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terça-feira, 3 de novembro de 2020

Submissão - O presidente francês baixa a cabeça diante de um perigoso inimigo interno

O presidente da França, Emmanuel Macron, esteve em Nice para anunciar novas medidas contra o terrorismo no país. Nice foi palco de um ataque no dia 29 de outubro de 2020.

O presidente da França, Emmanuel Macron, esteve em Nice para anunciar novas medidas contra o terrorismo no país. Nice foi palco de um ataque no dia 29 de outubro de 2020. Ficaram gravadas para sempre na história da França as poucas palavras do célebre “Apelo do 18 de Junho”, no qual o então general e depois presidente Charles de Gaulle convocaTodos os Franceses”, em 1941, a se juntar a ele na luta contra as tropas da Alemanha nazista que haviam invadido o país – e obtido do governo francês uma infame capitulação, acompanhada logo depois da decisão de colaborar com o inimigo.

“Governantes de circunstância podem ter capitulado, cedendo ao pânico, esquecendo a honra e entregando o país à servidão”, escreveu De Gaulle. “Entretanto, nada está perdido”. A França, dizia o líder da Resistência, tinha perdido uma batalha, e não a guerra; se reagisse à agressão, iria ganhar no final. Ele estava com a razão, como se viu.

Aécio sai das sombras e embarca no bonde da vacina 

Se estivesse vivo hoje, bem que De Gaulle poderia repetir sua oração – mas, provavelmente, só a primeira frase. Talvez não dê mais para dizer que “nada está perdido”. Os governantes de ocasião estão aí, sua rendição ao pânico está aí, a entrega do país está aí. Já o “nada está perdido” parece um desfecho cada vez mais duvidoso. Diante de um inimigo interno equivalente hoje ao que foi o invasor nazista ontem – o terrorismo, o ódio e as exigências de submissão feitas pelas organizações islâmicas extremistas – o governo do presidente Emmanuel Macron, como fizeram os seus antecessores, baixa a cabeça. Aceita a submissão, como exigem os terroristas que matam senhoras de idade dentro das igrejas católicas ou professores de ginásio à saída da escola.

Essa capitulação se manifesta através da atitude, adotada pelo governo e a elite francesa em geral, de recusar-se a combater o inimigo – como os colaboracionistas de 80 anos atrás se recusavam a combater o invasor alemão. Em vez disso, acham que têm de “dialogar”, “compreender”, “tolerar”. Consideram-se culpados pelos crimes cometidos pelos assassinos que se apresentam como “soldados do Islã”; eles seriam, na visão predominante nas altas esferas da França, vítimas das cruzadas do século XII, do “colonialismo” e sabe lá Deus de quantos outros delitos praticados em tempos remotos.

Em vez de expulsar os marginais do seu convívio, ou pelo menos impedir que continuem entrando no país, acham que devem pedir desculpas aos “povos islâmicos”. Agir assim, dizem os atuais “governantes de circunstância”, é respeitar “a democracia”. E agir em defesa da sua população, da liberdade religiosa, dos valores nacionais e do direito dos franceses a não serem assassinados? Isso é ser “fascista”.

O presidente Macron e os seus amigos são defensores apaixonados da Floresta Amazônica. 
Na hora de defender o povo francês da opressão, cedem ao pânico
Mandam a polícia reprimir quem está tomando uma cervejinha no bar depois das nove da noite. 
Já os homicidas que matam em nome da fé são considerados como uma “questão cultural”. 
A continuar assim a França acabará perdendo a batalha e a guerra.

J.R. Guzzo, jornalista - Gazeta do Povo - Vozes


quarta-feira, 14 de setembro de 2016

O cinema do terror

Anteontem, o mundo mudou para sempre. Há 15 anos. Isso.

No filme Godzilla, há uma imagem da rua por onde multidões fugiam do grande macaco. É a mesma rua que vimos depois, sob a nuvem de pó dos prédios caindo no 11 de Setembro. Já era a previsão do que aconteceria em 2001.  Osama usou o Ocidente contra si mesmo. Melhor que os filmes catástrofes que o inspiraram, Osama inventou o espetáculo como arma.

Osama inventou o “cinema do terror”. Isso. Vejam seu legado cinematográfico: o EI decapita os infiéis em fila bem enquadrada, vestidinhos, rostos cobertos, com botas amarelas e macacão azul, todos chiquérrimos, como num filme. Daí para frente, todos os atentados foram cinematográficos: ataque em Nice, Áustria, Londres, Paris metralhado por sua beleza...

Osama mudou o mundo com as armas do Ocidente – os aviões transformados em mísseis contra o WTC. Osama inaugurou a “Época da Normalidade Perdida”, como nomeou Martin Amis, e nos legou a imagem das torres caindo por toda a eternidade; ele fez a “mise-en-scène” de um importante momento histórico, como a queda da Bastilha, o fim do Império Romano, sei lá.  Passaram-se 15 anos e o mundo só piorou. A disseminação dos horrores nos faz sentir que algo mais terrível pode acontecer. Estamos num tempo em que se enterram vivas crianças pelo Boko Haram, em que um porco como o ditador da Coreia do Norte já tem mísseis, um mundo em que um rato psicótico como o Trump pode ser candidato a presidente. Tudo isso ameaça as amarras, as traves que sustentavam a estrutura da nossa vida social. O mundo está fora do eixo, declarou Hamlet. Pois está.

Estamos vivendo um suspense histórico, com trágicos conflitos descentralizados no mundo todo.  Como isso começou? Alguma coisa ou alguém deflagrou este tempo. Foi o George W. Bush, nossa besta do apocalipse. É impressionante como ninguém fala mais do Bush. Ele é culpado por tudo que acontece no mundo atual e ninguém fala nele. Começou com a absurda invasão do Iraque, em 2003. Qualquer ser pensante sabia que a invasão do Iraque seria um erro tão grave quanto, digamos, atacar o México por causa do bombardeio a Pearl Harbour, como disse o Kerry.

Mas, aconselhado por seu vice-papai Dick Cheney, Bush resolveu mentir que o Iraque teria “armas de destruição em massa”. Todo mundo sabia que não tinha; só havia interesses de Cheney por petróleo e outras jogadas. E Bush virou o “presidente de guerra”, comandando a paranoia americana; invadiu o Iraque e derrubou o Saddam (um canalha, sem dúvida), mas que ainda era o único a refrear os jihadistas. A partir daí, os homens-bomba floresceram como papoulas, iniciando a série de atentados na Espanha, Inglaterra, Índia, Bali, Boston e outros que vieram e virão. O criminoso Bush (esse pré-Trump) devia ser julgado pelo dano que fez ao mundo, mentindo, matando 50.000 jovens e quebrando o país, com trilhões em gastos de guerra.

Foi o pior presidente americano de todos os tempos, ignorante, alcoólatra e mau estudante, coisa de que se orgulhava. Até que um dia, para seu azar e sorte, o Osama derrubou as torres gêmeas e deflorou os Estados Unidos, nunca atacados dentro de casa. Além de estimular a crise da economia, o ataque de 11/9 acabou com a fama de infalibilidade dos EUA. Acabou com a ideia de solução, com a ideia de vitória, impossível diante de inimigos sem rosto.

De uma forma repugnante, a verdade do mundo atual apareceu. Estão irrompendo todas as misérias do planeta para além do circuito Helena Rubinstein: uma religião da vingança e da morte, formada pela ignorância milenar de desgraçados no deserto, sofrendo com imensa inveja das conquistas do Ocidente.  Não me esqueço da cara do Bush em 11/9, quando lhe contaram a tragédia, em uma palestra para um colégio. A cara do Bush foi de gesso, paralisada, sem uma rala emoção, sob o olhar das criancinhas em volta. A partir daí, a América quis vingança e Bush iniciou uma linha reta de erros para um futuro apavorante. Foi nessa época que a direita republicana mais degenerada começou a se articular.

Osama nos jogou numa era pré-política, em busca de algum “futuro”, mas os islâmicos já chegaram lá, já vivem na eternidade. Suas multidões jazem na miséria, conformadas, perfazendo um ritual obsessivo cotidiano que os libertou da dúvida. Sua obediência ao Corão lhes ensina tudo, desde como cortar as unhas até como matar “cães infiéis”. Como disse o “mulá” Mohammad Omar, com desdém: “Nós amamos a morte; vocês sempre gostaram de viver...”.

Se Bush não tivesse invadido o Iraque, o mundo seria outro. Mas o “se” não existe na História. Foi o que foi. Osama morava fora da História, contemplando-a com ódio e fascinação lá da eternidade desértica de sua terra. Osama desmoralizou nossas ilusões de continuidade, de lógica, de finalidade. E nos trouxe a morte, atacando feito cachorro louco.  Osama atacou a contemporaneidade com um estilo bem “contemporâneo”. Ele trouxe o “intempestivo” para o início do século 21 que, achávamos, seria confortável, seguro, controlável.

Por outro lado, Bush continuou sua trajetória de boçalidade e cumpriu todos os desejos de Osama, como um lugar-tenente burro. Tudo que o terrorista queria Bush fez. Essa invasão absurda estimulou o terror.  Osama morreu, mas sua obra foi bem sucedida. Ele semeou o terrorismo e Bush legitimou-o para sempre. Bush veio para acabar com todas as conquistas liberais dos anos 60. Só faltava um pretexto; Osama deu-o.

Mais tarde, Obama conseguiu matar o Osama. No entanto, a morte de Osama no Paquistão indispôs mais o Oriente Médio contra nós e fragilizou a liderança dos Estados Unidos como potência. [mais uma das burrices cometidas por Obama.]  Daí, Irã, Egito, Líbia, guerra da Síria contra seu povo, apoiada claro, pela China e (oba!) pela Rússia da KGB. E hoje, 15 anos depois, por causa desse homem e sua estupidez nefasta, estamos perdidos nessa briga de foice em quarto escuro.


Fonte: Arnaldo Jabor - Estadão

Força-tarefa da Operação trabalha a todo vapor em denúncias criminais contra o ex-presidente - See more at: http://www.folhabrasilnoticias.com.br/2016/09/lava-jato-devera-concluir-hoje-denuncia.html#sthash.EBBH08TM.dpuf


Lava Jato deverá concluir hoje denúncia contra Lula

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segunda-feira, 8 de agosto de 2016

França: depois do terceiro ataque jihadista



O exército francês está no limite de sua capacidade de ação: ele já patrulha as ruas da França e está posicionado na África e no Oriente Médio. Foto: soldados franceses protegem uma escola judaica em Estrasburgo, fevereiro de 2015.
(Imagem: Claude Truong-Ngoc/Wikimedia Commons)



Nice, 14 de julho de 2016: Dia da Queda da Bastilha. As festividades da noite estavam chegando ao fim. Conforme a multidão assistia a queima de fogos de artifício começava a se dispersar, o motorista de um caminhão de 19 toneladas, dirigindo em zigue-zigue, atropelava todos que estavam em seu caminho. Dez minutos mais tarde, após ter assassinado 84 pessoas, ele foi baleado e morto. Dezenas ficaram feridas; muitos ficarão aleijados para o resto da vida. Sobreviventes atordoados vagavam pelas ruas da cidade durante horas.

Âncoras das redes de notícia da televisão francesa se apressaram em realçar que, com certeza, se tratava de um "acidente", quando as autoridades francesas começaram a falar de terrorismo, ressaltaram que o motorista só podia ser um louco. Quando a polícia divulgou o nome e a identidade do assassino, e que no passado ele já tinha estado em depressão, ela aventou que ele poderia ter atuado em um rompante de "alta ansiedade". Os policiais entrevistaram testemunhas que atestaram que ele "não era um muçulmano devoto" -- talvez nem sequer muçulmano.

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sábado, 30 de julho de 2016

Terrorismo, lobos solitários e a matança como espetáculo

Entramos numa nova fase do terrorismo, em que a divulgação nas redes sociais potencializa o medo e estimula uma epidemia de atentados 

Nas últimas cinco horas de sua vida, enquanto cometia o maior massacre a tiros da história recente dos Estados Unidos, que deixou 49 mortos e 53 feridos na boate gay Pulse, em Orlando, o americano Omar Mateen sacou várias vezes o celular e buscou, no Facebook, as expressões “shooting” (tiroteio) e “Pulse Orlando”. Mateen queria medir a repercussão de seu espetáculo sangrento, ainda em curso, nas redes sociais e na internet. Enquanto mantinha vítimas em cativeiro, ele também telefonou para uma emissora de televisão e chamou a polícia. Mais do que uma consequência, a transformação do massacre em um show de horror, que alcançasse imediatamente o maior número de pessoas possíveis, foi deliberadamente perseguida pelo terrorista.


Horas antes de começar o tiroteio dentro da Pulse, Mateen telefonou à polícia para jurar lealdade ao grupo terrorista Estado Islâmico (EI). Um rapaz de 29 anos, nascido numa família de afegãos que imigrara para os Estados Unidos, Mateen era muçulmano e frequentava uma mesquita na cidade onde morava, na Flórida. Mas não era devoto disciplinado e, quando ia à mesquita, não trocava meia palavra com os demais. Rezava e logo ia embora. O que ressaltava na personalidade de Mateen era sua instabilidade.

Na infância, ele fora um garoto agressivo, disperso. Na adolescência, colecionara advertências escolares por brigar com colegas e desrespeitar regras. Na vida adulta, direcionou a agressividade para o emprego como segurança de um centro de detenção de jovens. Alardeava ter ligações com o Hezbollah, a milícia xiita do Líbano considerada terrorista pelos Estados Unidos. Por isso, entrara numa lista de investigados do FBI. Ao mesmo tempo, expunha seus preconceitos sem muito pudor: racismo, machismo, antissemitismo e, exageradamente, homofobia. Tivera um rápido casamento com uma jovem muçulmana, conhecida pela internet, que logo quis se separar dele por causa de seu comportamento violento.

Mateen visitou a boate Pulse, frequentada especialmente por gays e simpatizantes
, pelo menos uma dúzia de vezes antes do ataque. Chegou a fazer um perfil em um aplicativo de relacionamento gay e a conversar com um usuário que descreveu seu comportamento como “esquisito”. Após a morte de Mateen, abatido a tiros pela polícia, o limite entre a espreita de suas vítimas e o pertencimento à comunidade gay ficou impreciso. Apesar de o Estado Islâmico logo ter declarado Mateen um soldado de sua guerra fundamentalista contra o Ocidente,  a investigação não encontrou  ligações dele com a organização terrorista. Assim também ficou impreciso se o ato de Mateen era um gesto de extremismo solitário ou um assassinato em massa levado a cabo por um indivíduo com aversão à homossexualidade, talvez a própria. Na dúvida, Mateen acabou enquadrado na categoria dos “lobos solitários”, os terroristas que se radicalizam depois de acessar pela internet a maciça propaganda virtual disseminada pelo Estado Islâmico e outras organizações, e perpetram atentados, sem nenhum planejamento sofisticado e apoio logístico dos grupos terroristas.

Desde  o massacre de Orlando, em 12 de junho, uma série de atentados terroristas, assassinatos em massa, chacinas  aconteceram em países do Ocidente e no Japão numa sequência ao mesmo tempo impressionante e apavorante. Alguns ataques têm um caráter ideológico, outros não e outros caem numa zona cinzenta. Boa parte deles foi reivindicada por aparentes “lobos solitários” como Mateen, que proclamaram estar agindo em nome do Estado Islâmico. Foi o caso de Mohamed Lahouaiej Bouhlel, um tunisiano morador de Nice, na Riviera Francesa, que matou 84 pessoas e feriu centenas de outras ao dirigir em alta velocidade um caminhão de 19 toneladas contra uma multidão que assistia à beira-mar à queima de fogos do Dia da Bastilha, a data nacional francesa.



Fonte: Revista Época


 
 

terça-feira, 26 de julho de 2016

Terroristas filmaram degola de padre francês, diz freira



A irmã Danielle foi uma das reféns no ataque à igreja e conseguiu fugir para pedir ajuda, após dois terroristas degolarem o padre

A freira que conseguiu fugir de uma igreja católica em Saint-Étienne-du-Rouvray, na França, onde dois homens haviam feito reféns contou que os terroristas obrigaram o padre a se ajoelhar e o degolaram enquanto filmavam o crime. Os homens falavam árabe e declararam agir em nome do Estado Islâmico (EI), de acordo com irmã Danielle.

O padre Jacques Hamel, de 84 anos, foi degolado após dois homens armados com faca invadirem a paróquia em que trabalhava em Saint-Etienne-du-Rouvray, na Normandia, nesta terça-feira (26) (Foto: AFP)    
 
Em entrevista à emissora de rádio RMC, a freira explicou que os assassinos ordenaram ao padre, às duas irmãs e aos dois fiéis que estavam dentro da igreja para ficarem juntos. Apesar das súplicas dos reféns para que não cometessem o assassinato, eles não hesitaram em nenhum momento. Os homens forçaram o sacerdote Jacques Hamel, de 86 anos, a se ajoelhar e quando este tentou se defender, “começou o drama”, segundo a freira. “Gravaram em vídeo. Fizeram uma espécie de sermão em árabe em torno do altar. Foi horroroso”, contou Danielle.

A irmã, que era uma das reféns, conseguiu fugir no momento em que os terroristas atacaram o sacerdote e pediu socorro a uma pessoa que passava de carro pela rua da igreja. Os dois responsáveis pelo crime foram mortos pela polícia francesa ao saírem da igreja, pouco antes 11h da manhã (6h no horário de Brasília) desta terça-feira. Além de Hamel, um dos reféns ficou gravemente ferido e está “entre a vida e a morte”, segundo fontes policiais.

De acordo com fontes ligadas à investigação, um dos criminosos já “era fichado pelos serviços antiterroristas”. O indivíduo tentou viajar à Síria em 2015 e, ao voltar à França através da Turquia, foi colocado em prisão preventiva, acusado de associação a uma organização terrorista. O homem foi libertado com a condição de usar uma pulseira eletrônica.

Um padre morreu degolado nesta terça-feira em uma pequena igreja no noroeste da França, em um novo ataque reivindicado pelo grupo Estado Islâmico (EI), que deixa o país novamente em choque, menos de duas semanas depois de um atentado em Nice.  “Os criminosos da igreja da Normandia são soldados do Estado Islâmico que realizaram o ataque em reposta a chamados para atacar países da coalizão internacional que combate o EI no Iraque e na Síria”, informou a Amaq, um órgão de propaganda do grupo extremista.

O ataque, no qual ocorreu uma tomada de reféns, começou às 09h30 (04h30 de Brasília) em plena missa. Cinco pessoas estavam nesta igreja de Saint-Etienne-du-Rouvray, uma localidade na Normandia de 29.000 habitantes a 125 quilômetros de Paris, quando dois criminosos entraram no local ao grito de “Allah Akbar!” (Deus é grande), segundo uma testemunha.  Os agressores foram abatidos ao sair da igreja por membros da Brigada de Busca e Intervenção (BRI), especializada em sequestros, que teriam cercado o templo.
“Pensava que (os atentados) ocorriam apenas nas grandes cidades e que nunca poderiam chegar até nós”, reagia, incrédula, Joanna Torrent, funcionária de uma loja de Saint-Etienne-du-Rouvray.  Três reféns foram libertados sãos e salvos e um quarto, um paroquiano, estava entre a vida e a morte.

O padre degolado se chamava Jacques Hamel e tinha 84 anos.
O papa Francisco expressou “dor e horror” por este “assassinato bárbaro”, indicou o Vaticano em um comunicado. “Estamos particularmente abalados por esta violência horrível ocorrida em uma igreja, um lugar sagrado no qual se anuncia o amor de Deus”, afirma a nota.  A Casa Branca também condenou “nos termos mais firmes” o ataque e ofereceu sua ajuda na investigação do crime.  “França e Estados Unidos têm um compromisso comum de proteger a liberdade religiosa (…) e a violência de hoje não abalará este compromisso”, declarou em um comunicado Ned Price, porta-voz da presidência americana.

Esta tomada de reféns ocorre em um contexto de alerta máximo na França, doze dias depois de um atentado em Nice (sudeste), reivindicado pelo EI e que deixou 84 mortos e mais de 300 feridos.  O presidente francês, François Hollande, que se dirigiu imediatamente ao local do crime, condenou este “ataque terrorista vil”. “Estamos diante de um grupo, Daesh, que nos declarou guerra. Devemos desenvolver esta guerra, por todos os meios, respeitando o direito, porque estamos em uma democracia”, acrescentou. A procuradoria antiterrorista assumiu imediatamente a investigação e um homem foi detido preventivamente poucas horas depois do ataque.

Críticas da oposição
O primeiro-ministro, Manuel Valls, expressou seu horror por este “ataque bárbaro contra uma Igreja”. “Toda a França e todos os católicos estão feridos. Permaneceremos juntos”, escreveu no Twitter. Valls havia advertido há uma semana que a França deveria se preparar para ser alvo de “outros atentados”.

Como era esperado, a oposição aproveitou a ocasião para criticar o governo. “Devemos mudar profundamente a dimensão, a medida, a estratégia de nossas respostas”, declarou o ex-presidente e líder da oposição Nicolas Sarkozy, denunciando “uma ação incompleta contra o terrorismo”. Além disso, insistiu na iniciativa de criar centros de detenção para os suspeitos de radicalização. “Devemos ser implacáveis”, afirmou.

A presidente do partido de extrema-direita Frente Nacional (FN), Marine Le Pen, denunciou no Twitter a “responsabilidade (…) imensa” de “todos os que nos governam há 30 anos”.  A França, que foi alvo de três ataques de grande porte nos últimos 18 meses – 17 mortos em janeiro de 2015, 130 mortos em 13 de novembro deste ano e 84 mortos no dia 14 de julho – vive afundada no medo de novos ataques.

O “reino da Cruz”
Depois do ataque em Nice, a França estendeu por seis meses o estado de emergência, em vigor desde os atentados terroristas de 13 de novembro de 2015 em Paris.  Este regime dá à polícia poderes adicionais. Em sua propaganda e seus comunicados de reivindicação, o grupo Estado Islâmico convoca a atacar os líderes “cruzados” ocidentais e o “reino da Cruz”. A ameaça de um ataque contra um local de culto cristão estava na mente de todos na França, sobretudo depois que um projeto de atentado contra uma igreja católica nos arredores de Paris em abril de 2015 foi abortado.

Após este projeto de atentado, o governo havia anunciado que adaptaria seu dispositivo de luta antiterrorista aos locais de culto católicos.  Cerca de 700 escolas e sinagogas judaicas, assim como entre 1.000 e 2.500 mesquitas, estão protegidas por militares, mas parece difícil aplicar estas mesmas medidas de segurança nas 4.500 igrejas católicas do país.

Fonte: EFE e  AFP


Por que o Rio de Janeiro está vulnerável a um atentado



Facilidade para obter armas e falta de cooperação entre órgãos que deviam agir em conjunto podem facilitar ataques durante a Rio 2016
Na manhã de segunda-feira (18), o esquadrão antibombas da polícia do Rio de Janeiro foi chamado para recolher uma granada na entrada da favela da Rocinha, a poucos metros de uma estação de metrô que leva para o Parque Olímpico, principal centro das competições da Rio 2016.


 FÚRIA - O general Sérgio Etchegoyen, ministro-chefe do GSI. Uma sugestão de revisão na segurança dos Jogos irritou a Polícia Federal (Foto: Charles Sholl/Futura Press/Estadão Conteúdo)

Duas semanas antes, uma criança de 3 anos perdera o braço depois de mexer com uma granada que encontrou numa das ruas do Complexo do Chapadão, o maior reduto de criminosos no Rio no momento. Explosivos largados nas ruas mostram a facilidade com que artefatos de guerra circulam pela cidade. Desde 2007, a polícia fluminense apreendeu 603 metralhadoras, 2.366 fuzis e 25.059 pistolas, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública. As apreensões dão uma ideia do tamanho do arsenal à disposição de bandidos e, eventualmente, de terroristas atraídos pela Olimpíada.

Era uma célula absolutamente amadora, sem nenhum preparo”
Alexandre de Moraes, ministro da Justiça
São notórias as dificuldades do Rio de Janeiro com a segurança pública, assim como as do Brasil para conter a entrada de armamento pelas fronteiras. Em um quadro desse tipo, o trabalho tem de ser redobrado e devem-se seguir à risca os manuais internacionais de combate ao terrorismo. Esses guias ensinam que todas as instâncias encarregadas da prevenção e do combate precisam cooperar entre si. Chefe de contraterrorismo da polícia de Londres nos Jogos Olímpicos de 2012, Richard Walton considera a extinção de rivalidades entre agências e departamentos civis e militares fundamental para evitar falhas de monitoramento. Vigiar as comunicações por redes sociais não é suficiente para identificar suspeitos e neutralizar ameaças. “É preciso uma estratégia diferente. A ameaça não será identificada na interceptação de comunicações ou com monitoramento de extremistas já conhecidos. Isso requer engajamento com o público”, disse a ÉPOCA. Sem cooperação entre as autoridades, fica mais difícil combater o terror.

Desde que o Brasil foi escolhido para sediar a Copa do Mundo, em 2007 – o Rio de Janeiro foi escolhido sede da Olimpíada dois anos depois –, militares e civis disputam o comando e o protagonismo das atividades de segurança nesses grandes eventos esportivos. Para os envolvidos, as preocupações são comezinhas. É a chance de engordar os orçamentos de suas áreas e ganhar prestígio dentro e fora do país. Às vésperas dos Jogos, a Operação Hashtag evidenciou a confusão entre as autoridades. O que se viu na semana passada foi mais competição por holofotes do que cooperação.

A entrevista coletiva em que o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, explicou a Operação Hashtag causou desconforto no Palácio do Planalto pelo amadorismo. Moraes começou a entrevista quando dois dos 12 alvos a ser presos ainda estavam foragidos. Pode ser algo irrelevante em casos de corrupção, pois o suspeito não representa perigo. Em casos de suspeita de terrorismo, é uma temeridade. A avaliação no Planalto é que Moraes passou mensagens conflitantes. Ao falar da operação que envolveu 130 policiais federais, ele inicialmente deu um ar de gigantismo ao trabalho. Em seguida, no entanto, passou a minimizar a importância do grupo suspeito de terrorismo. 

Disse que os presos não tinham um alvo específico na Olimpíada ou planos para ataques a bomba e que tampouco haviam feito contato direto com membros do Estado Islâmicoapenas um juramento on-line.Era uma célula absolutamente amadora, sem nenhum preparo”, disse, mostrando desconhecer os métodos do EI, para quem um juramento on-line é mais que suficiente para transformar alguém em um aguerrido terrorista. Ex-secretário de Segurança em São Paulo, Moraes é um dos poucos ministros que se recusam a fazer media training, o treinamento para aprender a dar entrevistas sugerido pelo governo. “Ele está fazendo aqui o que fazia em São Paulo”, diz um ministro. “Mas aqui é Brasília.” Outro ministro avalia que Moraes falava menos como ministro e mais como candidato – algo que aventou quando ainda era secretário.

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, foi na mesma linha. “O vídeo deles é de um amadorismo...”, disse. “O grupo não tem nenhuma tradição.” O que Jungmann entende por “tradição” nesse caso é um mistério. O terrorismo não exige tradição, muito menos profissionais. Em Orlando, nos Estados Unidos, um atirador matou 50 pessoas numa boate. Precisou de uma pistola e um rifle – vendidos em lojas no estado da Flórida – e um tíquete de entrada no local. Em Nice, o tunisiano Mohamed Lahouaiej Bouhlel matou 84 pessoas dirigindo um caminhão. O Estado Islâmico é formado, em sua maioria, por “amadores” desse tipo.  

A área antiterrorismo do governo é o ambiente no qual a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), subordinada ao Gabinete de Segurança Institucional, e a Polícia Federal, do Ministério da Justiça, disputam espaço. É uma rivalidade histórica. Como um serviço de inteligência, a Abin faz investigações para manter o governo informado, mas não pode produzir provas de crimes. A Polícia Federal pode investigar, produzir provas e, com autorização judicial, prender. As picuinhas entre civis da PF e militares, que comandam a Abin, são cada vez mais frequentes e incentivam a produção de fofocas, algo que nunca falta em Brasília, em vez de inteligência, algo cada vez mais necessário. Recentemente, a Polícia Federal ridicularizou a campanha da Abin sobre como identificar um terrorista

Com imagens de pessoas vestindo casaco e capuz escondendo o rosto, a Agência divulgou textos para identificar suspeitos como pessoas que “utilizam roupas, mochilas e bolsas destoantes com a situação e o clima”. A entrevista recente em que o ministro Sérgio Etchegoyen, chefe do GSI, disse que o Brasil precisaria revisar o protocolo de segurança para a Olimpíada, após o atentado de Nice, causou indignação na PF. Os policiais dizem que os militares não têm formação para lidar com terrorismo e fazem o país passar vergonha no cenário internacional. Um frequentador das reuniões rotineiras de segurança da Olimpíada afirma que PF e Abin travam uma “guerra de nervos” constante. A segurança da Olimpíada é a primeira vítima dessa guerra.

O que resume o novo tipo de terror é exatamente sua capacidade de não ser identificado. Em vez de ações espetaculares, ataques de menor ambição em série, contra alvos civis como cafés e supermercados, mais eficazes para infligir medo. “Este momento desafia doutrinas e táticas nas quais os serviços de inteligência confiaram nos últimos anos”, afirma Patrick Skinner, ex-agente de contraterrorismo da CIA e membro do Soufan Group, consultoria de segurança americana. Lidar com atos difusos, praticados por indivíduos isolados, é um desafio ainda sem resposta. “Para descobrir o que esses terroristas vão fazer é preciso ler suas mentes”, afirma James Woolsey, ex-diretor da CIA. “Só assim seria possível evitar o que aconteceu em Nice.”

A nova onda do terror faz parte da terceira geração do jihadismo. O Estado Islâmico bebe diretamente do salafismo – para seus seguidores, o único capaz de purificar a fé islâmica. Muitos salafistas se radicalizaram nas décadas de 1960 e 1970, seguindo Sayyid Qutb, pensador egípcio que criou as bases ideológicas para a violência contra quem não se enquadrasse no que considerava a prática correta do islã. Osama bin Laden, líder da al-Qaeda, trouxe o wahabismo, vertente ultrarradical que acredita que a guerra contra os infiéis é essencial para a sobrevivência do islamismo. “Como defensores radicais do wahabismo, os membros do EI comprometem-se a purificar o mundo matando todos os que se desviarem da perfeição inicial do Alcorão, incluindo os muçulmanos”, afirma Bernard Haykel, professor de estudos do Oriente Médio na Universidade Princeton, nos Estados Unidos.

Pela internet, o EI exorta seus seguidores a atacar alvos em seus países de origem, usando métodos que não exigem grandes meios. O EI também elevou os atos de terrorismo a uma forma de “adoração” e liberou seus seguidores para cometer atentados por conta própria. Qualquer um pode jurar lealdade e atacar. Esse tipo de amadorismo é a ameaça. 

Fonte: Revista ÉPOCA