Victor Martins
Melo, 16 anos, foi espancado até a morte durante uma festa no Parque da
Cidade. Grupo seria ligado a uma jovem que teve o celular roubado em
festa
Policiais da 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul) acreditam que os
responsáveis pelo linchamento de Victor Martins Melo, 16 anos, possam
ser colegas ou pessoas próximas à dona do celular roubado. A vítima foi
espancada até a morte durante uma festa realizada sem autorização no
Parque da Cidade, em 26 de maio. Entre as testemunhas ouvidas até agora,
ninguém se mostrou disposto a colaborar com a investigação. Depoimentos
desencontrados, versões contraditórias e relatos diferentes sobre a
dinâmica do crime reforçam a ideia de que exista uma cooperação para
dificultar a identificação dos suspeitos. Quinze dias após o massacre,
ninguém foi preso.
A maior dificuldade da polícia é ter acesso a imagens que mostrem o
espancamento supostamente cometido após confundirem o adolescente com
um ladrão de celular. Pelo menos 20 jovens estariam envolvidos no
assassinato. Eles mataram Victor a socos, pontapés, facadas e
garrafadas. O delegado adjunto da 1ª DP, Ataliba Neto, contou que vídeos
circulam por um aplicativo de mensagens instantâneas no celular, mas os
agentes ainda não conseguiram ter acesso às filmagens. No Facebook, um
jovem comentou, ontem, que, no dia da festa, viu um grupo de 15 pessoas
saindo do parque com ferro e paus. “Liguei para o 190, mas,
infelizmente, acharam que era trote”, escreveu. A Polícia Militar
informou que não localizou o chamado.
Para o
delegado, parte do grupo ligado à dona do celular pode estar omitindo
informação. “Tudo leva a crer que mataram uma pessoa inocente, mas, até
agora, não temos os autores. Não recebemos nenhum vídeo. Quem estava lá
disse que não viu o momento do espancamento e quem viu diz que não sabe
quem são os participantes. Como vamos fazer um monitoramento nas redes
sociais se não temos o nome dos envolvidos?”, questionou.
Victor
tinha ido à festa na companhia de pelo menos sete colegas — três deles
eram primos. “Dois dos meninos tinham ido com a intenção de furtar
celular, mas, pelo que contaram, o Victor não sabia disso. Um deles, de
16 anos, foi o responsável pela subtração. Na hora, a vítima estava
andando com esse adolescente, mas um pouco atrás. Tudo leva a crer que
ele foi morto por engano”, reforçou o investigador. “Alguém deve ter
visto e achado covardia. Alguém conhece essas pessoas, testemunhou
alguma coisa, mas estamos em busca de quem traga isso”, acrescentou.
Barbárie
O
massacre de Victor teve incentivo. Muitos gritaram: “Pega!”,
“Finaliza!”, “Mata!”, acompanhados de inúmeros palavrões dirigidos à
vítima. A festa Cala a Boca e me Beija não tinha segurança privada nem
equipe de enfermeiros e socorristas. Aconteceu de forma ilegal, sem
alvará nem aviso às autoridades públicas. Desde 28 de maio, o Correio
tenta entrevista com uma das jovens, que, nas redes sociais, aparecia
como organizadora do evento que reuniu 1,5 mil pessoas. Em 30 de maio,
ela atendeu à reportagem. Disse que só divulgou a festa na página
pessoal porque trabalha como promoter, mas, depois do contato, apagou
todas as mensagens sobre a confraternização. A página oficial no
Facebook também foi excluída.
Nesse domingo (10/6), o Correio
voltou a ligar para ela. Das quatro tentativas, a jovem atendeu a uma.
Quando a reportagem se identificou, a garota desligou. Depois, recusou
outras duas chamadas. Foi enviada uma mensagem no celular dela, também
ignorada.
A Polícia Militar informou que,
constantemente, ocorrem eventos no Estacionamento 11 do Parque,
combinados por meio das redes sociais e que reúnem “centenas de pessoas
em pouco tempo”. Segundo a corporação, militares realizam abordagens,
mas, no dia da Cala a Boca e me Beija, o efetivo estava concentrado em
outras duas festas de grande porte. “Ao serem acionados, policiais foram
deslocados até o local, mas, infelizmente, a tragédia havia
acontecido”, acrescentou a PM.
DENUNCIE:
197Serviço telefônico da Polícia Civil para denúncias
Denuncie Quem
tiver informações sobre os autores do linchamento no Parque da Cidade
pode denunciar. Não é obrigado a revelar a identidade. A Polícia Civil
tem quatro meios para os relatos, além do telefone 197. São eles:
site
www.pcdf.df.gov.br; e-mail: denuncia197@pcdf.df.gov.br
Telefone: 197
WhatsApp 98626-1197