha a ré na coragem. Sem argumento$ para sensibilizar os aliados, Dilma ensaia a fuga. Quer adiar a sessão do Congresso marcada para as 19h desta terça-feira.

Dilma rogou a Renan Calheiros e Eduardo Cunha, presidentes do Senado e da Câmara, que manobrem para empurrar os vetos com a barriga. Mandou distribuir uma planilha que traduz a encrenca em cifras. Se ressuscitarem as providências vetadas, os congressistas instalarão no Tesouro um dreno pelo qual escoarão R$ 127,8 bilhões até 2019.

Afora o custo monetário, haveria o custo político. Conforme já realçado aqui, se derrubarem os vetos de Dilma, deputados e senadores dirão à presidente que o mandato dela subiu no telhado. Madame continua batendo os braços. Mas o pavor do governo mostra que, no momento, Dilma está mais para afogada do que para nadadora.

Fonte: Blog do Josias