Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
Especialistas,
no entanto, destacam que apenas quatro atitudes são suficientes para
viver com saúde por mais tempo; a outra metade 'vem de brinde'
Um estudo inédito da Associação Americana do Coração (AHA, do inglês
American Heart Association) encontrou uma relação direta entre a saúde
do coração e um envelhecimento biológico mais lento.
De acordo com os
pesquisadores, as pessoas que conseguiram ter êxito em seguir oito
recomendações para manter o órgão saudável eram cerca de seis anos mais
jovens do que a sua idade cronológica.
E a boa notícia é que, de acordo
com especialistas, essa lista ainda pode ser reduzida para apenas quatro
hábitos cotidianos — e até apenas um.
A pesquisa contou com 6.500 adultos e levou em consideração os
marcadores que calculam a chamada PhenoAge, também conhecida como “idade
fenotípica”. Para calcular esse número, médicos identificam nove
componentes bioquímicos do sangue, como creatinina, linfócitos,
fosfatase alcalina, entre outros, e com base nos resultados, traçam um
paralelo entre a condição do coração e a quantidade de anos que a pessoa
viveu.
Se o resultado é positivo, é sinal de que o envelhecimento
biológico está sendo acelerado, e se é negativo, é indício que a pessoa
trata bem o músculo mais importante do corpo humano.
Para avaliar o quanto a pessoa trata bem o coração, os pesquisadores
utilizaram o guia “Life’s essential 8”, uma lista de verificação com
oito medidas essenciais elaboradas pela AHA que contribuem para uma boa
saúde ao longo da vida. São elas:
Comer bem
Fazer atividades físicas
Não fumar
Dormir bem
Manter um peso saudável
Controlar o colesterol
Monitorar o açúcar no sangue
Administrar a pressão arterial
Assim, os cientistas entenderam que quanto maior a adesão às oito
medidas elencadas no “checklist”, maior era a saúde cardiovascular dos
participantes do estudo; e “à medida que a saúde do coração aumenta, o
envelhecimento biológico diminui”, como conclui Nour Makarem,
epidemiologista cardiovascular e professor de Saúde Pública da
Universidade de Columbia, que supervisionou a pesquisa.
Apesar dos resultados apresentados na publicação — que está sendo
debatida com mais detalhes durante o congresso Sessões Científicas da
AHA, na Filadélfia (EUA), neste fim de semana —, especialistas ressaltam
que o retardamento do envelhecimento biológico mencionado na pesquisa
não envolve, necessariamente, a prolongação da vida ou a aparência mais
jovem.— O grande recado do trabalho não é que a gente pode viver mais seis
anos, mas sim que temos uma idade biológica menor, ou seja, somos
capazes de envelhecer com mais qualidade de vida — explica o
cardiologista José Carlos Zanon, presidente do departamento de
cardiogeriatria da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
Principal causa de morte O destaque do coração na saúde geral dos pacientes não é por acaso. Nas duas primeiras décadas do século XXI, doenças cardíacas foram as principais causadoras de morte no mundo e principalmente no Brasil. No país, enfermidades cardiovasculares são responsáveis por 30% dos óbitos, de acordo com o Ministério da Saúde, e correspondem ao dobro dos óbitos relacionados a todos os tipos de câncer juntos. No mundo, a preocupação aumentou à medida que as ocorrências cresceram rapidamente e saltaram de 2 milhões no ano 2000 para quase 9 milhões em 2019 — segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), elas são a causa de 32% das mortes em todo o planeta.
Diretor médico do Laboratório de Performance Humana (LPH), o mestre em
cardiologia Fabrício Braga destaca que “viver com saúde por mais tempo” é
muito mais importante para o bem-estar do que simplesmente “viver
mais”.— O que a gente quer é que as pessoas envelheçam e retardem o
adoecimento. Várias populações no mundo são extremamente longevas e
passam os dez últimos anos da vida em cima de uma cama. Isso é legal?
Acho que não — argumenta o cardiologista.
O especialista em performance ainda diz se preocupar com a ideia de
“retardar o envelhecimento”, pois o conceito pode se associar a uma
linha “beauty”, de preocupações com “parecer mais jovem”. Ele ressalta
que a aparência pode, inclusive, ir na contramão da idade fenotípica da
pessoa.— Você vê uma pessoa que faz muita atividade física, por exemplo, e que
eventualmente se exponha muito ao sol. Ela vai ter a pele um pouco mais
enrugada e pode até parecer ser mais velha, porém vai viver mais devido
à capacidade aeróbica, que é um determinante de longevidade muito
importante — exemplifica Braga.
Maria Cristina Izar, cardiologista, diretora da Sociedade de
Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) e professora da Universidade
Federal de São Paulo (Unifesp), lembra para aqueles que se preocupam
com a aparência que o “Life’s essential 8” também pode ser um grande
aliado.— A estética é importante para o bem-estar e autoestima do indivíduo,
mas se ela não for acompanhada de uma saúde global, não faz sentido. Se
você tem um estilo de vida saudável, sua pele, seus cabelos, unhas e
músculos também ganham — analisa Izar.
O
fenômeno, dizem especialistas, amplia o desafio de equilibrar as contas
do setor para operadoras de saúde e usuários, e escancara a urgência de
alterações no modelo de prestação de serviço, que deve ter foco maior
no acompanhamento de doenças crônicas e prevenção de complicações.
Se
nada for feito, afirmam, os custos podem aumentar a ponto de o plano de
saúde passar a ser um artigo de luxo no futuro.
Historicamente,
o maior volume de jovens entre os clientes ajuda a compensar o aumento
de custos que acontece durante o envelhecimento, período da vida em que
os beneficiários utilizam mais os planos.
No Brasil, o envelhecimento populacional
vem acontecendo de forma mais acelerada do que em outros países que
passaram pelo processo, o que explica o aumento de clientes idosos.
Por
outro lado, as crises econômicas de 2015 e dos anos de pandemia
reduziram o número de empregos formais e, consequentemente, de
beneficiários mais jovens. Isso porque 83% dos cerca de 50 milhões de
brasileiros que possuem convênio médico são clientes de planos
empresariais.
Segundo levantamento da ANS feito a pedido do Estadão,
o número de beneficiários na faixa etária dos 20 aos 39 anos caiu 7,6%
entre 2013 e 2023, enquanto o de maiores de 60 anos saltou 32,6% no
período, índice muito superior à alta de 5,3% no total de clientes de
convênios médicos.
A
faixa etária com a maior queda foi a dos 25 aos 29 anos, com redução de
18,1% nos últimos dez anos.
Já na outra ponta,o grupo de idosos de 70 a
74 anos aumentou 41,9%.
A segunda faixa etária com maior aumento foi a
de clientes com 80 anos ou mais - alta de 39,5%.
Com isso, a proporção
de idosos entre o total de clientes de convênios passou de 11,4% para
14,4% na última década.
“O
progresso material e os avanços da Medicina estão permitindo que a
gente viva mais. O que chama a atenção é a velocidade com que esse
processo está acontecendo. O que estamos vivendo em 20 anos, países
europeus demoraram mais de cem anos para viver”, diz José Cechin,
superintendente executivo do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar
(IESS).
Além de o
número de idosos estar aumentando no País, esse segmento populacional é o
que registra a menor rotatividade nos planos. “Eles saem menos e trocam
menos de operadora porque é mais difícil conseguirem trocar e porque a
percepção de necessidade é maior. Muitas vezes o plano de saúde do idoso
é rateado por toda a família”, diz Martha Oliveira, especialista em
envelhecimento e CEO da Laços da Saúde, empresa especializada em
cuidados domiciliares para idosos. “Já
os jovens, por terem planos ligados a empresas e menor percepção de
necessidade, costumam ser quem mais perde, cancela ou troca de plano, em
especial em momentos de crise econômica”, afirma.
‘Não é o envelhecimento o vilão’, diz especialista Martha ressalta que o cenário demográfico não pode ser usado para culpabilizar e punir os idosos sobre o aumento de custos.
Ela afirma que, embora seja verdade que o idoso custe mais ao plano, é preciso lembrar que ele também paga um valor mais alto do que os jovens.“Atrelar essa alta de custos dos planos ao envelhecimento é muito ruim. O idoso utiliza mais o plano, sim, mas se você souber fazer a gestão dessas pessoas, essa utilização a mais é custeada pelo valor mais alto que ele paga”, diz.
Estudo
do IESS mostra que o custo médio com um beneficiário a partir dos 60
anos é de seis vezes o de um usuário de zero a 18 anos.
O valor da
mensalidade da última faixa etária também só pode ser seis vezes maior
do que a da primeira,segundo regra da ANS.
Cechin afirma que, entre os
idosos mais velhos, a partir dos 80 anos,o custo sobe muito e que nem
sempre o valor pago pelo beneficiário idoso é suficiente para cobrir as
despesas assistenciais, mas admite que não é repassando todos os custos
aos usuários que o problema será resolvido. “Isso
exige uma reestruturação hospitalar e campanhas e ações para a gente
evitar o adoecimento e controlar doenças crônicas. Se não fizermos nada,
o valor dos planos, que já está subindo acima da inflação, vai ficar
ainda mais caro e o plano poderá passar a ser um artigo de luxo”, diz.
Ele
defende que, além das operadoras, os empregadores, que são os
principais contratantes de planos de saúde, também desenvolvam ações de
prevenção e promoção da saúde para seus funcionários, o que ajudaria a
melhorar a condição de saúde dos usuários e a reduzir os custos.
Martha
concorda que o caminho para redução de custos no sistema sem punir o
elo mais vulnerável - os beneficiários - passa pela prevenção e
acompanhamento de doentes crônicos, além de uso mais inteligente dos
recursos do sistema de saúde.
“Com
certeza não é o envelhecimento que é o vilão. É preciso tirar o
preconceito de cima dessa população. O sistema está cheio de
desperdício, de refazimento. Falta organização e gestão, a pessoa fica
perdida na rede. Temos que requalificar essa prestação de serviço. Se
continuar como está hoje, teremos mesmo uma elitização. Menos pessoas
terão condições de pagar pelo plano”, diz.
‘Preço ficou inviável’, diz filha de idoso que paga R$ 9 mil de mensalidade É o que já está acontecendo com o aposentado Nelson Roberti, de 84 anos. Cliente da Sul América desde a década de 1990, ele paga hoje uma mensalidade de R$ 9 mil. “Sempre foi um valor alto, mas, de uns tempos para cá, com os reajustes, está ficando inviável. A aposentadoria dele não dá para pagar esse valor, a gente completa com a conta da família, mas está difícil manter”, conta a filha do idoso, a advogada Tatiana Saldanha Roberti, de 46 anos.
Ela
reclama que, além das mensalidades altas, o pai sofre com queda na
qualidade do serviço prestado.“O preço está cada vez maior e o serviço
já não corresponde mais. Tivemos o descredenciamento de hospitais,
laboratórios. Descredenciaram um hospital que sempre usamos, que fica a
poucos minutos de casa. É muito ruim passar por isso justamente no
momento da vida de maior vulnerabilidade. A gente se sente abandonado”,
afirma.
Tatiana
conta que outra dificuldade enfrentada pelos idosos é a troca de plano.
“Com esse valor, eu cheguei a tentar procurar um plano mais barato, mas
não encontro quase nenhuma opção. Já cotei todos que você pode
imaginar, mas ou não o aceitam ou o valor ficaria maior”, diz ela.
Procurada, a Sul América afirmou que o descredenciamento mencionado “foi
uma decisão unilateral” do hospital e que foram “sugeridas outras opções
de rede de atendimento com a mesma qualidade do serviço prestado”.
Marcos
Novais, superintendente executivo da Associação Brasileira de Planos de
Saúde (Abramge), afirma que há operadoras focadas no nicho de idosos e
que as empresas vêm ampliando suas ações para tentar acompanhar mais de
perto essa população. Ele reconhece, no entanto, que é necessário
acelerar e ampliar essas ações. “Os
custos estão crescendo, mas temos que trabalhar para que eles tenham um
aumento sustentável. Para isso, temos que usar mais telessaúde, ter
atendimento personalizado com atenção continuada. Cada vez mais o
trabalho vai ser de acompanhamento, isso ajuda na gestão do plano, mas
temos um limitador: não há equipes suficientes para fazer isso com todos
os usuários”, diz.
Ele
diz que o grande desafio é conseguir realizar essas mudanças no mesmo
ritmo do processo de envelhecimento da população. “Como esse processo
está acontecendo mais rapidamente no Brasil, a gente acaba tendo custos
mais elevados porque nossos investimentos nessa nova infraestrutura
precisam ser mais rápidos também”, diz.
O
cenário é uma das razões apontadas pelos planos para a crise financeira
vivida pelo setor. De acordo com a Federação Nacional de Saúde
Suplementar (FenaSaúde), as operadoras registraram em 2022 prejuízo
operacional de R$10,7 bilhões, o pior resultado desde o início da série
histórica, em 2001. Procurada para comentar os desafios do setor frente
ao envelhecimento, a entidade não quis dar entrevista.
Após
a publicação da matéria, a FenaSaúde enviou nota afirmando que não há
uma única medida que sozinha seja suficiente para garantir a
sustentabilidade do setor, “visto que além dos fatores estruturais há
fatores conjunturais que influenciam esse equilíbrio, como o cenário
macroeconômico do país e o nível de emprego formal”.
Disse
ainda que medidas para racionalizar o uso do sistema, aumentar a
eficiência e reduzir custos são desafios em âmbito mundial e que a
tecnologia ocupa papel central nessa estratégia, mas que sua adoção e
disponibilização pelos planos de saúde “exigem análises rigorosas de
custo-efetividade”. Ainda com foco no uso mais racional do sistema, diz a
entidade, “faz-se necessário combater fraudes, abusos e desperdícios
que drenam recursos escassos e que precisam ser melhor empregados no
atendimento aos pacientes”.
Para
os especialistas, podemos olhar para exemplos de outros países que já
passaram pelo processo de envelhecimento para buscar soluções para a
equação. Cechin, do IESS, cita a necessidade de ações por parte dos
governos, operadoras e empregadores para combater a obesidade, por
exemplo. “Reduzir a obesidade diminui também risco de doenças
cardiovasculares, problemas nas articulações, alguns tipos de câncer.
Tem países, como a Holanda, com programas para enfrentar essa questão”,
diz.
Martha também
cita o país europeu. “Eles reconstruíram todo o sistema de saúde sob
essa ótica do envelhecimento, com uma lógica de levar o cuidado ao
paciente no seu domicílio, promover a autonomia, o autocuidado. A
Alemanha criou postos específicos para dar conta do envelhecimento. A
França também reorganizou seu sistema de saúde. É verdade que esses
países tiveram muito mais tempo para se preparar, mas eles já passaram
por isso, então podemos olhar e aprender com eles”, diz.
Fabiana Cambricoli, colunista - Saúde - O Estado de S. Paulo
Financiar
investimentos será mais difícil com o forte déficit que atinge os fundos
de pensão. Segundo a Abrapp, associação que representa as entidades de
previdência complementar do país, o balanço de 219 fundos registrou
rombo de R$ 62 bi em 2015, número 16 vezes maior que o déficit de 2014.
“Nossa expectativa é estabilizar ou reverter esse déficit só em 2018”,
disse o presidente da Abrapp, José Ribeiro Pena Neto.
Perda de patrimônio O
gráfico mostra como a recessão atingiu fortemente os fundos.
Desde
2012, o balanço vem caindo ano a ano, até chegar ao enorme rombo do ano
passado. De 219 fundos do país, 92 estão no vermelho, o que significa
que os benefícios que eles têm a pagar ao longo dos próximos anos e
décadas estão acima dos ativos que possuem. De um lado, há alta dos
valores a serem pagos, com o envelhecimento da população; de outro, a
perda de valor dos ativos, que em 2007 representavam 17,2% do PIB e
agora valem 12,2%.
Risco cambial Com os fundos de pensão
no vermelho, o mercado de capitais em baixa, e o BNDES sem o vigor de
anos anteriores, a solução para financiar as concessões pode estar no
crédito externo. José Carlos Martins, da Câmara Brasileira da Indústria
da Construção (CBIC), acredita que a situação vai reativar a antiga
discussão sobre as garantias contra o risco cambial, que é tomar
empréstimos em moeda estrangeira.
Portas fechadas A
Petrobras conseguiu fazer captações no exterior, mas para outras
empresas investigadas na Lava-Jato o acesso ao crédito continua
distante. Um título da Odebrecht é negociado lá fora com desconto de
70%, o que inviabiliza novas emissões. No caso da Andrade Gutierrez, o
deságio é de 20%. No mercado, há quem avalie que a única saída para a
Odebrecht é ser comprada por um grupo chinês. “Ela está sem fluxo de
caixa e sem acesso a crédito”, disse uma fonte.
Tudo vermelho O
PIB do primeiro trimestre sai na quarta-feira e é consenso que o país
terá o quinto período seguido de queda. Pelas contas do Itaú Unibanco, a
retração será de 0,8%.As estimativas ainda apontam redução de 0,7% no
segundo trimestre e mais dois tombos no segundo semestre. A boa notícia é
que a queda ficará menos intensa. Segundo o banco, o quarto trimestre
terá redução de 0,1%.Números azuis, só em 2017.
Sinais de melhora Segundo
o economista Rodrigo Miyamoto, do departamento de pesquisa econômica do
Itaú, houve melhora em quase a metade dos 48 indicadores antecedentes
analisados entre fevereiro e abril. Isso sugere que o PIB do quatro
trimestre ficará próximo da estabilidade. “Há um ano, esse indicador
estava em 20%, agora subiu para 48%”, explicou. Os estoques da indústria
caíram, há perspectiva de redução das taxas de juros, e indicadores de
confiança começam a dar sinais de recuperação. PÉ NA TÁBUA. O
preço do galão de gasolina nos EUA está no nível mais baixo para o
período desde 2009, às vésperas da temporada de verão.
PIOR
NÚMERO. A projeção do Bradesco é que a taxa de desemprego tenha subido
de 10,9% para 11% em abril. O IBGE divulga o resultado na terça-feira.
AGENDA
SEMANAL. Segundo a Go Associados, o novo teste do governo será a
análise pelo Congresso do projeto que amplia a Desvinculação das
Receitas da União. A colunista voltará na terça-feira
Fonte: Coluna da Míriam Leitão - Por:Alvaro Gribel e Marcelo Loureiro
[Mas, se o Governo for discutir com centrais sindicais e quase todo mundo a reforma não sai nenhuma reforma e a Previdência quebra - o Temer tem que ser firme, aproveitar a vantagem estrondosa no Congresso e fazer a reforma: começando por estabelecer idade mínima.]
Proposta de reforma será apresentada em 30 dias; centrais prometem ir para as ruas
A proposta de reforma da Previdência em discussão no governo, que será
encaminhada ao Congresso Nacional em, no máximo, 30 dias, atinge os
atuais trabalhadores, com regras de transição para reduzir os impactos
para quem está perto de se aposentar. Somente não seria prejudicado quem
já está aposentado ou completou os requisitos para requerer o benefício
antes da mudança nas regras. Segundo interlocutores, a medida é
necessária para produzir efeitos rápidos e reduzir a pressão das
despesas dos benefícios nas contas públicas. Escalado no novo time da
economia, o especialista Marcelo Caetano assumirá a Secretaria da
Previdência, tendo como missão desenhar a reforma, dentro do Ministério
da Fazenda. Ele é um defensor da fixação de idade mínima para
aposentadoria. — Marcelo Caetano tem como principal finalidade formular uma política
de previdência no Brasil — disse ontem o ministro da Fazenda, Henrique
Meirelles, ao anunciar os nomes da sua equipe.
Meirelles afirmou que ainda não há proposta pronta — o que ocorrerá
dentro de um mês, considerado por ele um prazo “adequado” para que nada
seja feito de forma “precipitada”. Apesar do tom cauteloso, o ministro
deu sinais sobre a linha geral da reforma, confirmada por assessores do
presidente interino Michel Temer, de que a mudança nas regras valerá
para quem está no mercado e não só para os futuros trabalhadores. Na
fala, o ministro chamou a atenção sobre a diferença entre direito
adquirido e expectativa de direito: — Uma das questões mais profundas e complexas que precisam ser
analisadas é a que caracteriza o direito adquirido e o que é meramente a
expectativa do direito, baseada em normas que vão ser discutidas no
devido tempo. Existe um consenso que mais importante é que exista uma
Previdência Social que seja sustentável e autofinanciável, e é que todos
os trabalhadores tenham a garantia de que a aposentadoria será paga e
cumprida e que o estado será solvente para cumprir as suas obrigações.
Vamos estudar com cuidado e, para isso, a Secretaria da Previdência vem
para o Ministério da Fazenda, para trabalhar conosco, visando à garantia
dessa solvência do Estado e à sustentabilidade da Previdência Social
como um todo.
Meirelles também deixou claro que a proposta será debatida com as
centrais sindicaise com parlamentares, antes de ser enviada ao
Congresso. Na segunda-feira, o governo decidiu criar um grupo de
trabalho, coordenado pela Casa Civil com representantes das centrais
para discutir o assunto, apesar da resistência dos sindicalistas às
mudanças, sobretudo ao impor mudanças aos trabalhadores que já estão no
mercado.
GASTO DE R$ 496,4 BILHÕES ESTE ANO Segundo
integrantes do governo, uma reforma só para os novos trabalhadores teria
efeito nas contas públicas em 40 anos. Eles chamam a atenção sobre o
gasto do governo com pagamento de benefícios: só com INSS está projetado
em R$ 496,4 bilhões neste ano — o que consome 35,2% do total de
receitas da União. A cifra, que hoje representa 7,95% do Produto Interno
Bruto (PIB), saltará para 17,2% em 2060, se as regras não forem
mudadas. Este ano, o regime deve fechar com rombo de R$ 133,6 bilhões, e
o próximo, em R$ 167,6 bilhões. Em 2015, o déficit foi de R$ 85,8
bilhões(valores nominais).
Especialistas argumentam que a reforma já está atrasada, diante do
tamanho do gasto e do perfil demográfico brasileiro. Eles afirmam que,
para cobrir o rombo da aposentadoria, o governo federal fica sem
recursos para investir em educação e saúde. — A despesa hoje já é muito alta, e, diante da dificuldade em elevar a
carga tributária e cortar gastos, as contas públicas podem ficar
inviabilizadas em período não muito longínquo — disse o especialista em
previdência e pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea), Rogério Nagamine.
Para Leonardo Rolim, consultor da Comissão de Orçamento da Câmara e
ex-secretário de Previdência Social, é preciso criar regras novas para
quem está no mercado e para quem ainda vai ingressar. — Para os atuais, é preciso criar regras suaves de transição de modo
que, quem estiver próximo da aposentadoria seja o menos afetado
possível, e quem estiver longe, mais. Uma reforma só para os novos não
tem potencial para assegurar a sustentabilidade do sistema— disse.
O rápido envelhecimento da população brasileira afeta as contas da
Previdência. O sistema que vigora no país é o de repartição, em que
trabalhadores ativos ajudam a pagar os benefícios dos aposentados.
Segundo dados do IBGE, existem 11,8 idosos para cada cem pessoas em
idade ativa (15 a 64 anos); em 2060, essa proporção sobe para 44.
Segundo Nagamine, a reforma precisa ser ampla, com a fixação de idade
mínima, e tocar em assuntos delicados, como a revisão dos benefícios
enquadrados na Lei Orgânica de Assistência Social (Loas), que equivalem a
um salário-mínimo ao idoso ou deficiente da baixa renda e que
contribuíram para o INSS em algum momento. Esses gastos pularam de R$
6,8 bilhões em 2002 para R$ 35,1 bilhões em 2014. Pelas regras atuais,
quem contribui por 15 anos, prazo mínimo, aposenta-se aos 65 anos,
recebendo o mesmo valor.
Na visão dos especialistas, se o governo enviar logo a reforma ao
Congresso, há chance de aprovação no fim do ano, após as eleições
municipais. No entanto, a medida vai exigir força política e articulação
com parlamentares, diante da forte resistência a medidas impopulares.
O presidente da CUT, Vagner Freitas, disse que derrubar a reforma da
Previdência será a principal bandeira da Central. Ele disse que vai
procurar as outras entidades para fazer um movimento unificado contra as
mudanças, independentemente de “posição ideológica”. E já está
programando manifestações em todas as capitais em junho: — Vamos derrubar a proposta de reforma da Previdência no Congresso e
nas ruas. Vamos trabalhar juntos e promover a unificação dos sindicatos
contra a retirada de direitos.
A CUT se recusou a participar do encontro com Temer na segunda-feira.
O presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva
(SD-SP), também disse que não fará acordo com o governo e que a entidade
não aceita mudanças para os atuais trabalhadores. Após reunião com o
presidente e Meirelles, ele sinalizou que poderá se unir à CUT.