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terça-feira, 19 de setembro de 2023

A peregrinação de Lula - Percival Puggina

        O que Havana simboliza para Lula é muito semelhante ao que a Terra Santa representa para os cristãos. Tais destinos são peregrinações, coisas de devoção. 
Nos séculos XI e XII, os cristãos promoveram sucessivas cruzadas para libertar Jerusalém do domínio sarraceno. 
O solitário apoio ao regime cubano significa algo semelhante: proteção do sagrado comunismo frente a permanente ameaça capitalista. 
A conta é paga pelos trabalhadores e pagadores de impostos brasileiros.

Como temos um presidente itinerante, que não esquenta lugar, verdadeiro papa-léguas em lua de mel, lá foi Lula a Havana encontrar-se com seu passado quando, em 2009, pelas barbas do profeta Fidel, decidiu regalar-lhe um porto zero quilômetro, da grife Odebrecht.

A fé política é um desastre quando substitui a fé em Deus. Nessa condição missionária, Lula (e os governos de esquerda) sempre ofereceram e continuarão oferecendo incondicional proteção diplomática a seus irmãos de fé política. 
O Brasil esquerdista, por exemplo, desaprova quaisquer manifestações de colegiados internacionais em relação às violações de direitos humanos sempre em curso naquele legendário país. 
O Brasil esquerdista faz negócios que desagradam os brasileiros, mas são festejados entre os beneficiados como uma alvorada sobre as ruinas do apocalipse.
 
Só os fiéis dessa igrejinha política não sabiam que o empréstimo para construção do Porto de Mariel seria pendurado num prego. O país não tem dólares para pagar. Sua balança comercial é permanentemente deficitária. Para cada três ou quatro dólares que importa, exporta um dólar. 
Na excelente instalação paga pelo Brasil, a maior obra de infraestrutura em Cuba, quase não há o que exportar. Metade da área está vazia.
 
Enquanto Cuba for um país comunista, inimigo dos Estados Unidos, será visto pelos norte-americanos exatamente conforme seus dirigentes políticos afirmam de si mesmos ao longo de 63 anos, em todas as suas manifestações. 
É conversa fiada afirmar que Cuba voltaria a ser a Pérola do Caribe, como efetivamente era no começo do século passado, se acabasse o bloqueio. Que bloqueio é esse que não impediu o Brasil de levar um porto inteiro para lá? 
Bloqueio que não impede Cuba de importar da China, Espanha, Rússia, Brasil, México, Itália e Estados Unidos (sim, os próprios EUA são o 7º país que mais exporta para lá).  
O problema é que, com medo de calote, alguns só vendem mediante pagamento à vista e nenhum investidor sensato vai colocar dinheiro naquele formato de Estado.
 
O governo Lula assinou um contrato que previa, na falta de meios, ser ressarcido em charutos. 
Ou seja, Lula II sabia o que estava fazendo em 2009, mas delirou com a ideia de criar, na Cuba comunista, um porto fervilhante de oportunidades e negócios que, impenitentes, só aparecem em regimes econômicos capitalistas.
 
O estado cubano e seu regime são uma lição ao mundo.  
As elites comunistas preferem seu povo enfrentando desnecessárias privações a reconhecer os próprios erros. 
Passadas seis décadas, esse discurso que inculpa os EUA não tem um fiapo que o mantenha no ar. 
Em 2019, o parlamento da Ilha aprovou uma nova Constituição (produto da experiência de 60 anos!) cujo artigo 5º acaba com o futuro da Castro&Castro Cia Ltda, cujo CEO, hoje é o senhor Díaz-Canel.

O Partido Comunista de Cuba, único, martiano, fidelista e marxista-leninista, a vanguarda organizada da nação cubana, sustentada em seu caráter democrático e em sua permanente ligação com o povo, é a força motriz dirigente superior da sociedade e do Estado.

Sabe quando um país assim pagará ao Brasil os US$ 261 milhões que deve? Vai um charuto aí, leitor?

Percival Puggina (78) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país.. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia Rio-Grandense de Letras.


terça-feira, 3 de novembro de 2020

Submissão - O presidente francês baixa a cabeça diante de um perigoso inimigo interno

O presidente da França, Emmanuel Macron, esteve em Nice para anunciar novas medidas contra o terrorismo no país. Nice foi palco de um ataque no dia 29 de outubro de 2020.

O presidente da França, Emmanuel Macron, esteve em Nice para anunciar novas medidas contra o terrorismo no país. Nice foi palco de um ataque no dia 29 de outubro de 2020. Ficaram gravadas para sempre na história da França as poucas palavras do célebre “Apelo do 18 de Junho”, no qual o então general e depois presidente Charles de Gaulle convocaTodos os Franceses”, em 1941, a se juntar a ele na luta contra as tropas da Alemanha nazista que haviam invadido o país – e obtido do governo francês uma infame capitulação, acompanhada logo depois da decisão de colaborar com o inimigo.

“Governantes de circunstância podem ter capitulado, cedendo ao pânico, esquecendo a honra e entregando o país à servidão”, escreveu De Gaulle. “Entretanto, nada está perdido”. A França, dizia o líder da Resistência, tinha perdido uma batalha, e não a guerra; se reagisse à agressão, iria ganhar no final. Ele estava com a razão, como se viu.

Aécio sai das sombras e embarca no bonde da vacina 

Se estivesse vivo hoje, bem que De Gaulle poderia repetir sua oração – mas, provavelmente, só a primeira frase. Talvez não dê mais para dizer que “nada está perdido”. Os governantes de ocasião estão aí, sua rendição ao pânico está aí, a entrega do país está aí. Já o “nada está perdido” parece um desfecho cada vez mais duvidoso. Diante de um inimigo interno equivalente hoje ao que foi o invasor nazista ontem – o terrorismo, o ódio e as exigências de submissão feitas pelas organizações islâmicas extremistas – o governo do presidente Emmanuel Macron, como fizeram os seus antecessores, baixa a cabeça. Aceita a submissão, como exigem os terroristas que matam senhoras de idade dentro das igrejas católicas ou professores de ginásio à saída da escola.

Essa capitulação se manifesta através da atitude, adotada pelo governo e a elite francesa em geral, de recusar-se a combater o inimigo – como os colaboracionistas de 80 anos atrás se recusavam a combater o invasor alemão. Em vez disso, acham que têm de “dialogar”, “compreender”, “tolerar”. Consideram-se culpados pelos crimes cometidos pelos assassinos que se apresentam como “soldados do Islã”; eles seriam, na visão predominante nas altas esferas da França, vítimas das cruzadas do século XII, do “colonialismo” e sabe lá Deus de quantos outros delitos praticados em tempos remotos.

Em vez de expulsar os marginais do seu convívio, ou pelo menos impedir que continuem entrando no país, acham que devem pedir desculpas aos “povos islâmicos”. Agir assim, dizem os atuais “governantes de circunstância”, é respeitar “a democracia”. E agir em defesa da sua população, da liberdade religiosa, dos valores nacionais e do direito dos franceses a não serem assassinados? Isso é ser “fascista”.

O presidente Macron e os seus amigos são defensores apaixonados da Floresta Amazônica. 
Na hora de defender o povo francês da opressão, cedem ao pânico
Mandam a polícia reprimir quem está tomando uma cervejinha no bar depois das nove da noite. 
Já os homicidas que matam em nome da fé são considerados como uma “questão cultural”. 
A continuar assim a França acabará perdendo a batalha e a guerra.

J.R. Guzzo, jornalista - Gazeta do Povo - Vozes