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quinta-feira, 15 de junho de 2023

Os amigos de Lula no STF - Percival Puggina

“Eu estou convencido que tentar mexer na Suprema Corte para colocar amigo, para colocar companheiro, para colocar partidário, é um atraso, é um retrocesso que a república brasileira já conhece, já conhece muito bem, e eu sou contra” (Lula, no dia 16/10/2022, em debate durante campanha eleitoral).

         Menos de um ano depois, Lula indica o nome de Cristiano Zanin ao STF. O futuro ministro é amigo, companheiro e advogado em todas as suas encrencas com a Justiça. É bem de Lula essa relação transitória e instável com suas próprias afirmações.

Há quem goste disso, há quem não se importe com isso e todos são livres tanto para uma coisa quanto para outra. O problema está no que isso representa em termos de caráter, mormente se estamos falando sobre a visão política de milhões de pessoas. Ainda hoje, num site de esquerda, um cidadão brasileiro exultava: “Hotel agora, só de 100 mil a diária, gravatinha de mil dólares e já, já vamos trocar aquele velho aerolula por um A330 novinho em folha... Viva nosso Lulão do Mundo! Ele merece!”. O autor da frase falava sério.

Esse é o Brasil que Paulo Freire ajudou a preparar. Você tem aí o protótipo do oprimido, conscientizado, lutando por sua libertação. E não se trata de um subproduto ocasional da “pedagogia do oprimido”, não. Esse cidadão é “o” produto buscado para o tipo de revolução cultural pensado pelo marxismo paulofreireano. Nele, o educando é conduzido a confundir o mundo e a realidade com o que lhe mostram suas limitadas percepções.

Lula não é diferente desse cidadão. Por isso, faz o que faz e, sem qualquer constrangimento, diz e se desdiz. Cristiano Zanin será ministro porque a maioria do Senado o quer ministro, porque a política como a temos precisa de ministros dessa extração.     

Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. 


sexta-feira, 28 de abril de 2023

O Cara nunca existiu - Augusto Nunes

 Revista Oeste

O mundo começou a enxergar a face sombria de Lula

 

Janja e Lula | Foto: Reprodução

Em 22 de janeiro deste ano, o presidente da República reassumiu o posto de Primeiro Passageiro do Aerolula para uma visita à Argentina e ao Uruguai. Nos dois países, cumprimentou-se por ter livrado o Brasil de Jair Bolsonaro e prometeu reabrir o cofre do BNDES para socorrer nações necessitadas em geral e, em particular, ditaduras amigas. 
 
Em fevereiro, Lula baixou nos Estados Unidos. Na conversa com Joe Biden, disse que “Bolsonaro se automarginalizou durante quatro anos”, louvou-se por ter afastado do poder o cúmplice do inimigo comum Donald Trump e sugeriu que ambos se unissem “para impedir que haja algo semelhante ao Capitólio nos Estados Unidos ou à Praça dos Três Poderes no 8 de Janeiro”
Na hora da foto oficial do encontro na Casa Branca, numa demonstração de amor sem precedentes, chamou a primeira-dama para ficar entre ele e Biden. Janja capricha no sorriso de quem, poucos meses depois de noivar na cadeia em Curitiba, tem ao lado o número 1 do Brasil e o governante mais poderoso do planeta. Lula, Janja e Joe Biden - Foto: Reprodução/Instagram [Observem com atenção a foto e verão que Biden apesar de octogenário não perdeu tempo = enquanto o 'boquirroto' expelia, via oral, bobagens, Biden foi mais objetivo].

Entre janeiro de 2003 e dezembro de 2010, as duas mulheres que se alternaram no posto hoje ocupado por Janja nem sonharam com tamanho privilégio. Tanto a primeira-dama Marisa Letícia (por timidez) quanto a segunda-dama Rosemary Noronha (porque até no reino de um Lula há limites para a desfaçatez) nunca deram as caras em fotos nas quais só cabem chefes de Estado. Chance é que não faltou. 
Somados os dois primeiros mandatos, Lula fez 139 viagens internacionais e zanzou por 80 países, além de instalar o palanque ambulante na Antártida, na Guiana Francesa e na Palestina. Na segunda temporada no poder, resolveu aumentar a plateia de acompanhantes
Como era gente demais para o Aerolula, um segundo avião de grande porte foi requisitado para os deslocamentos presidenciais. Neste terceiro mandato, duas aeronaves têm transportado Lula e um séquito nunca inferior a 80 cabeças. A economia brasileira vai atravessando uma zona de turbulência de dimensões portentosas, mas o patrocínio compulsório dos pagadores de impostos induz a turma da primeira classe a enxergar o tempo todo um céu de brigadeiro.

Surpreendido pelo coronavírus, Lula teve de adiar a viagem à China marcada para o fim de março. Condenado a um mês inteiro sem voos transatlânticos, ordenou ao inventivo setor de viagens do Planalto que tratasse de evitar a reprise dessa tragédia em qualquer outro mês de 2023. É quase certo que o presidente itinerante revisitará a África em maio o roteiro inclui Angola, Moçambique e África do Sul. 
Ainda em maio, estará no Japão para acompanhar a reunião de cúpula do G7 a convite do grupo que reúne as sete maiores potências econômicas do mundo. 
Em setembro, pousará na Índia para participar do G20. 
No mesmo mês, vai discursar em Nova York na sessão de abertura da assembleia geral da Organização das Nações Unidas. Não é pouca coisa. Mas o presidente itinerante é ansioso. 
 Ainda não completara a convalescença quando esticou a passagem pela China com uma escala nos Emirados Árabes. 
No começo de abril, baixou em Pequim à frente de uma comitiva de espantar a realeza saudita — e com um bom pedaço do mesmo mês reservado a incursões pela Península Ibérica.

Os delirantes discursos de improviso informam que Lula 3, embora continue fazendo bonito na modalidade bravatas & bazófias, vai se tornando uma caricatura do populista espertalhão do começo do século 
 
Nesta quinta-feira, depois das cobranças e hostilidades engolidas em Portugal, Lula enfrentava na Espanha a onda de indignação provocada pelo besteirol produzido em território chinês — a que se somou o desempenho bisonho em solo europeu. 
Na China, claro, não faltaram insultos a Bolsonaro. Mas, animado com o sorriso profissional dos anfitriões, com o sorriso subalterno da comitiva, com o sorriso de professorinha-em-lua-de-mel de Janja, o pacificador de picadeiro revelou-se em sua repulsiva inteireza
Ficou claro que Lula sonha com a vitória da Rússia na guerra que Vladimir Putin tornou inevitável ao ordenar a invasão da Ucrânia. 
De novo, recorreu a argumentos que escancararam, mais que o desprezo pela soberania dos países, a profunda estupidez geopolítica e histórica. Lula ignora, por exemplo, que a Crimeia foi parte do mapa da Ucrânia até ser brutalmente confiscada por Putin
Ele também acha que os Estados Unidos e a União Europeia se meteram no conflito não para socorrer o agredido, mas para aumentar os lucros da indústria bélica dos aliados ocidentais. 
E continua convencido de que só a entrada do Brasil vai fazer funcionar o Conselho de Segurança da ONU. 
 
Sitiado por jornalistas independentes, o mais antigo candidato sem chances ao Nobel da Paz revidou com rajadas de mentiras. 
Afirmou que nunca dissera o que disse. Jurou que jamais atribuíra à Ucrânia um único e escasso pecado. 
Garantiu que a política externa da canalhice, que montou em parceria com Celso Amorim, é uma flor de neutralidade
Murmurou que o Brasil condenou a invasão na assembleia da ONU (sem informar que isso aconteceu no governo Bolsonaro).  
Vaiado nas ruas e repreendido no Parlamento, qualificou tais manifestações de “papelão”. Em Lisboa, não entendeu (ou fingiu não entender, para fugir do tema) uma pergunta formulada em português de Portugal). Reprisou o numerito em Madri, ao ouvir uma pergunta em espanhol com tradução simultânea para o português.

"Lula tem dificuldade para entender pergunta de jornalista em Portugal"
 
 
"Mesmo com tradução simultânea, Lula não entende pergunta em Madri" 

O mais idoso brasileiro a assumir a Presidência da República tem 77 anos. Mas com tesão de 20, ressalva nosso Charles Chaplin de botequim. Tanto assim que vai muito bem o casamento com Janja, 56. Tanto assim que já anda pensando na candidatura à reeleição. 
Ele já sabe que Barack Obama, em seu livro de memórias, confessou que abandonou o time de admiradores do colega brasileiro depois de descobertas as bandalheiras em que se envolvera. 
 Falta alguém disposto a contar a Lula que não foi Obama quem o promoveu a O Cara.  
Foi o intérprete que acompanhava o governante brasileiro numa reunião de chefes de Estado.

“I love this guy”, disse Obama a assessores ao topar com Lula. Tradução correta: “Eu gosto desse rapaz”. Para lustrar o ego do chefe monoglota, o intérprete fingiu ignorar que gírias não têm correspondentes em outros idiomas e, resolvido a transformar afago em condecoração, promoveu “this guy” a “O Cara”. 
 O mundo enfim começou a ver a face sombria do rapaz que sumiu com a passagem do tempo. O Cara, esse nunca existiu.

Leia também “Dias de loucura”
 
 
 
 

quarta-feira, 23 de junho de 2021

22 corolários da Teoria da Inocência do Culpado - Revista Oeste

Mas quem acredita na Teoria da Inocência do Culpado tem o dever de engolir como verdades incontestáveis pelo menos 22 corolários relacionados a seguir.

1. O Mensalão não existiu. Se é assim, todos os condenados no processo do Mensalão são inocentes e devem ser indenizados pela União. Até Silvio Pereira, secretário-geral do PT presenteado com um veículo que cobiçava por empresários cujos negócios facilitou? (Sim. Até Silvinho Land Rover. Trata-se de outro inocente que se declarou culpado porque sonhava desde criancinha com a condenação a uma temporada na cadeia só para trocar a pena de prisão pela prestação de serviços comunitários.)

2. O Petrolão não existiu. Se é assim, todos os punidos com base nas investigações da Operação Lava Jato são inocentes e devem ser indenizados pela União. Isso incluiria também os delatores premiados que devolveram à Petrobras parte do produto do roubo? (Sim. Essa turma abriu mão de um pedaço da fortuna pessoal, acumulada honestamente, porque policiais extorsionários ameaçaram prender até os bebês da família.)

3. A Lava Jato foi concebida para impedir que o ex-presidente exercesse um terceiro mandato. Juízes federais, procuradores federais e policiais federais fizeram de conta que se haviam juntado para prender doleiros só para não dar na vista.

4. Lula foi preso político. (Essa figura sempre foi uma exclusividade de regimes ditatoriais, mas no Brasil depende de quem olha. Quem usa a vista esquerda enxerga no Brasil, desde o despejo de Dilma Rousseff, uma ditadura fascista em gestação. E vê na Venezuela ou em Cuba duas democracias populares que, para desestimular desigualdades, decidiram que presos políticos são presos comuns. Depois de uma visita a Fidel Castro, aliás, o Mestre disse a seus discípulos que os adversários da ditadura engaiolados na ilha-presídio são muito parecidos com os integrantes da população carcerária de São Paulo.)

5. Como era Marisa Letícia quem cuidava das transações imobiliárias da família, o marido nada soube, sabe ou saberá sobre reformas, melhorias, escrituras, doações e demais benefícios financiados por amáveis empreiteiros no Guarujá, em Atibaia, em São Paulo e em outros municípios que a Lava Jato não teve tempo de vasculhar.

6. Antes de viajar para Atibaia, o já ex-presidente nem pedia licença a Fernando Bittar, dono oficial do sítio onde passou 111 fins de semana, porque era muito amigo de Jacó Bittar, pai de Fernando, que é sócio do filho Lulinha, e ficou sabendo que o proprietário detesta a vida rural.

7. A Oi nem sabia que Lula passava os fins de semana ali perto quando instalou a antena de celular que permitiu ao ex-presidente dar ordens por telefone. Foi mera coincidência.

8. Lulinha subiu na vida por ser uma espécie de Ronaldinho da internet.

9. José Dirceu enriqueceu não porque descobriu o ofício de facilitador de negociatas, mas por ter leiloado, depois de cassado pela Câmara de Deputados, todas as condecorações e medalhas, conquistadas em batalhas que nunca travou mas lhe valeram o codinome de Guerreiro do Povo Brasileiro.

10. Sergio Moro é agente da CIA. Melhor aluno do curso de mediunidade, descobriu em 2015 que Jair Bolsonaro sairia do semianonimato para a Presidência em 2018 e o convidaria para assumir o Ministério da Justiça e Segurança Pública.

11. A lista do Departamento de Propinas da Odebrecht é invencionice de um integrante da Lava Jato que se infiltrou na empreiteira depois de ter trabalhado no setor encarregado de batizar as operações da Polícia Federal. É por isso que prejudicou a imagem de tanta gente honesta com codinomes muito criativos.

12. As campanhas eleitorais do PT nunca foram financiadas por dinheiro de caixa dois. Depois que Delúbio Soares virou tesoureiro nacional, o partido aprendeu a só trabalhar com recursos não contabilizados.

13. Tudo que parece pertencer a Lula é de algum amigo dele.

14. Lula escreveu todos os prefácios que assinou.

15. Na cadeia em Curitiba, o ex-presidente leu todos os clássicos russos.

16. Depois de concluir que a conflituosa relação entre árabes e israelenses era a cópia ampliada de desavenças rotineiras envolvendo turcos paulistas e judeus cariocas, o grande negociador só não pacificou o Oriente Médio porque os intérpretes não entenderam direito o que dizia.

17. A poluição existe porque a Terra é redonda.

18. Napoleão Bonaparte invadiu a China.

19. Todos os diretores da Petrobras foram nomeados pelo critério da meritocracia. Graça Foster brilhou no cargo de presidente. As parcerias criminosas entre executivos da estatal e empreiteiros amigos de Lula só existiram na cabeça de gente que vê maldade em tudo.

20. O controle social da mídia é uma forma de censura que garante a liberdade de imprensa.

21. Lula não bebe desde 1974. Como explicou numa entrevista recente, aposentou copos e garrafas durante a Copa do Mundo, no dia em que o Brasil foi derrotado pela Holanda por 2 a 0.

22. Rosemary Noronha não foi promovida a chefe do escritório paulista da Presidência da República pela boa impressão que causou quando foi apresentada a Lula por José Dirceu no meio de um bailão na quadra do Sindicato dos Bancários. Isso é coisa de maledicentes, que insistem em atribuir a escolha ao critério da preferência nacional. Rose mereceu o emprego por ser tão competente que o presidente fez questão de embarcá-la no AeroLula em 19 viagens internacionais. Certamente por coincidência, em todas Marisa Letícia resolvera ficar no Brasil. Só Lula sabe o que Rose fazia.

Incontáveis devotos da seita que tem um prontuário como único deus engolem sem engasgos esses 22 destaques da imensa lista de vigarices. Mas os sumos sacerdotes sabem que mesmo uma tribo indígena ainda isolada nos fundões da Amazônia, confrontada com tais falatórios, recomendaria aos contadores de histórias que fossem mentir noutra freguesia. O Alto Clero só finge acreditar no que o Mestre diz a seus discípulos por subordinar-se a uma abjeção travestida de mandamento político: os fins justificam os meios

Para conduzir os pobres e miseráveis ao paraíso proletário, vale tudo. Prostituir a irmã, por exemplo. 
Ou roubar a bolsa da mãe e a aposentadoria da avó. 
Ou tratar o povo brasileiro como se não passasse de um bando de idiotas. Releia a torpeza: os fins justificam os meios. As cinco palavras soam como o grande verso do melhor dos poemas só quando murmuradas aos ouvidos de um canalha de nascença
 
Augusto Nunes, colunista - Revista Oeste

domingo, 7 de junho de 2015

Quando vão revelar os gastos do cartão corporativo da amiga íntima (más línguas dizem 'amante') do Lula, Rosemary Noronha?

O governo Dilma trata como segredo de estado o cartão corporativo de Rose para esconder a farra criminosa do casal 171

A justificativa forjada por Dilma Rousseff para manter em segredo a gastança de Rosemary Noronha com o  cartão corporativo do governo é tão cafajeste quanto o restante do escândalo. Segundo a turma homiziada no Palácio do Planalto, a quebra do sigilo que envolve a história colocaria em risco “a segurança da sociedade e do Estado”. 

 Conversa de vigarista, constata o comentário de 1 minuto para o site de VEJA. O que se quer evitar é que a imagem de Lula fique em frangalhos de vez.  Em parceria com o então presidente, Rose estrelou durante mais de cinco anos uma mistura de chanchada pornopolítica e filme policial de quinta categoria. Desempenhou simultaneamente os papéis de chefe do escritório da Presidência em São Paulo, traficante de influência e segunda-dama

O que a Polícia Federal já sabe foi suficiente para enquadrar a companheiríssima do chefão por corrupção passiva e formação de quadrilha.  É só um cisco na sujeira que cobre o parceiro da cabeça aos pés — e permanece debaixo do tapete federal. Instalada na enorme garçonnière da Avenida Paulista ou infiltrada na comitiva presidencial como passageira clandestina do Aerolula, Rose torrou aqui e no exterior uma bolada de bom tamanho extorquida dos pagadores de impostos, sempre usando o cartão mágico com a sem-cerimônia dos que se acham condenados à perpétua impunidade. O governo está obrigado a revelar o tamanho da gastança. E o Brasil decente exige a devolução do dinheiro que financiou a farra do casal 171.


Fonte: Coluna do Augusto Nunes