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quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Bolsonaro aciona Moro para que PF investigue citação de seu nome no caso Marielle

Caso Marielle: Bolsonaro diz que vai pedir a Moro para PF ouvir porteiro sobre citação ao seu nome 
 
Presidente diz ter ouvido de Witzel no dia 9 de outubro que investigação iria ao STF após funcionário do condomínio tê-lo citado

Presidente Jair Bolsonaro em visitação ao Forte Masmak, Riade, na Arábia Saudita Foto: José Dias / Presidência da República
Presidente Jair Bolsonaro em visitação ao Forte Masmak, Riade, na Arábia Saudita Foto: José Dias / Presidência da República

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira, ao sair de seu hotel para o evento chamado  de “Davos no Deserto”, que pedirá ao ministro da Justiça, Sergio Moro , para a Polícia Federal (PF) ouvir o porteiro que anotou a entrada do suspeito de matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes no condomínio onde mora, na Barra da Tijuca. Bolsonaro afirmou que, há um mês, ouviu do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel , em uma cerimônia na Escola Naval, que iria para o Supremo Tribunal Federal (STF) uma investigação sobre o caso envolvendo o presidente. Witzel teria citado também a Bolsonaro o depoimento do porteiro. [com o devido respeito ao presidente Bolsonaro, temos que destacar que, mais uma vez, o presidente maximiza um assunto menor e com isso dá chances aos seus inimigos de tentarem acusá-lo de ter praticado algo errado.
 
Vejam que o Psol já quer que o presidente Bolsonaro seja investigado pela morte da vereadora - aquele partido sabe que se for atendido a investigação não vai dar em nada, visto que o MP já comprovou junto Câmara dos Deputados que no dia do assassinato bolsonaro estava presente na sessão daquela Casa tanto no período vespertino quanto por volta das 20h.
 
O presidente Bolsonaro tem ciência que a simples menção do seu nome já leva o assunto para o STF e PF. Diante disso, ele tem mais é que cuidar dos interesses do Brasil nos países árabes e pronto.
 
Os demais assuntos, s autoridades e os seus inimigos cuidam para ele.]

— Estou conversando com o ministro da Justiça para a gente tomar, via Polícia Federal, um novo depoimento desse porteiro pela PF para esclarecer de vez esse fato, de modo que esse fantasma que querem colocar no meu colo como possível mentor da morte de Marielle seja enterrado de vez — disse.

Nesta terça-feira à noite, o "Jornal Nacional" revelou que um dos suspeitos de matar a vereadora foi ao condomínio onde mora Bolsonaro alegando que iria à casa do presidente. Registros da portaria do Condomínio Vivendas da Barra, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, onde mora o sargento aposentado da Polícia Militar Ronnie Lessa, principal suspeito de matar Marielle e o motorista Anderson Gomes, mostram que horas antes do assassinato, no dia 14 de março de 2018, o outro suspeito do crime, o ex-policial militar Élcio Queiroz, entrou no condomínio dizendo que iria para a casa do então deputado Jair Bolsonaro.
 
Os registros de presença da Câmara dos Deputados mostram que Bolsonaro estava em Brasília em 14 de março de 2018. Ainda segundo o depoimento revelado pelo "JN", o porteiro contou que, depois que Élcio entrou, ele acompanhou a movimentação do carro pelas câmeras de segurança e viu que o veículo tinha ido para a casa 66 do condomínio, onde, na época, morava Ronnie Lessa.

De acordo com o "JN", às 17h10m do dia do assassinato, o porteiro registrou no livro de visitantes o nome de Élcio, o modelo do carro, um Logan, a placa, AGH 8202, e a casa a que o visitante iria, a de número 58, que pertence a Bolsonaro. Élcio é acusado pela polícia de ser o motorista do carro usado no assassinato da vereadora e do motorista. O porteiro disse ainda que interfonou para o número 58 e que a pessoa que atendeu, que ele identificou como "seu Jair", autorizou a entrada de Élcio no condomínio.


Em tom indignado, o presidente disse que dormiu apenas uma hora na noite desta terça-feira,  e acrescentou:
— Sou militar, eu aguento.
Bolsonaro também fez uma live no Facebook e, depois,  convidou três emissoras de TV a falar sobre o caso. Para os veículos  do grupo Globo, ele falou durante uma coletiva. Disse que as informações da reportagem podem prejudicar os investimentos que colheu para o paí
— No (dia) 9 deste mês,  outubro, às 21h, eu estava no Clube Naval do Rio de Janeiro quando chegou o governador Witzel. Ele me viu lá, foi uma surpresa eu estar lá. E para mim também, que eu fui ao aniversário de uma autoridade — contou o presidente a jornalistas no hotel onde está hospedado, em Riad.

O presidente reproduziu o diálogo que teve com o governador do Rio de Janeiro.
— Ele chegou perto de mim e falou o seguinte: o processo está no Supremo. Eu falei ‘que processo?’. ‘O processo está no Supremo?’. ‘Que processo?’. ‘Ah, o processo da Marielle’ . ‘O que eu tenho a ver com o caso da Marielle?’.  ‘Não, o porteiro citou o teu nome’. Ou seja, Witzel sabia do processo que estava em segredo de justiça — disse Bolsonaro.


Porteiro desconhecido
Pela prerrogativa de ser presidente, a investigação poderá ser levada ao STF. Visivelmente irritado e consultando um rascunho, o presidente afirmou que o processo estava em segredo de justiça. E que vai pedir que a Polícia Federal volte a ouvir o porteiro. Bolsonaro afirmou ainda que o governador do Rio de Janeiro “estava conduzindo o processo com o delegado da Polícia Civil para tentar me incriminar ou pelo menos manchar o meu nome com essa falsa acusação de que eu poderia estar envolvido na morte da Marielle”, a quem o presidente chamou de "Mariella" ao menos três vezes.

 O presidente disse ainda que não sabe quem é o porteiro. Bolsonaro afirmou também que o painel da Câmara dos Deputados tem o registro de sua presença na Casa,  às 17h41, e acrescentou que o porteiro disse que, às 17h10, teria ouvido a voz dele, ao interfonar para seu condomínio, a pedido de um dos suspeitos de matar Marielle, o ex-policial militar Elcio Queiroz.

Os registros da Câmara dos Deputados mostram que Bolsonaro estava em Brasília naquele dia. O então deputado registrou a presença em duas votações no plenário: às 14h e às 20h30. No mesmo dia, Bolsonaro também postou vídeos nas redes sociais do lado de fora e dentro do gabinete em Brasília.

Fontes disseram à equipe do "Jornal Nacional" que os dois criminosos saíram do condomínio dentro do carro de Ronnie Lessa, minutos depois da chegada de Élcio. Eles teriam embarcado no carro usado no crime nas proximidades do condomínio.
— Não sei quem é o porteiro. Eu não tive acesso como a Globo teve, como o Witzel teve. O processo corre em segredo. Nós sabemos que são pessoas humildes, que quando são tomados depoimentos sempre estão preocupados com alguma coisa. No meu entender o porteiro está sendo usado pelo delegado da Polícia Civil, que segue ordem do senhor Witzel, governador — disse.

Bolsonaro continuou falando de Witzel e afirmou que o governador se aproximou dele e do filho Flávio para se eleger em 2018. —  Por que ele tem essa tara em cima de mim? Exatamente para destruir minha reputação. O Witzel era uma pessoa desconhecida, colou no Flávio Bolsonaro e em mim para poder se eleger governador. Tomou posse e elegeu Flávio e eu como inimigos dele —  disse o presidente.



Em O Globo, MATÉRIA COMPLETA





quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Uma coisa é Bendine, que poucos sabem quem é. Outra é Lula - Blog do Noblat

Veja - Por Ricardo Noblat

A lei nem sempre é igual para todos

Aposta de um advogado com mais de 40 anos de atuação ininterrupta no Supremo Tribunal Federal, ex-aliado político de Lula e que ainda o vê com muita simpatia: é improvável que o ex-presidente seja solto ainda este ano. Deverá ficar preso até a chegada do próximo. [detalhe: até a chegada do próximo ano são grandes as possibilidades do TRF-4 já ter confirmado a segunda condenação do presidiário Lula - Sítio de Atibaia - e com isso o condenado petista permanecerá preso e com grande chance de ter recebido uma terceira condenação.]
 
A libertação dele agora soaria como uma bofetada no rosto do ministro Sérgio Moro, da Justiça, que o condenou à época em que era juiz. Embora desgastado com as revelações [que revelações? as supostas conversas sem valor e já esquecidas.]  sobre os bastidores da Lava Jato, Moro ainda é o herói do combate à corrupção.
E, por isso, o queridinho dos sempre dispostos a ocupar as ruas em sua defesa. Desde que as sessões do Supremo passaram a ser transmitidas ao vivo por rádio e televisão, os ministros de certa forma se tornaram reféns da opinião pública ou da opinião publicada.

Por que afrontá-la quando a imagem do tribunal mais coleciona estragos? Fora o PT, quem mais pede Lula livre? No último domingo, no Rio, durante passeata em favor da Amazônia, um grupo pequeno de manifestantes pediu Lula livre. Foi calado pelos demais.  Ah, a Segunda Turma do Supremo anulou a condenação por Moro do ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine, e Lula poderá se beneficiar dessa decisão. Uma coisa é Bendine, outra é Lula. Diz-se da lei que ela é igual para todos, mas nem sempre é. [o mais importante é que os argumentos que levaram a anulação da condenação do ex-presidente do Banco do Brasil foram de ordem técnica - a defesa não falou por último;
já Lula pode reclamar de tudo, mas, sua defesa foi livre para se manifestar e continuar se manifestando, sempre que quer.
A defesa do presidiário petista para compensar o excesso de processos que o condenado responde, usa e abusa do EXCESSO DE DEFESA.]


Tem nova pergunta na praça

Responda, capitão!
A nova pergunta a juntar-se a outras exaustivamente repetidas nas redes sociais e por aí a fora (Quem matou e quem mandou matar Marielle? Onde está Queiroz?):
Quando Jair Bolsonaro sobrevoará a Amazônia para ver os estragos provocados pelo desmatamento e pelo fogo?
Sugestões de respostas:
Nunca;
Quando o fogo apagar; 

Blog do Noblat - Ricardo Noblat - Veja
 

 
 

segunda-feira, 18 de março de 2019

Marielle e o bolsonarismo

Reação dos bolsonaristas diante do assassinato da vereadora é inédita no Brasil

É bem fácil ser gentil quando morre um adversário político. O sujeito já morreu, não está mais disputando nada com você. O procedimento padrão é desejar condolências, dizer algo como “apesar de nossas divergências, sempre respeitei a firmeza com que lutou por seus ideais”, e ainda sair com cara de bom esportista. A reação dos bolsonaristas diante do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) foi o oposto disso. É um negócio muito esquisito, inédito no Brasil e raríssimo no mundo.

No dia do assassinato, o presidente disse que não se manifestaria porque sua opinião seria muito polêmica. [o nosso presidente, na época do assassinato da vereadora era ainda candidato a candidato e tinha, da mesmo forma que qualquer cidadão tinha e  continua tendo, o direito de não se expressar sobre qualquer assunto que lhe fosse proposto, o que incluía, sem limitar,  a morte da vereadora psolista, assunto restrito a pequena parcela dos cidadãos do Rio - salvo engano a vereadora não alcançou os 50.000 sufrágios.] Os bolsonaristas entenderam a dica e foram para a internet espalhar mentiras sobre Marielle, como o de que ela teria sido namorada do traficante Marcinho VP. Ninguém que fez isso, até agora, foi preso. Têm que ser.

Dois bolsonaristas, Rodrigo Amorim e Daniel Silveira rasgaram uma placa com o nome de Marielle em um ato político na última campanha eleitoral e se elegeram, respectivamente, deputado estadual e deputado federal. [detalhe: nomear logradouros públicos é competência do Poder Executivo Municipal e ao que consta os 'devotos' da vereadora não eram, nem tinham procuração, para legislar sobre nomenclatura de logradouros públicos - o correto seria a prisão dos que afixaram a placa ilegal e pirata e a penalização, ainda que apenas pecuniária, do ato ilegal que praticaram ao arrancar uma placa legalmente instalada e colocar uma outra, sem prejuízo de indenizarem a família do homenageado na placa retirada;
o mesmo ato criminoso  fizeram algumas sem noção do DF, que mudaram o nome de uma ponte - quando perceberam que o ato que praticaram era desobediência a decisão judicial, colocaram o rabinho entre as pernas e  silenciaram.
E a ponte continua com a denominação de Ponte Presidente Costa e Silva.]

Amorim guarda uma das metades da placa rasgada enquadrada em seu gabinete. Silveira participou de um ato, na última quinta-feira, que procurou atrapalhar uma homenagem a Marielle no Salão Verde da Câmara tocando uma gravação de latidos em alto volume. Os bolsonaristas mentiram que se tratava de um ato em defesa de animais maltratados. O ato só não causou mais escândalo porque os passantes acharam que os bolsonaristas estavam reunidos assistindo a aula do Olavo.

Na verdade, a histeria é compreensível. Os bolsonaristas não querem que você discuta o assassinato de Marielle Franco porque não querem que você discuta milícias. Lembre-se: o bolsonarismo é tão próximo das milícias que, quando o Vélez tentou fazer a garotada cantar o hino, temi que mudassem a letra para “Ouviram do Das Pedras as margens plácidas”.

O líder da milícia “Escritório do Crime”, Adriano Nóbrega, tinha mãe e esposa trabalhando no gabinete de Flávio Bolsonaro (e assinando cheques em nome do senador). Adriano Nóbrega, lembremos, recebeu a medalha Tiradentes na cadeia por iniciativa de Flávio, e foi homenageado no plenário da Câmara pelo atual presidente da República. Há fortíssimos sinais de que o organizador de mutreta e bode expiatório da família Bolsonaro, Fabrício Queiroz, é enrolado com milícias. Flávio Bolsonaro, afinal, foi quem disse que a mãe e a mulher de Nóbrega lhe foram indicadas por Queiroz.

E recentemente descobrimos que nosso amigo Rodrigo Amorim, um dos que rasgou a placa de Marielle, tem foto no Instagram com Queiroz, a quem chamava de “irmãozão”. Não, não há indícios de que a família Bolsonaro, Rodrigo Amorim ou Daniel Silveira estejam envolvidos no assassinato de Marielle Franco. Mas quanto mais as investigações prosseguirem, mas as milícias serão notícia; e, quanto mais aparecer milícia, mais vai aparecer bolsonarista em situação constrangedora. 
 
[resultado do ilustre artigo, interpretação facciosa, mas, bem escrito:  Bolsonaro, com as Bênçãos de Deus, continua e continuará  presidente do Brasil até 1º jan 2022 e seus filhos, TODOS,  continuarão exercendo seus respectivos mandatos (com recorde de votos) até a mesma data e com grandes chances de reeleição, inclusive para o nosso presidente.]

Sim, pensei a mesma coisa que você: é incrível que um sujeito que alimentava a pretensão de ser presidente da República tenha se metido com essa gente. Mas aí é que está: quando se enfiou nessas histórias, nem Jair Bolsonaro era maluco o suficiente para acreditar que os brasileiros um dia votariam nele para presidente da República.

Celso Rocha de Barros é doutor em sociologia pela Universidade de Oxford (Inglaterra).
 

quarta-feira, 6 de junho de 2018

Finalmente um delegado tem coragem para declarar o que deveria ter sido dito desde a morte da vereadora: a solução do caso 'pressupõe a paralisação de uma infinidade de investigações de outras mortes'.



[Perguntamos:o que fundamenta dar prioridade a investigação de uma morte quando há milhares de investigações de mortes de outros  seres humanos = homicídios =  na 'gaveta'?]


Em 'carta a Marielle', delegado pede desculpas e ataca estado precário da polícia do Rio


Brenno Carnevale, que já atuou na Delegacia de Homicídios, diz que a solução do caso 'pressupõe a paralisação de uma infinidade de investigações de outras mortes' 



Em uma carta sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista, Anderson Gomes, no dia 14 de março, o delegado Brenno Carnevale, atualmente lotado no setor de inteligência da Polícia Civil, faz um desabafo sobre a precariedade das condições de trabalho na Divisão de Homicídios, onde o caso é investigado. Em um texto emocionado, ele descreve as dificuldades para se elucidar os crimes enfrentadas pelos policiais envolvidos na investigação de centenas de homicídios no estado. Além da carência material, que atinge até os trabalhos de perícia, ele faz críticas à intervenção federal na segurança pública. Os policiais da DH, de acordo com ele, se veem hoje diante de uma verdadeira escolha de Sofia com tantos casos para serem investigados e a falta quase absoluta de recursos humanos e materiais da unidade especializada e da polícia como um todo.

O delegado lembra que a solução do caso da vereadora "pressupõe a paralisação de uma infinidade de investigações de outras mortes, pretas e brancas, ricas e pobres, todas covardes"."Escolha de Sofia", resume. Quando entrou para a Polícia Civil do Rio, há pouco mais de quatro anos, Brenno Carnevale, agora com 28 anos, ganhou o título de mais novo delegado do país.  O jovem policial vinha de uma carreira acadêmica promissora. Formado com ótimas notas em Direito na PUC-RJ, com foco na área penal, teve desempenho exemplar também na pós- graduação em Segurança Pública, concluída na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Bagagem que o credenciou para assumir um posto na Divisão de Homicídios (DH). Ele trabalhou dois anos na DH da Baixada Fluminense até ser transferido para a DH Capital.

Ali, durante mais de dois anos, Carnevale participou de centenas de investigações, entre elas, a do assassinato da menina Maria Eduarda Alves da Conceição, de 13 anos, baleada durante uma aula de educação física dentro da Escola Municipal Daniel Piza, em Acari, no dia 30 de março de 2017. Carnevale coordenou o trabalho de uma equipe de agentes que culminou com o indiciamento do policial militar Fábio de Barros Dias, do 41º BPM (Irajá), por homicídio culposo. Antes de chegar à DH, o delegado teve passagens rápidas pelas delegacias da Tijuca (19ª DP), Catete (9ª DP) e Botafogo (10ª DP).

A Polícia Civil informou que não irá comentar a carta de Carnevale. De acordo com a assessoria do órgão, as declarações são uma opinião pessoal do delegado e não refletem o ponto de vista da instituição.

Confira a íntegra do desabafo do delegado:
"Carta a Marielle Franco"
"Marielle, durante quatro anos ininterruptos de minha vida estive diretamente envolvido em investigações de mortes violentas no Estado do Rio de Janeiro. Acumulo em meu coração ardentes cicatrizes que me fazem lembrar mães, pais, filhos, irmãos, maridos, esposas. Todos vitimados pela maldade humana. Foram muitas madrugadas sem repouso. Muitas lágrimas na penumbra da folga. Assisti a muitos sorrisos desmancharem-se diante da morte. Ouvi gargantas secarem de tantos gritos de dor ao verem de perto a fragilidade do ser e deixar de ser humano.

"Carregava em meus ombros a pesada esperança do sucesso das investigações, afinal, meu trabalho representava o horizonte pós-tempestade para as famílias aviltadas pela violência. Era pouco, mas era tudo. Não fui herói. Alguns casos foram solucionados, mas a maioria das investigações ainda segue o errante caminho entre Delegacia de Homicídios e Ministério Público, à espera de uma empoeirada prateleira de arquivo onde possa descansar em paz. Ali se abafam os gritos por justiça ecoados pelos parentes e amigos daqueles que passaram a ser apenas mais um nome impresso em uma guia de remoção de cadáver.

"Não precisamos de heróis. Mas escrevo-lhe a verdade, Marielle. Poucos se preocupam com as mortes diárias. São muitas as agruras das investigações policiais em homicídios no Rio de Janeiro. As viaturas, por exemplo, estão sucateadas e sem manutenção. A quantidade de investigadores é pífia diante do volume de vidas humanas ceifadas. As escutas telefônicas, quase uma caixa-preta, muitas vezes inacessíveis a alguns delegados. Algumas armas somem, outras não funcionam. Nunca presenciei deputados ou outros poderosos lutando por equipamentos que permitam encontrar evidências durante a perícia no Instituto Médico-Legal. Aliás, esse mesmo instituto não tem impressora para permitir que uma testemunha seja ouvida imediatamente quando vai liberar o corpo de seu ente querido. Sim, muitos veículos apreendidos ficam abandonados e sem qualquer vigilância. Ouse chamar atenção para este fato e a resposta será sempre a mesma: "É assim mesmo".

"E, mesmo assim alguns colegas ainda insistem em se apresentarem em impecáveis ternos e gravatas para bradar nos microfones que está tudo em ordem. Heróis? Diante do caos programado, sinto muito em confessar-lhe que a solução de seu caso pressupõe a paralisação de uma infinidade de investigações de outras mortes, pretas e brancas, ricas e pobres, todas covardes. Escolha de Sofia.
"Infelizmente não tive a oportunidade de contribuir para a elucidação de sua covarde morte, e me desculpo por isso. Me aprofundei sobre a árdua e interrompida missão que você com êxito cumpriu por aqui e não pude deixar de escrever-lhe para pedir socorro. Socorro pelas investigações das mortes violentas. Socorro por amor ao ser humano que sei que você, Marielle, ainda nutre onde quer que esteja, mesmo em tempos difíceis de intervenção funeral.

"Com respeito e afeto, Brenno Carnevale Nessimian".

O Globo  


[percebam que até no esclarecimento sobre a não priorização de uma investigação de homicidio, o nome de uma das vítimas já foi esquecido - motorista Anderson.]