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segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

O ataque - Ana Paula Henkel

Revista Oeste

A baderna no Capitólio é mais um sintoma da crise da democracia do que a causa de novos problemas

Em 1812, os Estados Unidos enfrentaram a maior potência naval do mundo, a Grã-Bretanha, em um conflito que teria um impacto enorme no futuro do jovem país. As causas da guerra incluíram tentativas britânicas de restringir o comércio dos EUA e o desejo da América de expandir seu território. Ao longo do confronto considerado “a 2ª Guerra de Independência”, os Estados Unidos sofreram muitas derrotas nas mãos de tropas britânicas, potência naval e nativas americanas, e, em agosto de 1814, os norte-americanos viram a captura e o incêndio da capital do país, Washington, DC. O prédio do Capitólio, um dos mais importantes do governo, ardeu em chamas por horas e só não virou cinzas devido a uma forte tempestade.

Nesta semana, o Capitólio, que deveria ser um dos lugares mais seguros do mundo, já que guarda as alas da legislatura bicameral norte-americana — a Câmara dos Representantes, na ala sul, e o Senado, na ala norte —, foi novamente invadido. O ataque, não perpetrado por tropas inimigas, foi executado por cidadãos comuns. O acontecimento revela mais um sintoma da crescente insatisfação de partes do tecido social norte-americano, esticado e maltratado, e que vem sobrevivendo a drásticos remendos ao longo dos últimos anos.

Não apenas a violência de alguns e o ataque ao Capitólio marcaram o último dia 6 de janeiro na capital. No dia em que a Constituição manda o Congresso abrir os votos do Colégio Eleitoral para certificar os resultados da eleição presidencial, centenas de milhares de pessoas tomaram as ruas de Washington, pacificamente, para mostrar apoio ao presidente Donald Trump em face das muitas alegações e indícios de fraude na última eleição. Com discursos, palavras de ordem e milhares de cartazes espalhados em um mar de gente, a direita americana mostrou que a confiança no atual sistema político — e em algumas instituições e seus agentes — está também esgarçada, e pobremente remendada.

Ainda não se sabe se houve infiltração no movimento que invadiu o Capitólio de membros de grupos terroristas domésticos, como Antifa e Black Lives Matter, mas, mesmo se isso for confirmado pelas autoridades policiais que investigam essa possibilidade, o fato é que o Congresso foi, também, tomado por apoiadores do presidente Donald Trump.

Qualquer tipo de violência, independentemente do lado do espectro político do qual se origine, deve sempre ser condenado — e sempre será, pelo menos aqui na Revista Oeste. Podemos discutir as muitas perguntas sem respostas desta última eleição presidencial norte-americana, os gravíssimos indícios de fraude, a descarada e absurda censura das Big Techs a vozes antagônicas ao globalismo e aos tecnocratas, e até as obscuras relações da família Biden com a China. Mas invadir um dos símbolos da liberdade plena no Ocidente é uma ação antidemocrática que jamais pode ser tolerada.

O ataque ao Capitólio foi grave, mas mostra apenas o sintoma de um Estado que alimenta pontos de ebulição em uma sociedade totalmente dividida e compartimentada, com setores extremos que retroalimentam o ódio pelo debate justo. Isso seria um reflexo dos governantes, ou eles são o reflexo da atual sociedade? Nesse cenário, há vários players e agentes de condução desses pontos, com ações e estratégias beligerantes que aram o solo para um novo modelo de guerra civil. Mas há um agente, disfarçado muitas vezes de pacificador, paladino dos fatos e mensageiro intelectual do que podemos ou não consumir, dizer e pensar, que está entre os maiores pecadores e agitadores da atual desorientação social, alimentando as batalhas sangrentas virtuais: a mídia.

Desde 2016, milhões de norte-americanos são chamados de deploráveis, fascistas, nazistas, racistas e de toda uma lista de adjetivos impublicáveis. E, aqui, reafirmo que nada disso é motivo ou justificativa para iniciar qualquer ação violenta. O exercício é para que possamos tentar ir além de eventos isolados, de modo a poder enxergar os perigos de todos os lados e propor soluções.

Desde 2016, esse grande agente no cenário político, a imprensa, deixou de lado o papel investigativo e factual e passou a apenas opinar e militar. Nessa militância, além do uso grotesco de qualificativos para descrever cada movimento político que desaprova, os “arautos” do pensamento público não hesitam em insultar a razão, a História e em desconsiderar as reais vítimas de regimes nefastos como o nazismo e o fascismo. A responsabilidade de apontar erros em ambos os lados se transformou no gritante duplo padrão de hipocrisia. Enquanto nada foi dito, publicado ou condenado durante as várias semanas em que bairros inteiros eram queimados em muitas cidades norte-americanas em 2020, o mesmo silêncio foi quebrado nos últimos dias para o total — e com razão — repúdio à violência dentro do Capitólio.

“Mostre-me onde se diz que manifestantes devem ser educados e pacíficos”

Não é preciso uma detalhada pesquisa para ilustrar o duplo padrão de cobertura. Durante os protestos que começaram em junho passado, o âncora da rede CNN Chris Cuomo, em uma transmissão que mostrava atos de violência de membros do BLM e Antifa, em que estabelecimentos comerciais ardiam em chamas e prédios federais eram cercados, disse: “Por favor, mostre-me onde se diz que manifestantes devem ser educados e pacíficos. Posso mostrar a vocês que cidadãos indignados fizeram da América o que ela é e que a levaram a marcos importantes”.

Na mesma época, Kamala Harris, agora a vice-presidente que será empossada no dia 20 de janeiro, bradou em uma entrevista, quase em tom ameaçador, contra uma possível vitória de Donald Trump: “Eles [os movimentos Black Lives Matter e Antifa] não vão parar antes da eleição e não vão parar depois. Todos devem anotar isso. Eles não vão parar e eles não devem parar”. Harris, ao longo das semanas de protestos, fez várias campanhas de arrecadação de dinheiro para tirar da cadeia, com o pagamento de fiança, os vândalos e agitadores violentos presos pela polícia. Biden e outros democratas importantes ficaram em silêncio.

Durante quatro anos, Donald Trump foi, dia sim e outro também, pintado como o novo Hitler do século, que exterminaria a democracia. Milhões de norte-americanos compraram o retrato do “novo demônio“. 
E quem não ajudaria a fraudar uma eleição para derrubar Hitler? ]
Quem não mentiria ou distorceria fatos para acabar com Hitler? 
Mesmo com a administração dando seguidos exemplos na outra direção, com acordos de paz sendo assinados, esforços despendidos para os EUA não entrarem em outra guerra e medidas que possibilitaram o avanço da economia, a narrativa do risco do fascismo prosseguia entre os jacobinos da mídia. “Vejam, estamos diante de mais uma ameaça fascista à República norte-americana. E, claro, com o Hitler do momento liderando um golpe de Estado” foi a leitura que se viu da invasão do Capitólio. Mais uma vez a guilhotina jornalística entrou em ação e, mais uma vez, o desvirtuamento do real cenário social foi empurrado para debaixo do tapete.

Um ataque a um dos símbolos mais importantes do sistema político norte-americano deve ser visto como uma afronta à democracia. Infelizmente, uma apoiadora de Trump foi baleada dentro do Capitólio e faleceu fato ignorado pelas redações militantes —, mas o que se seguiu às horas de tensão não foi apenas um ataque à democracia, mas aos pilares importantíssimos do Ocidente. Como um Politburo, num movimento uníssono, as plataformas digitais resolveram bloquear e derrubar todas as contas do presidente dos Estados Unidos, num bizarro movimento orquestrado que deveria arrepiar os cabelos de qualquer pessoa que more do lado de cá das fronteiras comunistas.

Não basta pintá-lo como o novo Hitler ou Nero que incendiará a América, o populismo de Donald Trump e sua conexão com a classe trabalhadora norte-americana precisavam ser eliminados. Tenho uma lista de críticas a Donald Trump e posso, ao mesmo tempo, enaltecer as conquistas de seu governo, mas este artigo não é para fazer uma defesa de sua administração. É necessário colocarmos as paixões políticas de lado e entendermos o que, de verdade, está na guilhotina dos novos jacobinos. E não é a cabeça ou a voz de Donald Trump. É a minha, a sua, e a de qualquer pessoa que desafie a supremacia cultural e política da mídia, com cada vez mais poder de distorcer a realidade. Como se os violentos protestos do BLM fossem apenas manifestações pacíficas e o populismo do presidente norte-americano, o novo fascismo.

Na quinta-feira, o diretor político da ABC News, com sede em Washington, foi ao Twitter e disse que “era preciso limpar o movimento que Trump comanda”. Rick Klein escreveu: “Trump será um ex-presidente em 13 dias. O fato é que livrar-se de Trump é a parte fácil. Limpar o movimento que ele comanda vai ser outra coisa”. Entenderam? Esse, na verdade, deveria ser o alarme do final de uma das administrações mais polêmicas da História. O sinal, já vermelho, de que o caminho a ser trilhado agora será calar as vozes irritantes — com Trump ou sem Trump —, aquelas que resolverem discordar dos tecnocratas.

Uma das lições que vamos colhendo ao longo de um caminho político que tem sido impiedoso nos mostra que a situação já atingiu um ponto nevrálgico de polarização quase sem cura. Pela primeira vez depois da guerra de 1812, o Capitólio, símbolo da política e da lei na maior nação do mundo, sofreu uma invasão bárbara, assim como a sagradíssima Primeira Emenda Americana que ilumina o Ocidente com o farol da liberdade de expressão, de imprensa, de religião, de protestar pacificamente.

Não importa se eu e você acreditamos que houve ou não fraude nas últimas eleições presidenciais norte-americanas — metade do país, que ouviu durante quatro anos que é deplorável, acredita. Esse é um lugar perigoso para estar. Portanto, talvez em vez de tentar demonizar mais da metade do país de dentro de uma torre de marfim ou atrás de um teclado de redação ou câmera de TV, pleitear alguma transparência ou reforma não seria nada perto do fascismo que querem pintar. Poderia ser a tão esperada vacina em tempos de pandemia intelectual.

Não estou interessada em justificar o que aconteceu no Capitólio. Esse tipo de comportamento é abjeto e deverá sempre ser repudiado. No entanto, além de se tratar de responsabilidade, crucial em uma nação fundamentada na lei e na ordem, é ainda mais urgente enfrentar a realidade em todo o seu contexto. Porque, se houver alguma chance de fazer uma mudança, de nos afastarmos da beira do precipício, temos de começar entendendo onde estamos e como chegamos aqui.

Leia também o artigo de Rodrigo Constantino nesta edição, “A nova luta de classes e a elite tecnocrática”

Revista Oeste - Ana Paula Henkel, colunista  - 8 janeiro 2021

 

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

Um tostão furado de fumo podre - José Nêumanne

 O Estado de S. Paulo

O que Bolsonaro diz nada vale no minuto seguinte, seja por ignorância ou esperteza

[dificil entender como funcionam as cabeças dos supremos magistrados;
uma decisão contra uma autoridade que tenha foro especial, dependendo do nível, pode ir direto ao STF;
 mas, decisão contra um criminoso condenado, cumprindo pena e com outra condenação aguardando confirmação em segunda instância e mais uma dezena de processos penais, deve seguir o caminho normal - caso tenha fundamento, não tendo, arquivo;

Lula ia ser transferido devido uma decisão de primeira instância, sobre ela teria que se manifestar o TRF-4, que seria contestada no STJ e continuando a contestação iria ao STF.
Em teoria, réu preso tem prioridade. Qual o motivo do 'em teoria'? Simples, são tantas as ações travadas nas diversas instâncias, que qualquer bandido condenado teria que esperar uns dois anos até a matéria chegar ao Supremo.

No caso de Lula, o STF, 'em menos de 12 horas, a defesa do Presodentro Luiz Inácio Lula da Silva consiga o milagre de que o Supremo Tribunal Federal receba um recurso, [recurso enviado ilegalmente ao Supremo e, ilegalmente, recebido por aquela Corte Suprema] -  coloque em pauta e faça o julgamento?'
Lula atropela tudo e ainda endereça a petição para ministro de sua escolha - no caso Gilmar Mendes.]


Palavra de rei não volta atrás. Esse brocardo do velho regime monárquico sobrevive na boca do povo na República, mas nunca foi exigido dos ocupantes dos cargos mais altos do governo o compromisso inamovível da estabilidade que antes era um dever real.  No caso do Brasil contemporâneo, a instabilidade resulta da completa desmoralização do conceito de divisão dos Poderes cunhado pelo barão de Montesquieu ainda na vigência do Velho Regime, que antecedeu a Revolução Francesa, no século 18. O Legislativo se fortalece na situação de poder real sem a devida autorização constitucional para substituir o Executivo e este se dá ao desplante de violar a Constituição. O Judiciário exime os seus próprios mandatários do mais alto escalão de prestarem conta de seus deveres, jogando no lixo o mais pétreo de todos os conceitos da democracia: o da igualdade de todos os cidadãos perante o talante da lei.


No impeachment de Dilma Rousseff, um acordo entre os então presidentes do Senado, Renan Calheiros, e do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, mandou às favas o princípio constitucional da obrigação do chefe de Estado deposto de passar oito anos sem cargo público. Em nome do direito sagrado da petista a ser “merendeira da escola”, a ex-“presidenta” foi dispensada da obrigação constitucional, candidatou-se ao Senado por Minas e foi punida pelo eleitor com o último lugar na contagem dos votos.  O atual presidente do STF, Dias Toffoli, extrapolou muito suas funções ao decretar punição rigorosa da lei a qualquer cidadão que criticar publicamente os membros de sua grei. Do alto de sua delirante onipotência, ele indicou o colega Alexandre de Moraes para relatar o inquérito punitivo, sem sorteio nem consulta aos pares do plenário. No Brasil de hoje, decreto de presidente do STF não se discute, cumpre-se, como diziam os políticos de antanho em relação aos juízes em geral. O relator censurou a revista Crusoé por ter publicado notícia oficial considerada ofensiva à honra de el-rey.


O mundo desabou sobre Moraes e a censura caiu. Mas a decisão abusiva, monocrática e totalitária, com data de extinção prevista durante o infame “recesso branco” dos supremos magistrados, foi prorrogada até novembro. Em 1.º de agosto, agora mês de nosso maior desgosto, o inquérito 4.781 do STF ganhou novas e mais graves consequências. Decretou a condenação de qualquer cidadão que ouse insultar os supremos no velho e sagrado sigilo telefônico. E mais: suspenderá do cargo e do serviço público o servidor de Banco Central, Coaf e Receita Federal que fiscalizar movimentações financeiras da cúpula dos três Poderes. Nem do registro dos abusos de Nero consta ignomínia de tal jaez.


No Brasil, assim como a plebe assistiu ao golpe militar que gerou a República insana, só resta penar “bestializada” (apud José Murilo de Carvalho) sob arroubos tirânicos do advogado reprovado duas vezes em concursos para juiz de primeira instância. No Congresso, paralisado por seus próprios “malfeitos” (apud Dilma Rousseff), ninguém se arrisca a perturbar os deuses imperfeitos do raso Olimpo. Na Câmara, Rodrigo Maia, o Botafogo do propinoduto da Odebrecht, tem a autoridade moral de uma lesma para evitar esta assustadora, mas não surpreendente, tomada de poder pelos togados. No Senado, outra eminência do baixo clero, Davi Alcolumbre, não é besta de chamar a atenção para um Poder que acaba de perdoá-lo por eventuais traquinagens contábeis em eleição, depois do perdão majestático da rainha Rosa Weber.


Um bando de néscios da extrema direita, que se acham no poder porque têm acesso ao regente Carlos, por copiarem suas diatribes no Twitter, ainda acredita na iniciativa do chanceler Eduardo de fechar o STF com um jipe, um cabo e dois soldados. E na inocência do mano Flávio, coveiro da CPI da Lava Toga no Senado. É de matar de rir. Ou de chorar. Nesta entrada de oitavo mês de governo, o pai deles, Jair, já abusou da própria incapacidade de usar palavras no sentido certo. Não se sabe se é por ignorância ou se é por esperteza. Com o aval de Donald Trump, insiste na ideia de nomear o caçula Eduardo, embaixador em Washington. Não é nepotismo, pontificou. 

E Trump, em pessoa, ecoou. Rasguem os dicionários, queimem-nos em praça pública, a palavra que denuncia a prática incompatível na República (beneficiar parente com dinheiro público) virou hipocrisia. Assim como qualquer pessoa que considere alguém do STF passível de fiscalização tributária, o cristão que discordar do capitão e seus filhotes foi, é e será sempre hipócrita. Será insultado de hipócrita, por exemplo, quem não acha certo o clã ter nomeado 102 garrotes mamões das tetas da loba que nutriu Rômulo e Remo, fundadores de Roma. Trata-se de um recorde de não se orgulhar. Mas se o fato destoa, pior para ele. A “nova política” mata a “velha” de vergonha.


Jair assombrou a Nação dizendo que sente falta de um ministro “terrivelmente evangélico” no STF. Seu advogado-geral, André Mendonça, é o nome que cabe nesse susto. Pastor evangélico e fâmulo de Toffoli. Que importa que tenha dito que a vaga do decano Celso de Mello, a ser aberta em 11 meses, seria de Sergio Moro? Inspira-se em Michel Temer. Verba volant, este escreveu. As de Jair comem alpiste na gaiola.  Ele disse a senadores que queriam manter o Coaf na Justiça que na Economia as diretrizes de Moro seriam mantidas por Paulo Guedes. Mas agora pressiona o ministro da Economia para defenestrar Roberto Leone, presidente do Coaf escolhido pelo ex-juiz. O motivo da demissão seria sua crítica à decisão de Toffoli que, ao proibir o compartilhamento de dados da inteligência financeira, da Receita Federal e do Banco Central, com o Ministério Público e a Polícia Federal, beneficiou o primogênito Flávio.

Como dizia meu avô, a palavra do presidente não vale um tostão furado de fumo podre.

Blog do Nêumanne -  José  Nêumanne, Jornalista, poeta e escritor - Publicado na pág. A02 de  O Estado de S. Paulo


quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

O papelório do Imperador das Cadeias merece a lata de lixo mais próxima

O surto de demência autoritária de Marco Aurélio deve ser neutralizado de imediato pelos juízes de verdade

O prenome de imperador romano, a vaidade tão pesada que deve ser calculada em arrobas, o olhar de quem treina para virar estátua, a arrogância que identifica os que acham que a toga é que deve orgulhar-se de cobrir-lhe o corpo, o prazer sensual com que ouve o som da própria voz entoando expressões ignoradas pela plebe — tudo isso, junto e misturado, subiu de vez à cabeça de Marco Aurélio Mello. E ordenou-lhe que caprichasse na liminar que, se fosse levada a sério pela Justiça brasileira, colocaria em liberdade todos os bandidos que cumprem pena depois de condenados em segunda instância.

Que Nero, que nada: sem uma Roma para incendiar, Marco Aurélio I, o Imperador das Cadeias, resolveu destruir com uma canetada a jurisprudência recentemente reafirmada pelo plenário do Supremo Tribunal Federal, a segurança jurídica e a esperança no triunfo da lei sobre o crime, e da honradez sobre a falta de vergonha na cara. O ministro coleciona molecagens, sentenças idiotas, chiliques de debutante e odes ao descaramento desde que foi presenteado com uma toga pelo primo Fernando Collor. Até esta assombrosa quarta-feira, contudo, era possível acreditar que mesmo para um marcoauréliomello existem limites.

Não existem, atesta a liminar produzida na véspera do recesso do Judiciário. O latinório ridículo e algumas condicionantes malandras procuram inutilmente camuflar o objetivo do autor: tirar Lula da cadeia. As restrições inócuas não passam de um truque diversionista concebido para ocultar as aberrações decorrentes da torpeza original. Com o ex-presidente condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, recuperariam o direito de ir e vir (e roubar, e matar, e revogar por dias ou semanas a ordem legal) uma imensidão de assassinos, estupradores, latrocidas e, claro, delinquentes de estimação de Marco Aurélio e seus comparsas.

A afronta ao país que presta deve ser barrada de imediato pela reação da banda sadia do STF, do Ministério Público e dos magistrados que ouvem a voz da Justiça, não os sussurros dos que conspiram contra o império da lei. A liminar de Marco Aurélio merece ser atirada à lata de lixo mais próxima por juízes de verdade, que não se curvam bovinamente a determinações intoleráveis.

O Brasil se tornará bem melhor se for socorrido por uma variação da boa e velha desobediência civil. Tal arma, manejada com altivez e destemor, já sufocou no nascedouro tantos surtos de demência autoritária. É hora de usá-la para expulsar Marco Aurélio do seu trono imaginário.

domingo, 4 de novembro de 2018

Chefão em pânico e a A Morte de um Símbolo

Gleisi confirma que, com Moro no Ministério da Justiça, os políticos bandidos estão sem dormir há três dias



“Lula está bem, mas indignado com a nomeação do seu algoz como ministro da Justiça”
(Gleisi Hoffmann, presidente do PT, confirmando que a nomeação de Sergio Moro para o Ministério da Justiça tirou de vez o sono do chefão do maior esquema corrupto de todos os tempos)


#SanatórioGeral: Blog do Augusto Nunes - Veja

 A Morte de um Símbolo

 Cãofajeste, Cãodidato inCãosolável com a derrota.
InCãoprensível é a inação do judasciário diante das ameaças de promover arruaças.
Chefe do Movimento Sem Teta, barbudinho escroto que só faz careta.
Mais perdido que cachorro em dia de mudança, sabe que acabou a era da lambança.

Bons tempos em que as ONGs enchiam a pança às custas das verbas de hospitais e que compravam ervas desde outros carnavais.
A porcada e caterva não ligavam pra Minerva.
Falta pouco pra que um ouvido mouco escute o estouro de nossa nova Idade de Ouro. Comandada por um mouro, uma nobre instituição fará feder “all the universities”sem Moral.

Pro povo em estado pré-socrático um remédio: o cassetete democrático.
Da sociedade, o pensamento mais profundo: “Vai trabalhar vagabundo!”
Criatividade não falta. Peça socorro; inventa desumidificador de focinho de cachorro.
Ou consegue uma vaga de empacotador de vento daquela mina fugida do convento.
Nunca é tarde pra ser feliz; um mero Nero; uma mera atriz.

Carlos Maurício Mantiqueira é um livre pensador.