Procuradoria
Geral da República investiga conta nos Estados Unidos e BC abrirá um processo
para apurar movimentação na Suíça
A Procuradoria-Geral da República (PGR) abriu mais duas frentes de
investigação depois que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou à
imprensa que manteve conta não declarada no Delta Bank, nos Estados Unidos,
e que entregou recursos para serem administrados por “terceiros” no exterior, informa nesta terça-feira (10) O Globo.
O Banco Central (BC) também
abrirá um processo para apurar a movimentação de recursos de Cunha no exterior.
Ele também admitiu, na semana passada, ter usufruído de ativos mantidos na
Suíça e não declarados à Receita Federal e ao Banco Central brasileiro por
tratarem-se de verbas obtidas exterior e
mantidas em contas das quais ele não é o titular. O BC estabelece, no
entanto, que residentes são obrigados a declarar recursos que mantêm fora do país,
mesmo sendo apenas beneficiários.
Em
entrevista à Globo, Cunha disse que ganhou dinheiro no mercado internacional de capitais depois de deixar a
Telerj, em 1993, e manteve os recursos em nome de terceiros, no Merrill
Lynch. O Ministério Público Federal (MPF), que desconhecia essa ramificação dos
negócios do presidente da Câmara, entende que o uso de terceiros em tais
circunstâncias pode configurar lavagem de dinheiro.
Lava Jato
Em
janeiro deste ano, Cunha negou, na CPI da Petrobras, que tivesse “qualquer tipo de conta” no exterior.
Documentos enviados pela Justiça da Suíça mostram que uma das contas do
peemedebista foi abastecida com recursos provenientes de um negócio na
Petrobras. Foram cinco depósitos, em 2011, que totalizaram cerca de R$ 5 milhões.
O
dinheiro saiu da conta do lobista João Augusto Henriques. Ele recebeu US$ 10 milhões pelo negócio e
disse ter feito o repasse como retribuição a “informações privilegiadas” que recebeu. Cunha alega que não
conhecia a origem do dinheiro e que não houve movimentação dos recursos.
O
presidente da Casa já foi denunciado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro
por, supostamente, receber US$ 5 milhões dos
lobistas Júlio Camargo e Fernando Soares, o Baiano, para facilitar a
contração de dois navios sondas da estatal. O Supremo Tribunal Federal (STF) o
acusa de usar contas em bancos suíços para movimentar dinheiro de propina
oriundo da Petrobras.
Fonte: Revista Época