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domingo, 5 de janeiro de 2020

Lucro é coisa de rico. Coisa de pobre é prejuízo - J R Guzzo

Gazeta do Povo

Dialeto marxista à brasileira

Estatais vão dar um lucro. Em 2015, último ano do governo de esquerda Lula-Dilma prejuízo foi de R$ 35 bilhões.
O Brasil é realmente um país onde as coisas vivem de cabeça para baixo boa parte do tempo, ou talvez a maior parte do tempo. Pelo que qualquer cientista social, formador de opinião ou pensador de universidade dirá, todas as vezes que você perguntar, governos de esquerda se preocupam em atender os interesses das populações mais pobres, que são a maioria. Já os governos de direita, vice-versa e ao contrário, gostam dos ricos – e, por isso mesmo, se preocupam em atender os interesses do “1%” mais rico da população. Esse célebre 1% do qual se ouve falar o tempo todo, mas que também pode ser 2% ou, vá lá, até uns 5% ou 10%, na melhor das hipóteses.

Imagina-se, então, que nos governos de esquerda as empresas estatais, que precisam existir porque o povo precisa ter empresas, deveriam dar lucro – e esse lucro seria distribuído aos pobres. Nos governos de direita, pelo mesmo raciocínio, as estatais não deveriam nem existir, e se existissem deveriam dar prejuízo, porque o povo não tem nada de ficar recebendo lucro de coisa nenhuma. Lucro é coisa de rico. Coisa de pobre é prejuízo. Por que raios, então, as empresas estatais brasileiras dão prejuízo nosgovernos dos pobres” e dão lucro nos “governos dos ricos”? Vai saber.

Por razões que nunca foram explicadas direito, alguém por aqui ligou o polo negativo no lugar onde fica o polo positivo, ou fez o inverso, e o resultado é que as coisas vivem com sinal trocado no país. Estamos passando, justo agora, por um desses grandes momentos da “contradição inerente aos fenômenos”, ou da “lei da unidade nos contrários”, no dialeto marxista à brasileira.

Em 2019, primeiro ano do governo de direita de Jair Bolsonaro, as estatais vão dar um lucro recorde na história – R$ 52 bilhões só nos primeiros nove meses, o que pode acabar perto dos R$ 70 bi até o final de dezembro. Em 2015, último ano do governo de esquerda Lula-Dilma, as mesmíssimas estatais deram um prejuízo de R$ 35 bilhões. Será preciso dizer mais alguma coisa?  O PT - o grande partido estatista do Brasil junto com os seus serviçais do Psol, PCdoB, etc. - é o inimigo número 1 da privatização, como todos estamos cansados de saber. Se desse, tudo o que serve para produzir alguma coisa deveria pertencer ao “Estado”talvez não tanto quanto em Cuba, onde até charrete puxada a burro é estatal, mas o mais parecido com isso que os seus teóricos conseguissem imaginar.

No papel, tudo é “patrimônio popular” e pertence “ao povo”. Na prática, é tudo propriedade privada dos que mandam no governo – e aí a gente acaba vendo que na verdade não existe contradição absolutamente nenhuma nessa história toda. Uns roubam. Outros trabalham. As estatais, nos governos Lula-Dilma, foram roubadas dia e noite. Só podiam mesmo dar prejuízo. Agora seus diretores trabalham, em vez de roubar. O lucro apareceu já no primeiro ano.

Não que “o povo” vá ver um tostão furado de todos esses bilhões que entrarão em 2019 – o povo nem passa do saguão de entrada das estatais, mesmo porque os seguranças não deixam. Mas os pobres (além dos médios e dos ricos) não vão mais pagar, ao contrário de 2015, pelo prejuízo com o dinheiro dos seus impostos, que têm de tirar do bolso a cada vez que acendem a luz de casa ou compram um quilo de mandioca. Faz uma imensa diferença.

   
J.R. Guzzo - Vozes - Gazeta do Povo

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Evo Morales passa a perna em Bolsonaro

Sem escala técnica


Se quisesse, Evo Morales, o primeiro indígena a presidir a Bolívia, poderia ter concedido asilo político ao ex-terrorista italiano Cesare Battisti, condenado à prisão perpétua em seu país pelo assassinato de quatro pessoas. Mas ele não quis.
Morales sabia que Battisti estava em algum ponto da Bolívia desde que no dia 14 de dezembro último o presidente Michel Temer assinara decreto mandando extraditá-lo para a Itália. No dia 18 daquele mês, Battisti pediu por escrito asilo à Bolívia.

Alegou que fugira da Itália onde se considerava um perseguido político, e depois da França e do México pelas mesmas razões. Fora protegido aqui por Lula. Uma vez que corria o risco de finalmente ser devolvido à Itália, implorava a graça de Morales.
Quem pode mais, pode menos. Pela lei bancada por ele mesmo, Morales só poderia governar a Bolívia por dois mandatos consecutivos. Mas ele quis o terceiro e conseguiu contra a vontade da maioria dos eleitores. Agora, quer o quarto e deverá obtê-lo.

Ao entregar Battisti ao governo de direita da Itália, Morales reforça seus laços com a Comunidade Econômica Europeia, ao mesmo tempo em que fica bem com o recém-instalado governo de direita do Brasil. De resto, faturou sozinho o seu gesto, dado um drible em Bolsonaro.  Caçado pela Polícia Federal, Battisti foi preso em Santa Cruz de La Sierra por uma equipe de policiais italianos e bolivianos sob o manto da Interpol. Bolsonaro tudo fez para que o avião que levaria Battisti de volta à Itália fizesse uma escala técnica em Brasília.

Haveria, assim, oportunidade para fotos. [haveria também para que um oficial de justiça entrasse em cena com uma ordem judicial para manter Battisti em território brasileiro até que a Justiça do Brasil  DECIDISSE se todos os direitos humanos, fundamentais, virtuais, etc, do terrorista estavam sendo respeitados - direitos demais para bandido, atrapalha.] E o governo brasileiro deixaria suas impressões digitais no ato de aprisionamento de Battisti. Mas aí foi o governo italiano que não topou. Limitou-se a agradecer a colaboração do nosso, que não houve. E tocou adiante.


Blog do Noblat - Veja

domingo, 6 de janeiro de 2019

O rosto da direita que chega ao poder


Direita no poder: a luta pela agenda liberal será dura, as ideias de alguns ministros são constrangedoras, militares têm sido o poder moderador dentro do governo

Nossa democracia estava capenga, afirmou o ministro da Economia, ao dizer que só a centro-esquerda havia governado o Brasil. Mas que direita é essa que chegou agora? Nos muitos discursos e certas decisões da última semana, o novo rosto do poder começou a ser esboçado. A economia perseguirá a agenda liberal, o que será uma guerra, na qual o front mais ingrato será o interno. Em outras áreas, como direitos humanos, educação e relações exteriores, os ministros mostraram um desconcertante alheamento da realidade. Os militares nomeados parecem ser a força moderadora dentro do próprio governo. A agricultura recebeu poderes indevidos e que levarão a conflitos de interesse.
A democracia pressupõe alternância de grupos e ideias no poder. Até agora, houve o governo de direita de Fernando Collor, de curta duração e final infeliz. Depois o pêndulo oscilou entre o centro, tucano, e a esquerda, petista. Houve uma administração tampão do MDB, que se pode definir como centro-direita. E agora chega ao poder um governo assumidamente de direita.  No Brasil, os conceitos políticos são bem imprecisos. A esquerda fez coisas como aumentar as transferências para o capital, ainda que tenha também ampliado os programas sociais. Vamos entender nos próximos anos o que realmente significa uma administração de direita no Brasil. Destes pouquíssimos dias extrai-se pouca informação. O presidente, Jair Bolsonaro, garantiu que cumprirá promessas de campanha, como a de liberar a posse de armas.

O ministro das Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque, surpreendeu favoravelmente anunciando que a Eletrobras será privatizada, o que levou a uma alta de 20% nas ações em um único pregão. Houve também momentos constrangedores. As ideias da ministra Damares sobre divisão de cores por gênero são principalmente infantis, as do ministro Ernesto Araújo, confusas. [os que torcem contra a Damares, tiveram o desprazer de constatar que Luciano Huck, o Global, tem exatamente as mesmas ideias da ministra quanto as cores para uso de meninos e meninas - aqui;

os a favor do quanto pior, melhor, e que queriam e continuam querendo depor o Araújo também constataram que as ideias do ministro Araújo mereceram o apoio do Grupo de Lima.]

No Ministério da Justiça, o que se tentará é, a partir da experiência da Lava-Jato, reforçar o arcabouço legal contra a corrupção. Na posse, o ministro Sérgio Moro explicou que “um juiz de Curitiba pode pouco”. Um erro de interpretação dos fatos. Foi um juiz em Curitiba, no caso, ele mesmo, que permitiu, com suas decisões, que a Operação Lava-Jato alcançasse a dimensão que tem tido na vida nacional. Moro assumiu com projeto pronto para o combate à corrupção, mas não parece ter propostas para todos os outros assuntos que agora estão sob seu comando.
Na economia, o ministro Paulo Guedes tem ideias consolidadas. Ele é um homem de ideias, um pensador. A vida real dentro de um gabinete ministerial pode ser mais árdua do que ele imaginava. O que fazer diante de um presidente que anuncia de forma confusa e contraditória pedaços da “primeira e maior” das reformas econômicas? E quando o presidente anuncia que subirá o IOF e o secretário da Receita precisa desmentir? Confusos esses primeiros dias na área econômica.
A hora do espanto foi a do discurso barroco do ministro das Relações Exteriores. Depois de citações em grego e latim, ele desculpou-se: “Não conheço tantas línguas antigas assim. Não conheço hitita nem sânscrito”. O problema do chanceler é respeitar a linguagem diplomática, que requer mais cuidados do que ele demonstra ter ao falar de outros países. Ele os escolhe pelo governo que está agora no poder. Elogiou a “nova Itália, a Polônia, a Hungria”. Demonstra encantamento com Donald Trump. Como qualquer aluno do Instituto Rio Branco sabe, os governos são temporários, por isso as relações são entre os países. Ele propõe que o Itamaraty lute contra a “teofobia”, sem esclarecer o que essa cruzada contra problema inexistente tem a ver com os interesses do Brasil.
Na reorganização da administração, o governo acabou com o Ministério do Trabalho, enfraqueceu a Funai e tirou poderes do Ministério do Meio Ambiente. Tudo isso está dentro do ideário da direita. A redução do número de ministérios é bem-vinda. O problema é entregar o poder de demarcar as terras indígenas ao Ministério da Agricultura e transferir o Serviço Florestal Brasileiro do Meio Ambiente para a Agricultura. Isso certamente dará muito conflito. Foram apenas as primeiras pinceladas no novo rosto do poder. Seria bom que as confusões e os delírios desses primeiros dias dessem lugar ao entendimento da verdadeira natureza dos problemas nacionais.

Míriam Leitão, jornalista - O Globo