As
autoridades constituídas e a esquerda nacional tiveram, enfim, a
comemoração que tanto queriam.
Nem todas as autoridades, é claro.
Algumas, como os presidentes das duas casas do Poder Legislativo, vão a
esses comícios a portas fechadas do consórcio Lula-STF apenas
para não despertar a ira do regime – e não porque acreditem no teatro
oficial.
Há um ano o governo Lula e o Supremo vêm mantendo a ficção de
que houve uma tentativa de “golpe de Estado” no dia 8 de janeiro de 2022
em Brasília.
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Não
conseguiram, em um ano inteiro de investigações e com o apoio de
milhões de reais em despesas, apresentar uma única prova, nem uma que
fosse, de que houve qualquer coisa sequer parecida com um golpe. Mais
ainda, ao longo de todo o primeiro ano do governo Lula-3, não se
registrou nenhum ato, nem um que fosse, contra a “democracia” – que segundo eles dizem, todos os dias, está sob ameaças fatais da “direita”. Por isso mesmo fizeram questão de comemorar o “dia 8 de janeiro” como uma data nacional. Já que não têm os fatos, ficam com a encenação.
Para defender a “democracia” ameaçada de morte, dizem eles, é preciso submeter o país a uma situação de repressão permanente.
A sociedade Lula-STF acha que a transformação artificial do “dia 8”
num novo Sete de Setembro é uma operação multiuso.
Serve, em primeiro lugar,
para esconder as mentiras em série que dão suporte para a versão do governo.
O
caso todo, na verdade, fica mais escuro a cada dia que passa – mais escuro e
mais suspeito.
Há dúvidas objetivas e graves sofre fatos que o STF,
que assumiu funções de delegacia de polícia e de vara criminal para
tratar do episódio, não consegue explicar.
Após um ano de barulho, de
repressão e de histeria, os responsáveis pela investigação e pelo
processo simplesmente não deram até agora nenhuma informação sobre a
presença de infiltrados no quebra-quebra – gente que não tinha nada a
ver com os movimentos de protesto anti-Lula e apareceu no momento só
para vandalizar.
Há as imagens que foram apagadas pela “empresa privada”
que cuida das câmeras de segurança do Ministério da Justiça.
Há a
omissão inexplicável das autoridades do governo Lula, que embora
avisadas com dois dias de antecedência sobre a possibilidade de
distúrbios, não tomaram providência nenhuma.
A
transformação do 8 de janeiro em dia santo para a junta de governo
Lula-STF também pretende eliminar as críticas sobre as maciças
ilegalidades da repressão aos acusados de terem participado do
quebra-quebra – algo sem precedentes na história do poder
Judiciário
brasileiro.
Dezenas de advogados que defendem os réus denunciam há
meses o cerceamento, ou até a eliminação, do direito de defesa dos seus
clientes – incluindo coisas grosseiras como a supressão da sustentação
oral.
Os réus são julgados em lotes.
Jamais se fez a individualização de
conduta dos acusados.
O STF se deu ao direito de condenar pessoas sem nenhuma prova
de que tenham destruído alguma coisa – são culpadas, segundo os ministros, por “crime
de multidão”.
Os acusados estão sendo condenados a até 17 anos de prisão por
cometerem, ao mesmo tempo, os crimes de “golpe de Estado” e de “abolição
violenta do Estado de Direito”.
São condenados por “associação armada”, embora
não se tenha descoberto até hoje uma única arma em nada do que aconteceu.
Pior
que tudo, a invenção oficial do "golpe ” tem dado desculpas para o STF e o
governo criarem um regime de exceção no Brasil – para defender a
“democracia” ameaçada de morte, dizem eles, é preciso submeter o país a
uma situação de repressão permanente.
A verdade é que o governo Lula
passou todo o seu primeiro ano utilizando
os processos do “dia 8”, e os
inquéritos perpétuos do ministro Alexandre de Moraes
sobre “atos antidemocráticos”, para pressionar adversários e ganhar
vantagens políticas.
Ainda agora,
no mesmo dia do primeiro aniversário
do “golpe”, a Polícia Federal foi jogada pelo STF em mais um frenesi de buscas e apreensões
– desta vez,
contra suspeitos de “financiarem os atos golpistas”, um
deles com ordem de prisão e todos os outros com os seus nomes mantidos
em sigilo.
O “dia 8”, como se vê, não acaba mais.
Não basta comemorar.
Tem de manter vivo e operante o estado policial que criaram no Brasil.
Conteúdo editado por: Jocelaine Santos