Rodrigo Constantino
O
jornal carioca O GLOBO tem sido um dos veículos de comunicação mais
críticos ao presidente Bolsonaro.
Em seus editoriais, o governo só
merece ataques.
Além disso, as pautas "progressistas" encontram forte
apoio no jornal.
Em seu editorial de
hoje, o jornal ataca Bolsonaro uma vez mais, como se fosse um perigo
para a democracia, mas em seguida passa a demonstrar receio com o
crescente arbítrio supremo. Seguem alguns trechos, com meus comentários
em seguida:
Outro risco para nossa democracia,
porém, tem passado despercebido. É mais insidioso e permanecerá entre
nós mesmo que ele perca a eleição e transfira o poder ao sucessor.
Trata-se da politização do Supremo Tribunal Federal (STF). A Corte, que
deveria manter-se equidistante e alheia às paixões, parece a cada dia
mais contaminada pelo noticiário, como se devesse prestar contas à
opinião pública, não à lei ou à Constituição.
Na
verdade esse risco não tem passado despercebido, e basta lembrar do 7
de setembro, quando milhões foram às ruas pedir justamente respeito à
Constituição. Os "bolsonaristas" apontam para esse perigo faz tempo, mas
acabam sendo demonizados pelo próprio jornal como "golpistas".
O
ministro Luís Roberto Barroso deu até prazo para o governo tomar
providências nas buscas do indigenista e do jornalista desaparecidos na
Amazônia, como se isso tivesse algum poder de acelerá-las — ou algum
cabimento. O ministro Edson Fachin, presidente do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE), se esforça para desvencilhar-se da desavença insólita
que ele próprio alimentou com os militares em torno das urnas
eletrônicas. E o ministro Gilmar Mendes teve nesta semana de reafirmar o
óbvio, dizendo que o Supremo não é “partido de oposição ao governo”.
Não é mesmo, nem jamais deveria ser.
Antes tarde
do que nunca! Esses exemplos, entre muitos outros, são justamente
aqueles apontados pelo próprio presidente Bolsonaro, tratado como um
golpista pelo jornal carioca.
O fato é que boa parte da velha imprensa
vem passando pano para esse abuso de poder justamente porque o alvo é
Bolsonaro.
A mídia militante ajudou a alimentar esse monstro, e agora
parece se mostrar preocupada, pois deve ter se dado conta de que pau que
bate em Francisco também dá em Chico: ninguém está a salvo do arbítrio
supremo!
Não é de hoje que o STF invade
competências de outros Poderes. “Tenho a impressão de que,
qualitativamente, o STF brasileiro, ao lado dos tribunais
constitucionais colombiano e sul-africano, está entre os mais ativistas
do mundo”, diz o jurista Gustavo Binenbojm. Mesmo que, na maioria dos
casos, o Supremo mantenha seu papel de tribunal constitucional e última
instância do Judiciário, nos poucos em que se arroga missão que o
extrapola, dá argumento aos bolsonaristas e aos que promovem campanhas
infames e despiciendas contra a Corte.
Não são
poucos casos, e o problema não é alimentar campanhas "infames" de
bolsonaristas, mas a própria postura infame de alguns ministros. Reparem
que mesmo para tecer críticas o jornal alivia a barra dos ministros e
volta a atacar Bolsonaro, em vez de focar no cerne da questão: é o
próprio STF que tem se desviado demais de suas funções constitucionais,
ao jogar fora das quatro linhas.
Nas
palavras de um constitucionalista: “Conflito entre Poderes sempre vai
existir, mas é difícil achar racionalidade em certas decisões”. Para
citar exemplos, nem é preciso recorrer a casos rumorosos, em que o
tribunal assumiu papel nitidamente político, como os inquéritos das fake
news e dos atos antidemocráticos, a prisão do deputado Daniel Silveira
(PTB-RJ) ou os esforços por disciplinar as redes sociais. As decisões
contaminadas pelo ativismo podem ser as mais corretas e proteger
direitos essenciais, mas isso não impede que abram precedentes
perigosos.
Os meios importam! Não são decisões
corretas, e mesmo que fossem, o caminho é absolutamente condenável.
Claro que abrem precedentes perigosos, e isso é exatamente o que muitos
de nós temos denunciado faz tempo. Onde estava o jornal na hora de
condenar com veemência a prisão absurda do deputado Daniel Silveira? O
fato de ele ser apoiador de Bolsonaro fez com que o jornal preferisse
cochilar nesse momento...
Quando o Supremo tornou
a homofobia e a transfobia crimes, formulou, sem aval do Legislativo,
um tipo penal por analogia — um absurdo, pois o Direito Penal é literal.
Quando equiparou os crimes de racismo e injúria racial, alterou
definições de leis aprovadas no Congresso. Quando determinou condições
para operações policiais nas favelas cariocas, invadiu competência do
Executivo fluminense e determinou uma política pública. Nada disso
estava errado em si. Mas criou-se um caminho para arbítrios futuros.
Tudo
isso é errado em si, para quem não é um "progressista" de esquerda. Mas
certamente a forma foi ainda pior do que o conteúdo, pois mesmo quem
concorda com essas medidas precisa denunciar o ativismo judicial, uma
vez que cabe ao Congresso formular leis, não ao STF.
Noutras
situações, o STF soube agir com comedimento. Ficou anos sem tomar
decisão sobre o Fundo Garantidor de Créditos para não invadir
competência do Legislativo. No caso da reeleição para as presidências da
Câmara e do Senado, apenas mandou cumprir o que estava na Constituição.
Casos assim mostram que os ministros têm plena noção da atitude exigida
de juízes que concentram tanto poder. Precisam ter a sabedoria de
mantê-la.
O editorial conclui com muito otimismo
e ingenuidade, numa clara incoerência em relação ao que critica antes.
Os casos de "acertos" são bem menos relevantes do que os absurdos que o
próprio jornal elenca. Contar com a "sabedoria" desses ministros para
"manter" uma atitude exigida de juízes com tanto poder é uma piada de
mau gosto. O jornal faria mais se lembrasse do papel institucional do
Senado para conter tantos abusos. Deveria ter pressionado o presidente
Rodrigo Pacheco para agir, uma vez que há vários pedidos robustos de
impeachment engavetados.
O advogado liberal Leo Corrêa escreveu um texto
em 2018 sobre o ativismo judicial, que vem bem a calhar, até porque
está repleto de citações de grandes juristas americanos. Como esta, do Chief Justice John Roberts, que salientou:
Os
membros desta Corte possuem a autoridade de interpretar a lei; não
detemos a expertise nem a prerrogativa de proferir julgamentos sobre
políticas. Essas decisões são atribuídas aos líderes eleitos de nossa
nação, que podem ser expulsos de seus cargos se o povo discordar deles.
Não é nossa função proteger o povo de suas escolhas políticas.
Clique para ler na íntegra matéria do recuo do O Globo.
Se
esse ativismo supremo está incomodando até mesmo o jornal O GLOBO, que é
simpático às causas "progressistas" desses ministros que tentam
"empurrar a história", e que odeia o presidente Bolsonaro, principal
alvo da militância togada, então é porque os ministros do STF foram
longe demais mesmo e passaram e todos os limites aceitáveis!
Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES
[Rodrigo, excelente matéria! Torcemos para que este tenha sido o primeiro furo na barreira da mídia militante que apoia os inimigos do presidente Bolsonaro = inimigos do Brasil]