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terça-feira, 9 de janeiro de 2024

Não basta comemorar o 8 de janeiro; é preciso manter o estado de exceção no Brasil - Gazeta do Povo

J.R. Guzzo

As autoridades constituídas e a esquerda nacional tiveram, enfim, a comemoração que tanto queriam. Nem todas as autoridades, é claro. Algumas, como os presidentes das duas casas do Poder Legislativo, vão a esses comícios a portas fechadas do consórcio Lula-STF apenas para não despertar a ira do regime – e não porque acreditem no teatro oficial. 
Há um ano o governo Lula e o Supremo vêm mantendo a ficção de que houve uma tentativa de “golpe de Estado” no dia 8 de janeiro de 2022 em Brasília.

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Não conseguiram, em um ano inteiro de investigações e com o apoio de milhões de reais em despesas, apresentar uma única prova, nem uma que fosse, de que houve qualquer coisa sequer parecida com um golpe. Mais ainda, ao longo de todo o primeiro ano do governo Lula-3, não se registrou nenhum ato, nem um que fosse, contra a “democracia” – que segundo eles dizem, todos os dias, está sob ameaças fatais da “direita”. Por isso mesmo fizeram questão de comemorar o “dia 8 de janeiro” como uma data nacional. Já que não têm os fatos, ficam com a encenação.

Para defender a “democracia” ameaçada de morte, dizem eles, é preciso submeter o país a uma situação de repressão permanente.

A sociedade Lula-STF acha que a transformação artificial do “dia 8” num novo Sete de Setembro é uma operação multiuso. 
Serve, em primeiro lugar, para esconder as mentiras em série que dão suporte para a versão do governo. 
O caso todo, na verdade, fica mais escuro a cada dia que passa – mais escuro e mais suspeito.
 
Há dúvidas objetivas e graves sofre fatos que o STF, que assumiu funções de delegacia de polícia e de vara criminal para tratar do episódio, não consegue explicar. 
Após um ano de barulho, de repressão e de histeria, os responsáveis pela investigação e pelo processo simplesmente não deram até agora nenhuma informação sobre a presença de infiltrados no quebra-quebra – gente que não tinha nada a ver com os movimentos de protesto anti-Lula e apareceu no momento só para vandalizar. 
Há as imagens que foram apagadas pela “empresa privada” que cuida das câmeras de segurança do Ministério da Justiça. 
Há a omissão inexplicável das autoridades do governo Lula, que embora avisadas com dois dias de antecedência sobre a possibilidade de distúrbios, não tomaram providência nenhuma.
 
A transformação do 8 de janeiro em dia santo para a junta de governo Lula-STF também pretende eliminar as críticas sobre as maciças ilegalidades da repressão aos acusados de terem participado do quebra-quebra – algo sem precedentes na história do poder Judiciário brasileiro. 
Dezenas de advogados que defendem os réus denunciam há meses o cerceamento, ou até a eliminação, do direito de defesa dos seus clientes – incluindo coisas grosseiras como a supressão da sustentação oral.
 
Os réus são julgados em lotes. 
Jamais se fez a individualização de conduta dos acusados. 
O STF se deu ao direito de condenar pessoas sem nenhuma prova de que tenham destruído alguma coisa – são culpadas, segundo os ministros, por “crime de multidão”
Os acusados estão sendo condenados a até 17 anos de prisão por cometerem, ao mesmo tempo, os crimes de “golpe de Estado” e de “abolição violenta do Estado de Direito”.  
São condenados por “associação armada”, embora não se tenha descoberto até hoje uma única arma em nada do que aconteceu.
Pior que tudo, a invenção oficial do "golpe ” tem dado desculpas para o STF e o governo criarem um regime de exceção no Brasil – para defender a “democracia” ameaçada de morte, dizem eles, é preciso submeter o país a uma situação de repressão permanente. 
 
A verdade é que o governo Lula passou todo o seu primeiro ano utilizando os processos do “dia 8”, e os inquéritos perpétuos do ministro Alexandre de Moraes sobre “atos antidemocráticos”, para pressionar adversários e ganhar vantagens políticas. 
Ainda agora, no mesmo dia do primeiro aniversário do “golpe”, a Polícia Federal foi jogada pelo STF em mais um frenesi de buscas e apreensõesdesta vez, contra suspeitos de “financiarem os atos golpistas”, um deles com ordem de prisão e todos os outros com os seus nomes mantidos em sigilo
O “dia 8”, como se vê, não acaba mais. 
Não basta comemorar. 
Tem de manter vivo e operante o estado policial que criaram no Brasil.
 
Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Em silêncio e na cadeia - Nikolas Ferreira

Vozes - Gazeta do Povo

Em silêncio e na cadeia - Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
 
Condenado a 20 anos e 1 mês de prisão na Operação Spoofing, que investiga vazamento de conversas de autoridades ligadas à Operação Lava Jato, sem dúvida o destaque da semana foi o depoimento de Walter Delgatti na CPMI do 8 de janeiro. 
O hacker, que de manhã se mostrou cheio de confiança e respondeu os questionamentos dos deputados de esquerda, mudou totalmente de postura na parte da tarde, quando foi questionado pela oposição.
 
As mentiras proferidas por ele até poderiam ter mais credibilidade se não fossem os fatos que o rodeiam. 
O depoente já disse em 2022 que não só votaria em Lula como faria campanha em prol de sua eleição, externou interesse em se candidatar, e se assim o fizesse, afirmou que seria por um partido de esquerda. 
Além disso, já foi condenado por estelionato, e em novembro de 2021 o advogado que o representa postou uma foto com o livro que conta a história do atual presidente. 
Como se não bastasse, convocou seus seguidores para uma noite de autógrafos, onde os direitos autorais dos livros vendidos seriam revertidos para Walter.
 
Todo esse histórico ideológico, somado com as inúmeras contradições e a seletividade nas respostas, renderam uma nova convocação para prestar depoimento na PF. 
 Isso demonstra que, mais uma vez, os governistas não estão preocupados em apurar os fatos, mas politizar os trabalhos da comissão para atingir seus alvos preferidos. 
Enquanto isso, inocentes são presos e perseguidos unicamente por exercerem o seu direito à manifestação, conforme consta no artigo 5º da Constituição Federal.

    As mentiras proferidas por ele até poderiam ter mais credibilidade se não fossem os fatos que o rodeiam

Quando imaginei que as mentiras haviam acabado ao fim da audiência, um dia depois, o advogado Ariovaldo Moreira afirmou que seu cliente não conseguiria provar o conteúdo das supostas conversas com Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada, em virtude do celular estar no modo avião.  
Realmente querem que você acredite que o hacker, especialista em tecnologia, que invadiu celulares e divulgou conversas, não conseguiu fazer algo extremamente básico. Conclusão?  
Eu não esperava menos de quem se calou até quando foi questionado por mim sobre suas próprias palavras. 
Pra variar, mais uma vergonha na conta da base do atual governo.  
Quanto a nós, ficaremos no aguardo da próxima narrativa, já que agora, Delgatti ficará em silêncio e na cadeia. [Em nossa opinião é indispensável lembrar que apesar do revés do mentiroso Delgatti, com a condenação e os encarceramentos,  o hacker (que o retiraram da condição de principal entrevistado diário  de uma determinada emissora de TV, fazendo com que sumisse do noticiário e da telinha ) consolida seu status de presidiário - e nada muda o fato que qualquer individuo que esteve preso, se torna um presidiário e mesmo que venha a ser libertado sempre será um EX-presidiário - condição que será inerente e imutável ao  hacker, logo que seja libertado. 
Sendo um mentiroso nato, compulsivo e um EX-presidiário, eventual candidatura Walter Delgatti,  nas próximas eleições,   decolará firme.]
 

Conteúdo editado por: Jônatas Dias Lima

Nikolas Ferreira, colunista - Gazeta do Povo - VOZES



domingo, 16 de julho de 2023

O sol e a peneira - Percival Puggina

         Desde que as peneiras surgiram no repertório das utilidades, os protagonistas da política, em situações de apuro e em última instância, apelam para elas com o intuito de obscurecer o sol dos fatos.

A inutilidade desse tipo de negacionismo não desanima quem dele lança mão porque o último recurso ainda é um recurso, como sabem os advogados. Vá que cole. 
Mesmo se a cola usada for a saliva dos discursos, sempre é possível contar com a ingenuidade dos ingênuos, com a credulidade dos crentes, com o companheirismo dos companheiros e com o apoio de um jornalismo que faz jornal sem sequer espiar os fatos pela janela das redações.
 
São reflexões que me ocorrem ante reações que observo às palavras do ministro Luís Roberto Barroso proferidas num lugar onde, em virtude de seu cargo, não poderia estar.  
Ali, sua simples presença como um dos onze “supremos” (na concepção do ministro Gilmar Mendes) passava a mensagem que agora se diz que não passou
É o que se percebe em manifestações como a do STF sobre o caso. 
A instituição pretendeu isolar a instituição, entendendo que Barroso falava do voto popular... 
Essa tentativa foi incompatível com a repercussão. 
E ela foi tanta que até o omisso senador Rodrigo Pacheco que transformou o Senado em parlamento baldio, pôs-se de pé pelo Brasil e cobrou retratação.
 
Ninguém do outro lado da praça, como era de esperar, levou a sério a cobrança do senador.  
Para quem tem olhos de ver, porém, o sol não tomou conhecimento da arrombada peneira e não alterou o modo como milhões de brasileiros percebem a conduta da ampla maioria do STF a respeito da atual oposição brasileira. 
Entenderam essa colegialidade bem representada cada vez que Barroso falou na primeira pessoa do plural. 
Para tanto, basta uma olhada no conteúdo da sacola dos inquéritos abertos por Alexandre de Moraes.
 
A propósito, é importante recordar o ambiente em que transcorreu o governo Bolsonaro. 
Alguém poderá dizer que foi ele quem abriu confronto com o STF? 
Alguém o viu descumprir ordem judicial, mesmo quando lhe vedava o que era prerrogativa sua, como, por exemplo, nomear o Diretor Geral da Polícia Federal? 
Em 26 de agosto de 2021 o Correio do Manhã publicou uma lista com as 123 ocasiões em que, até então, o STF havia alvejado o governo Bolsonaro. Conheça ou relembre disparos inaugurais de 2019:

- Em 10 de maio de 2019, a ministra Rosa Weber deu cinco dias para Bolsonaro explicar o decreto que facilitou o porte de armas.

- Em 10 de maio de 2019, o ministro Celso de Mello deu o prazo de 10 dias para o Governo Federal explicar o corte de 30% nas verbas das universidades.

- Em 12 de junho de 2019, após ação do PT, o STF formou maioria e cancelou a Extinção de Conselhos [sovietes] promovida pelo Governo Bolsonaro.

- Em 24 de junho de 2019, o ministro Barroso suspendeu MP de Bolsonaro que transferia a demarcação de terras da FUNAI para o Ministério da Agricultura.

- Em 30 de julho de 2019, o ministro Dias Toffoli proibiu o Governo Federal de bloquear verbas de Goiás em cobrança de dívidas do estado para com a União.

- Em 1º de agosto de 2019, o Plenário do STF referendou a liminar do ministro Barroso que barrou a transferência de demarcação de terras da FUNAI para o Ministério da Agricultura.

- Em 1º de agosto de 2019, o ministro Barroso deu prazo de 15 dias para Bolsonaro explicar sua fala sobre o pai de Felipe Santa Cruz, presidente da OAB.

- Em 5 de agosto de 2019, a ministra Rosa Weber deu prazo de 15 dias para - Bolsonaro explicar declarações sobre Dilma Rousseff.

- Em 21 de outubro de 2019, o ministro Gilmar Mendes suspendeu a medida provisória que dispensava publicação de editais na grande imprensa.

- Em 27 de novembro de 2019, a ministra Cármen Lúcia deu cinco dias de prazo para Bolsonaro explicar o Programa Verde Amarelo.

- Em 13 de dezembro de 2019, a ministra Rosa Weber deu prazo de 10 dias para Bolsonaro explicar a fala sobre Glenn Greenwald.

- Em 20 de dezembro de 2019, o STF suspendeu a MP de Bolsonaro que previa o fim do seguro DPVAT.

Um ano e meio mais tarde, já havia 123 "cartuchos" no chão.. E não foi diferente no ano de 2022. 
Em compensação, alguém teve notícias de interpelações, suspensões de decretos, invasões de competência, durante o atual governo? 
A horas tantas, é claro, Bolsonaro perdeu a paciência, subiu o tom e partiu para a grosseria que nada resolve, aumenta o atrito e permite ampla exploração política.

Minha leitura, como cidadão, ao longo desses anos, mostra que o governo Bolsonaro foi, desde o início, antagonizado pelo STF. Essa impressão, consolidada ao longo de quatro anos, persiste.  

[CLIQUE AQUI e veja mais algumas - Ações políticas supremas contra Bolsonaro]

Não são apenas as palavras proferidas que expressam o que as pessoas sentem, pensam ou fazem.

Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

sexta-feira, 9 de setembro de 2022

Depois de brigar com os fatos, jornalistas estão brigando com o povo - Gazeta do Povo

VOZES - Alexandre Garcia

Manifestações

Discurso de Bolsonaro é acompanhado por milhares de pessoas em Brasília.| Foto: Reprodução/Facebook

Estou notando que muita gente no jornalismo expressou surpresa pelo público que lotou as ruas e praças de praticamente todas as cidades brasileiras nas manifestações do dia 7 de setembro
Em geral, a gente só vê as grandes capitais, mas eu vi imagens de cidades do interior do Maranhão, do Acre, do Rio Grande do Sul, de toda parte. Foi no país inteiro. 
Isso surpreende muitos porque certamente estão acreditando nas pesquisas, embora tenham sido enganados pelas pesquisas em 2018. Mas estão insistindo naquele “me engana que eu gosto” e aí se surpreendem quando aparece um mar de gente, embora tenham feito a maior propaganda de que haveria violência nas manifestações para ver se as pessoas ficariam em casa. 
Na Avenida Paulista, em São Paulo, chegou a ter chuva, e mesmo assim ela esteve superlotada. Foi um mar de gente.
 
As pessoas não se dão conta do “passar recibo”. Estou falando de colegas meus. Contam que Flores da Cunha era viciado em pôquer e jogava no Jóquei Clube do Rio de Janeiro. Certa vez, ele estava jogando e havia um sujeito atrás dele, “peruando” o seu jogo. 
Ele estava com todas as cartas para ganhar aquela rodada e jogou tudo errado. Olhou para trás e disse: “Sofre, peru”. Estou vendo que os que foram “peruar” as manifestações estão sofrendo.
 
Houve até aquela história da pergunta para o Aldo Rebelo, que foi ministro dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff, foi filiado ao Partido Comunista do Brasil e atualmente está no PDT. Perguntaram a ele o que achava dos bolsonaristas “se apropriando” da bandeira nacional. Óbvio que a bandeira nacional é de todos. Então ele respondeu que as pessoas de esquerda jogaram a bandeira no chão, adotaram a bandeira vermelha, e isso foi a oportunidade para que Bolsonaro e seus seguidores erguessem a bandeira nacional
Bandeira que foi pisoteada pelos seguidores do outro lado, pisoteada e queimada como aconteceu em Curitiba e na Califórnia.

O mais grave de tudo é que esses colegas jornalistas, que têm brigado contra os fatos desde meados de 2018, agora estão brigando com o povo. Estão xingando o povo que foi para a rua, essa massa que foi para a rua. Estão esquecendo que a democracia é o governo do povo para o povo, o governo da maioria.

De condenado a candidato

O candidato Lula e seu companheiro de chapa, Geraldo Alckmin, fizeram um comício na noite desta quinta-feira em Nova Iguaçu (RJ). 

Foi um dia em que puderam festejar o registro da candidatura de Lula, mesmo ele tendo sido condenado em três instâncias, já que a condenação foi simplesmente anulada por um ato praticamente administrativo do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin; ele depois encaminhou a liminar ao plenário do Supremo, que a aprovou.

No entanto, não aprovaram a candidatura de Roberto Jefferson (PTB), que foi indultado, depois de ser condenado pelo mensalão que ele mesmo denunciou. Aplicaram a Lei da Ficha Limpa ao Roberto Jefferson, como aplicaram na quinta-feira ao ex-governador Anthony Garotinho (União Brasil) no Rio de Janeiro; e ao senador Izalci Lucas (PSDB), que queria ser candidato ao governo do Distrito Federal. Fica estranho, a gente demora para entender uma coisa dessas.
O que Bolsonaro quis dizer

Eu demorei a entender a palavra que virou quase um adjetivo e que foi pronunciada lá no dia 7 pelo presidente Jair Bolsonaro. O tal do “imbrochável”. Parece o Antonio Rogério Magri, que inventou o “imexível”. 
Eu acho que entendi o que ele quis dizer porque o presidente sai do Palácio do Alvorada, preside como comandante supremo a parada militar, se despe da faixa presidencial, vai para outro palanque, daí para um carro de som numa manifestação com uma massa nunca vista em Brasília. 
Sai da manifestação, pega avião e vai para o Rio de Janeiro, onde comanda uma motociata do Aterro do Flamengo até o Posto Seis, em Copacabana. 
Comanda uma manifestação gigantesca e depois de tudo isso ainda vai ao Maracanã ver o jogo do Flamengo, onde foi aplaudido no estádio que vaia até minuto de silêncio, como dizia Nelson Rodrigues. Meu Deus, o homem não cansa. Deve ser isso o que ele quis dizer com “imbrochável”.[sendo recorrente: uma colunista do jornal O Globo, escreveu um verdadeiro tratado sobre o tema.
A Vera Magalhães, a jornalista que o presidente Bolsonaro disse ser apaixonada por ele - não larga o pé presidencial - também tuítou  sobre o tema.]
 
A eleição está chegando
Já estamos em 9 de setembro e está se esgotando o prazo para chegar ao 2 de outubro
 Se alguém ainda não escolheu seus candidatos, já está na hora de definir. Não é só para presidente da República, tem de escolher bem o deputado estadual, o deputado federal, o senador, o governador. 
Porque tudo isso influencia na vida de todos nós, dos nossos filhos e nossos netos. 
Vamos escolher os chefes de Executivo e os legisladores que fazem as leis estaduais e federais, que podem até mudar a Constituição. 
Vamos pensar bastante nisso. Vejam o que aconteceu no Chile e na Colômbia por falta de voto, por abstenções ou por votar em branco ou votar nulo. Tem de escolher, seja qual for o critério.

Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campos
 
Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZE
 

segunda-feira, 16 de março de 2020

‘O Jovem Hitler’ vai da formação política à vida sexual do nazista - VEJA - Brasil - Entretenimento




Na juventude, Adolf Hitler viveu situações de atração e repulsa pelo sexo oposto. Transcorria a primavera de 1906 quando o então adolescente da cidade austríaca de Linz anunciou a um amigo que estava apaixonado. A escolhida era uma garota mais velha, alta e loira. O fato de Stefanie Isak ter sobrenome judeu mostra que, aos 17 anos, o futuro condutor das atrocidades nazistas ainda não exibia nem sinal do ódio que ceifaria 6 milhões de vidas no Holocausto. Ao contrário: por quatro anos, Hitler escreveu róseas cartas de amor para sua paixão judia. Nunca, no entanto, chegou a enviá-las nem a se declarar a Stefanie: o encanto platônico se quebrou quando ela se casou com outro. Mais tarde, nos anos conturbados da I Guerra Mundial (1914-1918), o combatente Hitler revelou-se incomodado com a ideia de fazer sexo com mulheres. Na reta final da fragorosa derrota alemã, aos 29 anos, ele usou de um argumento já bem próximo de suas infames teses racistas para rechaçar o convite para uma noite de prazer em companhia de belas francesas. Deitar-se com estrangeiras no front seria, em sua visão distorcida da realidade, trair a “nacionalidade” alemã.

+ Compre o livro O Jovem Hitler, de Paul Ham

Enquanto os colegas arrasados pela experiência da guerra buscavam válvulas de escape na bebida e nas farras, Hitler era objeto de chacota por manter-se crente na vitória e inquebrantável na vontade de lutar. “Vocês ainda vão ouvir muito sobre mim”, vociferava. Os trechos de O Jovem Hitler, do jornalista e historiador australiano Paul Ham, demonstram que já era possível vislumbrar o homem que o mundo tristemente viria a conhecer nas histórias frugais sobre a descoberta do amor ou nas suas dificuldades em se iniciar sexualmente.

Poucas figuras históricas tiveram a vida tão esquadrinhada quanto o líder nazista. Além das biografias monumentais de autores como o alemão Joachim Fest e o inglês Ian Kershaw, há um sem-número de livros que abordam desde a saúde do ditador da Alemanha até a suposta influência de drogas sobre seu comportamento cruel.
Quem precisa, enfim, de mais uma biografia de Hitler? 
Paul Ham prova que vale insistir na investigação do personagem. Seu livro ilumina fatos obscuros, como a paixonite de Hitler pela moça judia. Com lances desenterrados de sua atuação na I Guerra, põe ainda em evidência uma fase bastante estudada, mas pouco valorizada: os anos de formação do político Hitler. “Nenhum biógrafo até hoje deu a merecida ênfase a seus tempos como soldado no conflito que ele próprio definia como essencial para forjar quem era”, diz Ham.

+ Compre o box Hitler, de Joachim Fest

O JOVEM HITLER,  
de Paul Ham (tradução de Leonardo Alves; Objetiva; 304 páginas; 64,90 reais e 39,90 reais na
versão digital) ./.

Para traçar um retrato de Hitler quando jovem, o autor navega em águas turvas: é preciso separar os fatos de fake news nos relatos de gente disposta a bajular ou difamar o líder nazista. A disposição feroz do Führer em dourar lances de seu passado e apagar detalhes inconvenientes — o que incluía a eliminação de testemunhas e antigos companheiros — é outro complicador. Remando nesse mar de contradições, Ham consegue extrair uma visão palpável do garoto que adorava a mãe, mas temia e desprezava os modos “cosmopolitas” do pai violento; do adolescente que sonhava em ser pintor, mas sobrevivia da venda de cartões-postais de paisagens junto com um amigo trambiqueiro; e dos obscuros dias de juventude em que Hitler, no fundo do poço, vivia como mendigo nas ruas de Viena.

(........)

Em VEJA - Entretenimento, MATÉRIA COMPLETA



sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Salvem a ciência - J R Guzzo

Blog dos Fatos - Veja

Vivemos um momento riquíssimo em opiniões automáticas e desinformadas. É o que há, em matéria de escuridão


Há diversas guerras sendo travadas ao mesmo tempo no Brasil de hoje – tantas, na verdade, que o indivíduo precisa prestar um bocado de atenção para não confundir uma com outra e acabar tomando partido a favor de algo que é contra, ou ficando contra algo de que é a favor. Temos neste momento guerras contra e a favor do governo, contra e a favor da Operação Lava Jato, contra e a favor da comida orgânica e por aí afora, numa irada paleta de conflitos que vão do zero ao infinito, e dali seguem em frente. Uma das mais perversas que se pode encontrar hoje é a guerra contra a ciência. Não é coisa só brasileira, infelizmente – o que aumenta em 50 tons, ou sabe Deus quantos, o tamanho da complicação. É certo, em todo caso, que qualquer cidadão consciente deveria estar na linha de frente neste combate – pois o ataque à ciência, sejam quais forem as suas formas, é um dos mais conhecidos atalhos para o ataque às liberdades individuais. Ir contra os preceitos científicos, e em consequência contra o conhecimento obtido pelo homem com base na observação dos fatos, é ir contra um dos direitos humanos mais básicos e evidentes por si mesmos: o direito que as pessoas têm de pensar livremente, e chegar às conclusões que a sua razão recomenda. O contrário disso é obedecer a aquilo em que os mais fortes, ou a maioria, querem que você acredite. Em suma: sem o respeito à ciência não pode haver democracia.

Parece bem simples, e realmente é simples – mas está dado um trabalho danado, nos dias em que vivemos, explicar a coisa às organizações e pessoas que têm opiniões diferentes das suas. Cada vez mais, a regra vigente parece ser: ou você concorda, ou você está errado. Quando o Estado age com base em tal princípio, e impõe seu ponto de vista porque tem a força, chamamos a isso de despotismo. Quando são às pessoas à sua volta que agem assim, a proibição ao ato de pensar se transforma em “causa”. É o que estamos vendo hoje em dia. E se a lógica, ou os fatos, estiverem do seu lado? Danem-se a lógica e os fatos. Nas regiões escuras da mente de onde sai essa visão do mundo, o que importa não é a busca da verdade, e nem a liberdade que só ela pode dar ao homem – o que interessa é a “virtude”, e virtude é tudo aquilo que os defensores das “causas” dizem hoje que é virtude. A observação da realidade, nesse universo, importa cada vez menos. Vivemos um momento riquíssimo em opiniões automáticas e desinformadas. É o que há, em matéria de escuridão.

Por conta disso, o Brasil e o mundo assistem no momento ao rápido crescimento de uma Disneylândia mental onde é proibida a entrada de fatos. Voltou-se a sustentar que a Terra é plana, e há cada vez mais gente exigindo novas provas de que a Terra gira em volta do sol. As ideias “criacionistas” alegam, com apoio crescente, que o homem, o mundo e o universo são o resultado da ação de algum agente sobrenatural – e não da transformação da matéria e da evolução das espécies. O presidente francês Emmanuel Macron insiste que a Amazônia “está em chamas” e diz que tem no bolso, inclusive, um plano para resolver o problema. A biologia não existe mais como fator relevante na determinação do sexo, ou “do gênero”, dos seres humanos. Hospitais exigem que os seus pacientes assinem declarações atestando qual a religião que seguem, para se livrarem de possíveis processos na justiça pela aplicação de transfusões de sangue e outros procedimentos da medicina. Aumenta, a partir dos Estados Unidos, o número de gente que se opõe à vacinação. É cada vez mais espalhada a crença de que os animais têm “alma”, ou que os vegetais, e até as pedras, são capazes de sentimentos. Autoridades tentam impor censura à manifestação de pontos de vista que porventura se choquem com suas convicções.

(...)

Combatem a ciência, em nossa era, os espécimes mais diversos: magnata com jatinho, doutor em ciência social ou executivo liberal, moderno e descolado, que se imagina mais inteligente por ter deixado de usar gravata e aprendido a dizer palavras como “sustentabilidade”, etc. Políticos de todos os naipes estão entre os grandes generais desse exército das trevas – à esquerda e à direita, no centro, no centrão e no centrinho. Mais que tudo, a atual resistência ao conhecimento científico parece ter suas principais bases de operação dentro das universidades, onde é proibido estudar, pesquisar ou sequer indagar qualquer coisa que incomode a fé política dos professores, diretores, reitores. Todos eles trabalham com crenças, e não com realidades.
“Salvem as baleias”, dizem a você quase todo dia. Muito justo. Mas bem que alguém poderia começar a dizer: “Salvem a ciência”.