Senado retoma
apreciação de projeto, em tramitação há quatro anos, que prevê perda de
cargo por desempenho insuficiente. Texto deve chegar ao plenário nas
primeiras semanas de agosto. Presidente da Câmara critica "pouca
produtividade" da categoria
[aconteceu o esperado: Mais é picado pela 'mosca azul' e decide perseguir o funcionalismo; destila seu veneno e parte para o recesso.
Deveria antes consolidar seu pseudo protagonismo na reforma da Previdência, pelo menos na Câmara - que parou total - para depois começar a pensar que manda.]
A estabilidade dos servidores públicos está na mira do Congresso,
seja por meio da reforma administrativa prometida pelo governo e pelo
presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), seja pelo Projeto de Lei
Complementar nº 116 de 2017. Na terça-feira passada, antes de abrir o
placar da votação no primeiro turno da PEC 6/2019, que modifica as
regras da Previdência, Maia afirmou que as mudanças no funcionalismo
público estão na lista das próximas prioridades da Casa. Um dia depois, a
Comissão de Assuntos Sociais do Senado aprovou o projeto com
requerimento de urgência. Conforme apurou o Correio, a expectativa é de que o texto chegue ao plenário já nas primeiras semanas de agosto.
“Todos
os servidores entram ganhando quase o teto do funcionalismo. E eu não
estou criticando nenhum servidor. Eles fazem um concurso público,
transparente, aberto, mas esse é um dado da realidade”, afirmou Maia.
“Os salários do setor público são 67% acima do equivalente no setor
privado, com estabilidade e pouca produtividade. E é isso que a gente
precisa combater. Este desafio, precisamos enfrentar: um serviço público
de qualidade”, emendou, no plenário. Nas últimas semanas, por sinal,
Maia vem se posicionando enfaticamente contra os “privilégios” da
categoria e, especificamente, a favor de acabar com a estabilidade na
carreira.
Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, no sábado, o
presidente da Câmara se disse “100% a favor” do fim da estabilidade.
Para ele, o benefício, como está, não incentiva servidores a atingirem
metas e objetivos e prestar serviços ao contribuinte. Ainda segundo o
parlamentar, é importante criar “um limite do que é estabilidade do
serviço público”. Em seguida, ele amenizou: “Não pode pegar um auditor
fiscal e, de qualquer jeito, o governo pode demiti-lo. Se não, ele perde
as condições de trabalhar”, emendou.
Se
aprovado no plenário do Senado em agosto, o projeto, provavelmente,
começará a tramitar na Câmara ainda neste ano. Entre outros
dispositivos, o texto cria um sistema de avaliação dos servidores
públicos federais. Caso passe, eles precisarão tirar um mínimo de três
pontos de 10 em um ano, e ficar com média cinco a cada cinco anos para
manter o emprego. Se mal-avaliado, o funcionário terá a chance de passar
por um treinamento e ainda poderá pedir a saída de um integrante da
comissão que vai avaliá-lo, se acreditar que há perseguição. Ele também
terá direito a ampla defesa em todo o processo, conforme garantem os
apoiadores do texto.
Transformação
De
acordo com o senador Lasier Martins (Podemos-RS), que elaborou um
substitutivo do texto original na Comissão de Constituição, Justiça e
Cidadania da Casa, o projeto trará “uma transformação de costumes do
funcionalismo”. “Vai, de certo modo, estimular a meritocracia no serviço
público”, disse. Segundo o parlamentar, o debate foi duro na Comissão
de Assuntos Especiais e será acirrado também no plenário. “É para que os
acomodados melhorem. Não exigimos excelência, somente notas altas.
Admitimos medíocres, com nota três, quatro. Agora, menos que isso, é um
abuso com o contribuinte”, argumentou.
Ainda
segundo Lasier, o texto não traz nenhuma novidade. “É um projeto de lei
complementar para cumprir o artigo 41, parágrafo 1º, inciso 3º da
Constituição Federal, que manda realizar-se avaliações periódicas de
desempenho”, ressaltou. “É apenas regulamentar um artigo, que nunca
deixaram acontecer e se insere numa época em que se procura mudar o
Brasil em todas as áreas. Uma transformação de costumes do
funcionalismo.”
A relatora do projeto, Juíza
Selma (PSL-MT), defendeu o pedido de urgência. De outra forma, o texto
teria de passar pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação
Participativa e pela Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização
e Controle e Defesa do Consumidor. “O pedido de urgência é uma medida
estratégica para evitar que o projeto fique indefinidamente perambulando
pelas comissões. Ele já tramita há quatro anos. Isso faz com que vá a
plenário”, explicou. “O projeto, antes de mais nada, favorece e valoriza
o servidor público que trabalha, e não se trata de caça às bruxas. Quem
lê (o projeto) vê regras muito claras de avaliação que impossibilitam
qualquer tipo de perseguição política e assédio moral. Queremos
parâmetros legais e retos. A pessoa passa no concurso para prestar um
serviço público que tem que ter a qualidade da empresa privada.”
Críticos
da medida, Paulo Paim (PT-RS) e Zenaide Maia (Pros-RN) atacaram o
projeto na reunião da Comissão de Assuntos Sociais. O petista questionou
a possibilidade de governantes não adotarem os critérios da lei para
perseguir concursados. A senadora, por sua vez, destacou que já existe
avaliação no sistema público. “Eu tenho a impressão, e me preocupa, que,
de repente, os trabalhadores do sistema público ou privado são vistos
como fraudadores”, criticou.
Correio Braziliense