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domingo, 7 de junho de 2015

BRASIL HETERODOXO! Juros de 13,75%, inflação de 8,39% e recessão de 1,27%.

BRASIL HETERODOXO! Juros de 13,75%, inflação de 8,39% e recessão de 1,27%. 

Eis a ortodoxia do besteirol petista

Se você quer uma medida, leitor amigo, do estado miserável a que o governo petista conduziu a economia brasileira, então fique com este conjunto: 
no dia em que o IBGE divulgou a informação de que o desemprego atingiu a taxa de 8% no primeiro trimestre — 511 mil pessoas perderam o emprego —, o Comitê de Política Econômica do Banco Central decidiu elevar a taxa de juros de 13,25% para 13,75%, o que contribuirá certamente para… elevar o desemprego.

Por que é assim? Porque é preciso combater a inflação. Segundo o Boletim Focus de segunda, o mercado espera que o ano termine com uma taxa de 8,39% e com uma recessão de 1,27%. Então fica estabelecido: o modelo petista conseguiu realizar o prodígio de produzir inflação alta, recessão e juros estratosféricos — que ainda devem aumentar. A expectativa do mercado é que cheguem ao fim do ano em 14%. E já há quem não descarte algo acima disso.

Entendem por que o desemprego aumenta e continuará a crescer? É claro que isso traduz um cenário de desalento para a economia. Ocorre que não se chegou a esse ponto por acaso. E dificuldades outras podem se juntar ao cenário. A agência de classificação de risco Moody’s, por exemplo (leia post), estima que o Brasil não conseguirá alcançar a meta de superávit primário neste ano 1,1% — nem a anunciada para o ano que vem, de 2%. E é muito provável que não. No ranking da agência, o país está no penúltimo patamar do “grau de investimento” mas com viés negativo: Baa2. A chance de haver novo rebaixamento é grande. E não só por causa do não cumprimento da meta fiscal. O país precisa fabricar uma recessão para tentar pôr a economia no eixo, mas o crescimento vai para o brejo, o que piora as contas do governo, que a recessão tenta corrigir…

Quem pariu tal modelo? Os governos do PT. O que mais impressiona é fazer uma breve pesquisa e ver as vezes em que os companheiros foram advertidos de que o país estava caminhando para a ruína econômica. Não para Guido Mantega, que ainda gostava de expelir regras. A piora do quadro recessivo contribui para tornar ainda mais inquieta a base do governo, que mostra, inclusive no petismo, seu desconforto em aprovar medidas que restringem as generosidades oficiais.

Muita gente critica o que seria a ortodoxia liberal em curso no Brasil… Que bobagem! Mundo afora, os ortodoxos costumam baixar juros para estimular uma economia em recessão. No Brasil, eles estão sendo elevados porque a inflação ameaça subir ainda mais, a despeito da retração econômica…
A rigor, raramente este país foi tão heterodoxo…

Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo 

 

 

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Cinco pontos do que pode mudar na política econômica

O discurso do novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, ao assumir o cargo nesta segunda-feira foi interpretado por analistas como uma confirmação de que ele pretende dar uma guinada de 180 graus na política econômica, perseguindo uma agenda mais "liberal".

Além de apresentar sua equipe formada principalmente por economistas ortodoxos Levy defendeu a austeridade fiscal, cortes de subsídios do BNDES e o fim das desonerações para setores específicos. Por um lado, abraçou medidas de simplificação tributária. Por outro, falou da possibilidade de um aumento de impostos. Mas se há consenso de que a posse de Levy deve ser o início de um novo ciclo na política econômica, também há dúvidas tanto sobre o grau de autonomia que o novo ministro terá para liderar essa guinada quanto sobre a capacidade de essas políticas impulsionarem o crescimento da economia.


Para Silvio Campos Neto, da consultoria Tendências, por exemplo, as mudanças propostas por Levy vão na direção certa, ao priorizar a responsabilidade fiscal e dar seriedade à gestão das contas públicas. "Mas ainda não sabemos como o Planalto vai reagir se essas medidas começarem a afetar o emprego e renda das famílias", diz ele.

Já para o economista heterodoxo Luiz Gonzaga Belluzzo, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, a estratégia é equivocada. "Com Levy, (a presidente) Dilma Rousseff está tentando repetir o que foi feito no primeiro governo Lula, quando o ministro Antônio Palocci implementou uma série de políticas de austeridade para recuperar a confiança dos mercados. O problema é que em 2003 o crescimento só foi retomado em função do crescimento da China e valorização das commodities e o contexto em que vivemos é outro", opina.


Abaixo confira o que, segundo indicações do discurso de Levy e medidas já anunciadas pelo governo, pode mudar na condução da política econômica:

1) Ajuste fiscal: 
 Para alcançar 'primário', governo deverá cortar gastar e aumentar impostos 

Em 2014, o governo havia se comprometido a economizar 1,9% do PIB para pagar os juros da dívida pública ─ no que é chamado por economistas de "superávit primário". A meta, porém, não foi cumprida e uma lei teve de ser aprovada às pressas no Congresso para alterar a forma como essa economia é calculada.

Levy se comprometeu a fazer um superávit de 1,2% neste ano e de 2% em 2016 e 2017 ─ e isso pode ser feito por meio de duas estratégias: corte de gastos e aumento de impostos. Na semana passada, a equipe econômica começou a dar sinais em quais áreas pretende cortar quando anunciou regras mais rígidas para o acesso a benefícios trabalhistas e previdenciários, como seguro-desemprego, abono salarial e pensão por morte. E no discurso de posse Levy deu indicações de que também pode elevar alguns impostos.

Para alguns analistas, o ajuste fiscal precisa ser duro, para que o governo consiga recuperar a confiança dos mercados. Belluzzo e André Perfeito, da Gradual Investimentos, discordam. "Já estamos em um cenário de estagnação, com retração do consumo e da geração de postos de trabalho. O risco é que um ajuste muito forte aprofunde um cenário recessivo", diz o economista-chefe da Gradual. Ou seja, na avaliação desses especialistas, mais impostos significariam menos dinheiro sendo gasto para consumir e contratar, impedindo, assim, a retomada da economia.

2) Impostos: 
Em seu discurso de posse, Levy defendeu uma simplificação tributária, com unificação das alíquotas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), mas admitiu que o governo avalia a possibilidade aumentar alguns tributos para colocar as contas públicas em dia.
"Possíveis ajustes em alguns tributos também serão considerados", disse.

Ler a íntegra, clique aqui

Fonte: BBC Brasil 

 
 

quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

O fracasso da heterodoxia e do voluntarismo

Ministra das Minas e Energia, ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff chegou à Presidência da República pelas mãos do seu chefe entre 2003 e final de 2010, Luiz Inácio Lula da Silva, e passou a ter o poder formal sobre toda a administração pública. E uma responsabilidade do tamanho deste poder.
Na prática, porém, Dilma, desde a saída de José Dirceu da Casa Civil, avariado pela denúncia do mensalão, e a quem ela substituiu, passou a exercer forte ingerência na política econômica de Lula. Transcorria o ano de 2005, o penúltimo do primeiro mandato do líder petista. Dilma, então, completa agora aproximadamente nove anos de influência sobre a política econômica, e de maneira direta, incisiva, nos últimos quatro, seu primeiro mandato.
Um sinal forte de demarcação de um novo rumo na economia foi emitido pela nova ministra da Casa Civil, ainda em 2005, quando rebateu proposta do ministro da Fazenda Antonio Palocci de não permitir que os gastos públicos correntes crescessem mais que o PIB, ideia considerada “rudimentar" pela economista Dilma. Em vez de um ajuste fiscal, a ministra propôs o corte dos juros.
Delineava-se ali o modelo “desenvolvimentista”, heterodoxo, voluntarista, para cuja implementação seria importante a chegada de Guido Mantega para o lugar de Palocci, também abatido por problemas éticos. A crise mundial deflagrada a partir do fim de 2008 foi o pretexto usado pela Casa Civil e a Fazenda para acelerar os gastos públicos e conectar o Tesouro aos grandes bancos oficiais, principalmente o BNDES. De alguma forma, o “novo marco macroeconômico”, causa do fracasso da política econômica da presidente Dilma, começou a ser aplicado em 2009, dois anos antes da posse da sucessora de Lula.
Como acontece nesses turbinamentos voluntariosos do consumo, a economia cresceu em alta velocidade logo depois, em 2010 (7%), numa providencial coincidência com as eleições, para em seguida entrar na zona de turbulência em que se encontra até hoje. Com evidente poder sobre o Banco Central de Alexandre Tombini, Dilma ainda praticaria o corte de juros que defendeu em 2005, sob aplausos de falanges radicais petistas. Mas as taxas tiveram de voltar a subir, como se previa.
O governo acaba hoje em meio a um balanço melancólico: inflação longe da meta (4,5%), PIB estagnado, contas públicas desequilibradas, e desacreditadas pela “contabilidade criativa”, dívida pública em ascensão. O emprego ainda se mantém, mas a perda de dinamismo do mercado de trabalho é perceptível, enquanto a inflação já se refletiu numa mudança de tendência na redução da pobreza.
Apuradas as urnas, Dilma afinal admitiu a pane na economia brasileira. E assume amanhã sob a perspectiva de um ajuste fiscal que sempre combateu.

Os pontos-chave
A presidente Dilma passou a interferir na política econômica desde que assumiu a Casa Civil, em 2005. 
A crise mundial serviu de pretexto para Dilma e Mantega começarem a adotar o “novo marco”.
 
Como acontece nesses modelos de turbinamento do consumo, há rápido crescimento e, depois, crise.
Inflação, estagnação, emprego sem fôlego e contas públicas desarrumadas atestam a falência do modelo.
Reeleita, a presidente admitiu a pane na economia e anunciou um ajuste de que sempre discordou.



Fonte: Editorial – O Globo