O
fenômeno aqui descrito é gravíssima causa de múltiplas tragédias humanas
e sociais. Não me refiro apenas aos educadores, embora o que digo
inclua muitos deles. Refiro-me ao que acontece no sistema como um todo.
São nefastas a cultura pedagógica, a visão de Economia e a interpretação
da História, a posição ideológica, filosófica, sociológica e pedagógica
dominantes. Geram miséria. O livro “Pedagogia do Oprimido” cria
oprimidos por opção e sua ideologia, hoje oficialmente conduzindo a
nação, estimula a tolerância e as causas dos crimes contra o patrimônio e
a vida. Basta ouvi-los.
Dezenas de
milhões de brasileiros não percebem isso porque é um tipo de informação
que não recebem. No entanto, o fenômeno vai se tornando crescente e as
consequências se ampliam quando entramos no mundo acadêmico e nos
espaços do poder. Nesses ambientes, ouvimos ao longo de tantas décadas
que “prender não resolve”, que o “criminoso é a vítima e a sociedade é a
culpada”, que “o sistema penal é vingativo”, que “é preciso legalizar
as drogas”, que “família já era”, que “é proibido proibir” e blá blá
blá. Inevitavelmente a criminalidade ganha extensão quando a má lição
vem de baixo e o mau exemplo vem de cima.[afinal temos um ex-presidiário na presidência da República - prova incontestável que no Brasil o crime compensa.]
De modo
simultâneo, poderosa máquina publicitária trabalha para deslegitimar a
função orientadora da Igreja e das famílias, transferindo a formação de
crianças e jovens para si mesma e para o aparelho do Estado, já
infiltrado, capturado e manipulado pelos agentes da guerra cultural.
Grosseiro caldo em que se multiplicam a criminalidade e o número de seus
dependentes.
Há os
dependentes químicos. Por vezes, é dito que são um fato novo na cena
social, agravando a criminalidade. Errado. As drogas sempre existiram.
Seus dependentes cresceram em número quando a sociedade perdeu suas
referências. Eles são o numeroso grupo daqueles de quem tudo foi tomado
ou que de tudo se extraviaram: conhecimento, família, limites,
possibilidade de trabalho honrado, futuro e esperança.
Há os
dependentes econômicos do grande criminal business. Quando a atividade
criminosa é de baixíssimo risco, conta com simpatia social, chega a ser
glamourizada, desfila nas passarelas, ganha manchetes e proporciona
mandatos eletivos, é evidente que mais e mais atores se instalem nessa
nova e multiforme “Hollywood” de celebridades.
Há, os
dependentes ideológicos. Compraram a utopia pelo preço de capa e
apostaram nela o futuro de uma nação. Onde depositam suas apostas
políticas, criam em vida um inferno de Dante, sem porta de saída e sem
poesia.
A estes eu interrogo, perguntando como percebem sua cumplicidade
com as consequências de suas ações e omissões, do que ensinam e do que
deixam de ensinar, do que protegem e do que deixam à própria sorte?
Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto,
empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores
(www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país.
Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia;
Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.